Izumi e Tsubaki #4


Izumi esperou ansioso pela quarta feira, o dia em que veria o outro, e se animava, mas o filho estava ainda mais animado, falando a cada dez minutos sobre ele e como ele era legal. Riu baixinho e logo segurou a mão do pequeno, guiando-o para fora junto a si, já com sua roupinha bem alinhada sobre o corpo, o cachecolzinho ao redor do pescoço e suas luvinhas quentes. Saiu do prédio, e ficou ali, observando o movimento enquanto esperava pelo rapaz.

Naquela segunda-feira, Tsubaki havia acabado adormecido logo após a ligação estranha do rapaz, foi por isso que parte do que haviam marcado havia acabado esquecido, lembrado somente na quarta-feira, por sorte em cima da hora e não após ela. Vestiu o casaco deixado pendurado no escritório, e não demorou para tomar o veículo e dirigir metade do caminho para casa, onde pouco antes da residência iria encontra-los. Marcara no parque próximo à fabrica onde trabalhava ele, ao pensar sobre aquilo imaginava como por fim um rapaz de 20 anos fora parar naquele tipo de situação, mas bem, imaginava que era consequência pelo pequeno ser que o acompanhava. Não demorou a estacionar o carro e do veículo já podia vê-los a uma pequena distância, quase pareciam como irmãos. Após deixar o carro, seguiu até eles e parou como feito com o pequenino ainda antes, silenciosamente, deixando-os perceber que estava por lá. Hasui virou a face, procurando por ele, enquanto a mãe disfarçadamente observava o celular para conferir a hora e claro, o pequeno acabou por vê-lo ali.
- Tsu! Você veio mesmo!
O maior apoiou a mão sobre sua cabeça, afagou seus cabelinhos louros sem bagunça-los é claro e sorriu, ainda mais ao ver seu pai quase jogar o celular para o lado diante do protesto inesperado de seu filho.
- É claro que vim, demorei mas cheguei.

Izumi sorriu ao rapaz, guardando o celular no bolso, ainda de modo discreto e desviou o olhar ao filho.
- Oi Tsubaki...

- Izumi. - Disse o moreno em modo de cumprimento. - Daqui a pouco teremos comida aqui, hum?
Disse, indicando ao pequenino que parecia sempre feliz ao falar de comida. E num gesto descontraído, puxou o lourinho menor para o colo e se sentou onde antes ele sentava, dando a perna para acomoda-lo.
- Tomei seu lugar. - Falou a ele ao fita-lo no colo.

Izumi riu baixinho ao ver o filho sentado em seu colo e o pequenininho cruzou os braços.
- Hey! Não pode... Espera, pode sim, aí vocês ficam mais juntinhos.- ... Hasui... Desculpe.
- Pra aquecer do frio, hum?
Tsubaki retrucou o pequeno com suas investidas em empurrar a si para seu pai, e bem, não era habituado a se relacionar com homens portanto aquela situação passada em sua cabeça parecia realmente engraçada. E deu-lhe um leve tapinha na coxa, indolor, sentindo sua roupa macia.
- Trabalharam bastante?

Izumi riu baixinho e o pequeno igualmente ao sentir o tapa.
- Hai, mamãe ficou até uma hora ontem.
- Ah... É... Foi bem puxado.
- Hum, mas dormiram bastante depois disso?
- Eu dormi o dia inteirinho!
Izumi riu, meio de canto.
- Dormimos bastante sim.

- Inteirinho não, você está aqui comigo. Vocês querem comer alguma coisa?
- Eu quero!
O loiro sorriu meio de canto e assentiu, claro que naquele dia havia trazido dinheiro, não podia deixar que o outro pensasse que não tinham o que comer.
- Então vamos em algum lugar. Ou preferem a feira?
- Acho melhor... Ficarmos por aqui mesmo.
- Eu quero queijo quente!
- Mas de novo?
- Ah, você gostou do lanchinho?
- Estava delícia!
Izumi riu e acariciou os cabelos do filho.
- Podemos ver se tem lanchinho por aqui.

- Você não quer ir noutro lugar?
Tsubaki indagou ao rapaz, que parecia insistente sobre a ideia de permanecer por lá, talvez tivesse medo de ser sequestrado ou coisa assim. Izumi d
esviou o olhar ao maior e uniu as sobrancelhas, era evidente que queria permanecer ali, mas por saber que um restaurante não poderia pagar, e desviou o olhar ao pequeno que também observava a si pedinte, talvez pudesse economizar em algo depois.
- C-Certo.

- Então vamos, tem um lugar legal.
Disse o maior e por fim se levantou, consequentemente com o pequenino no colo, até ameaçou deixa-lo cair, provocando aquela pequena criatura inteligente.
- Opa, vai cair.
Izumi riu baixinho e levantou-se junto a ambos, assentindo a eles.
- Ai! Socorro!
Tsubaki sorriu inevitavelmente e por fim colocou o pequenino no chão, o deixando andar ao lado de seu pai. Guiou-os no entanto consigo até o outro lado da rua onde havia deixado o veículo parado.
- Eu não tenho cadeirinha de segurança pra ele.

- Ah, tudo bem, é só ele usar o cinto no banco de trás. - Izumi falou e sorriu a ele.
- Vamos andar de carro?! Que legal! Eu nunca andei de carro!
- Ah, como nunca? Tão velhinho e nunca andou de carro? - Disse o moreno, brincando com o menor e assentiu a seu pai. Desalarmou o veículo e abriu a porta. - Você vai com ele atrás ou vem na frente?
- Vai na frente mamãe! É legal ir na frente.
Izumi riu e negativou.
- Como sabe se você nunca andou de carro?

- Bem, então vamos lá, baixinho.
Tsubaki disse e após abrir a porta do automóvel, colocou o pequenino no banco um pouco espaçoso demais para ele, mas tentou ajustar o cinco de segurança de modo que o tornasse mais apertado, firme.
- O banco está frio, hum, já já fica mais quentinho aí dentro.
Disse após o estalar da trava de segurança e fechou a porta, dando passagem ao banco da frente a seu pai. Tão logo deu a volta em torno da frente do veículo escuro e tomou posse do banco de motorista. Izumi o
bservou o filho ali, aconchegando-se no banco de couro confortável e logo fez o mesmo, sentando-se na frente e colocou o cinto, sorrindo ao maior.
- Hum, é baixinho demais, não vai ver nada aí atrás.
Disse o moreno, provocando o pequenino e logo ligou o carro enquanto sorria em resposta à provocação. Tão logo deu partida, iniciando caminho até a cafeteria onde os levaria. Dirigia sem pressa, como tinha costume, preferia fazer daquela atividade algo relaxante, assim poderia dizer. 

- Vou ver sim!
Disse o pequenininho, tentando se erguer e observar algo pelo vidro.
- Hasui, fique de cinto, querido.

- Tô de cinto, mamãe.
- Vai ver nada, baixinho. - Tsubaki tornou provoca-lo enquanto o observava pelo espelho defronte. - Mas então, estão num hotel por quê?
- Hai, no mesmo. - Izumi murmurou e sorriu. - Ah... É uma longa história.
- É que a vovó não quer que a gente fique lá.
- Hasui! ... É que meus pais não aceitaram o fato de eu ter o Hasui, então, não posso voltar pra casa.
- Hum, mas o menino tem 4 anos de idade. Você disse isso a ele?
- Bem, depois de vinte discussões com meus pais pelo telefone e alguns encontros casuais, eu tive que contar pra ele...
- Eu não ligo não, a vovó é ruim pra mamãe.
- Faz quanto tempo que estão hospedados?
- Nesse hotel, uma semana.
- Hum, logo ela os chama de volta.
- ... Já faz quase cinco anos, acho que ela não vai perdoar a gente.
- Desde o nascimento dele? Imaginei que fosse algo recente.
- Não, desde então eu fico trocando de lugar, mudamos muito porque as vezes eu não posso pagar tantas diárias.
- Então vocês não tem uma residência fixa? As diárias não saem muito mais caro do que alugar um lugar pra morar?
- Saem sim... Mas... Nenhum lugar aluga casas para um menor. Eles pedem referências, alguém que sirva como fiador.
- Verdade, me esqueço que não tem nem vinte e um. São dois bebês.
O maior disse, e não tinha muito o que debater sobre a situação. Imaginava a dificuldade que tinham em viver daquele modo, visto que o país podia ser demasiado conservador. Fitou-o de soslaio por um instante, podia perceber sua falta de idade, um pouco de olheiras talvez. Nunca havia trabalhado em fábricas, mas sabia que aquela era uma forma fácil de achar emprego, ainda que mantê-lo fosse desgastante. Estacionou o carro alguns minutos depois.
- Chegamos, peixinho, peixinho maior.
Disse aos dois e logo saiu do automóvel, dirigiu-se ao banco traseiro onde pegou o pequenino e após a saída de seu pai, entregou-o em seu colo. No mais adentrou a cafeteria, tinha portas altas ornamentais e de vidro. O interior era clássico sem perder o ar de aconchego. Tinha cor mogno na madeira polida, um piano encostado próximo a uma das paredes, embora intocado. A vitrina rica em salgados finos mas que não eram tão miseráveis, os doces não perdiam o ar apetitoso e divertido ainda que fossem requintados. No balcão uma jovem atendia, usava calça 
preta, camisa vinho sob o avental igualmente escuro.  Naquela parte o cheiro de café podia aguçar qualquer amante de cafeína, e embora o cheiro viesse dos grãos, ainda podia sentir o doce do caramelo, chocolate e adereços usados nos doces ou cafés especiais. Tinha de longe um leve odor de frutas, provavelmente da fumaça vinda de um chá à mesa. Alguns metros no entanto, embora não fosse um salão onde o levara, o cheiro era adoçado e da área frontal na cafeteira, era possível ver através da porta aberta noutro cômodo a parede preenchida com prateleiras que formavam o desenho de um favo de mel feito em madeira, onde as garrafas de vinho eram colocadas, e assim como na cafeteria, lá havia um balcão onde no entanto haviam taças ou aperitivos que não eram servidos com o café mas sim junto ao álcool. Seguiu com os dois até uma das mesas na cafeteria, sentou-se e no entanto uma das cadeiras havia sido prontamente substituída por uma cadeirinha alta, para o pequeno. As toalhas de mesa eram brancas e escondiam a madeira da mesma cor escura abaixo delas, os assentos eram confortáveis, e tal como já havia deixado observado, ainda que tivesse um ar sofisticado, era certamente bem aconchegante. Noutro salão no entanto as mesas tinham a cor vinho como as camisas dos atendentes, que não eram muitos.
- Espero que gostem do lugar ainda que não pareça o tipo de lugar que o Hasui tenha pensado em passear.

Izumi adentrou junto dele no local, observando o filho que parecia animado com o espaço tão grande e tão bonito, nunca havia se lembrado de entrar num local tão lindo e aconchegou-se numa das mesas, onde os atendentes pareciam ser tão gentis, e um sorrisinho manteve no canto dos lábios, assim como o pequeno, parecia deslumbrado com o local.
- ... É lindo, Tsubaki-san...

- Também gosto daqui. Não faz muito tempo que foi inaugurado. Imaginei que seria bom pra conversar, embora... Bom, não tenhamos muito o que falar. - Disse o moreno e virou-se para o pequenino, chegou mais pertinho dele e falou baixo, como quem contava um segredo. - Eles tem um pãozinho redondo de batata, que tem queijinho cremoso dentro. Já pensou?- O que?! Eu quero! Parece uma delicia! Queijinho cremoso! Mamãe, eu quero queijinho cremoso!
- Ah... É adorável mesmo.
Izumi falou a ele e sorriu ao pequenininho, assentindo, embora meio sem ânimo devido ao local que parecia tão fino, e certamente, não poderia pagar tudo no fim das contas. Observou o cardápio rapidamente e os preços ao lado e uniu as sobrancelhas.
- H-Hai... Eu vou pedir pra você. E-Eu quero só um chá.

Tsubaki voltou-se ao rapaz, podia notar seu olhar cauteloso sobre a consulta meticulosa que fazia no cardápio.
- Eu quem vou pedir. Você não gosta de café?

- ... Iie, só chá.
- Eu quero café!
- Você não pode tomar café, meu amor.
- Mas... Nem na xícrinha pequena?
- Nem.
- Você não vai gostar de café. - Tsubaki disse num breve riso. - Tem chocolate quente, igual aquele que levei pra você. Fala pra sua mamãe que ele tem que comer, está magro demais, vamos, fale.- Pode cê. - Hasui ouviu-o e desviou o olhar a mãe. - Tem que comer mamãe, você parece um esqueletinho.
- Eh? Um esqueletinho é? - Riu.
- Viu só? - Disse o maior a seu pai ao fita-lo. - O que você quer experimentar? - Indagou a ele, dando um breve cesso à brincadeira. - Não gosto de convidar pela metade.
- Ah... Esse croissant de frango, parece uma delícia...
- Hum, assim é melhor.
Tsubaki disse e por fim ergueu sutilmente a mão, chamando pelo rapaz por perto. Formulou o pedido, os pães para eles. Chá, chocolate, um capuccino para si junto a um simples pão amanteigado.
- Eles estão contratando aqui, por que não tenta? Talvez seja melhor que uma fábrica.

Izumi desviou o olhar a ele ao ouvi-lo e uniu as sobrancelhas.
- Ah, mas eu não tenho faculdade...

- Talvez possa ser um auxiliar.
- Acha que eles me contratariam?
- Você já tentou procurar emprego fora da fábrica?
- Já sim... Mas com filhos ninguém aceita, e não tenho com quem deixar o Hasu.
- Se conseguir um salário melhor talvez possa ter uma babá.
- Ah, quem dera. - Sorriu.
- Não quero babá, quero ficar com a mamãe!
Tsubaki fitou o pequenino ao lado, e bem, não tinha muito o que dizer a ele. Era criança, não tinha como explicar a situação o qual eles se encontravam. Voltou a atenção ao rapaz, servindo da bandeja os pedidos feitos há pouco. A caneca de chocolate, a xícara com o capuccino e um pequeno bule onde a dose única de chá poderia ser servida na xícara que o acompanhava. Posteriormente os pães.
- Hum... Não parece gostoso? - Disse ao pequenino.

- Nossa... - Disse o pequenininho a apertar o pãozinho em cima. - É macio... Mamãe eu não lavei as mãozinhas.
Tsubaki sorriu ao ouví-lo e pegou a fina toalhinha dobrada junto à louça servida.
- É aqui que você limpa suas mãos.

- Ah...
O pequeno estendeu as mãozinhas e pegou a toalhinha, passando meio desajeitado por elas. Izumi r
iu baixinho e igualmente limpou as mãos como indicado.
- Desculpe, nunca estivemos num lugar tão chique antes.

Tsubaki segurou a tolha, ajudando a limpar suas mãos de tamanho tão pequeno. Negativou a seu pai, demonstrando a falta de importância naquilo.
- Não é chique, é uma cafeteria, tem de ser acolhedor. Mas voltando ao assunto, há quanto tempo está na fábrica?

- Há dois anos. - Izumi murmurou e sorriu a ele.
- Você quer sair de lá ou gosta do serviço?
- Odeio meu serviço. - Riu.
O maior acabou sorrindo em conjunto.
- Então por que não tenta encontrar alguma vaga aqui?

Izumi sorriu, realmente animado.
- Eu vou mandar meu currículo.

- Você gostaria de estudar novamente? - Disse o moreno e deu o primeiro trago no café.
- Claro, eu daria tudo por isso. - Izumi murmurou e bebeu um pouco do chá, assoprando-o sutilmente.- Daria tudo, é? - Disse o moreno, analisando sua frase drástica, mas observou o pequenino, bem entretido com seu pãozinho, grande para suas mãos. - O que você estudaria se pudesse trabalhar aqui? Vinhos, café, doces?
- Hum... Eu adoro fazer doces. - Izumi sorriu, não percebendo como a frase havia soado ruim. - Eu adoraria saber fazer.
- E o que você tinha vontade de estudar quando jovem?
- Ah, é bobagem. - Sorriu.
- Bem, temos tempo pra falar bobagem, já que não temos muito assunto.
- Eu queria ser médico. - Riu baixinho.
- O sonho de quase toda criança.
- É, ou dos pais dela.
- Em maioria.
Izumi sorriu e bebeu mais um gole do chá, desviando o olhar ao pequeno com as bochechas sujas pelo creme.
- Eu quero ser cozinheiro, mamãe. Já pensou poder fazer um monte de pãozinho desse pra comê?
Tsubaki fitou o pequenino e tocou sua bochecha suja com o dorso do dígito indicador, limpou o requeijão em sua pele e lambeu o dedo para limpa-lo.
- Você pode começar em uma semana. Terá esse tempo para resolver o que é pendente na fábrica. Como está há dois anos, provavelmente terá algo a receber, com isso precisa alugar uma casa, com o preço certo provavelmente não precisará de fiador. Temos um escritório onde o Hasui poderá ficar por um tempo até que encontre alguém para cuidar dele. Não poderá exercer o cargo que gostaria por hora, mas ainda assim será melhor do que trabalhar em uma fábrica. Se você realmente quiser um dia fazer parte da cafeteria ou da parte da confeitaria em si, precisará estudar.

Izumi mordeu um pedaço do croissant, distraído enquanto ele limpava a bochecha do filho, porém quando iniciou a fala, cessou a comida e arregalou os olhos, observando-o.
- ... Você... Você trabalha aqui? ... - Murmurou e permaneceu em silêncio por um pequeno tempo, processando. - Quer dizer, você pode... Pode me empregar?

- É sobre isso que estamos falando.
Disse o moreno e por fim sorriu a ele, o que não durou pelo trago no café. Somente se pronunciou outra vez quando descansou a xícara sobre o pires que o acompanhava.
- Você consegue fazer o que eu disse? Posso te dar o cargo como copeiro, cuidará da louça, pode não ser o que gostaria, mas terá mais tempo com o Hasui e poderá estudar pra conseguir subir de cargo com o tempo.

Izumi abriu um enorme sorriso nos lábios e assentiu.
- Hai, claro, eu não me importo, eu... Ficaria muito, muito feliz em poder trabalhar aqui, você... Muito obrigado!
Falou a ele e segurou sua mão, fazendo uma pequena reverência em agradecimento.

Tsubaki sentiu o toque na mão, e tamanha demonstração de gratidão não sabia como reagir. Desse modo, somente segurou mutuamente sua mão, num aperto suave.
- Tudo bem, me agradeça tendo responsabilidade. Semana que vem.

- Hai, eu prometo. É só me falar a hora. 
- Mamãe vai trabalhar com você?! Eu vou poder comer mais pãozinho desse?!
Izumi uniu as sobrancelhas e riu baixinho.
- H-Hasu...

- Sim, vai poder comer pãozinho com queijo cremoso. Mas só se ele se comportar no trabalho, então você tem que mandar ele trabalhar direitinho.
- Mamãe, tem que trabalhar direitinho pra eu ganhar queijinho e pão cremos... Como é mesmo?
Izumi riu e assentiu.
- Vou me comportar.
- É, vamos ver.
Tsubaki disse aos dois e voltou a limpar a boca do pequenino que ainda comia o pãozinho, que agora todo amarrotadinho em suas pequenas mãos. Aos poucos continuou o café e terminou o pão que o acompanhava. Teria terminado antes se volta e meia não ajudasse o pequenino a tomar seu chocolate.

O loiro sorria, meio de canto enquanto o observava a dar o chocolate ao pequeno, era tão fofo vê-lo com ele, parecia de fato, um pai, o pai que sempre sonhou dar a ele e via o pequenininho se esbaldar com sua atenção. Comeu o próprio croissant, entretido consigo mesmo, pela primeira vez em muito tempo.
- Vocês querem mais alguma coisa? Querem experimentar um doce?
- Ah não, eu não quero abusar do convite.
- Eu quero bolo de chocolate!
- Hasu... Eu faço pra você depois.
- Há como cozinhar no hotel? Escolham, escolham.
- Quero bolo de chocolate com... Como se lê isso aqui? Nos... Nosses.
Izumi riu baixinho e mordeu o lábio inferior.
- E seu papai, o que quer?
- Ah eu não quero nada.
- Realmente?
- Hai.
- Tem uma mini torta de maracujá com manjericão que é bem saborosa.
- Maracujá... E Manjericão?
- Sim, fica bem azedinho. Quer provar?
- Hai... - Izumi disse, meio tímido.
Tsubaki chamou o rapaz que logo atendeu o pedido das sobremesas. O bolo de chocolate e nozes para o pequenino, torta mousse para seu pai e torta de chocolate para si, somente para acompanha-los sem constrangi-lo. Izumi sorriu ao ouvi-lo pedir, e se dera conta de que não entendia muitas palavras diferentes.
- Você é cozinheiro?

O moreno negativou, sem entender a pergunta.
- Temos uma cozinheira, ou melhor, uma confeiteira.

- Ah... Mas você... Conhece tão bem o cardápio.
- Ora, é porque é meu trabalho, como não saber o que acontece aqui?
- Eu só... Fiquei curioso.
- Mamãe está vermelho, vai explodir.
Izumi riu baixinho e negativou.
Tsubaki riu com o comentário inoportuno do pequenino.
- Vai deixar ele ainda mais vermelho se disser isso, Hasui. Não quis ser grosseiro.

- Tudo bem.
O menor murmurou, e sendo ele grosseiro ou não, tinha costume de ser tratado assim.

- Eu serei seu chefe.
- S-Sim senhor.
- Tenho que chamá de senhô também?
- Nenhum dos dois precisa. Entendo do vinho e do café, consequentemente aprendo a harmonizar com os doces ou salgados, mas não sou um confeiteiro.
- Ah sim.  Izumi sorriu. - Então o senhor deve ser um homem muito importante. Eu nunca conheci alguém que entendesse de vinhos.
Tsubaki deu-lhe um sorriso canteiro, e era algo como aquele comentário que fazia perceber o quão jovem ainda era o rapaz. Não que fosse assim tão velho, mas já era de maior há algum tempo. Quase bagunçou seus cabelos como fazia em seu filho.
- Posso perguntar... Sua idade?
Izumi murmurou a observá-lo e experimentou a torta deixada em frente a si, notando o filho animado com seu bolo a cortar um pedacinho de modo meio desajeitado. 
Ao serem por fim servidos, Tsubaki agradeceu ao rapaz e experimentou prontamente a torta que já bem conhecia enquanto via-o fazer o mesmo. Por fim segurou a pequena mão do menino e ajudou-o a fatiar o pedacinho do bolo.
- Me diz se está gostoso. - Disse ao lourinho menor, e viu-o encher a boca com o pedaço que tirou com a colher. - Vinte e seis.

- V-Você é muito bonito... Desculpe por ser indiscreto. - Izumi murmurou e sorriu para si mesmo.
- Eu disse que ele te achava lindo. - Murmurou o pequenininho a aceitar o bolo.
- ... Eh?

O riso soou entre os lábios cerrados do moreno, era incomum ser "elogiado" por um homem, e mesmo qualquer pessoa, não sabia lidar com as emoções das pessoas.
- Você também é bonito, Izumi. E você também é bonito, Hasui. - Disse ao pequenino com a ponta do dedo em seu narizinho delicado, igual ao de seu pai. - Mas... O que a pergunta sobre a idade tem a ver com a aparência? - Indagou e sorriu ao observa-lo.

- Nada, é que... Eu quis dizer.
O menor murmurou e sorriu, sentindo a face se corar enquanto o via tocar o nariz do filho.

- Mamãe, por que o Tsubaki não pode ser meu papai?
- Ah... Hasu... N-Não... Por que o Tsubaki não gosta da mamãe.
- Gosta sim, não gosta?
Tsubaki fitou o rapaz em frente diante da resposta que deu a seu filho. No entanto se voltou ao pequenino em seguida.
- Não conheço sua mamãe ainda.

Izumi uniu as sobrancelhas ao ouvi-lo e sorriu meio de canto.
- Depois conversamos, querido.

- Mas vocês podem se conhecer, ué. É só namorarem.
- Hasu, nem todo mundo gosta... De homens. Desculpe, Tsubaki-san...
- Por que você quer que eu seja seu papai, hum? Não somos amigos? - Indagou o moreno e fitou o rapaz de soslaio.
- Mas eu sempre quis ter um papai como você!
- Mas você nem sabe se eu sou legal o tempo inteiro. Não tem ciúme da sua mamãe?
- Eu posso dividir ela se você for bonzinho.
- Hum, então tá bom.
Izumi riu baixinho e negativou.
- Hasu, não seja bobo.

Tsubaki voltou a pegar o pedacinho do bolo e levá-lo a sua boca.
- Gostou da torta? - Indagou ao louro, noutro lado da mesa.

- Hai... Oishi. - Izumi murmurou e sorriu, comendo mais um pedaço dela. - Acho que é a melhor torta que já comi.
- Ela acaba dando um pouco de sono depois de algum tempo, por causa do suco. E você, gostou? - Perguntou ao menor.
- Uhum, é muuito gostoso!
Izumi sorriu ao pequenininho e depois, ao outro, estava feliz.

Compartilhe:

DEIXE UM COMENTÁRIO

    Blogger Comment

0 comentários:

Postar um comentário