Daisuke e Misaki #10


O menor acabara de sair do escritório, era pouco tarde e dirigia-se a casa dele por ordens da chefe. Estacionou o carro em frente ao local, e naquele dia vestia roupas simples, pretas, a maquiagem era clara e chamava atenção para os lábios tingidos de vermelho. Os cabelos cacheados como sempre caíam na altura dos ombros. Saiu do carro carregando a bolsa e retirou os óculos, caminhando até a porta da frente e tocou a campainha, aguardando-o enquanto retirava algo da bolsa.

Os olhos de cor naturalmente atípicas, escondiam-se sem nitidez atrás de óculos de lentes transparentes para seu descanso. Com a xícara de chá de pêssego quente entre alguns dedos, Daisuke aspirava o doce aroma que percorria a cozinha tão próxima a sala de estar. Desviou-se do balcão, ainda a portar a bebida suave em uma de suas mãos, e despreocupadamente irritava o pequeno pedaço de fruta, em mesmo sabor do chá, à beira da xícara japonesa. Uma das mãos correu logo a maçaneta, antes mesmo que o cainita pudesse constar sua visita, mesmo sem espera de algo ou alguém a bater em sua porta neste horário, o qual visualizou no belo relógio de parede antigo, marcando quase dez horas da noite, e um leve suspiro sem cansaço soprou, tinha consciência de que a colega de serviço não descansaria, talvez fosse Kyoko a mandar alguém a importunar os minutos de descanso após horas de escrita, porém o brando aroma se expandiu atrás da porta, e deleitou-se ao perfume suavemente doce, dando resquícios de quem poderia ser, e visto que ao abrir a porta teve-o visualizado. Ainda sem espera, Daisuke encontrava-se com uma calça de tecido leve e maleável que se colou as coxas grossas e torneadas conforme o vento que as soprou após ter a porta aberta. No tronco o disfarce dos quadris cobertos pela blusa comprida de igual tecido fino, preto, porém com poucos detalhes em vermelho. Delineou os lábios num sorriso cortês, talvez fosse uma pequena desculpas pelas roupas casuais, e seus cabelos claros sutilmente desalinhados.
- Estava pensando em você. - Digno de si cortejá-lo tão logo, e vê-lo com o tímido sorriso bem discreto, sem graça ou não. - Esse cheiro de pêssego e a textura da fruta, tão macia quanto você.

Misaki observou todo o corpo do maior ao vê-lo abrir a porta, abrindo um pequeno sorriso nos lábios e a face se corou sutilmente ao ouvi-lo.
- Estava? - Riu baixinho e desviou os olhos a xícara em uma das mãos. - Estou atrapalhando você? Posso voltar amanha, sem problemas...

- Oh claro, como se beber uma xícara com chá me desse muito trabalho. - Debochou. - Do que se trata?
- Achei que estivesse indo dormir. - Riu. - Bem.. - Retirou o livro da bolsa, sorrindo. - Kyoko pediu que eu trouxesse a capa pra você ver e perguntar o que acha... Mas já sabe... Se disser que está bom ou não ela vai escolher o que achar melhor. - Riu. - E... Ela te ligou?
- Me ligou?! - Daisuke indagou quase perplexo a tal pergunta. - Se quer uma resposta nova, é melhor me perguntar quando é que ela desligou, porque a Kyoko me liga tanto, que quase já não desliga mais o celular, apenas o deixa em viva-voz sobre a mesa de seu escritório. Experimente qualquer dia chegar na sala dela e dizer, "Boa tarde, Daisuke!" provavelmente eu o responderei.
- Certamente... -Riu. - Vou... Fazer isso. Mas ela te ligou agora a noite?
- Desligou alguns bons minutos atrás. Uma hora talvez.
- Ah... Ela estava furiosa quando saiu... Tive que contar a ela sobre a gravidez, porque... Já é a terceira vez que fico enjoado no trabalho. Ela estava querendo me matar, achei que ela fosse te ligar.
- Sim, mas suponho que não foi necessário dizer que era um filho meu, correto?
- Eu disse... - Abaixou a cabeça. - Desculpe.
- Ora e por que disse?
- Escapou... A Kyoko me assusta.
- Hum...
Daisuke murmurou apenas pelo silêncio que se instalou por longos segundos, alguns minutos talvez, enquanto os belos olhos nipônicos fitavam através de suas orbes coloridas a direção facial do andrógino bonito à frente.

- Desculpe... - Murmurou. - Bem... Fique com ela... Eu... Eu vou indo.
- Hum... - O maior estendeu o leve grunhido enquanto via-o dar as costas. - Mas que seco. Não vai nem mesmo dar um beijo no pai do seu filho?
Misaki parou ao ouvi-lo e sorriu, virando-se e aproximou-se do maior, levando uma das mãos a face dele e lhe selou os lábios.
- Senti tanta falta desses lábios... - Murmurou e mordeu-lhe o lábio inferior levemente, beijando-o em seguida.

Um tênue alargar dos lábios num sorriso curto se fez conforme sentia o inferior mordiscado entre os dentes retos do outro homem. Daisuke recebeu-lhe a língua morna e encontrou-a com a própria, roçando-as vagarosamente a lhe saborear o hálito de menta em confronto ao doce do pêssego na própria.
Misaki deslizou a mão até os cabelos dele, acariciando-os e a livre foi até o ombro do maior, apenas pousando-a sobre o local, apreciando os lábios tão saborosos do vampiro.
Ambos braços do vampiro desciam a correr as mãos às ancas magras do outro rapaz, e envolvê-lo ao meio do enlace firme de sua cintura fina esguia, pouco maior que normalmente estaria longe de suas roupas de frio. Enquanto os lábios quentes e vermelhos por seus movimentos vagarosos se desviavam devagar à bochecha fria de Misaki, a correr instantaneamente para teu pescoço, e apartar os toques tão logo. O menor suspirou, puxando-lhe levemente os cabelos e entrelaçou os dedos aos fios, observando-o ao fim do beijo e selou-lhe os lábios.
- Ainda se lembra do gosto do meu sangue, hum...?

- Lembro de tudo que toca meu paladar. Até mesmo o sabor doce dos seus mamilos. - Riu.
Misaki riu baixinho, sentindo a face se corar.
- Posso ficar essa noite com você?

- Hum... Pra quê? - Indagou em poucos resquícios de uma brincadeira.
- Hum... Só... Só queria matar a saudade...
- De quê exatamente?
- De você, ué.
- Ah, é claro. - Tornou a comentar em tom mesmo ao anterior.
- Hum? Porque esse tom irônico?
- Não fui irônico, querido.
Misaki uniu as sobrancelhas.
- Acho que eu quero ficar pra transar com você, bonitinho? - Murmurou e riu.

- E não?
- Não... -Riu baixinho. - Não precisamos transar, só quero dormir contigo. Sinto sua falta, só isso.
- Hum... Mas eu vou tocar todo esse corpo, e preenchê-lo, até que não sinta mais falta de qualquer outra coisa.
O menor abaixou a cabeça e mordeu discretamente o lábio inferior, desviando o olhar ao outro em seguida.
- Vai me deixar ficar?

- Acho que devo abastecê-lo para a semana, então, à vontade.
Misaki riu baixinho, esperando-o dar passagem para si e adentrou o local.

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