Kazuma e Asahi #36


Asahi levantou-se no meio da noite, havia feito aquele quarto pequeno parecer mais confortável para si e para ele, havia colocado uma cortina escura em frente a janela, na verdade, era um manto negro que havia guardado há alguns anos. Estava com sede, e nunca trazia água para o quarto, na verdade, nunca ligava pra nada quando estava com ele, e havia saído em direção a cozinha onde buscou o copo d'água, retornando em passos calmos para o quarto. Os passos cessaram no meio da escada, ouvia a madeira estalar, como se fossem passos, e já não sabia se estava dormindo ou acordado, tudo se misturava na cabeça, já que estava sonolento. Afinal, que tipo de igreja seria assombrada? Era a casa de Deus, nada poderia entrar ali. Mas por via das dúvidas, apressou o passo e claro, que ao abrir a porta, derrubou parte da água trazida nas próprias roupas, fechando rapidamente a porta atrás de si e deixou o copo sobre o móvel, unindo as sobrancelhas visto que continuava ouvindo o barulho do lado de fora, cada vez mais alto, quase ensurdecedor, e iria derrubar a porta, algo batia contra ela com tamanha força q
ue sabia, iria cair. A porta veio ao chão num baque e o grito deixou a garganta quando por fim abriu os olhos, quase levantando num pulo e sentou-se na cama, unindo as sobrancelhas, a respiração pesada e a pele com a fina camada de suor, fora um pesadelo, e ainda o tinha lado a si, o havia acordado em conjunto.
Kazuma deitava-se com as costas relaxadas na cama, a nuca no travesseiro e uma mania habitual de apoiar as mãos repousadas no peito, quase um defunto, se não fosse pelos pés não estarem cruzados. Aquela altura, havia acordado e na mesma posição cadavérica fitava o garoto, sem dizer nada, de olhos bem abertos. Asahi desviou o olhar a ele e arregalou os olhos igualmente.
- Ah!

- O que foi?! - Disse o moreno, áspero, emputecido pela segunda vez por ter sido assustado. 
- Por que diabos você dorme assim?! Quem dorme assim? Que susto digo eu!
- Eu durmo assim, qual o problema de dormir assim ao invés de parecer um nó no lençol como você?!
- E-Eu não pareço um nó... Isso... Isso não vem ao caso!
- Você parece um nó sim. O que houve?
- ... Tive um pesadelo...
- É só um sonho, deite-se, logo terei de me levantar.
- Iie... Não pode ir.
- Preciso trabalhar, Asahi. Venha, durma.
- Eu odeio seu trabalho... Quando vou poder acordar do seu lado sem preocupação?
- Talvez se você acordar no momento em que eu for dormir.
Asahi estreitou os olhos.
- Agora durma.
O loiro assentiu e desviou o olhar a porta, observando-a fechada e encolheu-se junto a ele, quase subindo sobre o outro.
- O que você sonhou?

- Que a igreja era assombrada...
- Por Deus, você é um padre.
- Eu sei, mas eu não sou um exorcista.
- Mas deveria saber lidar com isso.
- É complicado... Principalmente quando o sonho é tão real...
- Apenas durma.
- Hai...
- E faça o sinal da cruz, vai que não é sonho.
- Kazuma!
- Boa noite.
Asahi riu baixinho e abraçou-o, meio de lado, e dormia somente com a boxer naquela noite, não tinha esse costume, mas queria parecer mais atraente para ele do que aquele monte de panos que usava.
- Boa... Boa noite.

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