Fei e Hazuki #41


Na manhã seguinte, Fei já estava acordado e pronto para seguir para casa. Hazuki já havia acordado de mesmo modo, embora permanecesse deitado, e levaria-o consigo daquele modo mesmo, preferia cuidar dele num local que não fosse a cada de outra pessoa.
- Obrigado, Doutor, envie a conta para a casa de meus pais.
- Não se preocupe, filho, está tudo certo.
- Não, eu insisto em pagar pelo seu trabalho, sabe disso.
- Eu não quero que se preocupe, o que importa é que ele está vivo.
Fei deu a ele um sorrisinho e tocou o ombro do homem mais velho, num sutil comprimento. Com Hazuki nos braços, embora o moreno ainda fizesse uma pequena careta, levou-o consigo para o transporte que levaria a ambos para a casa dos pais do loiro.
- Fei, será que seus pais vão gostar de mim? - Disse o moreno a unir as sobrancelhas.
- Claro que vão, Ghongzhu.
- Mas eu sou um prostituto.
- Não é mais, e bem, eu também fui um.
O menor se encolheu nos braços dele, sentindo a pele arrepiar devido ao vento frio que batia no transporte aberto.
- Logo chegaremos. É bom poder falar com você.
- Eh?
- Falar com você, passei a viagem toda só te olhando dormir. Dormiu bastante, ah?
Hazuki riu baixinho e negativou.
- Desculpe, não foi minha intenção de deixar sozinho.
- Eu sei, mas agora estamos a salvo.
- Tem certeza que Katsuragi não nos seguiu? Estou me sentindo estranho, como se ainda estivesse no Japão. Aliás, como falarei com seus pais?
- Eu posso traduzir pra você.
- Que vergonha, nem sei falar chinês.
- Você não é obrigado a saber.
- Mas queria estar mais apresentável.
- Você está lindo, Ghongzhu.
O moreno deu um sorrisinho e negativou novamente, abraçando-o meio de lado.
- Já estamos chegando, é bem pertinho.
Hazuki estremeceu conforme o ouviu e assentiu, guiando os braços ao redor do pescoço dele conforme o sentiu firmar a si no colo. O loiro jogou algumas moedas aos rapazes da liteira, agradecendo pelo serviço e só então seguiu o caminho meio longo para dentro da casa de seus pais, casa que não era nada generosa. O menor não sabia, mas estava diante de um membro da coroa real chinesa, e nunca iria descobrir se não fosse pelo tamanho daquela casa, na verdade, ainda estava um pouco aéreo sobre toda aquela situação.
- Fei... Essa casa é enorme.
- Eu sei, desculpe não ter contato.
- Disse que eu estava apresentável, como estarei apresentável pra isso? Seus pais devem ser tipo... Imperadores, sei lá.
- Quase isso.
- Fei!
- O que? Que culpa eu tenho?
Fei deu um risinho e logo passou pela porta da frente, dando a visão ao menor daquele local enorme ainda melhor por dentro, bem decorado, em tons de branco e dourado. Hazuki se perdeu por alguns minutos, analisando a decoração bonita e diferente, porém fora surpreendido pelos passos apressados até a sala principal, era o pai de Fei, de cabelos compridos e loiros, embora tivesse que se esforçar muito para reconhecer que era seu pai, parecia tão feminino, e tão bonito, jovial apesar da idade, e viu-o parar de frente ao loiro, com as sobrancelhas unidas, falavam algo que não conseguia entender.
- Fei, seu maldito, como você pôde simplesmente sumir e não dizer nada a ninguém?
- Mãe, não comece.
- Você fugiu das suas responsabilidades, e eu não criei você pra isso, onde você estava?
- Não vem ao caso, eu voltei, não?
- Voltou, com outra pessoa, e você tinha uma noiva!
- Eu não queria a minha noiva, e eu tinha só quinze anos.
- Quem é ele?
Hazuki uniu as sobrancelhas, não entendia uma palavra se quer, e nem tentava.
- Esse é o Hazuki, meu noivo.
- Noivo? Fei!
- O que? Você se casou com meu pai, então porque não posso me casar com um rapaz também?
O outro fez um momento se silêncio, reflexivo.
- Eu não te vejo há tanto tempo... Quero te dar um abraço.
- Primeiro vamos nos acomodar, e depois eu posso abraçá-lo.
- Ele entende Chinês?
- Bem pouco. - Disse ele e pigarreou, mudando agora para o japonês. - Hazuki, esse é minha mãe, - E novamente, falava chinês. - Mãe, esse é o Hazuki.
- Muito prazer, rapaz.
Hazuki desviou o olhar ao loiro, indagativo.
- Ele disse muito prazer.
- Ah, o prazer é meu... Você é muito bonito.
Fei deu um risinho e traduziu o dito para o outro, que sorriu igualmente.
- Gostei dele.
- Ah é? Onde está o meu pai?
- Está trabalhando, virá hoje no jantar. Pode levá-lo para cima, fiquei sabendo do ocorrido, espero que ele esteja bem.
- Está bem sim, logo eu desço.
- Tudo bem. Já tenho uma casa pronta pra vocês, está tudo acertado, poderão se mudar assim que quiser.
- Obrigado, mãe.
- Não precisa agradecer.
Fei carregou o outro, firmemente até o andar de cima, no quarto onde antes costumava ser o próprio e sorriu ao notar que a decoração ainda era a mesma. Colocou-o sobre a cama, ajeitando um grosso cobertor sobre o corpo dele.
- Confortável?
- Na cama sim, mas queria entender o que vocês falam.
Fei riu.
- Não falamos nada demais. Vai saber no jantar.
- Contou a ela que eu estou grávido?
- Não, quero contar quando meus pais estiverem juntos. Eles nos deram uma casa.
- Uma casa? Como... Como estão os meninos?
- Ainda não perguntei, mas provavelmente devem estar se divertindo agora sem tarefas.
Hazuki sorriu.
- Vamos, você precisa descansar.
- Iie, passei muito tempo dormindo.
- Hazuki.
- ... Ta bem.
- Teremos o jantar logo, quero que esteja bem para comermos. Consegue se sentar?
- Consigo, eu acho...
- Veremos hoje a noite.

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