Yuuki e Kazuto #40


O barulho do tapa ecoou pelo comodo, Kazuto havia batido na mão da vampira ruiva que estendeu-a para pegar os pratos, negativou e si mesmo pegou-os, levando-os para a mesa e os ajeitou em seu devido lugar junto aos hashis, ja devia ter sido a décima vez que impediu a mulher de pegar as coisas e já havia dito milhares de vezes que o jantar seria por conta própria, mas ela parecia não ouvir. Voltou-se a cozinha, observando-a sentada no canto pela primeira vez de braços cruzados e abriu um sorriso, vitorioso, pegou a garrafa de vinho na geladeira e levou a mesa, deixando-a ao centro e colocou as taças no local, havia preparado comida chinesa, mas achou sangue apenas em garrafas de vinho então colocou as taças. Os cabelos loiros estavam bem arrumados, lisinhos com as mechas azuis e cor de rosas, os olhos num leve tom de vermelho e foram pintados com o lápis preto, destacando bem os olhos e deixando os lábios num leve tom de vermelho. Vestia um quimono preto, com um obi vermelho enfeitado por alguns desenhos de flores. Desviou o olhar ao mesmo, ajeitando o obi no local uma última vez e 
suspirou ao ouvir o barulho da porta, estendendo a mão para que a outra fosse até a cozinha e se retirasse do local, a viu sair resmungando. Ajeitou a mesa pela última vez com a yakisoba e os aperitivos e pegou o isqueiro, observando-o e uniu as sobrancelhas, com medo do fogo, optando por não acender as velas e deu um sorriso ao vampiro ao vê-lo.
- Boa noite!

À passagem pelo hall no apartamento, deste possibilitado a visar a cozinha onde Yuuki se dirigiu, tomaria algo qualquer e dormiria feito pedra. Observou a marcha desgostosa da bela vampira de melenas avermelhadas e nem manifestou diante de um notável mau humor que deveras despercebido por si mesmo. A bolsa preta de serviço jogava acima de um dos ombros, coberto por um casaco qualquer de cor preta, acima de uma camiseta regata branca e sem detalhes, a calça na mesma cor do casaco sobre o tronco, expondo o fim de um dia de trabalho sem demasiado empenho no visual. O semblante sequer deu trabalho ao elevar de uma das sobrancelhas e observou àquele garoto, trajado como se houvesse uma festa e limitou a indagá-lo.
- Por quê?

O loirinho observou o outro, desviando o olhar as roupas que ele usava e caminhou até ele, segurando a mochila e deixou-a sobre o sofá.
- Porque você não quer sair comigo pra jantar, então... Eu fiz o jantar pra você.

Os olhos do vampiro, forjados pelas lentes de tonalidade lilás, desviaram a figura corporal de estatura inferior a própria.
- Por quê?

- Porque eu queria jantar com você... - Uniu as sobrancelhas.
- Por que batom, kimono?
- Não estou bonito...?
- Não tenho fetiche por gueixas.

- Ah, Yuuki... Eu me esforcei... Por favor.
- Somos vampiros. Se quer me dar um jantar...
A mão elevada do mais velho, os dedos firmes à região cilíndrica entre eles, num arremesso sem empenho de força, a jogá-lo sobre a mesa servida, através de seu pescoço e num espaço postá-lo com as costas ao material escondido por uma toalha qualquer e debruçar ao lado da mesa apenas ao encontro dos dentes de fincaram sem impasse aquela carne tão fraca e facilmente rompida, sugando os jatos de sangue através das veias pulsantes até fartar-se da frieza sanguínea. Tornou a compostura e delineou os beiços antes manchados pelo sangue.
- Não precisa fazer muito. - Concluiu.

- Yuuki!
Kazuto observou-o ao senti-lo jogar a si no local e permaneceu imóvel até que ele acabasse de sugar o próprio sangue, se quer havia gritado. Desviou o olhar a mesa abaixo de si e uniu as sobrancelhas, levantando-se a observar as coisas quebradas sobre o local.
- ... Eu passei a noite toda preparando isso...

- Noite toda? São nove horas. - O maior retrucou como de costume. -  O que você quer é simplesmente sentar em frente a uma cadeira com alguém e ter a ilusão de um encontro, mas encontros são ilusórios, você aprende a conhecer alguém que te mostra a melhor parte dela, e depois que vão pra cama e fodem a noite toda, não mais tem encontro, e você aprende a ver a parte podre, é tudo ilusão.
As lágrimas escorreram pela face do menor enquanto pegava os pedaços no prato quebrado pelo local junto a taça que cortavam algumas vezes os próprios dedos.
- Por que o choro? Como se você não soubesse disso.
- Eu fiquei cinco horas preparando as coisas pra você... Pelo menos podia fingir que se importa...
- Fingir por quê? Tá, que seja. Deixe que a empregada limpe isso.
Kazuto abaixou a cabeça, desviando o olhar as louças e segurou um dos cacos da taça em uma das mãos, apertando-a a deixar penetrar na pele, soltando-o após alguns segundos suficientes para a dor e assentiu, afastando-se da mesa.
- Se quiser posso cortá-lo ao invés de usar o caco de vidro pra fazer isso.

O menor negativou, mantendo a cabeça baixa. Yuuki retirou-se da sala e voltou-se aonde a jovem serviçal se postava em inércia. Mandou-a a limpar a cozinha e prontamente a vê-la iniciar seu serviço, e si, o caminho seguido ao quarto. Kazuto observou a mesa por uma última vez e seguiu ao quarto junto dele, já sentindo a maquiagem escorrer junto das lágrimas pela face.
A destreza num movimento de Yuuki a se postar contra as costas do jovem mais baixo, de dedos contra seus lábios pressionados por estes a borrar o batom que arrastava à bochecha, e mesmo no ligeiro correr das mãos do enlace e retirada não vista das roupas a desnudá-lo defronte ao espelho e logo tinha-se sentado sobre a cama.
- Ainda quero saber porque passou batom.

Kazuto permaneceu imóvel em frente ao local, a mesma expressão vazia e observou a si com o batom manchado.
- Porque eu queria ficar mais bonito... - Murmurou.

Yuuki acendia um cigarro diante da pergunta, e tragava-o despreocupado, soprando a fumaça fresca de menta.
- Do que adianta eu te ver mais bonito se eu já sei como você é?

O menor assentiu e virou-se, caminhando até o banheiro e pegou o algodão junto ao demaquilante, retirando a maquiagem da face. Em permanência de onde estava, Yuuki cruzava as pernas esticadas sobre a cama e continuava a fumar. Kazuto voltou logo ao quarto, já sem a maquiagem e abaixou-se a pegar o quimono no chão, dobrando-o.
- Agora está bonito.
- Obrigado.
O maior negativou apenas e deu continuidade aos vagarosos tragos de cigarro. Kazuto deixou o quimono sobre a cômoda, deixando o obi sobre o mesmo. Yuuki virou-se em direção ao outro, mesmo usando somente a roupa intima.
- Quer alguma coisa?

- Não. E você, o que quer?
- Nada, eu tenho direito de querer alguma coisa?
- Talvez.
- Nunca tive.
- Uh. É mesmo?
- Por que acha que eu fico quieto e abaixo a cabeça? Não me expulsou mais daqui... Não tenho direito de pedir mais nada a você.
- Você é um dramático e generaliza tudo, disse que nunca teve direito de querer alguma coisa, acho que se você está aqui, é porque quer estar, não?
- Exatamente, alem disso, nada.
- Dorme na minha cama porque quer, me beija quando quer, transa comigo, vive na minha casa, está falando até mesmo agora, arrumou as coisas do jantar como quis, se vestiu como quis, você respira, você olha, se não te desse direito de nada, teria te matado.
- Você destruiu a mesa.
- Acredito que estávamos falando de outra coisa.
- Estamos falando da mesma coisa. Eu arrumei a mesa como eu quis, e você destruiu, não tenho o direito de reclamar.
- Certo, Kazuto. Destruí a porra da mesa.
- Posso tomar um banho?
- E você costuma pedir pra fazer isso?
O menor assentiu e virou-se, seguindo ao banheiro. Retirou a roupa intima, deixando-a no chão e logo fechou o box, ligando o chuveiro e passou a lavar o corpo. Yuuki seguiu ao redor da cama até o lado costumeiro ao sono. Apagou a bituca de cigarros num cinzeiro de vidro pesado acima do criado-mudo. As mãos agarraram uma parte do tecido acima e após tirar o casaco, foi a vez da regata abaixo. Tirou o peso jeans e ajeitou corretamente dobrado e abandonou sobre a poltrona num canto.
Kazuto não demorou muito tempo no banho e logo saiu, secando o corpo com a toalha e enrolou a mesma ao redor da cintura, saindo do quarto e observou o outro, alcançando a própria mochila que havia trazido para o caso dele rasgar novamente as próprias roupas e pegou a roupa intima junto ao pijama, o short curto e a camisa, vestindo as roupas.
- Hum, pijaminha, criança?
- Eu gosto, é confortável.
- Não é diferente de uma roupa comum.
- Mas eu gosto.
Yuuki jogou ao lado o edredom revestido sobre a cama e aconchegou-se deitado.
- Deite, durma.

O menor assentiu e caminhou até a cama, deitando-se na cama ao lado dele e cobriu-se. O maior cobriu-se pelo tecido espesso, cômodo e agradável ao corpo.
- Boa noite, pirralho.

Kazuto virou-se de costas ao outro.
- Boa noite.

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