Kaname e Shiori #32


Shiori abriu o guarda roupa e dentro dele procurou um casaco bem quentinho para sair, mesmo que não sentisse mais o frio, não poderia sair na rua sem casaco, as pessoas olhariam estranho para si, e ficava feliz que podia usar aquele casaco pelo menos uma vez no ano. Era um casaco feito de pelinhos bem macios, o favorito próprio. Vestiu-o acima da roupa preta e simples e observou o filho no berço uma última vez, havia acabado de dormir, e sabia que iria rápido buscar o outro, afinal, voltaria de carro. Já o havia alimentado e o deixou confortável na caminha, coberto pelos cobertores quentes, mesmo que fosse um vampiro, se preocupava muito com ele, afinal, foi o melhor presente que ganhou na vida, junto do outro. Saiu de casa e com passos calmos seguiu em direção até a cafeteria ali perto,  comprando para ele um café que sabia que o outro gostava e um pedaço de bolo de chocolate. Adentrou logo o hospital em frente e falou com a moça na recepção, seguindo logo em direção à sala dele.
- Kaname! - Falou a observá-lo e sorriu. - Trouxe café, e um pedaço de bolo... Não vi seu carro lá na 
frente, veio a pé?
O maior folheou a papelada, relatórios de exames marcados. Não deveria esquecê-los, com a imensidão de pacientes que teria marcado exames de retorno a fim de buscarem seus resultados. Riscou o papel qualquer com alguma anotação importante e estalou no carimbo sobre ele, deixando de lado a folha, assim como a caneta bem feita, gostava dela. Foi interrompido pelo nome chamado e voltou-se ao moreno baixinho na porta, observando-o a adentrar o lugar e afirmou, junto ao sorriso de cumprimento.
- Caminhei, gosto de vir a pé no frio, por mais estranho que soe, já que antes eu sentia o frio.

- Entendi.
Shiori deixou o café sobre a mesa e o pedaço de bolo em conjunto, abaixando-se a lhe selar os lábios. 
Kaname aceitou inicialmente o café, que sentiu amornar na língua ao ingeri-lo.
- Vai comer bolo comigo?

- Se quiser eu vou sim. - Sorriu.
- E você não quer?
Kaname indagou e com a colherzinha descartável fatiou o bolo, levando-o à boca. Shiori s
orriu a ele e aceitou o bolo.
- Quer café?
- Iie, eu... Não gosto muito.
Kaname assentiu e experimentou do bolo, servindo-o posteriormente do mesmo até que dessem término mútuo à sobremesa. Shiori d
eu um último sorriso a ele e lhe selou os lábios novamente.
- Eu... Posso pegar um pouco de água? - Falou a apontar a água e os copinhos plásticos ali no canto da sala.

- Fique à vontade. - Ditou a tomar outro gole do café.
O menor assentiu e levantou-se, mesmo tímido seguindo até o local e pegou um dos copinhos, preenchendo-o com a água.
- Eu já terminei o serviço, se quiser nós podemos ir. Antes que fique muito claro.
- Hai, então vamos ne. - Sorriu.
- Beba.
Kaname indicou sobre a água e levantou-se, tirando o jaleco médico a pendurá-lo por ali.

- Hai. - O menor assentiu e segurou o copo com ambas as mãos, bebendo alguns goles da água.
O maior o observou em seu gesto habitual e infantil a segurar o copo com firmeza, feito uma criança. Ajeitou o cabelo, tirando a franja que colava na testa como impasse. E pegou as próprias coisas, esperando-o até que pudessem sair dali.
O menor jogou o copinho no lixo e logo seguiu até ele, segurando a mão do outro, bem maior do que si. Kaname seguiu com o outro até a saída e posteriormente do edifício médico, despedindo-se dos que ainda permaneceriam ali, iniciando a caminhada de volta para casa.
Shiori acenou para a balconista que tinha amizade, a moça jovem que sempre ficava feliz quando via a si e grudou no braço do outro, segurando-o ali e seguiu o caminho lento e prazeroso até em casa. O maior seguiu pelo céu cinzento da madrugada. Borrifando a fumaça fria pelos lábios diante do clima que ainda tinha efeito no corpo.
- Deixei o Etsuo dormindo em casa. - Sorriu. - Tomou bastante sangue hoje, vai ficar grandão igual a você.
- Vai ficar gordinho do tanto que come. - Sorriu igualmente.
- Acho que não, ele é uma gracinha! - Riu.
- Eu sei que é. - O maior concordou com o mesmo sorriso contínuo.
Shiori sorriu e logo viu o prédio onde moravam se aproximar. Acertou um pouco o passo ao ver o inicio do dia, porém foi surpreendido pelo rapaz que parou em frente a ambos, pouco se importando com o tamanho do rapaz ao lado de si, afinal, ele tinha uma arma apontada para si.
- Eh?

- Eu quero todo o dinheiro que vocês tem. Anda logo!
O pequeno uniu as sobrancelhas e retirou do bolso as poucas notas que tinha, entregando ao rapaz.
Kaname deu cesso ao passo no impasse da figura que se fez. Observou o cano da arma e sentiu-se arder de nervoso notando as poucas notas do companheiro serem tomadas de sua mão. Abrupto, levou a mão firme aos dedos do assaltante, impossibilitando-o de puxar as notinhas do parceiro e rosnou sem que soubesse o porque do gesto, como se fosse um cão, embora não tivesse delongado e sabia que lhe expunha a maldade dos caninos entre os lábios descerrados. O tremor do terceiro sentiu eriçar a própria pele, e talvez fosse pelo medo que viera a largar o dinheiro e afastar-se em seus passos regressados, não sem que antes estalasse o tiro que provavelmente ecoou pela rua. E teria ido atrás do homem, se não houvesse se preocupado mais com o ruído dolorido que veio do próprio lado.
- K-Kaname... Não faça isso...
Shiori murmurou ao observá-lo puxar a mão do rapaz e sabia que mesmo vampiro, um tiro era doloroso demais de se levar. Já ouviu histórias de pessoas que o haviam levado e não foi agradável ouvir. Uniu as sobrancelhas, amedrontado pelo rapaz que olhava para ambos com tanta raiva quanto o namorado e por fim ouviu o barulho da arma disparar, e o sentiu antes de sentir a dor que percorreu o próprio corpo, só então notando que havia sido atingido. Levou a mão até barriga, próximo a cintura onde o tiro havia pego e gemeu de dor, pressionando o local sutilmente e retirou a mão a ver o sangue ali presente. Gemeu mais alto agora e sentiu o local arder, queimar como se o pedaço de carne estivesse em chamas, e doía tanto que achou que pudesse morrer. Sentiu as pernas fraquejarem e segurou-se no outro.
- K-Kaname...

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