Nowaki e Tadashi #41


- Tadashi... O que está fazendo aí?
Disse o amigo que observava o menor, sentado com a bolsa no jardim da casa, como se houvesse permanecido lá por horas. Um suspiro deixou os lábios dele quando se aproximou, deslizando uma das mãos pelos próprios cabelos.
- Está tudo bem?
O menor não respondeu, observou o celular, notando que ainda estava sem resposta e novamente ligou ao outro.

Já havia passado um tempo quando o maior resolveu ceder às investidas dele. Visualizou a mensagem, que não teve rodeios em formular uma resposta breve, evidentemente sem o intuito de prosseguir com o assunto.
- "Tadashi, não tem "eu não ia usar" se guardou, colocou isso numa possibilidade."

- "Nowaki, eu só joguei na bolsa, eu estou limpo, faça os testes!"
Nowaki pensara em diversas possibilidades de resposta. Mas não formulou nenhuma no celular, não enviou resposta.
- "Nowaki... Por favor."
- "Se você tem um companheiro. Alguém te chama o chama pra sair e ele diz que já tem alguém, porém ainda assim eles saem, mesmo como um amigo, sem relações além, você ainda assim ia entender como uma saída de amigos?" Só você pensar. Sabendo que eu não estou disposto a continuar com isso, você manteve na sua bolsa por "educação"? Educação é pedir desculpas por não comer uma fatia de bolo que ganhou de alguém."
- "Nowaki, eu já havia feito isso antes, o que muda dessa vez se eu continuo limpo?"
- "Tadashi, desista".
- "... Nunca mais vai querer me ver, é isso?"
Tadashi suspirou com a pergunta, sabia que se sentia desconfortável com qualquer resposta que lhe desse.                      
- "Nowaki"...
- "Tadashi, não quero que venha pra minha casa. Se quiser pode falar comigo na clínica."
Irritado, Tadashi levantou-se e jogou o celular no chão, sem se importar de quebrá-lo em mil pedaços, passando pelo amigo que preocupado observava a si e pegou a bolsa, já com algumas roupas próprias e afastou-se da casa, não voltaria mais ali, não o procuraria mais, e certamente, faria alguma idiotice.
E de fato era um idiota, sabia que não deveria ter feito aquilo e agora o sentia escorrer pelos dedos, escapando, sabia que era uma questão de tempo para que ele voltasse com sua esposa e se tornasse um nada para ele, era somente um garoto afinal, nada mais. Aquilo doía no peito, machucava de uma forma que quase não conseguia respirar, e teve que parar algumas vezes para tomar fôlego enquanto andava, piscando várias vezes atrapalhado pelas lágrimas que nublavam as vistas, não sabia o que fazer.
Deslizou a mão pelo rosto, tentando achar um meio de pensar logicamente, parecia o rei do drama, mas sabia que todas as próprias reações eram assim mesmo, extremas, como a si. Tinha problemas, sabia que os tinha e tentava tratar todos os dias, ao lado dele conseguia, mas nem sempre tinha a oportunidade.
Não podia suportar o fato de ter conseguido ele e agora ter perdido novamente, seria mais uma longa caminhada até poder encontrá-lo daquela forma de novo e ele nunca mais prestaria tanta atenção em si, pelo modo como respondia, realmente havia acabado e mais uma vez, estava sozinho no mundo. Não podia voltar para casa, a única saída era voltar ao abrigo, e sem pensar de modo racional em breve estaria novamente com más amizades, o comportamento explosivo iria voltar, e quem sabe dessa vez não teria sorte e acabava se matando logo. 

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