Yuuki e Kazuto #39


Os olhos de Kazuto estavam abertos, fixos no vampiro a frente, a face tranquila enquanto dormia, o único momento em que não estava nervoso consigo, o braço dele estava ao redor da própria cintura, mas não por vontade própria, o loirinho menor havia colocado enquanto ele dormia e se encolhido junto ao peito dele, dormindo com um pequeno sorriso nos lábios. Ao acordar, continuou apenas do mesmo modo por um tempo, esperando que o outro acordasse, mas parecia que ele dormiria por horas. O olhar se desviou para o quarto e hesitou em se levantar, não queria se livrar daquele abraço gostoso do outro, mas se voltasse ao local antes dele acordar, achou que poderia continuar assim. Levantou-se e caminhou em passos calmos pelo quarto, tentando fazer silêncio. Abaixou-se no guarda roupas e abriu a primeira gaveta, observando a roupa intima do outro que havia pego antes, certamente havia sido guardada pela empregada e retirou-a do local, sorrindo. Fechou a gaveta e abriu a de baixo, virando-se pouco para ver se o outro ainda dormia e ficou um pequeno tempo observando os objetos que ele 
guardava, pegando um par de algemas e uniu as sobrancelhas, desviando o olhar aos frascos que ele guardava.
O cheiro da leve fragrância que suavemente caminhava pelo quarto, de acordo ao caminho daqueles passos inutilmente minuciosos pelo piso de madeira laminada. Yuuki revirou-se na cama, desperto e disfarçado, forjando um sono ao afundar da face sobre o macio travesseiro de forro negro azulado.
Kauto ouviu o barulho e virou-se, observando-o, suspirando ao notar que o outro não havia acordado, mas ao observá-lo, notou que não poderia voltar para a cama e fazê-lo abraçar a si já que ele estava de bruços e fez bico, desviando a atenção a gaveta novamente e acidentalmente, bateu a mão na própria perna, derrubando a algema no chão que fez um barulho razoável, fechou os olhos, xingando-se em silêncio e pegou o objeto, guardando-o novamente no local.
- O que há? - Yuuki indagou, a voz de sono recente, suave e rouca, o contrário da expressão bem desperta e de olhos atentos voltados ao vampiro tão curioso à uma pouca distância. - Se enchendo de fantasias em me prender com as algemas? Ou desejando ser preso por elas?

Kazuto virou-se e fechou a gaveta, observando-o.
- Hum? Não... - Levantou-se e voltou a cama. - Desculpe, só sou curioso.

- Que costume mal educado, criança.
- Você me deixou ver a gaveta ontem, ora... Eu só queria prestar atenção. - Riu e ajeitou-se próximo a ele.
- Ontem não é hoje.
- Ah... Desculpe.
- A menos que queira usar mais deles hoje. As algemas, já que gostou delas.
- Hum... Você ia judiar muito de mim...
- Isso não é uma novidade.
- Eu sei... Eu adoro quando faz isso..
- Adora ser judiado?
- Por você sim.
- Por isso o chamo de doente.
- Não sou doente...
- Uh.
O murmúrio de Yuuki foi abafado pelo cumprimento de batidas leves e gentis na porta de madeira escura e bem desenhada. Os fios vermelhos constaram presença antes mesmo de sua imagem. A jovem serviçal se postou lado a cama após o pedido de licença a oferecer a primeira refeição pós sono. Deu um cardápio não muito seletivo de modo oral e se retirou logo após sabida do pedido.

Kazuto desviou o olhar ao vampiro e permaneceu do mesmo modo, próximo a ele e repousou a face próxima a seu ombro, dando pequenos beijos no local, ignorando a presença da ruiva.
- Uh - O novo murmúrio se fez audível quando a saída da jovem serviçal. Jovem, somente em sua aparência. Um meio riso, abafado, ingracioso. - Feito um cachorro querendo mostrar que o território é seu, ah?
- É meu, tenho que mostrar mesmo. Eu devia ter rosnado também.  - Riu.
- É seu?
- Uhum.
- Me pergunto de onde vem toda sua certeza. Parasita.
- Você me pediu em namoro, ora.
- Mas não foi você que em horas atrás deixou o bilhete no criado-mudo, dizendo que iria embora?
- Eu não deixaria você.
- Isso é algo que já desisti, no entanto algo se passou em sua cabeça até escrever as coisas no bilhete.
Kazuto abaixou a cabeça e permaneceu em silêncio.
- Diga.
- Não foi nada.
- Hum.
- Você... Quer sair?

- Não. Por que?
- Não sei, só queria fazer algo com você.
- Logo volto a trabalhar, vou aproveitar minha inércia enquanto posso.
Yuuki sentou-se na maciez do colchão, visto que o desjejum era servido numa bandeja. Uma taça, um fundo recipiente de porcelana escura, preenchida com o líquido que igualmente enchia de cor o interior do cálice de vidro e os hashis. Um filete de carne recém cortada, levou a boca a rasgar o tecido com as presas e saboreá-la. 

Kazuto sentou-se na cama, aproximando-se do outro e puxou levemente a camisa dele.
- Eu quero.

O maior voltou atenção enquanto vagarosamente mastigava o desjejum na boca, serviu-se numa segunda vez e lhe entregou o hashi. Kazuto uniu as sobrancelhas e assentiu, pegando os hashis e levou um pedaço de carne aos lábios, experimentando o aperitivo, pegou outro pedaço e levou a boca do vampiro, sorrindo.
Yuuki desviou atenção à taça cheia, levando-a a boca e golou o diferente tipo sanguíneo. A ponta da língua deslizou sobre os lábios, limpando o rastro rubro que os decorou após beber. O menor observou-o e desviou o olhar ao hashi, assentindo e levou-o aos próprios lábios.
O maior voltou-se num discreto olhar ao mais novo vampiro e lhe deu a taça. Kazuto sorriu e pegou a taça da mão do maior, levando-a aos lábios e bebeu alguns goles da bebida. O par de hashi abandonado, Yuuki pegou com a direita, tornando servir-se dos pequenos filetes de carne não salgada. O menor sorriu a ele, observando-o.
- Você... Está cuidando de mim.

Yuuki não alterou o semblante e continuou a primeira refeição após o sono.
- Estou?

- Uhum. - Sorriu.
- E quando eu fiz isso?
- Ontem... Hoje. Está cuidando de mim.
- Está imaginando coisas. O único momento em que fiz algo foi quando você ficou tão medroso que nem andar direito conseguia.
- Então... Me deu a taça agora... Você sempre cuida de mim... Nunca tinha matado humanos antes, você sempre me dava o que comer.
- Se for ver por esse lado, é o que parece. Mas não posso deixar uma cria vinda do meu sangue, morrer.
- Você gosta de mim... - Kazuto sorriu.
Yuuki voltou-se a olhá-lo, um riso deu e voltou a comer. 
- Eu sabia. - Sorriu, vitorioso e lhe beijou o ombro.
- Não, só estou cansado de dizer a mesma coisa, você é uma criança, não entende nada.
O menor uniu as sobrancelhas.
- O que?
- Nada...
- Você não se lembra que eu não dou a mínima pra você?

- Hai, escuto isso todos os dias... Não quer mesmo sair comigo?
- Por que quer tanto sair?
- Quero fazer algo diferente com você.
- Garoto, eu não vou sair, estou cansado e terei que trabalhar, arrume um jeito de se ocupar.
Kazuto uniu as sobrancelhas ao ouvi-lo, e sabia que queria fazer algo com ele, mas como ele não queria, talvez pudesse arrumar uma forma dele estar consigo sem sair de casa. 

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