Broken Hearts #7


Yori se moveu na cama, meio incômodo pela presença do vampiro, não gostava de tê-lo no quarto, todos já sabiam disso, na verdade, tinha medo dele, teria preferido morrer mesmo onde estava a ficar trancado no porão para sempre ou até onde ele considerasse necessário, mas infelizmente parecia estar fadado a isso, dia após dia. Tinha algumas marcas de dentes no pescoço, mordidas dadas por ele quando a garota não podia ser mordida, algumas, havia deixado, mas outras não pôde evitar uma vez que ele faria consigo o que quisesse, e sentia-se pouco fraco, dormia o dia todo, não tinha muito o que fazer ali, Hideki era um vampiro estranho e não aparentava ter nem televisão na casa. Tinha uma mesa de xadrez que jogava vez ou outra, mas sozinho não tinha a menor graça e também costurava com a pequena maquina que tinha ali, estava aprendendo sozinho. Esfregou os olhos com ambas as mãos, observando o rapaz a entregar para si a bandeja e assentiu, puxando-a para si e experimentou uma das frutas, abstraindo o fato de que ele estava no quarto.
Hideki passou a perna sobre a outra, cruzando-a, enquanto apoiava os cotovelos nas braçadeiras a poltrona, repousando os braços por lá. E observou o garoto, vendo-o degustar as frutas dos quais não achava graça. Não importava, gostava de observá-lo, até sentir vontade de tomá-lo. Era bonito, gostava de seus cabelos que pareciam sempre emaranhados, gostava de sua pele que parecia adoecida, sempre pálida, mas certamente não tanto quanto a própria.
Yori observou-o de canto por um instante e sentiu um arrepio percorrer a coluna, ficava meio confuso do porque ele observava a si daquele modo o tempo todo, havia adquirido aquele costume há uns dias. Ajeitou os cabelos com uma das mãos, meio descontraído e mordeu uma das maçãs.
- Você é o que? Um animal? - Indagou o maior ao vê-lo comer unicamente as frutas da bandeja.
- Eh?
- Tem outras coisas além de fruta.
- Eu gosto das frutas...
- Coma a carne.
- Eu não quero...
- Coma a carne.
Yori estreitou os olhos.
- Eu quero ir embora...

- Pra onde?
- Pra casa.
- Aqui é sua casa.
O menor uniu as sobrancelhas.
- Então porque não posso sair?
- Porque você não precisa sair daqui.
- Eu preciso sim, eu sou humano, preciso tomar sol, preciso ter contato com outras pessoas.
- Quais pessoas?
- Outras... Humanos.
- Você não tem outras pessoas.
- Eu poderia conhecer novas pessoas.
- Você não quer conhecer ninguém, acho que foi por não ter ninguém que encontrei você naquele lugar, ah?
O menor uniu as sobrancelhas novamente e deixou de lado a maçã.
- Já comi, obrigado.

- Você não precisa de ninguém. Você já conhece a mim.
- Você me deixa trancado aqui o dia todo e quando vem, fica sentado aí e não fala mais uma palavra.
- E qual o problema? Eu estou aqui, se é esse o problema, você pode falar comigo.
Yori negativou e deitou-se na cama, de costas a ele.
- Não vai comer?
- Iie.
- Certo. Vou te dar contato.
Disse o maior e suavemente arrastou a poltrona quando se levantou, claro, evidenciando de fato que se levantava e que faria o contrário do que ele queria. O menor d
esviou o olhar a ele e uniu as sobrancelhas.
- Iie...

- Você disse que queria isso, vou te dar contato e você não vai querer alguém novo.
Hideki caminhou até o garoto, não tão vagarosamente como se sentou na cadeira antes. Tirou por hora seu desjejum, dando maior liberdade em sua cama desarrumada, aonde encolhia-se de forma costumeira, achava-o sempre com 1/3 do seu tamanho real.
- Venha.

Yori manteve as sobrancelhas unidas e negativou, levantando-se a afastar-se da cama.
- Iie, já bebeu meu sangue hoje...

- Não o bebi hoje, está perdendo a noção porque não come nada além de frutas.
O maior retrucou e tão logo o buscou aonde se dirigiu, jogando-o facilmente para a cama, mesmo por seu braço abaixo de manga larga e branca da camiseta. Yori n
egativou, talvez estivesse mesmo perdendo a noção, não tinha nem se quer um relógio naquele maldito quarto. Encolheu-se e sentiu a cama macia nas costas, se não fosse as molas duras que machucaram sutilmente.
- Iie... Não faz isso...

- Você não queria contato? - O maior indagou com um sorriso um pouco perverso no rosto. - Quer mais contato do que minha boca no seu pescoço? - Retrucou. - Posso morder sua virilha se quiser mais do que isso.
Disse enquanto postava-se se joelhos sobre a cama aonde se deitava.

- Fique longe de mim!
Yori falou alto a observá-lo e encolheu-se, atingindo-o no peito com o travesseiro. 
Hideki riu, não realmente gracioso, mas achava-o adorável com aquele macio travesseiro como se fosse algum tipo de arma. Se era uma, era bem inútil. Puxou-o, arremessando-o para algum canto do quarto e segurou-o pelos cabelos desgrenhados, virando-o para o lado e enfim penetrou seu pescoço, sem delongas, tomando de seu sangue, atingindo a mesma cicatriz costumeira, evitando maiores defeitos em sua pele humana.
O loirinho uniu as sobrancelhas ao ter o travesseiro tirado de si e arregalou os olhos, nem tivera tempo de reagir contra ele, na verdade, nem se quisesse poderia. Manteve-se na mesma posição, sempre no pequeno estado de choque momentâneo, sentindo a ferida aberta mais uma vez, dolorida demais, principalmente ao sentir o sangue deixar a si, e quase não o tinha mais, sabia que ele mataria a si algum dia, e seria daquele modo, secaria, o corpo acabaria no lixo e ele arrumaria outro garoto.
- Iie! Ah...
Gemeu, dolorido pelo toque, sentindo os músculos se contraírem e estremeceu, dolorido.

Hideki perfurou sua pele tão frágil como um papel, e sentiu seu sabor deslizar pela língua até a garganta como já havia se acostumado, e ainda assim, não deixava de ser tão saboroso. Afastou-se por um momento e lambeu em sua pele.
- Por que não tenta aproveitar, ah? Se você aproveitar isso, pode acabar sentindo prazer.
Disse o maior contra sua audição e afastou-se, novamente avançando em sua pele.

Yori negativou, e realmente não sabia como alguém poderia sentir prazer enquanto morria ou enquanto o coração tentava bombear o sangue para as outras partes sem poder, sendo tomado por ele, sentia o peito apertado, era dolorido demais, porém não poderia se livrar dele, então apenas fechou os olhos e mordeu o lábio inferior.
- C-Chega...

Quando por fim Hideki achou suficiente, sabia bem quando seu sangue já chegava ao limite, e assim lambeu suas feridas contendo o fluxo de sangue dentro delas. Os lábios roçou por sua pele, sentindo a maciez em seu pescoço.
- Uma hora você vai aprender. Não adianta tentar correr aqui dentro, ou mesmo lá fora. Sinto seu cheiro e sei chegar até você. - Levantou-se por fim, deixando de estar acima dele. - Coma, estou mandando e não pedindo.

O menor uniu as sobrancelhas e assentiu, desviando o olhar ao quarto e fechou os olhos por um pequeno tempo, sentia-se exausto, e era óbvio o porque, respirava fundo, era difícil até respirar e manteve-se daquele modo.
- Eu vou comer... Me deixe aqui.

Hideki ajeitou-se, ajustando a roupa amarrotada e seguiu de volta até a poltrona aonde se sentou, acomodando-se tal como anteriormente.
- Coma.

Yori assentiu e levantou-se devagar, sentando-se sobre a cama e cortou a carne com ambas as mãos, guiando um pedaço aos lábios e suspirou, sem fome alguma.
- Precisa comer, ou vai continuar sem sangue.
O menor manteve-se em silêncio e cortava os pequenos pedaços de carne, guiando-os à boca um a um até que acabasse a comida no prato e só então voltou a se deitar.
- O que você quer? Quer livros?
O menor assentiu a desviar o olhar a ele.
- Um relógio.

- Vai olhar o horário como hobby?
- Tenho que saber quando é dia e noite...
- Para que? - Hideki indagou e sorria, evidentemente sarcástico.
- Pra saber quando vai vir me importunar.
- Você nunca vai saber qual horário certo pra eu vir vê-lo. Posso vir dia ou noite, se acordar com vontade eu virei.
- Mesmo assim, eu quero.
- Você quer só os livros? Quer uma televisão?
O menor assentiu a ambos.
- Certo.
Hideki disse e enfim se levantou, caminhando até o garoto mas no entanto somente pegou sua bandeja. Fitou-o, dos pés da cama, por algum tempo. Era realmente bonito, e aos poucos, percebia que tomar seu sangue não era suficiente, queria algo a mais que ele negava a si, talvez aquele contato que ele tanto esperava e negava ao mesmo tempo. Não iria aguentar muito tempo. Deu-lhe as costas alguns minutos depois e deixou seu quarto, trancando-o por lá.

Yori manteve-se a observá-lo do mesmo modo, e tinha medo dele, era estranho, estranho ainda mais no fato de o achar bonito também, não sentia mais tanta repulsa dele, ao contrário, sentia um perfume gostoso que vinha com o maior toda vez que tomava a si entre os braços, isso é o que dava mais medo em si, não conseguir diferenciar se ele faria mal ou bem a si, muitas vezes ele era gentil, e de repente, era grosseiro. A convivência com ele era difícil, a ponto de se sentir um medo boneco, uma mera diversão, algo que ele cuidava para destruir em breve. Deitou-se na cama e fechou os olhos, tentaria não dormir, mas era inevitável, estava muito cansado.

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1 comentários:

  1. FINALMENTE, EIS-ME AQUI!!!!!

    Sério, eu também perderia a paciência com o Yori, de verdade. Também entendo que o Yori tenha medo de um dia não acordar mais com vida, mas querendo ou não, Hide-chan está sempre fazendo de tudo para que ele fique bem lá!
    É muita tentação ver o quão eles ficam juntinhos, mas nenhum cede (se bem que todos nós sabemos que quem deve ceder é o Yori ¬33¬').
    Gostei de ver que o Yori está começando a ficar num caminho bifurcado, desejando o Hide-chan e também temendo-o, agora, todos nós sabemos para onde tem que pender esse desejo né? #Lemon

    Muito obrigada novamente por esse capítulo LINDO KAYA! To AMANDO TUDO! Mal vejo a hora de chegar naquela parte lá e na depois dela!! NÃO NOS MATE DE ANSIEDADE, PLS!

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