Kaname e Shiori #40


- Etsu!
Shiori gritou da porta de casa, e estava frio, tanto que havia colocado um cachecol sobre o pescoço, era vampiro, mas quando a temperatura era muito baixa, sentia frio como qualquer outro humano, embora a intensidade não fosse a mesma.
- Coloque seu cachecol e vamos, vai fechar o mercado!
Etsuo caminhou devagar, tendo algum certo problema com aquele cachecol. Olhava o pescoço da própria mãe, e até ficava curioso em saber como aquele tecido havia se enrolado tão bem daquele jeito. Quando se fez farto, bateu no chão um dos pés, aborrecido e jogou no chão o acessório de frio.
Shiori desviou o olhar ao pequenininho que parecia ter problemas para colocar o acessório e uniu as sobrancelhas, abaixando-se a pegá-lo.
- Filho! Não faz assim...
Shiori murmurou e colocou o cachecol ao redor do pescocinho dele, dando o mesmo laço que havia dado no próprio.
- Pronto.
Etsuo formou um bico maior que o normal nos lábios normalmente pequenos, principalmente ao ter a atenção chamada. Cruzou os braços em frente ao peito, e sentiu o enlace macio do cachecol, que diante do conforto, fez com que esquecesse a raiva do acessório.
Shiori riu baixinho e beijou o pequeno sobre seus lábios com o bico, sabia que ele não gostava e desmanchou seus cabelos, sorrindo.
- Vamos pequeno, eu compro biscoitos pra você, hum?
O pequeno murchou o pequeno bico ao sentir o toque ruim, resmungou desconfortável mas esticou a mão, esperando a mão da mãe.
- Que foi? O gato comeu sua língua é? - Shiori murmurou e segurou a mão do filho. - Vem, meu amor.
- Não comeu, por que o gato ia comer minha língua?
- Ora, não sei, não está falando.
- É fome, mamãe. Mas é fome de coisas gostosas.
- Ah meu Deus, quer que eu faça sangue com chocolate antes de irmos? Você pode tomar no seu copinho.
- Não, eu quero ir no mercado com fome.
- Quer pegar todos os doces né espertinho? Tem sorte que seu pai é médico.
Shiori riu e deslizou a mão pelos cabelos dele.
- É, se eu tiver fome eu pego mais doce.
Etsuo riu, travesso e continuou o curto caminho de casa até o mercado. Shiori riu baixinho e apertou a mão do pequeno, seguindo com ele em direção ao local próximo.
- Ah Etsu, nunca cresça.
- Ta bem, mamãe.
Disse o pequeno e obedeceria o que ele queria, embora não fosse escolha própria, ainda não sabia disso. Shiori riu e mordeu o lábio inferior, acariciando a cabeça do menorzinho e logo adentrou o local, observando o ambiente branco e cheio de produtos.
Etsuo deu alguns pequenos saltos, animado com o passeio, mais do que ir ao parque, ir ao mercado era um passeio, tinha coisas mais legais pra ver.
-Só fique perto da mamãe, ok?
Shiori falou e sorriu a ele, porém notou uma moça a observar a si de forma meio estranha devido ao dito e passou reto, meio sem graça.
- Ta bem, mamãe.
- Vamos ver os biscoitos primeiro!
- Hai!
Etsuo bateu as mãos como pequenas palmas, mas uma só vez. Seguiu com ele, guiando-o até o corredor, buscando as embalagens coloridas. Shiori sorriu ao pequeno, correndo junto dele, como se estivessem em uma brincadeira, gostava de brincar com ele e por fim abaixou-se junto dele a observar as prateleiras.
- Nossa... Vamos pegar? - Disse, como se sussurrasse.
- Vamos, qual a mamãe quer?
- Hum, quero esse de morango.
- Eu quero de chocolate. E pro papai?
- Hum, papai gosta de chocolate e nozes.
- Tem bolacha de no...? Noiz?
Shiori riu e apertou a bochecha do pequeno.
- Nozes.
- O que?
O menor resmungou soando abafado com o espaço de ar na bochechinha puxada.
- Você é muito fofo.
- Você que é, mamãe.
Disse o pequeno e esticou uma das mãos pegando na bochecha dele como fazia consigo. Shiori riu e beijou-o em seu rostinho.
- Vamos, escolha seu biscoitinho, só quer esse?
Etsuo caminhou até a prateleira, alcançando o biscoito que queria.

- Esse, agora procura de noiz pro papai.
Shiori riu e assentiu, pegando as bolachas para o namorado e para si, logo, colocou na cestinha, levando consigo.
- Hum, vamos lá, mamãe vai pegar carne, você quer yogurte?
- Carne... Quero aquela bem macia! Que o papai também gosta! Quero yogurte, posso ir pegar sozinho?
Shiori assentiu e o observou.
- Pode, mas já sabe, se algum estranho te chamar pra ir com ele, você diz o que?
- Sai fora!
- Isso!
O menor riu baixinho e caminhou devagar, pelo menos às vistas da mãe, evitando de ouvir um "vai cair". Quando finalmente fora das vistas dele, pôde enfim correr até a geladeira onde pegou duas bandejinhas de yogurte. Shiori observou o filho a caminhar pelo mercado e sorriu, escolhendo a carne que precisava comprar e logo sentiu o olhar da mulher sobre si, e parecia indignada.
- Como pode deixar seu filho sair sozinho assim?
- Eh? Ah, ele sabe se cuidar.
- Que absurdo, alguém pode pegar ele e levar embora!
- Ele só foi até o outro freezer, não vai sumir, não se preocupe.
- Você não devia fazer isso.
Shiori desviou o olhar a ela e já havia se cansado de ouvir tanta porcaria e palpites dos outros de fora, fora justamente por isso que estreitou os olhos.
- Cuide da sua vida!
Etsuo voltou logo bem rapidinho, trazendo as bandejas até o pai e viu-o conversar, parecia bravo, então em silêncio colocou o docinho em sua cestinha. Shiori desviou o olhar ao filho pequeno, que parecia meio assustado pelo modo como havia falado. Uniu as sobrancelhas e abaixou-se, beijando o pequeno em sua testa e pegou-o no colo, acariciando seus cabelos com uma das mãos, logo pegou a cesta novamente e passou pela mulher, dando a volta.
- Quer mais alguma coisa, meu anjinho?
- Liga pra ela não, mamãe. - O pequeno disse a ele, que parecia não gostar da mulher e o abraçou em torno do pescoço ao ser pego no colo. - Eu mordo ela se quiser. - Disse e riu baixinho antes de sussurrar em seu ouvido, como um segredo. - Bolo.
Shiori riu junto dele e negativou.
- Aposto que morde e arranca pedaço, meu monstrinho, mas não pode, não aqui. Hum bolo? Mas não quer que a mamãe faça pra você?
- Se a mamãe quiser fazer, eu quero.
- Hum, gosta mais do bolo do mercado? Se quiser a mamãe compra daqui mesmo, não tem problema.
- Não, quero o da mamãe. - Sorriu.
- Então ta bom.
- Vamos, vamos! - Disse o menor e se remexeu no colo, tentando deixá-lo. - Pode soltar, eu sou pesadinho.
Shiori riu e beijou-o no rostinho, deixando-o no chão.
- Você parece uma pluminha, pequenininho.
- Sou nada.
O pequeno disse e pegou a cestinha da mãe, e bem, era pequeno demais, não ia conseguir levar, portanto, arrastou-a como uma mochila de carrinho. Shiori riu ao ver o pequeno carregar a cestinha e estendeu a mão para ele.
- Quer que eu leve?
- Tô levando.
Disse o menor, arrastando a cestinha, um pouco pesada. Shiori mordeu o lábio inferior e arrastou sutilmente a cestinha, ajudando o filho a ir até o caixa e por fim pegou-a e colocou sobre a esteira.
- Obrigado, fortinho.
- De nada.
Disse o menor e sorriu ao pai, esperando poder tomar o yogurte logo. Shiori sorriu a ele e logo esperou a moça passar a compra, que pagou.
- Não consigo levar a sacola, papai, mamãe.
Shiori sorriu e assentiu.
- Tudo bem, eu levo. Me chame de mamãe, meu amor, sabe que pode chamar assim, não está na frente de ninguém.
- Vamos embora comer docinhos, mamãe!
- Vamos!
O pequeno sorriu ao pai e seguiu com ele, voltando o curto caminho, dando um passeio, já que livre, diferente dele com as mãos ocupadas por sacolas. Gostava do caminho de casa, passavam por uma praça que vez outra o pai costumava levar a si, que rodeava o lugar enquanto ele lia no banquinho. Fuçou o ambiente como sempre, tentando não se perder da mãe.
- Mamãe, papai fica sentado lendo lá­.
O menor disse e apontou, indicando o assento nada confortável, de pedra o qual caminhou e deu uma volta pelo "matinho" ouviu um farfalho vir de perto dos arbustos e encontrou uma caixa, onde um ruído parecia um miado e claro que foi até lá, esperando encontrar o animalzinho, mas notou o montinho escondido, num tecido cinza gelo e macio feito flanela. Com cuidado se abaixou, esperando não ter nada estranho lá. Pegou o tecido e ergueu de leve, vendo tanto um corpo bem menor que o próprio, que já achava tão pequeno, quanto um papel que caiu, mas não sabia o que era, não sabia ler. A essa altura, havia sumido das vistas do pai, que passara a chamar por si. E não tinha como deixar aquele negócio por lá, estava sozinho e imaginava que havia se perdido de sua mamãe. Quase podia se sentir amargurado ao pensar em se perder da própria e ficar sozinho, tanto que pegou rapidamente o conteúdo da caixa e correu para encontrá-lo, quase aos prantos.
- MAMÃE! Não me deixa sozinho!
Disse enquanto corria quase tropeçando com o bebê e seu cobertorzinho muito longo. Shiori correu junto do pequenino, que parecia querer se perder no meio da praça, não poderia deixá-lo fugir das vistas. Sorriu a ele, a distância e como não via ninguém ali aquela hora, o deixou. Observou o banco de pedra, o qual havia falado e segurou as sacolas em uma mão só, deslizando a mão pelo local já a imaginar o outro ali, sentado desconfortavelmente, lendo. O amava tanto que imaginá-lo numa simples atividade, era agradável, quase sentia o perfume de seus cabelos negros e sorriu consigo mesmo, sentia falta dele, não o via há algumas boas horas desde que fora ao hospital. Suspirou e logo desviou o olhar, tentando encontrar o filho,que havia sumido das vistas, e ficou meio desesperado.
- Etsuo?! Etsu! Cadê você?!
Falou a ele, tentando encontrá-lo e logo o viu correr em direção a si, carregando algo estranho nos braços, e parecia ser um bichinho, talvez um animal? Mas o cheiro humano ficara evidente conforme se aproximava e logo soltou as sacolas, abaixando-se a observar o filho correndo até si.
- Filho, disse pra não sumir da minha vista! O que é isso?
- É um bebê, não me deixa sozinho, mamãe. Ele se perdeu da mamãe dele, não quero me perder também!
- Eu estou aqui, meu amor, não vai se perder.
O maior disse e abraçou o filho junto do corpinho, que logo pegou e observou em meio aquele cobertorzinho surrado, era tão bonitinho, parecia o próprio filho quando pequeno, parecia tão frágil.
- Onde... Onde ele estava?
- Estava perdido na caixinha atrás do matinho.
Disse o menor e confortou-se no abraço da mãe. Shiori deslizou uma das mãos pelos cabelos do filho e tocou algo molhado ali, só então havia percebido que eram alguns pequenos floquinhos de neve que já caíam do céu. Negativou, observando o corpinho, e parecia silencioso demais, estava frio, se o filho não tivesse encontrado ele, estaria morto em poucas horas.
- Tinha algo mais com ele?
Tinha a caixa.
Disse o pequeno enquanto agarrava o pequenino. Shiori d
esviou o olhar ao filho e riu baixinho.
- Eu sei, meu amor, mas... Algum papel? Alguma coisa?

- Tinha! Papel tinha!
- E cadê?
- Tá na caixa. 
Shiori arqueou uma das sobrancelhas e riu novamente, levantando-se a carregar o corpinho.
- Pode pegar pra mim, filho? Ele está muito fraco, vamos, temos que ir pra casa, vou pegar as sacolas. O menor a
ssentiu ao pedido, traçou o caminho até a caixa, fitando-o enquanto se dirigia até lá.
- Não sai daí­!
Disse o pequeno, com medo de se perder e no entanto pegou rapidamente o papel, levando de volta ao pai.
- Aqui.

Shiori riu e assentiu a ele, esperando ali e logo pegou o papel de sua mãozinha, guardando-o no bolso e pegou as sacolas com uma mão apenas, embora pesadas para um humano, não eram para si.
- Vem pequeno, vamos correr.

- Vamos ficar com ele?
Etsuo indagou, como quem falasse de um animal de estimação. Shiori d
esviou o olhar ao filho, enquanto já andava e sorriu meio de canto.
- Acho que... Dependendo da situação, você terá que ser um irmãozinho pra ele.

- O papai não vai ficar bravo?
- Eu acho que não... Teremos que conversar com ele, não acha?
Shiori murmurou e ouviu alguns murmúrios vindos do bebê nos braços, nada forte e desviou o olhar a ele, notando seus olhos ainda abertos, mas já havia notado o pulso fraco, por isso, correu com o filho.
- Sabe se ainda tem leite seu na geladeira, meu amor?

Leite meu? Eu não tenho leite, mamãe. Você que tem! 
Shiori desviou o olhar ao pequeno e riu baixinho.
- Não, seu leite de caixinha.

- Tem aquele de pó. 
- Ah, mas ele não pode tomar esse, eu acho, vou ver se arrumo algum. Toma, segura pra mamãe.
Shiori murmurou e na verdade deixou as sacolas no chão somente para abrir a porta depois de subir pelo elevador. Logo deixou o pequeno carregar arrastando as sacolas para dentro.

- Ta!
Disse o menor, feliz por ajudar a mãe a levar as compras e aos poucos arrastou o pacote, esperando não rasgar as embalagens.

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