Kazuma e Asahi #45


- Oi, oi. Matsumoto, certo?
- Eh? Sim, padre, posso ajudá-lo?
- Ah hai, você pode me levar até a base? Preciso ver o general.
- Ah sim... Claro! - O rapaz sorriu meio de canto. - Mas, está tendo uma festa, e acho melhor o senhor não ir hoje.
- Eu quero, estou vendo as luzes, e quero dar algo que fiz pra ele. 
- Bem certo, então arrume-se.
- Estou pronto.
Asahi falou a ele e seguiu em passos lentos, traçando o caminho nada longe dali até a base e já podia ver o portão e as pequenas faíscas da fogueira, estavam bebendo, podia ver as garrafas deixadas em algum lugar, só não entendia como o outro estava metido nisso, ele não costumava festejar. Ao adentrar com o rapaz, segurava entre os dedos o pequeno presente feito, e estava animado para vê-lo, sabia que ele estaria alto devido a bebida, e poderia se aproveitar de alguma forma, o problema fora que ele estava ali sentado, perto da fogueira junto aos outros, e em seu colo estava sentada uma garota com poucas roupas, não era necessário muito, sabia o que ela era, e não era a única. Permaneceu parado ali, fitando-o e notou o soldado que passou pelos 
guardas a tocá-lo no ombro e avisar da própria presença, mas já havia se virado, seguindo em direção a saída.
- Asahi.
Disse Kazuma, de onde estava mesmo, e era possível ser audível a ele. Propícia era sua chegada e a forma como sequer sabia como tinha uma mulher na própria coxa, ou como havia ido parar lá. Também não se preocupava com o que vira o padre, não fazia nada com ela, e também não tinha muito o que explicar ao garoto, mas a questão é que não fazia. Ao se levantar, consequentemente tirou-a do colo, seguiu ao religioso, enquanto levava consigo um pouco de vinho quente.
- A que se deve sua presença? - Indagou quando finalmente alcançara o rapaz.

O menor virou-se ao ouvi-lo, e já tinha lágrimas nos olhos, era bem evidente pelo brilho que havia por eles, e somente a lua os iluminava. Estreitou os olhos e desviou o olhar a ele.
- Nada! Nunca mais eu vou aparecer aqui, não se preocupe!

- Ora garoto, não seja ciumento. Não estava fazendo nada com a garota. - Disse o moreno, segurando-o pelo braço.
Asahi sentiu-o segurar a si, ainda chamar a si de "garoto" e virou-se, empurrando a mão dele para longe de si, e claro, o reflexo fez seu vinho ir de encontro ao chão, ou a suas roupas. Kazuma sentiu os respingos quentes do vinho sobre a mão, pouco da manga de uniforme, e era a parte lamentável. Pegou-o rapidamente por seu braço, puxou-o vigorosamente consigo, levando-o como um pedaço de pano, era leve, era fácil de levar, principalmente se tinha raiva.
O menor uniu as sobrancelhas ao senti-lo segurar a si, e o aperto machucava, tanto que empurrou-o, ou tentou empurrá-lo, para afastá-lo de si e espalmou-o em suas costas.
- Me solta! Kazuma!

- Cale a boca. - O maior retrucou e ao abrir a porta do próprio aposento, lançou o garoto ao interior e por fim fechou a porta. - Você enlouqueceu, seu pirralho de merda?! - Esbravejou e tornou empurra-lo, espalmando-o como fizera consigo, em seu peito. - Você quer um pouco de vinho quente na sua pele, ah? Eu pego pra você.
Asahi uniu as sobrancelhas ao senti-lo arremessar a si, e atingiu a cama, embora não tenha caído sobre ela, mas teria um roxo na perna no dia seguinte. Dois, com o novo empurrão dele e negativou, as lágrimas escorrendo pela face.
- Como pôde?! Como você pôde fazer isso comigo?!

- Ah, então eu fiz algo com você. Diga o que foi que eu fiz, ah?
- Como pode ter uma mulher no colo quando está ficando comigo? Disse que não precisava de outra pessoa!
- Primeiramente, Asahi, não tenho obrigação alguma. E outra, acha que eu pego putas por aí? Pareço desesperado a esse ponto?
O menor uniu as sobrancelhas.
- E por que tinha uma delas no seu colo?!

- Mulheres como ela fazem isso, se insinuam para conseguir clientes, você não vive no mundo real, é por isso que não sabe de nada.
Asahi novamente uniu as sobrancelhas, agarrando o tecido que carregava em meio aos dedos.
- O que quer dizer com isso?!

- O que quer dizer é que se você não fosse alguém que viveu sempre nos aposentos da igreja e vivesse num nundo onde as coisas são muito mais complexas do que dormir e rezar, saberia que esse tipo de mulher faz isso pra tentar se vender, e que vai do cliente querer ou não. E ela estava oferecendo seu produto, se eu quisesse, estaria no quarto e não onde estava.
- Você é o general, por que permitiu que prostitutas viessem aqui?! 
- Porque meus homens pegam. Não vou dizer a eles que morram sem transar.
- ... Não acredito em você.
- Aí eu já não posso resolver por você, Asahi. Sou um homem, não um adolescente.
O menor abaixou a cabeça, guiando a mão sobre o braço onde apertado e massageou ali, sentindo a dor agora quando o calor havia passado. Kazuma fitou o garoto, mas não deu importância. Tratou de tirar a roupa e seguir com a peça até a porta, chamou pela responsável dos cuidados do uniforme, informando o acidente com o vinho.
Asahi observou-o a chamar a garota e desviou o olhar ao objeto que tinha em mãos, e motivo de procurá-lo. Com os olhos ainda marejados, deixou o pequeno cachecol preto sobre a cama e seguiu até a porta junto dele.
- ... Vou indo.

Kazuma voltou a fechar a porta após entregar a roupa, pelo menos parte dela. Ainda vestia a habitual regata, sempre embaixo do uniforme.
- Vai, é? Sabe que não vai aguentar ir até lá e ficar pensando na merda que fez.

O menor desviou o olhar a ele, seu corpo bonito que deixava as pernas trêmulas, e usava roupas comuns no dia, não conseguiria esconder o tremor das mesmas na batina.
- ...Você estava com uma mulher no colo e disse que não me deve nada.

- É sobre isso mesmo que vai pensar estando sozinho. Veja, pirralho, você me queimou.
O menor uniu as sobrancelhas, desviando o olhar a ele.
- E qual é a sensação?

- A sensação é que você vai lamber isso. - Disse o maior e direcionou a mão a ele, onde a pele rubra ardia. - Lambe.
- ... Por que eu tenho que lamber o seu braço? Eu não sou um bichinho de estimação.
- Você queimou meu braço, não estou pedindo, estou mandando.
Asahi estreitou os olhos e queria contradizê-lo, mas as mãos estavam trêmulas.
- Vamos.
- Mas tinha uma prostituta no seu colo...
Novamente uniu as sobrancelhas, e ainda tinha nojo e imaginá-lo com uma mulher na cama, na verdade, tinha raiva, uma sensação estranha que nunca havia sentido.

- Era na minha coxa, ela encostou, não no meu pau.
O loiro negativou, ainda evidentemente irritado. O maior segurou sua nuca, sua cabeça e empurrou contra o braço, onde dissera-o que lambesse. De quebra, ainda lhe dera um toque de vinho, já que a pele suja pela bebida.
Asahi u
niu as sobrancelhas ao senti-lo empurrar a si e lambeu-o ali, como pedido, e segurou-o no braço, apertando-o ali, tentando se afastar. Kazuma sentiu sua língua morna, mas que não muito ajudava. O permitiu se soltar ao libera-lo e fitou-o evidentemente aborrecido. 
- ...
O menor abaixou a cabeça, sentindo as lágrimas novamente presas aos olhos e negativou.

- O que foi? - O maior retrucou ao vê-lo negativar. -
- Me bata.
Asahi falou a ele, e tinha consciência do que pedia, só queria se livrar dos pensamentos.

- Bata em si mesmo.
- Iie... Por favor.
- Não estou a fim de proporcionar prazer a você, Asahi.
- Não vai me dar prazer...
- Ah, dá. Não vou bater e pronto. Já disse o que você precisa saber.
O menor assentiu.
- O que veio fazer?
Asahi indicou o cachecol dobrado sobre a cama, em silêncio. Kazuma fitou a direção indicada e seguiu até ele, tomando em mãos, conferindo o acessório.
- Veio dar a mim?

O loiro assentiu.
- Onde conseguiu? É bonito. Mas talvez você precise de um.
- Fui eu que fiz...
- Fez um pra você também?
Kazuma indagou e deixou-o em torno do pescoço, caído nos ombros. Asahi a
ssentiu e observá-lo e abriu um pequeno sorriso nos lábios, sem mostrar os dentes, ficava bonito nele.
- Me desculpe por ter te queimado...

- Não ache que da próxima vez vou deixar isso barato. - Disse o maior e apertou seu nariz, até um pouco dolorido.
- Ai, ai! ... Você tem razão... Não me deve satisfações...
- Se eu tivesse de fazer alguma coisa, não teria porque esconder de você, Asahi.
- Vou arrumar algo frio para o seu braço.
- Hum, eu vou pegar alguma coisa. Você é mesmo uma criança quando está com ciúme.
-Tenho vinte e seis anos, Kazuma. Não sou mais uma criança. E... Eu não sinto ciúme.
- Ah, claro. - Disse o maior, não tinha intenção de debater.
- ... Aliás, quantos anos você tem?
- Alguns. -  Kazuma disse e sorriu a ele, não tinha problema com a idade, mas queria deixa-lo curioso.
- Ah, não faz isso.
- Alguns.
- Trinta?
- Pareço ter trinta?
- Parece... Tem menos?
- Não, obvio que não.
- Ah... Qua... Quarenta?
- Pareço ter quarenta?
- E-Eu não sei.
- Não sabe se pareço ter?

- Não sei.
- Ora, você não é cego.
- Você é lindo de morrer, é só isso que eu vejo.
- Então por que quer saber minha idade se vê algo e gosta? - Kazuma indagou e sorriu a ele meio de canto.
- Porque minha curiosidade vai me matar. Só me diz... Tem mais de quarenta anos?
- Tenho.
O loiro encarou-o por alguns instantes, boquiaberto e era difícil para o maior não sorrir ao perceber suas feições.- Meu Deus.
- O que foi, meu filho? - Disse o moreno, levando a brincadeira.
- Eu podia ser seu filho mesmo... Isso é tão... Excitante.
- Ah, que padre lascivo.
O menor riu baixinho e mordeu o lábio inferior.
- Se cubra logo, essa regata me faz passar mal.

- Passe mal, você merece.
- Que maldade otto-san.
- Agradeço pelo presente, Kodomo.
- Ao menos esse você vai usar, não é?
- Vou pensar se você merece.
- Hum, eu lambo seu braço de novo.
- Não.
Asahi riu baixinho e aproximou-se dele, segurando-lhe o braço e observou a pequena marca vermelha.
- Como é... A sensação?

- Ardido. Provavelmente é o que você sente quando é penetrado, porém sem penetração.
- Ah... Acho que isso deve ser bem estranho de sentir no braço...
- Depois eu queimo você pra você saber.
O menor assentiu, e não esboçou nenhuma expressão negativa, apenas analisava a ferida.
- Quando eu era pequeno, eu me queimei enquanto brincava com uma vela durante um culto. Fiquei com algumas bolhas engraçadas, mas... Não senti nada.
- Tem sorte, dói bastante.
- Eu não diria sorte, eu gostaria de não receber a visita de um médico tantas vezes... Gostaria de entender porque você se irrita quando sente dor, gostaria de entender muitas coisas.
- Hum, talvez seja somente um mistério mesmo.
- Talvez...

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