Nowaki e Tadashi #49


Em frente ao espelho, Tadashi observou o corpo magro e pequeno, aliás, não era mais tão magro quanto estava algum tempo atrás, podia ver a barriga crescida, embora não estivesse com tantos meses de gravidez assim, era apenas o quarto. Havia acabado de sair do banho, sentia o cheirinho gostoso do sabonete ainda, e estava feliz por não estar mais como antes, sujo, jogado em qualquer lugar. Estava frio lá fora, mas no quarto dele era quente, tinha aquecedor até no chão, e sorriu ao pensar sobre isso, era gostoso, sentia felicidade até mesmo nas pequenas coisas, poder tomar um banho quente, ter uma boa refeição, um casaco quentinho, ele dava tudo aquilo para si, embora quisesse ajudá-lo de alguma forma algumas vezes, talvez trabalhar pra ele ou algo do tipo. Havia pintado os cabelos novamente, mas fora a última vez, afinal, não podia usar química devido ao bebê, naquele dia especificamente, havia passado numa cafeteria ali perto, pensava em pedir um emprego ali, e fora quando viu do outro lado da rua uma lojinha para crianças, tinha algumas roupinhas na frente, um berço, era bonita, colorida, e não ficava muito longe. Observou a vitrine e uniu as sobrancelhas, gostaria de comprar um berço daqueles para ela, ou ele, não sabia o sexo do bebê ainda, afinal, tivera que sair da clínica pouco antes do que desejava, então sonhava com o que podia ser, queria uma menina. Adentrou a loja, passou pelas roupinhas, sentindo os tecidos macios e pegou um pequeno sapatinho cor de rosa, o levou ao caixa e recebeu os olhares de deboche das garotas, pelo visto, não era o tipo de cliente que entrava naquele lugar, ainda parecia um garoto drogado olhado de rabo de olho. Saiu com o pequeno pacotinho e fora quando voltou para casa e tomou o banho, ainda se fitava em frente ao espelho, e por um segundo o sorriso sumiu dos lábios, quando percebeu nos braços as marcas feitas por si, ainda usava curativos, não gostava de lembrar daquilo, se sentia um idiota. Na pequena caixinha de remédios dele, buscou as faixas, passando-as ao redor dos braços e cobriu a si onde incomodava, vestindo as roupas confortáveis para ficar em casa e pegou o pequeno sapatinho conforme se deitou na cama, colocou os dedos por dentro do macio acessório e percebeu o quão pequenininho ele era, será que os pézinhos dela caberiam ali? Seriam tão bonitinhos, será que seria um bom pai? Se continuasse sendo aquele tipo de idiota certamente não, mas tentava tomar jeito, iria tomar jeito.

Por um tempo Nowaki o havia visto em frente ao espelho. Permanecido a olha-lo sem interromper mesmo enquanto se escondia sob as faixas. Podia sentir de fora a densidade de seus pensamentos, eram felizes ou tristes, era o que ele era. Entrou devagar e viu o pequeno par em seus dedos, pela cor, ele esperava uma menina. Ao seguir para ele se sentou na beira da cama, pegou o sapatinho de tamanho quase insignificante e nos dedos como ele fazia, caminhou com o pequeno acessório sobre seu peito.
Tadashi observou-o entrar e uniu as sobrancelhas, porém sorriu em seguida ao sentir os sapatinhos. Riu baixinho e segurou a mão dele, apertando-a entre os dedos. 
- Oi...
- Oi. - Falou o moreno com seu mesmo timbre, baixo. - Parece que aproveitou a água e o piso quente.
Tadashi sorriu e assentiu a ele. 
- Hai, estava tão quentinho.                        
- É bom, hum? - Nowaki disse e apoiou a mão sobre sua barriga com pouco volume pequeno. - Quer comer alguma coisa?
O menor assentiu. 
- Eu nunca tive chão quentinho. - Riu. - Quero sim.
- Alguma coisa específica? - Disse o maior e voltou a passear por seu peito com o sapatinho.
Tadashi riu baixinho, observando os dedos dele.
- Iie, pode ser qualquer coisa... Comprei o sapatinho aqui na loja da frente.
- Podemos comprar mais algumas coisas. Você quer pedir uma pizza ou quer ir comer fundue numa cafeteria de inverno?
O menor assentiu e abaixou a cabeça. 
- Ah... Mas não acho que eu queira voltar ali. Me olharam como se eu fosse roubar a loja... F-fondue...? O que é isso?
- Hum, então é por isso mesmo que devemos voltar lá. Fondue tem doce e salgado. Salgado é com carnes e queijo. Doce com frutas e chocolate. Morango, uva.
- Ah... Parece gostoso. - Sorriu. - Eu acho que quero fondue.
- Então vista uma roupa quente e vamos. Compramos as roupas e depois vamos comer.
O maior acariciou brevemente sua barriga e entregou os sapatinhos para então se levantar. Ele parecia bem.  Se descobria tendo gosto por ajudá-lo em sua gravidez. Tadashi assentiu com um sorriso e pegou o sapatinho, deixando na cabeceira ao lado da cama.
- Você ama ele?
- Hum? 
Nowaki indagou sem entender a pergunta. Repentina imaginava que talvez tivesse mudado de assunto.
- Você... Ama nosso filho? Ou filha...
- Ah, é claro que sim. Não pareço?
Tadashi sorriu. 
- Não, eu só... Fiquei curioso. Meus pais não me amavam.
- Como sabe disso?
- Meu pai me abandonou quando eu era pequeno e minha mãe começou a usar drogas, e bem... Também me abandonou.
- Você mais que ninguém deveria saber que o vício transforma as pessoas, Tadashi.
O menor assentiu, abaixando a cabeça. 
- Mas mesmo quando eu estava viciado, eu sabia que amava você.
- Saber o que é amor não te fazia mais são. Não te fazia estar em pé. Algumas pessoas tem efeitos mais intensos.
- Tá bem... Vou me vestir. Eu... Limpei a cozinha. - Sorriu.
- Não é pra fazer isso, tem quem faça. Se você fizer alguém perde o emprego. Vamos, veste a roupa e então damos uma volta. 
- Ah... Tá bem, não faço mais. - Tadashi levantou-se, selando-lhe os lábios antes e segui só armário, pegando uma blusa comprida e preta e a calça de mesma cor. - Sabe... Hoje é dia dos namorados...
- É mesmo, não é? Bom, vamos passear então.
O menor sorriu. 
- Estou bonito?
- Está sim, mas precisa ficar quente. 
Nowaki disse e pegou no guarda roupa um cachecol e envolveu em seu pescoço.
- Obrigado. - O menor falou num sorriso e ajeitou o tecido quentinho. - Vamos?
- Vamos. 
Disse o maior, mas pediu um minuto com o gesto da mão, aproveitou para reformular a vestimenta, trocou a camisa, lavou o rosto e então terminou de se ajeitar e seguiu caminho para ele. Tomou as chaves do carro, mas antes de tudo passariam na loja de roupas. 
- Onde foi que comprou o sapatinho?
Tadashi sorriu a ele, colocando o sapato como último passo e ajeitou os cabelos, embora já estivessem arrumados. Com ele seguiu para fora e ajeitou o cachecol ao perceber o quão frio estava. 
- Foi naquela loja do lado da cafeteria.
- Então vamos te lá.
Disse o maior e seguiu ao veículo, não era distante de casa mas sairiam depois. Ao tomar o volante, aliviou o frio com o aquecedor no carro, esfregou as mãos geladas e só então partiu. O menor r
iu baixinho e assentiu, seguindo com ele até a pequena loja de bebês que era razoavelmente perto. 
- Aquela ali.
Após estacionar o veículo, Nowaki desembarcou com ele e lhe deu um dos braços para que pudessem caminhar. caminha e entrar na loja. Tadashi saiu junto dele do carro e estendeu a mão a ele. 
- Posso segurar sua mão?
- Segure assim, fica mais quente desse modo. Depois te dou a mão. 
Disse o maior e o guiou então para dentro da loja. O menor assentiu, esquentando-se em seu braço e sorriu, adentrando a loja e certamente a expressão da atendente para si dessa vez fora completamente diferente, talvez espanto.
- Vai, vai escolher alguma coisa. - Disse o maior e observou a loja, observou também as atendentes.
Tadashi assentiu e junto dele seguiu pela loja, observando as pequenas roupinhas bonitas. 
- Preciso comprar só cores neutras?
- Não, não vejo problemas em por azul em uma menina ou rosa em um menino. - Nowaki sorriu a ele.
O menor sorriu igualmente ao ouvi-lo e assentiu. 
- Bem, eu gostei daquela roupinha azul e da blusinha rosa.
- Me mostre. - Disse o moreno e seguiu junto dele ao modelito infantil.
Tadashi pegou em uma das araras uma pequena roupinha, tão pequena que era difícil acreditar que ali cabia um corpinho. 
- Essa.
- Com licença, posso ajudar o senhor? 
- Senhor...? Algumas horas atrás me chamou de garoto.
- Vamos lá, senhor. Diga a ela o que você quer. - Nowaki tirou sarro dele. Sorriu e pegou a roupa, observando. - Me pergunto se irá servir.
O menor desviou o olhar ao maior e mostrou a língua a ele. 
- Vai sim. Ah... Vamos ter um filho. E... Não sei o tamanho das roupas. 
- Essa é para recém-nascido. Acredito que servirá sim.
- É, deve servir. Entregue essas a ela. Pegue mais.
Tadashi assentiu e pegou mais algumas roupinhas semelhantes, tão pequenas.
- ... Mais sapatinhos?
- Se você quiser. Precisa de meias também.
- Meias? Vão ser do tamanho do meu dedo!
- Vocês estão montando um enxoval? - Disse a atendente.
- Enxoval...?
- Hum, precisamos ver o quarto. Berços, roupas de cama. Vou pedir que alguém planeje o quarto.
Tadashi desviou o olhar a ele com um sorrisinho.
- Ah não... Eu... Eu quero planejar, eu quero planejar com você. Quer dizer, eu quero pintar o quarto, e quero colocar os enfeites...
- Hum, então tudo bem. - Disse o moreno e tocou o topo de sua cabeça por um instante. - Veja algo mais que queira e podemos ir para outro lugar se preferir.O menor sorriu, e queria aquilo porque sabia que ficaria entretido com algo enquanto ele trabalhava, ou ficaria louro em casa. 
- Acho que... Não gostei de mais nada aqui.
- Então podemos ir em outro lugar. 
Disse o maior e se voltou à atendente, fora até o balcão onde concluiu o pagamento. Aproveitou para pegar um pequeno urso, tamanho médio, um pouco maior do que um de mão, era tão macio que provavelmente dormiria sobre ele se não fosse tão pequeno. Após pagar a conta o levou para ele. 
- Aqui.
Tadashi observou-o no caixa e desviou o olhar as roupinhas de cama, deslizando as mãos ao senti-la macia, gostosa e por fim desviou o olhar a ele, sorrindo novamente ao ver o ursinho. 
- Ah... Que lindo... 
Disse a pegá-lo e sentiu-o macio entre os dedos, lembrou-se que nunca tivera um daquele. 
- Obrigado, senhoras. - Disse o maior, embora não fossem velhas. Após se despedir junto das sacolas e o menor, seguiu até o veículo. - Viu como é bom voltar onde te fizeram mal?
Ao sair com ele, o menor seguiu caminho até o carro e riu baixinho, assentindo. É sim, senhor, ora. Eu tenho cara de senhor? Falou num riso baixo e cerrou os punhos sobre a coxa, desviando o olhar a ele em seguida e tinha uma expressão meio diferente. 
- Quer transar aqui?
Após entrar no carro, Nowaki colocou as chaves no contato e riu sob seu comentário porém se voltou a ele com a pergunta. 
- O que? Não.
- No carro. - Tadashi sorriu e mordeu o lábio inferior. - Podemos, eu posso sentar no seu colo, o que acha?
- Tadashi, tínhamos outros planos. Você está grávido, não acho que posições como a que teria no carro daria certo.
Tadashi uniu as sobrancelhas ao ouvi-lo, e piscou algumas vezes, guiando uma das mãos sobre a cabeça e assentiu.
- Quer voltar para casa? - Nowaki indagou, percebendo desconfortável.
- Não... Não... Vamos a outro lugar. - Sorriu, meio de canto.
- Vamos levar vocês para provar o fondue. Terá tempo pra transar que não seja no carro depois.
- Ah... Hai. - O menor sorriu novamente, um pouco confuso.

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