Tsuzuku e Koichi #23


As pernas de Koichi balançavam no local, sentando sobre o balcão na cozinha, e não alcançava o chão, observando o garoto a trabalhar no local, serviçal, o qual havia se deitado uma vez a pedido de Tsuzuku, já havia adotado ele como amigo próprio há algum tempo. Sorriu a ele e levantou-se, seguindo a saída da cozinha.

- Aonde vai? 
- Vou ver se o Tsuzu já acordou.
- Ah, eu vou com você.
- Hai.
O menor sorriu a ele e seguiu o caminho a direção das escadas, subindo devagar na companhia do outro. Parou ao senti-lo segurar a própria mão, já perto do quarto do outro e desviou o olhar ao maior, sentindo-o abraçar a si e repousar a face sobre o próprio ombro.
- O que está fazendo? - Puxou as mãos dele a retirá-las do local.

- Ah, Koichi, sabe que ele não gosta de você, você é só um brinquedo dele, como o outro garoto era. É só uma questão de tempo até ele comprar outro garoto, e aí você vai ser jogado na rua.
Koichi uniu as sobrancelhas e deu alguns passos para trás.
- Eu gosto de você, e não vou te magoar. Você não gosta de mim? Não se lembra daquele dia?
- Ficou maluco? Eu só fiz porque o Tsuzuku mandou. Eu ainda estava sob ordens dele, eu era garoto de programa, esqueceu?
- Mesmo assim, você tem que ter algum sentimento por mim.
- Tenho, você é meu amigo. A-mi-go.
 - Mas eu não quero ser seu amigo. 
O maior falou o rapaz a puxar o pequeno novamente, carregando o garoto junto a ele para algum quarto próximo, e era um vampiro transformado há bem mais tempo, não conseguiria fugir nem se tentasse. O pequeno debateu-se entre seus braços e uniu as sobrancelhas por fim ao constatar que estava perdido. 
- Me solta! Tsuzuku!
Gritou e sentiu a mão do outro sobre os próprios lábios, na qual cravou os dentes, fazendo-o retirá-la do local.

- Ai! Seu moleque maldito!
Tsuzuku pendeu a cabeça para o lado, inclinando o pescoço. Onde os fios medianos e impecavelmente negros deslizaram pelo dorso pálido da cútis do pescoço, livre de qualquer impasse que não o deixasse à mostra, quando a camisa tinha uma gola V bem espaçosa, o suficiente para expor parcialmente o peito. Preta, tecido solto de malha lisa. Concedeu-lhes saudação com um risinho nasal, ainda assim expunha os dentes na curva que traçou com os lábios.
- Quem seria o passivo?
Murmurou, logo atrás da figura alheia, onde pôde sentir o arrepio dorsal do outro serviçal, Hitomi.

O menor arregalou os olhos ao ouvir a voz do outro e sentiu o garoto afrouxar os apertos no próprio corpo, talvez com medo do vampiro maior e uniu as sobrancelhas.
- T-Tsuzu...

Tsuzuku silenciosamente permaneceu analítico, logo, tornou a proferir.
- Fiz uma pergunta.

- Eu não vou ser passivo dele! - Koichi falou alto. - Muito menos ativo.
- Muito menos, é?
- Eu não teria problema em ser ativo.
O menor uniu as sobrancelhas e moveu-se a tentar se soltar.
- Me solta, Hitomi!

- Não, você não será ativo. Quer ser comido, Hitomi?
- Não tem problema também...
- Não tem problema ou você quer?
- Eu quero, gostei de ter ficado com ele aquela vez. O senhor se incomoda?
- Tsuzuku!
- Você não quer comer ele, Koichi?
- Não!

- Então Hitomi, vai ficar com vontade de ser comido.
- Mas só o usa como brinquedo... Não pode me emprestar um pouco?
O menor estreitou os olhos.
- Ora, como é um empregado de língua afiada. Eu deveria cortar ela?
Hitomi soltou o garoto e afastou-se.
- Desculpe, senhor.

- E mesmo que eu o usasse como um brinquedo, seria o meu brinquedo, mas seu ele não é, então, ele deve decidir se quer foder você ou não.
O menor se virou e seguiu o caminho ao maior de cabelos negros, abraçando-o a repousar a face sobre seu tórax, observando o empregado ao lado que assentiu e se retirou em silêncio, e sabia que ele iria aprontar alguma mais tarde.
- Olha só, alguém consegue ter fantasias onde você parece um ativo.
Koichi negativou e escondeu a face.
- Se escondendo por que, ah?
- Agora estou com medo dele.
- Ah, não seja estúpido. Ele não fará nada.
- Se você não tivesse aparecido ele teria feito.

- Porque não tinha um aviso.
- Por que as pessoas não param de nos atrapalhar?
- Como?
- Quero ficar só com você... Por que não deixam?
- E quem não deixa?
- O Hitomi e o Yusuke.
- São dois e não estão impedindo.
- Mas ficam irritando.
- Que adorável. - Tsuzuku riu, baixo e que desta vez se abafou no sorriso fechado, enquanto os dedos deslizaram do topo de suas cabeça, entre os fios até as pontas. - Prefiro seu cabelo solto.

- Se quiser eu os solto. - Falou baixo e sorriu a ele. - Vim perguntar se queria sair comigo.
- Solte-os. Aonde você quer ir?
O menor assentiu e levou as mãos aos cabelos, soltando-os a deixá-los cair sobre os próprios ombros, abrindo um pequeno sorriso a ele.
- Aonde quiser me levar. Pode ser a um restaurante.

- Você me chama e eu quem tenho que levá-lo?
O maior tornou levar uma das mãos em seus cabelos, alisando-os.

- Eu não sei dirigir...
- Estou falando do lugar.
- Ah, então vamos ao restaurante. - Sorriu.
- Certo. E em qual?
- Pode ser comida japonesa.
- Conhece algum lugar?
- Tem um aqui perto.

- Certo, então vamos lá.
- Eu vou me trocar. - Sorriu.
- Já está bom assim.
- Está?
- Está.
- Então tá bem.
- Vamos?
- Hai, eu só... Só preciso pegar meu dinheiro, eu já volto.
- Vai pagar para nós dois?
- Hai. - Sorriu.
- Certo. Então pegue.

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