Atsushi e Kaoru #17


Ao chegar em casa como planejado, Atsushi deixou as chaves na mesa de entrada, pequena. O cheiro da casa parecia denunciar a estada de outro alguém, havia até visto um carro, mas imaginava que receberia um aviso dele sobre sua chegada. Havia saído para resolver assuntos pendentes, imaginava que demoraria. Ao seguir para o próprio quarto, ouviu ruir do chuveiro, roupas dele, e teve de sorrir ao achar graça da forma como estava agindo tão deliberado por lá, e gostava disso, divertia-se. Ao chegar, preferiu se sentar na cama e espera-lo com um susto por lá.

Kaoru suspirou, já havia se passado quase uma hora, deveria sair, não estava em casa e com certeza iria brigar para pagar as contas daquele mês. Secou o corpo com a toalha macia dele, cheirava a ele, e saiu do banheiro com a mesma enrolada na cintura e em busca da própria roupa, deu de frente com ele, arregalando os olhos, e amaldiçoou a si mesmo por estar com os olhos inchados.
- Atsushi, Deus, quase morri do coração.

O moreno não evitou o riso ao vê-lo surpreso pela estada, riu em bom tom. Mas aos poucos cessou, fitando-o com carinha de sono, bonito. O corpo magro, estava emagrecendo.
- Você está tão bonito, Niikura-kun.
Disse, ali onde estava mesmo, apoiando-se sentado, com o corpo levemente pendente para trás, sustentando-se no apoio das mãos. Kaoru d
esviou o olhar a ele e abriu um pequeno sorriso, aproximando-se e abaixou-se, selando-lhe os lábios.
- Você também.

- Estava chorando, hum? Duvido que estivesse dormindo no banho. - Dito, Atsushi tomou-o rapidamente pela cintura e guiou ao lado de si, pondo-o sentado. - Algo que vai me contar? Parece que a imprensa tem dito algo sobre o seu casamento.
- Tirei uma soneca antes do banho e... - O menor falou e cessou ao senti-lo puxar a si e franziu o cenho, negativando novamente e coçou o queixo, irritado pela invasão de privacidade. - ... Eu pedi o divórcio.
Atsushi observou sua pequena mania em tocar o queixo, coça-lo como em sua nuca, quando pensava sobre algo ou disfarçava alguma coisa.
- Hum... Você está bem?

- É... - Kaoru sorriu meio de canto. - Quer dizer, ela vai ficar com a minha casa, e quase toda a minha vida, mas de resto... Estou bem. - Disse a ele e pigarreou.
- Ora, você tem dinheiro, outras coisas além da sua casa. Sua vida continua, mas estou perguntando se está bem sobre não ter mais ela.
O menor assentiu, abaixando a cabeça a observar as mãos por alguns instantes.
- Eu não... Sinto mais nada por ela.

- Se está triste então você sente, sim.
- Não estou triste por ir embora, estou triste por não ser o homem que ela achava que eu fosse. Sou um idiota.
- Se você se importa com isso, então gosta dela. Pelo menos de alguma forma.
- O problema não é ela. Acho que eu não sou bom pra ninguém... Passei vinte anos com ela, e posso contar nos dedos as vezes em que passei o natal, ano novo, aniversários em casa, eu não pude dar filhos a ela, que tipo de homem é assim?
Falou e apertou a toalha entre os dedos, já podendo sentir os dedos trêmulos novamente pelo esforço que fazia.

- Não seja irracional, ela se casou com você sabendo de tudo isso. Sabendo que você era ocupado, ela aceitou isso. Você é bom, eu gosto do tempo com você.
Kaoru desviou o olhar a ele, meio de canto e assentiu.
- E não fale bobagens, se é pra pedir divórcio e ficar assim, então que continuasse como estava. Estou aqui para te dar um amparo, meu amigo. - Atsushi brincou, referente a entrevista mais cedo. - Vou gostar de usar o seu tempo vago.
O menor observou-o novamente e sorriu de modo sutil, assentindo.
- Você... Digo... Ainda estamos namorando?

Atsushi não havia refletido tão a sério sobre o termo "namorado", sobre a forma como passaram a indicar aquele relacionamento mas não era como se não o quisesse por não ter levado a conversa a sério. Gostava dele, havia passado a sentir uma boa sensação quando podia tê-lo, fosse numa cadeira em frente a si, ao lado da cama ou mesmo durante o sexo.
- É claro, o que poderia mudar?

O menor sorriu novamente, assentindo a ele e deslizou a mão sobre a dele, de modo sutil, segurando-a e guiou até os lábios, dando-lhe um pequeno beijo no dorso, para então soltá-lo, e fora a única demonstração mais intima que havia feito.
- Eu vou visitar algumas casas hoje, não se preocupe, não vou te encher pra sempre ficando por aqui.

- Eu não disse nada sobre isso.
Disse o maior a ele e e retribuiu seu gesto, dando-lhe um beijo sobre o dorso, tão diferente do próprio, escurecido pela tinta. Kaoru s
orriu a ele, a mostrar os dentes e assentiu, estava feliz, de alguma forma, era somente dele agora.
- Eu vou me vestir.

- Hum, vista-se, vamos em um bar.
Disse o vocalista e tocou-o em suas costas, tateando a espinha, causando consequentemente um arrepio em sua pele que sorria, achando graça.
- Um bar é? - Kaoru disse e riu, estremecendo com o toque e estreitou os olhos a ele. - Não me provoque.
- Um bar, por que?
Atsushi indagou, retrucando sua pergunta com outra e se levantou, indo ao banho após dar-lhe um tapinha no quadril.

- ... Atsushi! - Kaoru falou, levantando-se rapidamente conforme o viu seguir ao banheiro. - ... Acabei de sair, mas... Posso tomar com você?
O maior voltou ao moreno, esperando dizer e ainda sorria, achando graça o sobressalto e assentiu, sem muito pensar sobre seu auto convite, mas achou adorável.
- Hum, quer tomar bainho junto, ah?

- Hai...
O menor murmurou e estava meio tímido por pedir, mas queria ficar com ele, de alguma forma, e não queria dizer aquilo, então se pudesse estar com ele daquele modo no banho, estava tudo bem.
- Não precisamos... Fazer, eu só...

- Ah, não precisamos? - Atsushi retrucou e seguiu ao banho, com um sorrisinho típico.
- Você entendeu.
O vocalista disse e estava até trêmulo devido ao pedido, contra os próprios costumes e mordeu o lábio inferior, seguindo para dentro com ele.

- Venha, Niikura.
Disse a ele e voltou-se ao moreno a medida em que se despia das roupas, encarando o guitarrista.

- Por que não me chama de Kaoru?
O menor falou a observá-lo e retirou as roupas igualmente, embora meio tímido.

- Hum, Kaoru-chan. - Brincou.
- Melhor. - O menor sorriu meio de canto. - Mas eu prefiro o -kun.
- Kaoru. - O maior disse-lhe quase como um sussurro.
O guitarrista sorriu novamente, aproximando-se dele e lhe selou os lábios.
- Você é adorável, Niikura-kun. - Disse o maior, propositalmente, e corrigiu. - Oh, Kaoru. - Sorriu contra seus lábios. - Não sei se finge não ser ou não percebe realmente, mas é quase romântico.
- Romântico...?
O menor murmurou a ele, observando-o tão próximo de si e deslizou uma das mãos pelos cabelos dele.

- Sim.
Atsushi disse, fitando-o no pouco que detinham de diferença de altura, sentindo o toque de seus ásperos dedos sobre os cabelos e levou os braços em torno de sua cintura, abraçou-o e ergueu-o de leve, levando-o consigo naquele abraço meio ereto demais, até o banho. Kaoru g
uiou ambos os braços rapidamente ao redor do pescoço dele, e não tinha costume de ser pego no colo, por isso teve um sutil sobressalto.
- N-Não me pegue... Não me pegue no colo...

O maior sorriu a ele, achando graça e deixou-o no chão quando passado o box transparente de vidro, ligou o chuveiro que pela temperatura, logo tornou nublado todo o vidro e ambiente. 
Kaoru ajeitou os cabelos, suavemente ao ter-se no chão novamente e observou-o, talvez realmente não percebesse aquele fato, ser romântico, como ele dizia, mas era. Não transparecia, mas o observava de uma forma que passava aquilo a ele, gostava dele, não conseguia dizer, mas era evidente, evidente somente pela expressão facial, não precisava dizer.
- ... É a primeira vez que eu tomo banho com alguém.

- Que também tenha um órgão sexual masculino, ah? Não vá me dizer que nunca teve banhos com a sua esposa?
- Não, ela não... Gostava de tomar banho junto, dizia que tinha vergonha.
- Hum.
Atsushi não disse nada, imaginava que não queria falar sobre isso, duvidava muito que nunca houvesse tido aquele tipo de gesto com alguém, uma vez que não era um adolescente. Pegou a esponja de banho, o sabonete junto dela e levou-se, encarando-o com um sorrisinho, provocando-o com a situação mesmo que não estivesse a ser de fato sexual.

Kaoru sorriu a ele, meio de canto ao vê-lo pegar a esponja e encostou-se na parede, os braços cruzados em frente ao peito e fitava-o enquanto se lavava, gostava de vê-lo. O maior fez questão de tornar o gesto evidentemente provocativo, sem perder o tom de brincadeira, lavou-se e logo se enxaguou, tirando a espuma macia do corpo.
O menor riu baixinho enquanto o observava, vendo seu corpo bonito, e não parecia um pingo ter a idade que tinha, estava em forma, mais bonito do que nunca.
- Você está muito bem.

- É? Você quem está.
Atsushi disse e encarou seu corpo encostado, sua pele tatuada e suas definições tão delicadas. O outro n
egativou e sorriu novamente, aproximando-se dele, devagar e adentrou o chuveiro junto do outro, abraçando-o com um dos braços.
O maior percebia-o em seu desconforto, o que ainda era de fato adorável para si. Abraçou-o do mesmo modo, sem necessidade de seu banho uma vez que havia formulado a pouco. Kaoru sorriu a ele e ao se juntar pouco mais, repousou a face em seu ombro.
- ... Podemos ficar aqui um pouco?

- Podemos dormir aqui se você quiser. - Disse o maior e por fim riu. Achando graça fosse do que lhe dizia, ou mesmo sobre o que refletia. - Uau, eu gosto muito de você.
Kaoru desviou o olhar a ele, meio de canto e beijou-o no rosto, só então percebendo que de alguma forma, o abraçava como se estivessem a dançar uma música, e era engraçado, engraçado não, a palavra era outra, era... Ótimo.
- Eu também gosto muito de você.

O maior suspirou enquanto sentia o roçar de sua pele passando pela própria, com o pescoço enlaçado por seus braços e deu uma mordida breve em sua pele, mas o liberou para o descanso de seu rosto sobre o ombro, fitando o que podia, seus cabelos e parte de suas costas. O riso soou nasal, com um sopro leve e descansou com o rosto em sua cabeça.

Compartilhe:

DEIXE UM COMENTÁRIO

    Blogger Comment

0 comentários:

Postar um comentário