Broken Hearts #4


Yori uniu as sobrancelhas, visto que havia sido deixado sozinho no quarto, sentia as lágrimas presas aos olhos e tentava entender porque ele tinha tanto interesse em manter a si ali com ele, era somente um humano, ele poderia encontrar outro em qualquer esquina, não poderia haver um motivo plausível para aquilo tudo. Não conseguia ver em si, os atrativos que ele podia ver, não conseguia e nem iria entender.
Ao se levantar, buscou novamente as próprias roupas e vestiu-se, retirando o pijama que deixou de lado sobre o estofado e sabia o que teria que fazer, sair dali de alguma forma. Silenciosamente, caminhou em direção a porta, procurando ouvir, do outro lado, algum sinal do vampiro, e grudou os ouvidos na madeira, prendendo a respiração por um momento, até que ouviu os passos do exterior do quarto. Rapidamente se atirou de volta para a cama, cobrindo-se com o cobertor até a cabeça e silencioso, fingiu estar dormindo.
Por um momento, o pequeno sentiu o corpo fraquejar, estava cansado, mas não podia dormir na cama dele, não ali, não naquela hora, não sabia se iria acordar e estar bem após tudo aquilo, mas por um momento, se deixou levar pelo sono, a cama macia, quentinha, algo que não tinha há algum tempo, os olhos praticamente se fecharam sozinhos até que não viu mais nada.
Acordou pouco tempo após, não havia de fato adormecido e sim, cochilado, mas ouvia algo, a fundo, algo estranho, uma voz, no que parecia um gemido dolorido, talvez um grito, não conseguia ouvir tão bem devido ao sono, e agora acordado, era capaz. Parecia vir do quarto ao lado, a humana que ele mantinha ali, tinha que ser, parecia ser ela, não poderia ser outro criado afinal. Manteve-se silencioso na tentativa de ouvir algo mais do outro quarto, levantando-se e aproximando-se da parede, devagar, parecia ter cessado e o silêncio reinado no outro quarto. Até que ouviu o novo grito.
Arregalou os olhos, o coração acelerado e afastou-se abruptamente, quase caindo sobre a cama, por fim jogou-se contra a porta, abrindo-a para que finalmente desse passagem para o corredor, já não havia ninguém ali, e não se importava de fato. Correu em direção a escada, descendo os degraus tão rapidamente que quase nem acreditou quando conseguiu pisar no último e logo, no chão firme. Caminhou em direção a saída, não sabia onde era, tinha somente uma vaga lembrança embaçada.
No fim do corredor grande, ao passar pela sala de jantar, havia o hall de entrada, se lembrava dele, e fora ali mesmo que abriu a porta, destrancada, e que deu passagem a si para o lado exterior da casa. Os pés estavam descalços, nem acreditou quando sentiu a grama abaixo deles, macia, molhada, afinal, chovera mais cedo, e agora estava correndo naquele campo aberto, algumas árvores a frente onde iria se esconder e do outro lado encontrar a estrada, voltaria pra casa e sairia daquele pesadelo, tinha que sair. Até que o pulso fora puxado tão violentamente que quase o sentira se soltar do braço.
Fora parado por ele. O vampiro segurava o pulso, que agora doía, uma dor que parecia irradiar para o restante do braço e o grito fora inevitável. Fora segurado pela cintura e embora o braço doesse, esperneava, tentando se soltar de alguma forma, tentando se livrar dos braços do outro.
- Eu disse, que você não vai embora, garoto!
- Me solta! Me deixa ir embora! Você quebrou meu braço!
- Não seja tão dramático, no máximo desloquei seu pulso.
Yori gritou, mas não adiantaria gritar dali onde estava, ninguém ouviria. E fora então, carregado pelo vampiro para dentro da casa novamente. O maior dava passos lentos e o outro ainda tentava se soltar, mas era bem mais fraco, não poderia fazê-lo.
Ao adentrar a casa, Hideki não se dirigiu ao quarto novamente, e sim a parte inferior da casa, descendo um jogo de escadas que parecia durar para sempre e cansado dos gritos do garoto, tampou-lhe a boca com a mão, censurando-o de toda aquela gritaria.
- Já chega, criança, está começando a me irritar.
- Me solta! - Gritou o pequeno, abafado.
- Já disse que você não vai embora. Você é mesmo insistente.
Ao chegar ao pequeno quarto, escuro do andar inferior, após passar por um corredor, afinal o andar de baixo da casa também era grande, Hideki deixou o garoto, empurrando-o em direção a pequena cama que havia ali. Yori caiu sobre ela como uma pedra, sentindo o corpo dolorido, a cama não era nem de longe, tão macia quanto a dele. Levantou-se rapidamente e seguiu em direção a porta.
- Me deixa ir!
- Vai ficar aqui garoto, até aprender a me respeitar.
- Seu desgraçado!
- Não era isso que você queria?! Você não tinha nada antes de vir pra cá, agora pare com essa gritaria, ou vou jogar seu corpo naquele rio pessoalmente.
O menor uniu as sobrancelhas, observando-o na porta e novamente, tentou passar por ele, empurrando-o, embora tivesse sentido a fisgada no pulso, dolorida e mais uma vez, fora jogado contra a cama, dessa vez, pouco mais firme e nada mais deixou seus lábios, ao sentir a parede bater de encontro a cabeça.

Compartilhe:

DEIXE UM COMENTÁRIO

    Blogger Comment

0 comentários:

Postar um comentário