Akihiko e Sanosuke #6


Era meio estranho ter uma folga afinal, há tanto tempo não ficava em casa sozinho, geralmente mesmo sem trabalho, Akihiko tinha a faculdade e por isso mesmo aos domingos estava com algum compromisso, e naquele dia, havia ganhado folga no serviço e até mesmo na universidade. Aproveitou e deu uma volta pela vizinhança, comprou pão mais cedo para o café da manhã, a tarde passou com a leitura de alguns livros didáticos, e no início da noite havia alternado do sofá na sala à cama no quarto, do livro ao filme no televisor. Havia passado um tempo na cozinha elaborando alguma receita com bolinhas de queijo que por sinal deram bastante certo. E agora estava novamente por lá, sentado a ver algo na televisão enquanto tomava chá vermelho gelado, pensando no quanto devia ter se recusado a receber a folga, e assim, seria um dia cansativo mas pelo menos poderia vê-lo trabalhar. 

Sano suspirou, um suspiro de cansaço, havia saído do trabalho e decidira passar na casa dele. Sabia que aquilo estava ficando meio estranho, mas havia comprado um bom vinho e alguns ingredientes, então faria algo gostoso para ambos. Sorriu meio de canto ao pensar na ideia de vê-lo, sentindo-se um adolescente meio idiota de novo e negativou consigo mesmo, adentrando o carro e pegando a rua em direção a casa dele casa. Não sabia se ele estava, afinal, havia dado folga para ele no dia, mas esperava que sim, ou ficaria meio chateado.
Sano parou em frente à porta, observando-a, e se demorou um tempo por lá, pensando se devia realmente bater contra ela. Droga, se sentia um idiota, disse a ele que não ficava com homens, nem com mulheres e agora estava ali, parecendo um bobo apaixonado. Mas não estava apaixonado ainda, não podia estar, já era velho para saber onde aquilo ia dar, ele era jovem, jovens saem a noite, enfim. Por fim, tocou a campainha, observando a porta por alguns segundos, mas sentiu a ansiedade apertar o pescoço e virou-se, descendo rapidamente as escadas em direção ao carro.
Akihiko ouviu soar o toque à porta, bem não esperava ninguém. Olhou no celular e não viu nenhum recado. Parou o filme que via, dando pausa no controle e se levantou, seguindo até a porta e atendeu ao interfone, não obtendo resposta, acabou por abrir a porta e viu-o então prestes a retomar o veículo.
- Sano?
Indagou, na verdade surpreso com a visita que partia mesmo antes de ser atendido.
Sano parou ao ouvi-lo chamar a si e virou-se devagar, com a garrafa e sacolas em mãos e observou-o, meio desajeitado.
- Ah... Aki... Oi.

- Ora, estava indo embora?
Indagou o outro a arquear a sobrancelha, observando sua feição confusa, desajeitada. 
O loiro coçou a cabeça, meio desajeitado e riu.
- É... Eu achei que não estava. 

- Mas você acabou de tocar... 
- Eu sei, é que... 
- Vem, estou tão entediado.. 
- H-Hai... Eu trouxe comida. - Falou, seguindo em direção à entrada. - Digo, eu trouxe comida pra fazer... 
- Ah isso é bom, ainda não fiz o jantar. Mas fiz bolinhos de queijo que deram certo, talvez possamos vendê-los no restaurante, venha experimentar. - Disse o menor enquanto via-o seguir em passos desapressados até si, quando finalmente chegou, sorriu com os dentes e tocou seu rosto. - Trabalhou muito? 
Sano sentiu o toque sobre a face e estremeceu, sorrindo logo em seguida.
- Um pouco... 

- Farei uma massagem em você. 
- Hum.
Ele sorriu e assentiu, conhecia bem aquela massagem.
- Você quer?
O menor indagou e o trouxe para dentro de casa, fechou a porta atrás de si e ajudou com as compras, não eram muitas sacolas, mas o fez mesmo assim, levando-as até a cozinha. O maior s
orriu ao vê-lo pegar as sacolas e deu algumas a ele, adentrando o local.
- Claro. 

- Vai passar a noite?
O moreno indagou e retirou o conteúdo das sacolas que descartou num canto. E embora estivesse ali do outro lado do balcão, estava sutilmente dando uma boa encarado em seu rosto, o qual sentiu falta, e até mesmo de suas costas, sua nuca aparente pelos cabelos curtos, mas fingiu propositalmente que não o fazia.

Sano encostou-se ao balcão, depois de ficar de costas a ele para pegar um copo com água, deliberadamente e bebê-la.- Bem, vamos fazer então. 
- Fazer?
Disse o menor e pelo modo como soou, deixou evidente a ele que entendera um pouco errado.
- Comida, comida. 

- Ah, achei que já queria ir pra cama, assim tão de cara. - Riu baixinho.
Sano desviou o olhar, meio envergonhado.
- Ah... Na verdade, eu andei pensando... E acho melhor não fazermos mais isso, sabe, somos amigos. 

- Hum... Tudo bem.
Disse o menor, e é claro que não pretendia aceitar aquela alegação, mas fingiria que sim, queria descobrir se conseguiria alguma reação dele, talvez não no momento, mas a longo da noite. O loiro a
rqueou uma das sobrancelhas e sorriu a ele, de canto.
- Assentiu rápido, hein. 

- Não quero fazer nada que não queira, Sano. - Disse e sorriu a ele. -  O que vamos cozinhar? - Indagou o outro e pegou um dos bolinhos fritos, aqueceu e entregou a ele. - Experimente. 
Sano aceitou o bolinho e experimentou-o, sorrindo em seguida.
- Hum, que delícia.
-  Não é? Quando se está com fome e com tédio fica ainda melhor. 

O loiro sorriu.
- Bom, você é o único homem que não quer ser estuprador então, bom rapaz.

- Hum, e você quer? 
- ... Não. 
- Então não sou o único. O que nós vamos cozinhar?
Disse o menor e chegou mais perto, sutil porém propositalmente tendo pequenas colisões de pele junto dele, criando o contato como quem não queria nada. Sano s
orriu, meio de canto e indicou que havia trazido molho de tomate fresco num vidro.
- Eu fiz. 

- Quer massa?  
- Uhum! 
- Então qual? Nhoque? Rondeli?  
- Hum, nhoque parece tão bom. 
- Então nhoque. Vamos fazer a massa?
Indagou o moreno e pousou a mão em sua cintura, fingindo não ser nada de mais. O maior d
esviou o olhar a ele atrás de si, indicando que havia percebido a mão e sorriu de canto.
- Hum, vamos sim. 

O outro continuou com a mão no lugar, como se não fosse nada de mais e somente a tirou de lá quando se dirigiu a busca dos ingredientes necessários. O maior sorriu, a ele, meio de canto e mordeu o lábio inferior com sutileza ao observá-lo de costas, tinha um corpo bem... Atraente de fato.
- Se quiser abrir o vinho pode pegar as taças ou copos, o que preferir.
Disse indicando o respectivo local onde guardados os mencionados. Sano a
ssentiu e logo pegou duas taças no armário, junto ao abridor do vinho, colocando-o sobre a mesa a usar o saca-rolhas.
- Quer nhoque de batatas ou só trigo? 
- Batatas. - Sorriu.
O menor assentiu e pegou-as como pedido, levou-as a pia e as descascou sobre a tábua, deixando-o livre para selecionar o passo que faria no preparo do jantar. Havia ficado na cozinha durante um tempo aquele dia, e ele, certamente o dia todo, mas ainda assim estar com ele por ali, era diferente, era agradável. O maior sorriu a ele, meio de canto ao vê-lo descascar as batatas e mordeu o lábios inferior, droga, como queria ficar com ele, perto dele, mas ao mesmo tempo, dizia a si mesmo que não podia. 
Após preparar as batatas, Akihiko virou-se para ele, indicando que adicionasse os ingredientes quais manipulava e no entanto encontrou-o fitando a si pelas costas, e mesmo a sutileza com que mordia o lábio.
- Algum problema?  

- Eh? Não... Só... Concentrado em colocar o vinho nas taças...
Falou o maior e logo após percebeu o quanto havia sido estúpido e desviou o olhar.

- Ah... Cuidado pra não desconcentrar. - Riu. - Vamos, vou cozinhar sozinho? 
- Não. - Sorriu. - O que quer que eu faça?
- Bom, você deve saber fazer um nhoque, hum? - Riu. 

Sano pegou os outros ingredientes, na geladeira e armário e aos poucos misturou-os enquanto o via cozinhar as batatas.
- Como foi o dia hoje? 

- Como eu disse, bem tedioso, não devia ter tirado folga. A menos que você tivesse tirado também. 
- Aí seríamos dois entediados. 
- Não, não tenho tédio olhando pra você. 
- Olhando, ah? 
- Sim, descubro alguns detalhes a cada vez que olho. 
- Como? 
- Por exemplo, a primeira coisa que descobri em você quando vi, foi o detalhe da nuca aparente. O segundo foi em como eu gosto quando seu cabelo cai com pontas na testa, com a sua franja. 
Sanosuke sorriu, meio de canto, envergonhado de certo modo e deixou a massa ao lado.
- Que mais? 

- Depois disso eu reparei que além de uma nuca que me dá vontade de morder e os cabelos bonitos, tinha o rosto bonito também. Reparei também que tem uma fina linha de expressão na lateral dos olhos, porque normalmente costume franzir os olhos pra olhar alguma coisa com atenção, e essa linha te dá um ar de homem mais velho, que é muito sexy. 
E o maior arqueou uma das sobrancelhas ao ouvi-lo e riu, divertido.
- Está dizendo que eu tenho rugas é? 

- Você tem, mas é como eu disse, eu gosto, se não tiver, não te dá uma aparência madura, e aí não é tão bonito como você é. Depois eu reparei que tem músculos sutis no peitoral, que eu mais consigo ver quando você está fazendo .. Bem, comigo. 
O loiro sorriu a ele novamente, e gostava mesmo de vê-lo, de mesmo modo, tanto que achava estranho, gostava dele, de como ele era novo, cheio de energia e de vontade, de malícia. Negativou consigo e mordeu o lábio novamente.
- O que mais? 

O riso soou baixinho, mais para si mesmo em Akihiko ao notar sua curiosidade.
- Que você tem o corpo quente, ainda que sua pele visualmente pareça fria por ser clara junto do seu cabelo. E que também faz uma expressão bem masculina quando sente prazer. - Desta vez o riso soou mais audível. - Como se dissesse "Sou muito macho, mesmo transando com um homem". 

O maior riu, abaixando a cabeça a esconder-se com os cabelos curtos e negativou, a face já vermelha.
- E agora consigo descobrir que você também fica corado quando está com vergonha. 
- Todo mundo fica. - Riu.
- Eu não fico corado. Mas bem, você não vai muito com a minha cara, então não me surpreendo que não repare em nada. 
Sano ergueu a face a observá-lo e sorriu meio de canto, tentando criar coragem de dizer alguma coisa a ele, e quando percebeu, já estava falando.
- Gosto dos seus cabelos médios, parecem macios, e são. Gosto de como você tem energia de sobre por ser tão jovem, do seu corpo sem nenhuma marca e da sua pele tão branca. Gosto de como você gosta de morder a minha nuca, de como você passa os braços ao redor da minha cintura como quem não quer nada para ver o que eu estou fazendo com os bolos. Quando fica espiando da sua ilha com o pescoço esticado para ver o que eu estou fazendo e se não fui embora. - Sorriu. - É, eu sei. Gosto das suas mãos pressionadas nos meus ombros quando acha que eu estou trabalhando demais. Gosto do modo protetor como você age, querendo cuidar de mim quando eu sinto fome ou quando eu corto o canto do dedo com uma faca.  

- Hum...
O menor murmurou surpreso e deu um sorrisinho lateral. Bem, imaginava que no fundo ele sentia algo em especial, só não imaginava que fosse assumir indiretamente o fato de que era tão atencioso quanto a si.
- Já dou um bom marido, ah? - Riu, entre os dentes. 

Sano assentiu a ele e riu baixinho, achando que estava brincando.
- Seria muito atencioso à sua mulher. 

- Não seja idiota, sabe que não gosto de mulher. 
O loiro sorriu, desviando o olhar à massa que antes dava atenção, e o fazia para provocá-lo mesmo.
- Posso dar muita atenção a você. 
E logo, desviou o olhar a ele, meio de canto e sorriu novamente, desajeitado, não sabia o que dizer a ele. Akihiko sorriu em igual silêncio e voltou a atenção ao nhoque, iniciando o corte.
- Bem, um dia vou ser seu marido.  

Sano desviou o olhar a ele novamente, cessando o que fazia, porém recompôs-se e disfarçou.
- Ah, vai?
- Vou. - Disse enfático e logo sorriu.

- Confiança é tudo. 
Akihiko sorriu com os dentes à mostra. E continuou com o preparo.
- Não vou? 

- Quem sabe... Se merecer. 
- Bem, já é um bom sinal. - Riu.
Sano riu igualmente e negativou.
- Estou velho demais para me casar... 
- Está dizendo que pretende não se casar nunca? 
- Eu não sei... - Suspirou.
- Então, sabe que não quer estar sozinho o resto da vida. E você não é velho, e bem, nunca é velho demais pra encontrar alguém que goste. 
- Você me chama de velho. 
- Não é velho, e não te chamo de velho, eu digo que você é um homem mais velho, mais velho que eu, e não um senhor. 
- Com licença, esqueci minha bengala no carro.
- Pode usar a minha se quiser. 

- Aha, engraçadinho... 
Aki riu entre os dentes e finalizou as pequenas bolinhas de massa.
- Aqui, chefe. 

- Hum. - Sano sorriu com o apelido e colocou a panela no fogo para o cozimento. - Seu vinho, confeiteiro. 
O menor sorriu e ergueu a taça que aceitou, em agradecimento, tão logo bebeu do vinho, experimentando.
- Hum... Bastante doce.  

- Igual a você. - O maior sorriu.
- Ah, eu não sou doce. 

- É sim. 
- Só pra você.
Sanosuke sorriu.

- Assim que eu gosto. 
Akihiko arqueou a sobrancelha, junto a um meio sorriso, achando graça e estranhando seu modo incomum.

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