Reika e Takatsuki #1

Aviso
Essa história foi descontinuada, ou seja, não temos previsão de novos capítulos, mas esse fato não prejudica nem deixa a história com mistérios não resolvidos, prometemos que ainda será uma boa leitura.


A garota pisou dentro daquele quarto com os olhos cinzentos nublados, pálpebras inchadas e os cabelos curtos, talvez médios na verdade, castanhos, bagunçados, com alguns picos de mechas que quase formavam um moicano. Abraçava um travesseiro com fronha preta, agarrando-o enquanto descansava vez outra a face acima da maciez entre os braços, mas ao chegar no dormitório, encostou a porta e notou um pescocinho que se esticava meio curioso, talvez com os cabelos tão patéticos e olhos tão inchados quanto os próprios. Usava um tipo de short, meio que uma samba-canção ou seja lá o nome ridículo daquela peça. Estava debruçado e agarrado a um travesseiro extra, mas deu um jeito de erguer a face e fitar o que se movia perto da porta. Caminhou logo para a cama desocupada alguns metros da dele, e por fim se jogou, deitando-se nela. Claro que aquele não era o próprio quarto, claro que aquele era um quarto masculino, ainda que o dormitório fosse misto, os quartos eram separados por categoria, meninos com meninos e meninas com meninas.
- Ryu está no meu quarto com a minha colega de quarto então já sabe.
O outro arregalou os olhos ao ouvir passos e ao contrário do que pensava ser o próprio colega, que até achava bonitinho, mas era hétero, então não poderia nem pensar nessa possibilidade com ele, era gay, obviamente, aliás, não tão obviamente, já que parecia um homem e se vestia como um, os cabelos negros estavam desarrumados e tinham algumas mechas loiras perdidas e bem sutis, nada berrante e os olhos castanhos estavam inchados pelo sono.
- Que? Ah... Pode deitar na cama dele.
- Já deitei, cara. - Disse ela, com a face soterrada contra o travesseiro. - Espero que eles não deitem na minha cama...
Lamentou, certamente com um tom bastante desapontado.

- Ah, acho que não vão deitar não... Qual é o seu nome? 
- Reika... - Disse, meio sonolenta, meio com nojo. - E o seu? 
- Takatsuki. - Falou pausadamente por um bocejo. 
- Ah, beleza. Que horas são? 
- Seis da manhã... - Disse a observar o celular.
- O Ryu é retardado. O cara vai seis da manhã atrás de mulher? 
- Estou começando a achar que é retardo mesmo. 
- A Rin deve ser boa, pra fazer o menino acordar as seis e ir atrás dela.
Disse a outra, enchendo o saco, afinal tinha muito sono, mas dentro de uma ou duas horas precisaria estar em pé, já não sabia se compensava dormir. 

- Argh. - Falou a ela, estreitando os olhos. - Pensar nisso é nojento. 
- Eu sei, eu sei. Veja bem, não é no seu quarto. 
- Eu não dormiria lá de novo. 
- Eu vou trocar as peças de cama, já não é a primeira vez que ele faz isso, mas é a primeira na madrugada. 
- Ai que horror, agora não vou conseguir dormir, ora. 
- Você é gay, não é?
Perguntou sem rodeios e não via problema em fazê-lo. Levantou-se também, buscando em sua pequena geladeira uma garrafa de água que voltou para a cama a beber e tornou se deitar. Via-o dizer muito a palavra "nojo" e bem, imaginava que um amigo comum teria rido e elogiado a atitude do outro. 

- Sou gay, dou tanta pinta assim, ah? - Falou a desviar o olhar a ela e riu. - Hey, a água é minha.
- É que um cara hétero já teria vangloriado a atitude do amigo.  
Disse e deu de ombros, tomando a água e fechou a garrafinha a arremessar para ele o que restava dela. Takatsuki fechou os olhos ao ouvi-la, porém assustou-se ao sentir a garrafinha cair e bater sobre a face, por sorte, a parte macia.
- Ai! Hey, deite na cama e fique quieta. 

- Você reclamou da água, aí está. Estou quieta, e veja bem como fala, não sou o Ryu. 
- Você é gay também pelo visto. Hey...
O garoto ergueu a face, observando a outra cama e notou-a com a face enfiada no travesseiro, havia pego no sono, e até suspirou, achando estranho, como ela conseguia dormir se estava falando com ela tão normalmente? Talvez fosse louca.
E de fato era, descobriu isso quando esbarrou com ela na manhã seguinte novamente, derrubando todos os livros que carregava, ela os recolheu é claro, não sem antes fazer uma piadinha sobre as roupas que usava e sua gravata vermelha, até então não havia encontrado a garota em lugar nenhum da escola, até aquele dia, desde então, passou a encontrá-la sempre, em todos os lugares, os mais estranhos, até que finalmente se convencesse de que deveria andar com ela, eram tão diferentes que talvez aquela amizade pudesse dar certo, e deu, porque em alguns meses eram inseparáveis, como dois irmãos, e ficava feliz em ter a companhia dela, já que tinha alguns problemas familiares e nunca fora tão próximo de ninguém, amigos não eram o próprio forte e os garotos, bem, enganavam a si com uma facilidade extremamente grande, mas ela não.
- Ta-ka-tsu.
A garota o chamou pelo corredor e fitou o garoto junto a seus amigos, encostado na parede e próximo à janela, observando talvez algum cara lá embaixo. "Era um viadinho mesmo",  pensou, como geralmente gostava de provocá-lo. Tirou a gravata e sorriu ao amigo passando-a em torno de sua cabeça, tapando seus olhos. Não disse nada, mas ele parecia esperar por algo legal. Guiou-o consigo, deixando-o por fim no cômodo, tão logo seguiu rapidamente para fora, deixando-o lá, no vestiário feminino, logo após um jogo de vôlei do time. O garoto fechou os olhos ao sentir a gravata, o que poderia ser? Talvez algum garoto que gostava, e se animou na hora, talvez fosse meio impossível, mas não queria pensar assim. Seguiu junto dela, unindo as sobrancelhas e riu baixinho.
- Hey, não vá me levar muito longe... Quem é?
Falou, sem resposta e quando por fim com os olhos abertos observou o local a frente e ouviu os gritos agudos que se sucederam, correndo em direção à porta novamente, sentindo a face se corar e fechou a porta atrás de si.
- Filha da...

Depois disso, Reika formulou normalmente o pequeno intervalo, comprou dois nikumans médios e reservou um enquanto comia o outro e claro que aquela altura, imaginava o que havia acontecido com o amigo, mas ria entre os dentes a cada mordida do lanche, esperando não encontrá-lo tão cedo e claro, correria quando o fizesse. 
- FILHA DA PUTA!
Gritou o maior, logo atrás dela, para constrangê-la mesmo e puxou-lhe a orelha, roubando o bolinho reserva e correu com ele enquanto arrancava algumas mordidas. Reika e
ncolheu os ombros como quem pudesse evitar o barulho e sentiu a puxada na orelha que tão logo quis revidar. Quando se virou a desvencilhar com o braço o toque no lóbulo, notou-o escapar junto ao lanche, e aquele sim era um desafio. E claro, correu atrás dele, pelo corredor, não era muito difícil alcançá-lo, visto que fazia parte do corpo de estudantes do grupo de esportes e em especial a corrida, mas teve de amenizar as pisadas no corredor e cessar a correria ao notar a coordenadora.
- Srta. Murasame! Aqui dentro não é lugar de correr, a pista está lá fora, pare já.
Disse a senhora cuja meia idade não era suficiente para brecar sua vaidade exposta pela escola.
- Sim, senhora. Estou correndo porque um garoto de outra sala puxou minha orelha e correu.
E quantos anos vocês tem? Ora.
O garoto riu, correndo ainda e pouco se importava com a diretora, afinal, só havia chamado a atenção dela e não a própria e por fim, adentrou o banheiro masculino, mordendo mais algumas vezes o pãozinho e apreciando o próprio prêmio por conseguir fugir.
- Pergunte a ele, ele quem puxou minha orelha. Eu só estava comendo meu lanche.
- Da próxima vez apenas vá para direção e diga quem é o sujeito. Não corra, vai acabar derrubando alguém.
Disse a mulher, com o mesmo tom autoritário e olhos baixos sob um óculos de armação dourada e fina, lábios suavemente corados com um batom que certamente tinha intenção de não parecer um batom. E após a saída de vaidosa coordenadora, a morena seguiu a direção do banheiro masculino, tendo sido denunciado por um de seus amigos, que riam fora do ambiente e aquilo não era um impasse, entrou no banheiro, bem devagarzinho, observando-o terminar com seu pão de carne.
- Está gostoso, ah?
- Está uma delícia. Sai fora do banheiro, sapatão!
Ele falou a ela, alto e riu a correr ao redor da coluna do banheiro, trancando-se em uma das cabines.

- Cale a boca, frutinha. Curtiu os peitos, ah?
Disse a outra e seguiu até a cabine que arranhou suavemente antes de chutar a porta. Ele r
iu e negativou, embora ela não pudesse ver.
- Praga, você é uma praga na minha vida! 

- Sou, é? Então vou te abandonar, seu boiola.
Disse e voltou a chutar a porta, voltando a atenção ao garoto que entrava no banheiro, certamente querendo utilizá-lo além de conferir o porque do barulho lá dentro.
- Pode usar, eu não ligo.  

- Ela chacoalha pra você quando terminar.
O rapaz falou alto, tirando sarro, já que ela não poderia pegar a si ali dentro mesmo.  

- Vou chacoalhar o meu na sua boca, Takatsuki!  
E ele riu alto, guiando ambos os braços sobre a barriga, pressionando-a, dolorida de tanto rir.
- Você quer mesmo uma chacoalhada na sua boca, moranguinho.  

- Ah não me chame assim, nojenta.  
- É sim, sua frutinha. Bicha. Deixa você, o Ryu vai lá pro quarto mesmo hoje a noite. 
- Vou trancar a porta! 
- Eu tenho a chave do Ryu, palhaço. 
- Maldita.
Riu e pegou o suco na mochila que carregava consigo, sugando-o pelo canudinho. 

- Olha que eu consigo abrir essa porta, Takatsuki.
Disse ela, movimentando a trava pelas letras do lado de fora, virando vagarosamente a fechadura. 

- Que mentira.
Continuou a girar a fechadura, abrindo-a aos poucos.
- Vou enfiar esse canudo no seu rabo a hora que eu entrar. O problema é que você gosta. 

- O canudo ainda é muito fino.
Ele riu e desviou o olhar a fechadura, puxando-a ao inicio novamente.
- Ó...

- Eu vou arrombar essa porta que nem sua bunda, Takatsuki. 
Novamente o outro riu e abriu a porta, observando-a, porém voltou a fechar rapidamente. Reika ameaçou pegá-lo e por fim empurrou a porta com o pé, consequentemente o empurrando junto e claro, sorriu satisfeita.
- Vou embora, você não vale um nikuman

O outro riu e esticou os braços, tocando-a nas axilas e na cintura.
- Sua puta, quem mandou me colocar no vestiário feminino! 

Ela o fitou impassível, não afetada pelas cócegas, mas sabia que ele sim, sentia cócegas.
- Ah comigo isso não funciona, engraçadinho.
Disse e o atacou do mesmo modo, claro que costumavam ter uns roxos no dia seguinte, mas quem se importa, pensava. Ele r
iu, porém irritado com as cócegas e empurrou-a, batendo em seu braço, sem a intenção, claro, mas mesmo assim.
- Ah, seu otário! - Disse a outra e deu-lhe um murro no braço.  
- Ai! Tampinha! - E ele bateu na testa dela com os dedos.
- Olha quem fala, tripa. Sai fora. - Disse e desvencilhou o toque, saindo tão logo do banheiro masculino. Claro que recebeu umas olhadas. - Ele é viado, não tem problema. 
O maior saiu logo atrás dela e estendeu a ela o pacotinho de chocolate que havia comprado com a intenção de dar a ela mesmo.
- Viado é seu pai. 

- Ah, meu pai é mesmo. Os dois. Não mais que você.
Disse ela, aceitou o chocolate com um sorrisinho e abriu o pacote, colocando uma pequena porção na boca e ofereceu a ele.
- Quer?
E abriu a boca, indicando, mas riu logo em seguida, não conseguindo parecer séria e deu o pequeno pacote a ele. O outro e
streitou os olhos ao vê-la abrir a boca e novamente lhe deu um peteleco na testa.
- Idiota. - Riu e pegou o pacote, levando alguns chocolates à boca e devolveu a ela. 

- Para com essa merda de peteleco, Takatsu. Vou te dar um peteleco com o pé.
Ele riu.

- Para nervosinha. 
- Não estou nervosa, moranguinho. - Disse e aceitou de volta o chocolate que tornou a comer. - Hoje uma garota da minha sala perguntou se era verdade que eu saia com garotas. Eu não disse nada, só sorri. Aí ela ficou toda vermelha. - Disse e riu, reproduzindo novamente a situação, achando graça.  
- Ih, está afim dela, é? Estou até vendo. 
- Não estou afim. Nunca havia reparado nela na verdade, mas é bonita, tem o cabelo meio loiro, um castanho que parece loiro, sei lá. E tem uma comissão frontal muito boa. Mas você gosta de pinto, então não vai entender. 
- Ai que horror, está falando dos peitos? Porra, isso é nojento. 
- Eu esqueço que você é o tipo de bicha que tem nojo e mulher. Já pegou em peitos alguma vez? 
- Só nos seus mesmo. 
- No meu? No_meu?  
- Sim, quando me mandou ver se eram pequenos. - Riu. - Você estava bêbada. 
- Ah, você está mentindo, palhaço. Eu não mandaria você pegar neles pra ver se são pequenos. Eu sei qual o tamanho deles. Diria pra tocar só pra ver se fica de nojinho.
- Ah vá, que mentirosa. 

- Mentiroso é você, tsc. - Resmungou e pegou mais dos chocolates, enchendo a boca. - Hum, hum.
- Come, comilona, eu comprei pra você mesmo. 

- Ó.. Está abusado hoje, ah? - Disse e entregou o chocolate a ele.
- Como você está com o moleque lá? 
- Ah, indo. Ele não da a mínima pra mim e fica beijando as meninas da sala, mas eu finjo que namoro com ele, então tudo certo.
- Ah, indo. Ele não da a mínima pra mim e fica beijando as meninas da sala, mas eu finjo que namoro com ele, então tudo certo. 
Ela arqueou ambas as sobrancelhas, achando graça.
- Você finge consigo mesmo? 

- Claro. Não importa o mal que te atormenta se o sonho te contenta
- Que patético, Takatsu. Ele te pegou antes? 
- Patético nada, ora. Nada, ele é hetero. 
- Você tem que parar de gostar de héteros. Tem que pegar frutinhas que nem você. 
- Não tem nenhuma no colégio pelo jeito. 
- Ah, claro que deve ter. O problema é que você gosta de homens com jeito de heterossexual.  
- Fazer o que.
- Devíamos sair e ir em um bar, Takatsu. 
- Um bar ah? Eu não vou segurar ninguém bêbada depois. 
- Eu não fico bêbada fácil, pare de me irritar.
- Vamos pro bar. Tem um legal aqui perto.
- Ta, ta bom.


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