Reika e Takatsuki #2


Reika olhou de fora o bar que obviamente estava cheio demais para um dia de semana. Haviam ganhado alguns arranhões nos joelhos e rendido algumas risadas para que dessem um jeito de pular e escapar do dormitório. No fim ainda estavam num colégio interno, também tinham 17 anos, não 20 como acabavam por dizer ao segurança do ambiente, que deixou entrar logo sem problemas. A música tocava alta, agradável. Metade dos grupos estavam dançando e outra metade flertando e ocupando bom espaço do balcão que gostaria de chegar a fim de pedir alguma coisa. Haviam vindo junto dos amigos dele, embora fosse um bar GLS, e que agora eram os próprios amigos também. Trouxe igualmente a loirinha da classe, bem, não tinha nenhum interesse em particular, mas ela era bonita, era fofa e aparentemente bem interessada em saber como era estar com uma mulher, ainda que tivesse escolhido uma com traços meio ambíguos. Ao alcançar a bartender, morena com cachos pesados, bonitona, pediu para si e para o amigo, que já fitava interessado o barman que não atendera a si infelizmente, duas bebidas com saquê e fruta. 

- Olha só, tem pedaços de você dentro do copo. 
A iluminação já pesava nas vistas do garoto, piscava muito e nem conseguia ver a amiga naquele lugar, segurava um dos amigos pelo braço, sendo guiado para dentro e naquele momento só rezava para que os seguranças não pegassem a própria identidade real e vissem que tinha na verdade dezessete anos. Sorriu a amiga, piscando a ela e gesticulou, indicando que devia ficar mais perto da loirinha que parecia sozinha, enquanto obviamente já dava uma conferida no barman, meio de rabo de olho, mas evidente para ela que conhecia a si muito bem. Pediu um drink a ele, com nome sugestivo, obviamente e mordeu o lábio inferior, bebendo um gole do licor de pêssego.
- Eh? Pare de me chamar de morango, esse é pra mim? 
Murmurou e pegou o outro drink na mão, deixando o próprio para o rapaz que acompanhava a si.
- Vai aguentar o tranco com esse barman? Ele parece pesado.
Disse ela, sugestivamente e não literalmente.
- Claro que consigo, ora. Gosto desse tipo.
Ela sorriu bebendo o saquê e deu o copo a loirinha, deixando-a tragar a bebida e torcer os lábios com o ardor na garganta. É claro que a essa altura já havia pedido outro, com abacaxi desta vez e seguiu com a menina até a pista de dança, formulando alguns passos, não gostava realmente de dançar. O outro golou a bebida, reclamando igualmente da ardência, porém desviou o olhar quase imediatamente ao vê-la se afastar.
- Hey, mas vai me abandonar? 
- Ah, você não ia dar em cima do macho atrás do balcão? Vá em frente. O precisa de mais algumas doses? Não vou levar nenhuma bêbada pra casa, viu? 
Disse, repetindo suas mesmas palavras. 
- Ah vá se... Oi, eu quero outro drink.
 Falou ao rapaz, sorrindo a ele e piscando algumas vezes, sentando em frente ao balcão e ajeitando-se. 
- Não pensou duas vezes, correu pro cara.
Disse ela, mais para si mesma e para a colega de classe do que para ele. Reclamou ao ser deixado, mas correu para o barman. Bem, esperava que tivesse sorte por fim. E ao se voltar para frente, notou a menor com um olhar atencioso, um pouco curioso, e imaginava que era o olhar que esperava experimentar algo novo e bem, foi o que deu a ela.
Takatsuki desviou o olhar à pista de dança e sorriu, mordendo o lábio inferior ao ver a amiga com a outra.
- Filha da mãe, ela pegou mesmo a loirinha. 
Riu e negativou, aceitando o drink e experimentou-o, recebendo a mesma atenção do rapaz, e achou graça nisso. 
Reika voltou um pouco depois a fim de conseguir mais uma bebida, havia deixado a colega na pista, que aproveitava o ritmo da música com seu segundo copo de saquê e frutas enquanto esperava a si. A música estava alta, então havia escutado somente o suficiente pra saber que o amigo conseguiria alguém na cama durante a noite, ou talvez no banheiro. Não sabia como ele conseguiria fazer, já que não tinha onde levá-lo senão um motel, porém, ainda não tinha idade para conseguir entrar em um.  
Takatsuki riu baixinho junto do rapaz, uma companhia agradável, mas que havia deixado por alguns minutos para ir ao banheiro e cruzou com ela no meio do caminho, batendo contra seu ombro.
- Ow, nem aqui eu me livro de você, encosto.  
- Aonde vai ser? Atrás do balcão? Dá pra usar licor como lubrificante. 
- Claro que não, licor seca. - Estalou a língua e riu. - Não vou pra cama com ele, acabei de conhecer, credo. 
- Ah, pelo amor de Deus, Takatsuki. Você vai fazer o que então? Enfiar a linguinha amigavelmente na garganta dele e tchau? Acha mesmo que o cara vai ficar só nisso? - Riu.
- E você, vai comer a loirinha com o seu incrível pênis de trinta centímetros? Ela vai gritar. - Falou, obviamente enchendo o saco.
- Olha, não preciso de um pênis pra comer e ela vai gritar mesmo assim. - Sorriu-lhe com os dentes ainda que a luz no local fosse pouca. 
- Deixe ela longe do meu quarto. - Ele riu.
- Não vou colocar ela no seu quarto, tenho o meu ou o dela. Daí mando a Rin pro seu quarto e vai ter de aguentar ela com o Ryu. 
- Não, pelo amor! Prefiro sexo lésbico. 
- Que veado fajuto é você? Prefere duas mulheres do que ignorar uma e ver um cara pelado? 
- Prefiro, porque o Ryu me bate. 
- E acha que eu não bato? 
- Não como ele. Se eu olho torto pra ele, ele vira a mão na minha cara 
- Eu viro meu punho. Ou meu pé. Ou meu pau de 30cm. 
Ele riu.
- Ai, imagine você pelada. 
- O que? O que, palhaço? Tem nojinho, é? Aposto que sou mais torneada que você. 
- Não quero saber dos detalhes, obrigado. Mulheres me enojam, irmãzinha, está achando ruim eu ser gay? 
- Não, só é meio chato você falar que mulheres te enojam, isso é coisa de bicha metida a moça. Homens também são nojentos, mas não fico falando isso pra você, que é um homem. - Disse e deu-lhe um tapinha da cabeça, voltando tão logo para a loirinha que dançava. - Vai lá, dar sua bundinha pra ele logo e saia em meia hora, temos que voltar.
Takatsuki estreitou os olhos a ela, irritado com aquela porcaria de apelido e antes que pudesse se afastar, puxou-a para si por um dos pulsos, tomando seus lábios e enfiou a língua na boca dela, beijando-a como nunca havia feito até então e deslizou as mãos por seu corpo, agarrando-a num pequeno amasso, mantendo-a junto a si até que terminou o toque e a soltou, deixando-a voltar para a garota, não disse nada, apenas sorriu de canto, provando que não tinha aquele nojinho todo afinal.
Ela sorriu, mas o sorriso logicamente sumiu quando teve a boca ocupada pela sobreposição da sua e sentiu seu beijo com um toque de álcool e pêssego. Sua mão, que, porra, que diabos estava fazendo por alí? Mas foi rápido, bastante rápido. Ao se soltar dele, fitou-o, pasma, mas seguiu de volta a colega, que por pouco não havia visto, mas por ser gay, certo que não entenderia. 
- Ele enlouqueceu... 
Disse, mais para si mesma, e imaginava que havia partido a fim de seguir o conselho e puxar o barman para o banheiro. O rapaz virou-se, como ela mesma havia indicado e puxou o rapaz consigo, não estava certo do que fazia, mas ela ia chamar a si de covarde se não o fizesse, e ele era realmente bonito, então, como um desafio pessoal dela, se enfiou com ele no banheiro.

Reika saiu da boate como disse a ele, meia hora depois. Estava tanto a amiga de classe, como um de seus amigos que tentava pegar alguma garota da boate que fosse sexualmente confusa. Dois deles ainda faltavam, assim como o amigo mais chegado e imaginava se naquela hora já não haviam dado uma rapidinha, um pouco mais e teria de buscá-lo dentro do banheiro, esperava não ouvi-lo gemer, pensar naquilo era realmente desagradável, já que por algum motivo, imaginava-o tentando gemer fino, e riu ao pensar sobre aquilo, negativando para a companhia da noite e voltou a beijar a garota, que parecia ter gostado daquilo.
Takatsuki saiu do banheiro um tempo depois, sozinho, já que o outro ficara se ajeitando e suspirou, na verdade ela estava certa, havia sido rude até demais consigo, e ficara com algumas marcas no pulso onde segurado. Suspirou e procurou-a visualmente, acenando ao vê-la do lado de fora e sorriu, esperando que viesse até si. A outra acabara cruzando a direção visual com a dele, um tempo depois. Maldito, esperava vê-lo de muito bom humor a fim de compensar sua maldita demora. Afastou a menor por alguns minutos, mas claro que ganhou um beijo antes disso, parecia bastante à vontade com a situação. Feito isso seguiu até ele, tentando notar alguma falhada no andar. 
- Espero que tenha sido muito bom pra me deixar esperando, moleque. 
Ele riu ao observá-la e na verdade, não estava com muito ânimo, estava com dor, mas não queria falar a ela.
- Acho que a noite acabou pra mim, Rei, vou embora. 
- Vou embora? Nós vamos embora, palhaço. Estava te esperando pra irmos embora. O Makoto ainda está lá dentro, mas ele que se dane. E aí, deu pra relaxar, hm? Te deu umas dedadinhas antes? É importante. 
Ela disse, como se falasse um conselho muito seriamente, mas riu no fim e ele sorriu a ela meio de canto.
- Depois eu te conto, vamos. 
- Ih.. Parece que não comeu direito. O que? Ele resolveu dar e você não gostou? 
- Não, vamos, curiosa. 
Falou a ela e riu, preferia não contar, sabia que ela tiraria satisfações, e não queria mais problemas. Puxou-a pelo braço, saindo com ela do local e logo chamou um táxi. Reika arqueou a sobrancelha, tinha algo errado, imaginava. Mas chamou a garota, tal como os amigos do outro e dividiram o táxi, esperando que todos estivessem bem o suficiente para pular de volta aos dormitórios. Ao chegar, ajudou a loirinha, fazendo a ponte com as mãos, onde pisou e passou pelo muro. Claro que novamente rendia boas risadas e alguns arranhões e vagarosamente tentou junto aos demais cruzar o campus até o corredor de quartos, tiveram de correr a fim de fugir do guarda noturno e se enfiar no primeiro quarto disponível, pelo menos por um tempo, antes que alguém fosse acionado e buscassem os estudantes faltantes. Takatsuki a seguiu a pular o muro, e droga, como doía fazer aquilo, não os arranhões, é claro. Correu como um louco e junto dela observou o quarto escuro, rindo baixinho ao notar o romance dela com a outra, eram bonitinhas, mas só queria se deitar com ela naquele momento, sem ninguém mais por perto.
Quando por fim se dispersaram a seus quartos, claro que Reika ganhou alguns beijos a mais. Ryu certamente estava no quarto dela, e com certeza teria de correr de volta ao seus conforme a inspeção. Já podia imaginá-lo correndo despenteado pelo corredor e após se ajeitar, acabara com o amigo em seu quarto, como já era típico. 
- Ryu deve vir correndo, Takatsu. Eu vou tentar tomar um banho e após conferirem os alunos faltantes eu volto pra cá. 
- Ok, eu espero. - Ele sorriu e suspirou. - Eu vou tomar banho também, estou exausto. - Deslizou uma das mãos pelos cabelos. - Não demore. 
- Cara, se soubesse que ia ficar mais brocha do que já estava antes de transar nem teria te levado pra lá. 
Ele riu.
- Quem está brocha? Ora. 
- Você, não sou trouxa, Takatsu. Ah, só pra falar, não precisa me beijar pra me dizer que não está com nojo de mim. Só não vou falar que foi nojento porque eu achei que estava beijando uma menininha. 
- Hum, pelo menos eu sou uma menina bonita. 
Ele sorriu e ela retribuiu a expor o dedo médio.
- Lava bem isso aí, vai escorrer pelas pernas.  
- Eu uso camisinha, sabe? Vai saber o que aquele cara faz da vida. 
- Comer desconhecidos no bar, quem sabe. - Brincou, mas por fim se voltou, curiosa. - Foi legal, hum? 
- Bom, não. - Riu. - Ele me machucou. - Falou e mostrou os pulsos a ela. - Mas não ia falar pra você porque você ia ficar puta. 
- Ah, eu não fico puta, eu te avisei que ele parecia um pouco pesado. Mas você curte. 
- Não tão pesado. Porra, precisava fazer isso de modo tão rude? Quase morri. 
- Pelo menos mais embaixo foi melhor? 
- Mesma merda, acho que ele nem sabe o que são dedos.  
- É, acho melhor você continuar pensando no Jun. Pelo menos se conseguir algo, consegue transar na cama. 
- Hai... 
- Vou lá. Depois eu volto. 
- Rei, espera, Rei!

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