Yuuki e Kazuto #2 (+18)


Kazuto pensou estar deitado numa cama extremamente confortável e tendo ao seu lado, o vampiro sedutor que havia encontrado na outra noite, com seus olhos cintilantes enquanto segurava sua face e deslizava o dedo indicador por seus lábios, enquanto sussurrava a mesma frase em seu ouvido, mas na verdade estava apenas sonhando. Não estava em sua casa, muito menos em uma cama confortável, estava em uma cama ordinária de hospital e como não havia nenhuma identificação sobre ele em sua bolsa, não identificaram quem era, então não havia nem um ser humano em seu quarto, e nenhum vampiro também, obviamente. Tudo indicaria a ele que aquilo tudo fora um sonho, se ele não estivesse internado e se seu braço esquerdo não estivesse perfurado, ligado a uma bolsa de sangue. O pescoço doía como se uma faca tivesse sido fincada ali, uma sensação realmente nem um pouco agradável, mais ainda a sensação de ter que se explicar para os médicos e enfermeiras, e no único momento em que havia ficado deitado olhando o teto extremamente branco e chato, ficara cogitando consigo a ideia de como contaria a todos que havia sido parado na rua de casa e mordido por um vampiro que quase o havia matado, tudo isso, sem parar na ala psiquiátrica. Nenhuma ideia veio a sua mente, por isso, decidiu arrancar a agulha, que precisou de muita concentração de sua parte, já que sempre vira aquilo nos filmes e sentia tanta agonia que arrepiava a si dos pés a cabeça, nunca pensou que teria que fazer aquilo realmente algum dia de sua vida. Suas roupas haviam sido dobradas e colocadas de lado, junto de sua mochila e só então percebeu que usava aquela desconfortável roupa de hospital, aberta atrás a expor ao mundo o corpo nu. Num movimento rápido tentou se levantar para ir embora, porém sentiu a vertigem balançar até os ossos e a ânsia fora ainda pior. Esperou alguns segundos, até que conseguisse enfim caminhar e vestiu as roupas novamente, meio desajeitado e deixando os tecidos de qualquer jeito sobre o corpo, mas o que importava é que iria embora, com sorte, sem que ninguém percebesse. A mochila foi colocada de volta sobre o ombro como naquela noite, aliás, nem sabia que dia era e por quanto tempo havia dormido, uma sensação horrível para dizer o mínimo, podia ter ficado em coma por anos, e os amigos? Deviam ter se casado, se mudado, acabado com a banda, e estava dormindo ali, sozinho, com uma bolsa de sangue. Nossa, como era dramático. A verdade é que havia dormido por cerca de três dias, nada mais do que isso, porém se desesperou devido ao fato do celular que tinha do bolso de trás estar sem bateria quando tentou olhar para averiguar a data. 
O corredor estava vazio, era o período noturno e haviam poucas enfermeiras fazendo a ronda, uma delas, até dormia na sala em frente à TV, então fora extremamente fácil de deslizar pelos corredores sem ser notado até o elevador, e esperou que ninguém o procurasse pelas câmeras depois, ou teria muitas coisas para explicar para a polícia, não só ao hospital. Só ao sair do local, constou que era noite, e mesmo com o corpo dolorido, resolveu voltar para casa a pé, uma ótima ideia, se um vampiro não estivesse rondando a sua rua, não é? Mas a verdade, era que bem no fundo, Kazuto tinha certa vontade de encontrá-lo novamente, ora, ele era bonito, tinha uma voz linda, quem sabe poderia até ganhar um beijo no pescoço de novo? Se ao menos não morresse, para si estava tudo bem. A verdade era um pouco mais em baixo do que isso. Kazuto era filho único e seus pais tinham para ele um plano extraordinário de vida, queriam que ele fosse médico, claro, seria um ótimo médico, se não fosse desastrado como era. Ao invés de salvar um paciente, o mataria. Indo além, queriam que ele se casasse com uma linda mulher, com corpo de modelo e extremamente inteligente, de mais ou menos um metro e setenta. Mas gostaria de saber como eles esperavam que alcançasse ela para beijá-la? Com um banquinho, talvez. Kazuto era bem mais pé no chão, então, saiu de casa quando a imposição de seus pais para sua faculdade ficou desconfortável e decidiu continuar com o projeto da banda, que dava ao menos para pagar as contas no fim do mês, logo cresceria na carreira e ficaria famoso no mundo todo, e casaria é claro, com uma pessoa que amasse, e que fosse para ele, importante, não precisava ser uma modelo alta e bonita. Mas principalmente não precisava ser alta. Por isso no momento que viu aquele vampiro, ficou curioso em saber mais sobre ele, talvez não fosse tão assustador quanto um vampiro de histórias de terror, talvez fosse só uma pessoa normal tentando jantar, é, era ingênuo mesmo. 
Voltando para casa, estava morrendo de frio, obviamente pelo fato de que o vento forte trazia junto várias folhas das árvores que haviam por perto e também porque estava com febre, já havia se convencido de desistir de procurar o rapaz, se ele fosse um bom vampiro, não caçaria no mesmo lugar, certo? Essa era a regra de um ladrão que havia visto em um dos filmes, mas talvez ladrões não tivessem nada a ver com sanguessugas, e não tinham mesmo.
Ao ver o beco, até acelerou o passo, parando em frente ao local, tentando observar se havia algo lá dentro, talvez convencendo a si de que não fora apenas um sonho estranho. E não fora.
Sutis foram os passos, o vampiro caminhava sem pressa, na mesma rua onde estivera nos dias anteriores, mas não era proposital, aquele era o caminho percorrido até chegar à gravadora, o estúdio onde trabalhava. As ruas escuras, sempre levemente clareadas pelos postes de luz, "malditos postes" pensou. Tudo calmo, ouvira somente alguns murmúrios na ruas paralelas, ou miados de gatos em cima dos telhados. Levou a bebida aos lábios, e com os olhos atentos pôde avistar alguém não muito próximo, mas também não estava longe, parecia perdido, e o aroma emanado de seu corpo, seu sangue, eram conhecidos. Os lábios, pequenos lábios do vampiro, curvaram-se de modo sutil, como era típico de si, mas não era um sorriso gentil, muito menos agradável. Deixou que a garrafa de vidro em mãos, caísse de encontro ao solo, ecoando na rua vazia, talvez um beco escuro, o barulho do vidro se quebrando, constando a presença ali. Com o mesmo sorriso esboçado, não demorou muito para que estivesse diante do rapaz, logo ao seu lado, encostou-se a parede apoiando o antebraço. Inclinou levemente o pescoço para o lado direito, 
deixando que alguns dos fios lisos e tão claros quanto os dele caíssem em frente o rosto, sendo logo retirados assim que tornou a erguer a face, e novamente os olhos negros pareciam estar em chamas.
- Boa noite, Cinderela...
Voltou a dizer as mesmas palavras da noite anterior, a voz rouca, havia soado baixa, porém suficientemente audível, e com o descerrar daqueles lábios, um novo sorriso, expondo os caninos mal intencionados.

Kazuto permaneceu em silencio, dizendo a si mesmo, talvez se conformando que ele jamais voltaria ali e virou-se para voltar a caminhar quando ouviu o barulho do vidro se despedaçando. O frio percorreu toda a coluna e sabia, só poderia ser uma coisa. Virou-se para fitá-lo, o olhar direcionado ao beco, achando que a voz havia vindo dali, mas não viu ninguém então suspirou, decepcionado, mas logo a voz rouca soou próxima a si, a voz conhecida e novamente se voltou ao encontro do vampiro, encostado na parede próxima, os olhos acesos, bonitos, assim como havia visto na noite passada e a mão direita ergueu a guiar até o pescoço, no local onde ele havia mordido na noite anterior, sentiu ali os pequenos furos. Os pés não o deixariam ir de encontro a ele por mais que quisesse, o corpo avisava que era perigoso se aproximar, mas queria tanto... Deu alguns passos para trás, hesitante, lutando contra si mesmo para só assim, aproximar-se dele, observando o rosto do outro ainda em silêncio.
Os olhos vampíricos, encarando os pequenos olhos orientais do mais baixo, avistou-o com seus passos hesitantes para trás, mas tornou a se aproximar logo em seguida. O garoto se colocava na boca do corvo, parecia não ligar para isso, e se ele não ligava, muito menos si próprio. Os lábios já haviam deixado o sorriso morrer há tempos, mas ante aquela atitude alheia, não pôde conter o pequeno riso, cínico e egocêntrico, não o instigava a vir, ele vinha por si próprio. O corpo gélido, mantivera-se apoiado à parede, encarava o louro igualmente assim como ele fazia.
- Corajoso.
Um dos braços ao lado do corpo, encaminhou à coxa e subiu ao sexo, apertou-o e mesmo por trás das vestes demonstrava o volume ereto, não era sexo, era o sangue. Subiu ao tronco e alcançou os próprios lábios, o dígito médio sendo isca para persuadir os sentidos vampíricos, assim que gotejou o sangue na pele alva e escorreu dos lábios ao ser mordido por si mesmo.
Kazuto parou assim que viu a mão dele em seu baixo ventre e mordeu o lábio inferior, sentindo o corpo  novamente estremecer, não era sexo, era pavor mesmo, mas fechou os olhos e suspirou, contendo o medo que sentia do vampiro em frente de si, exposto daquela forma, maldoso. Mais alguns passos e parou a pouca distancia dele, certamente se ele esticasse um dos braços alcançaria a si. Os lábios se entreabriram numa tentativa frustrada de dizer algo que nem ao menos soou audível, morrendo na garganta e pigarreou, dessa vez conseguindo dirigir a palavra à ele.
- Quem... Quem é você?
O vampiro ergueu levemente o próprio braço, somente para que fosse alcançado o local onde o sangue escorria, limpando-o com a língua a roçar na pele. Já ouvira a pergunta alheia, mas não se deu ao trabalho de respondê-lo. Abaixou o braço, e continuou a encarar o rapaz, no entanto tornou a erguê-lo, alcançado o corpo frente ao próprio numa ligeira distância. Como na noite anterior, as unhas cortantes o seguravam pelo pescoço, e o induzia a caminhar até si. Um grito rouco ecoou dos lábios do pequeno, e a mão foi até a dele, tentando retirá-la do local, mas como não teve sucesso caminhou até ele, a expressão de dor estampada na face, evidente, junto ao pavor.
- Não, não... Por favor, me solte...

O maior trouxe a criança, e pequena figura diante de si, tão próximo onde os lábios lhe alcançaram o ouvido e a voz rouca tornou a murmurar.
- Você quer isso...
A mão rude cessou o toque, havia soltado o desconhecido, mas não possibilitando-o de sair da presença, deixando-o parado somente com a única frase que acabara de proferir. A unha felina, deslizou da nuca ao pescoço do garoto, e pudia sentir a risca de pele se romper. A ligeira distância que teve do rapaz, suficiente para poder observar de perto suas feições faciais, seu desespero, mas já estava acostumado com aqueles olhares, afinal, era somente uma de muitas outras vítimas.
- Até que você é bonitinho.
As presas expostas devido o novo sorriso que logo sumiu da vista alheia, o trouxe de modo não delicado até si, e talvez este nem percebera o momento em que roçou a língua antes de cravar os dentes em sua carne, saciar a sede com seu sangue, sugando as gotas do liquido quente que aquecia o corpo, tornando-o tão vivo quando ao de um simples ser-humano. 
Kazuto ouviu as palavras dele, a voz rouca que arrepiou o garoto e o fez ficar paralisado. Sentia a pele ser cortada e a mão inconscientemente foi ao local, nem prestou atenção nas palavras seguintes mas foi capaz de ver o sorriso no outro por poucos segundos, o olhar dele, ah foi aquele olhar que o fez voltar ali. Suspirou mas logo foi tomado pelo desespero novamente ao sentir as presas cravadas na carne, como na noite anterior, o corpo não o deixava fazer absolutamente nada mas a mente tomou conta de si, sabia que ele não iria segurá-lo com força pois o próprio medo o faria ficar parado. Foi então que ele se virou, as mãos agarraram a camisa do outro, apertando-a entre os dedos, o empurrou pouco longe de si, sem sucesso e novamente se virou numa segunda opção, a mão agora segurando a face do loiro a frente, fitando de perto os olhos dourados do vampiro. Os lábios por um simples segundo tiveram vontade de tocar os lábios ensanguentados do maior e assim o fez, a língua passou pelos lábios dele, selando-os apenas, com medo de ir além daquele toque, mas afastou-se dele, perguntando-se o que estava fazendo, ele estava tentando matar a si e o estava beijando ao invés de fugir, perdeu a sanidade? Talvez, já nem existisse mais em si tal palavra.
- Garoto ousado...
Disse o outro enquanto o olhava com as íris fluorescentes, desenhando nos lábios aquele sorriso egocêntrico e provido de impiedade, malícia, enquanto uma das mãos continuava a apoiar o corpo, a outro guiada frente aos lábios, limpou o sangue que por ele ainda escorria, expôs a língua que roçou sob uma das presas, limpando o liquido rubro que manchava o canino.

- Desculpe... - O menor deu mais alguns passos para trás - Está fazendo isso comigo não está? Me fazendo... Querer beijar você... Quero saber quem é você, porque sei que seus olhos não me deixarão esquece-lo mais...
Aquele mudo riso nos lábios, aos poucos fora se tornando audível, até que o vampiro passara a gargalhar. Não o estava seduzindo, o garoto entregava a si mesmo desde o começo, divertia-se com aquele jeito ingênuo, pobre coitado, seduzido e largado assim como todos os outros. A mão que escondia a face risonha, aos poucos fora destapando-a, e os olhos reluzentes tornavam a encarar os alheios.
- Quer me beijar, garoto?
- Quero... 
Ele riu novamente, no entanto breve e não tão audível quanto o anterior, a expressão facial novamente tomava seriedade, sem morrer aquele ar malicioso expressos nos olhos dourados.

- Já transou alguma vez ?
No canto esquerdo dos lábios, uma nova sutil curvatura, um sorriso tão expressivo quanto ao que expunha no olhar direcionado a ele. Os sorrisos dele, tão atrativos mesmo que durassem pouco tempo, Kazuto sabia que era apenas mais uma das vitimas para ele, mesmo assim, não poderia ir embora, não poderia correr, sabia que mesmo querendo não iria esquecer aquele olhar, então ficar ou correr, não importava. Observou atentamente a expressão maliciosa nos lábios do maior, as sobrancelhas se uniram com a segunda pergunta e apenas negativou com a cabeça, medroso pelo que ele faria a seguir, mas pensou que assim, mesmo sendo verdade, ele poderia ter alguma piedade de si.

Como era de feitio, o maior segurou-o pelo pescoço e novamente o induziu a aproximação. Não era delicado ao puxá-lo para o beco tão mais escuro ante a rua onde estava. As unhas afiadas desceram de pescoço a clavícula e adorava assistir as marcas nítidas feita pelas unhas. Ouvira ecoar entre as paredes paralelas o barulho do pequeno corpo a ser lançado sobre o metal da grande caixa existente ali, aproximou-se do garoto mais uma vez e lançou novamente sobre o objeto que tornou audível os bruscos movimentos. Com uma das mãos rasgou o tecido do traje somente com a unica puxada que o fez em trapos, desnudando o desconhecido, expondo ante os olhos o sexo ainda adormecido do garoto, suas coxas alvas e firmes, que sentiram o toque das mãos a afastar as pernas e se por entre elas. Não era de surpreender a agilidade na qual expunha o próprio sexo, e muito menos o modo deselegante na qual invadira o corpo nunca tocado antes e desvirginar o garoto.
Kazuto sentiu as unhas do outro cortando a pele, marcando-a ainda mais e já pensava nas diversas cicatrizes que iriam deixar, era forçado a adentrar o local com ele mas a inocência do menor continuava presente, não sabia o que estava acontecendo, estava confuso.
- O que vai fazer...?
E só então, o gemido alto ecoou pelo beco, pôde ser ouvido ao ser lançado contra o local, apoiava-se em algo que não sabia o que era, o medo fazia as pernas tremerem tanto que quase não aguentava o peso do próprio corpo. As roupas foram arrancadas de si e os braços inconscientemente foram ao redor do corpo, com a intenção de esconder a parte baixa dos olhos dele. Viu o outro tão próximo de si e sentia as lágrimas já escorrendo pelo rosto, nem havia percebido, era o desespero de estar nos braços de um vampiro daquela maneira. Uma das mãos agarrou o ombro dele, cravando as unhas no local mas sabia que não ia causar nem ao menos uma marca nele, só nessa hora notou realmente o quão gelada era a pele.
- Não faça isso...
E mordeu o lábio inferior, sendo audível em todo o local o grito do menor ao sentir o outro adentrar o corpo, a expressão de dor estampada e as lágrimas que voltavam a escorrer pela face, em desespero.
O maior ouviu o grito surrado do garoto, mordeu o próprio lábio inferior tamanho orgasmo que sentira ante a dor expressa no rosto da vítima, a voz alheia que ecoou entre as paredes do local, e se expandiu pelas ruas vazias, após o ato, audível somente as janelas das casas próximas sendo fechadas, algumas luzes a serem apagadas, covardia, o que não era nada mal para si, talvez mais apavorante para o garoto entre os braços. A língua roçou na face alheia, sentindo o sabor do fel que escorria dos pequenos olhos do oriental, mas o único toque gentil proporcionado durante a noite, a face era escondida entre a curvatura do pescoço do rapaz, e pela terceira vez ao bel-prazer dessedentava-se com o sangue do louro, enquanto o quadril do mesmo modo como havia o invadido se movia freneticamente, investindo, machucando, corrompendo o íntimo, manchando o próprio sexo com o sangue expelido da cavidade recém invadida, estava quente, assim como o corpo passara a ficar conforme se embebedava com o sangue do pequeno. As mãos nas coxas do desconhecido, arrancavam filetes de sangue com os cortes, a sutil pele que ficava como lembrança entre as garras dolosas.

Kazuto desesperava-se mais a cada segundo que passava, cada barulho que ouvia das janelas fechadas, acabavam com todas as esperanças do vocalista. Fechou os olhos ao sentir a língua dele pela face e logo os mesmos voltaram a se abrir, fitando os olhos dourados do vampiro por pouquíssimo tempo até ele voltar a beber do próprio sangue. As investidas dele contra o próprio corpo só arrancavam de si os gritos não tão altos quanto o anterior mas ainda demonstrando a ele mesmo sem poder ver a expressão que os movimentos machucavam demais. Mordia o ombro do maior, tentando abafar aqueles gritos, os gemidos abafados que as vezes deixavam os lábios e as unhas que se cravavam na pele agora nas costas, por dentro da camisa. Uma das mãos foi ao rosto do maior, hesitante, puxando-o para si com certo receio, não queria morrer e nem sentir todo o sangue ser retirado no corpo novamente, não se importaria dele acabar consigo, mas os instintos faziam com que quisesse experimentar os lábios dele, sugou seu lábio inferior, mordendo-o e logo iniciou um beijo. Idiota, pensava de si, o que estava fazendo? 
Entregando-se a ele? Mas apenas havia parado de fugir. Ainda sentia o corpo fraquejar, a mão nas costas dele apenas se apoiava no local e a outra mão mantinha-se sobre o rosto, segurando-o próximo a si, mesmo sabendo que se ele quisesse poderia tirar a mão dali, e a dor que percorria o corpo, nunca havia sentido algo como aquilo na vida.
O vampiro sentiu o rosto ser puxado, e devido o ato, certamente o louro menor poderia sentir o rasgo em sua pele, causado pelas presas a serem puxadas daquele modo por ele mesmo. "Garoto ousado" pensou novamente, como já havia o chamado antes. A língua alheia que roçou nos lábios, proporcionando a ele o sabor do sangue retirado de si mesmo. Ah, ele estava tão entregue, crianças ingênuas, as adorava. As investidas com o corpo somente ficavam cada vez mais rápidas, menos piedosas e mais grosseiras, audível até mesmo o barulho daquela caixa de metal ao se encontrar com a parede, tornando capaz de ser notável que estavam ali a qualquer um que passasse na rua, mas certamente ninguém ousaria. Assim como os movimentos que se intensificavam, as unhas o apertavam cada vez mais, e mais profundo na pele ficava, perfurando assim como os dentes o faziam anteriormente. Deu a ele o beijo que o mesmo ansiava, um beijo tão rude quanto os movimentos do quadril, sugando todo oxigênio do pequeno, deixando que a língua massageasse a dele, por vezes dando mordidas sem delicadeza nos lábios que gotejavam sangue, adornados pelos piercings, retirando até mesmo uma das jóias em meio ao beijo, que ao ser cessado cuspiu o aço na face do desconhecido, e com o ultimo solavanco deixou que o gozo fosse derramado dentre a intimidade dele, escorrendo pela perna assim como o sangue. O vampiro entreabriu os lábios, expondo as pontas finíssimas dos caninos, abandonando com a voz rouca, um gemido de prazer, baixo e após a conclusão do ápice, tornou a encarar os olhos negros do pequeno, com os próprios que esboçavam a arrogância do ato, a satisfação e novamente o pequeno sorriso egocêntrico, cínico, e o desdém de tê-lo possuído, como um outro qualquer.

O corpo agora totalmente entregue ao outro era pressionado contra a caixa com tamanha força que o vocalista dava pausas ao beijo pois não conseguia conter os gritos, reparava o quanto ele era forte, mesmo sabendo que poderia não ser toda a sua força usada ali, mas ainda chorava, parecia que os movimentos dele nunca seriam cessados e a dor insuportavel não acabaria. Respirou fundo ao termino do beijo, aspirando o ar que ele havia retirado de si e fechou os olhos ao sentir a pequena jóia contra o rosto, arrancando um gemido baixo do menor, incômodo. Sentiu o líquido de encontro ao próprio intimo e o gemido alto ecoou pelo local, quase um grito, fechando os olhos logo em seguida. A dor insuportável e o medo novamente o faziam chorar, os olhos abertos apenas fitando os olhos dourados novamente, os braços, foram ao redor do pescoço dele e selou-lhe os lábios. Sentia-se fraco e sabia que não significava nada para ele, mas faria de tudo para significar.
- Eu não sei... Quem você é... E acho que nunca vou saber... Mas...
Ficou em silencio, as lágrimas adentrando os lábios, sentindo o gosto salgado das mesmas. Apenas inclinou o pescoço para o lado, 
no local onde escorria sangue, sujando o corpo para que ele pudesse morder novamente. O maior ouvia as palavras do louro, assistia suas lágrimas, mas mesmo naquele drama, não surtia efeito algum em si, não tinha dó, não havia piedade, ainda mais quando aspirava o aroma do sangue e assistia o caminho traçado com aquele liquido rubro, capaz de tornar ereto o próprio sexo novamente, que por sinal sequer o havia retirado do corpo entre os braços, e mais uma vez se satisfazia com o sangue alheio, fazendo novas perfurações em sua carne, cravando os dentes afiados com mais empenho, rompendo a pele, locais que certamente fariam belas cicatrizes. Cessou sucção, roçando diversas vezes a língua sobre os orifícios que expeliam sangue, até que o mesmo fosse estancado. Soltou o garoto, abandonando seu corpo, tanto com o sexo quanto com as presas e simples contato, arrumou a própria roupa, a calça preta que usava. Tornou a aproximar-se do desconhecido, tocou-lhe os lábios com a falsa gentileza e murmurou contra eles.
- Yuuki...
Conjunto ao pequeno riso nasal, afastou-se novamente do pequeno, o deixando no local somente com a vista dos olhos, talvez com o sorriso arrogante que possuía.
- 
Adieu, Cendrillon.
Kazuto mordeu o lábio inferior, evitando um gemido e deixou que ele apreciasse o próprio sangue, não se importava mais. Os lábios do outro contra os próprios, a ultima vez que talvez teria aquela sensação, ouviu o nome e gravou bem, mesmo sabendo que não iria esquecer.
- Yuuki...
Sorriu e as costas deslizaram pelo local, caindo ao chão, um gemido baixo de dor escapou dos lábios e ajoelhou-se na tentativa de se levantar, para alcançá-lo.
- Yuuki, não vá em....
O menos cessou. Procurou o outro, em toda parte, mas não o encontrou, havia sumido. Levantou-se com cuidado, sentindo o sangue escorrer pelo corpo, dos vários machucados feitos por ele, olhou as próprias roupas rasgadas no chão e suspirou.
- Ah... Que ótimo...
Agradeceu por não ter ninguém na rua naquela hora e tamanho fora o esforço de caminhar até a própria casa próxima dali, as pernas fraquejavam, estava completamente destruído pelo vampiro, não sabia como tivera forças de fazer aquele percurso.
Ao adentrar o local, subiu as escadas com um pouco de pressa. O banheiro nem parecia gelado quando se lembrou da pele do outro, as mãos percorrendo o corpo nos locais tocados por ele e ficou em frente ao espelho, observando a si.
- Você queria morrer? Porque não da um tiro na própria cabeça?!
E abaixou a cabeça, observando a pia por alguns minutos, silencioso, e tão logo voltou a ver a imagem no espelho, a mão foi até o pescoço sobre o local
onde ele havia cravado as presas, vendo a pele rasgada e um gemido  baixo de dor e pavor deixou os lábios. Abriu o armário, retirando a pequena bolsa e de dentro os curativos, limpou os machucados e logo colocou o curativo sobre o local, sentindo a cabeça pesada, o corpo quase tão morto quanto o do vampiro.
- Talvez um cachecol seja o suficiente... - Murmurou para si mesmo. Ligou o chuveiro e colocou-se em baixo da água, lavando o corpo sujo de diversas coisas. Ficou um grande tempo ali, somente encostado na parede, pensando no que havia acontecido e até perdeu a força das pernas quando caiu ao chão novamente, e caiu em prantos mais uma vez. Era pequeno, delicado e amável, não entendia como alguém poderia ser capaz de machucá-lo, havia sido estuprado, só então, caíra sua ficha. - Devia ter me matado...
Suspirou e desligou o chuveiro, esticando uma das mãos com certa dificuldade a pegar a toalha do lado de fora. Secou o próprio corpo, apoiando-se nas pernas sem força e voltou ao quarto, como se tivesse uma força sobre-humana. Não chamou a polícia, não pediu por ajuda, não ligou para ninguém. Vestiu a roupa intima e deitou-se apenas.
- Yuuki...
E fechou os olhos, estava ali, um pequeno corpo jogado sobre a cama, estirado, de alguma forma, pensou que não podia deixar o próprio corpo jogado num beco, por isso teve força o suficiente para voltar para casa. Tomar banho e se vestir, foram pequenos reflexos até se sentir confortável para se deitar, mas seus curativos e cuidados, de nada adiantaram. Em poucos segundos, havia desmaiado, mesmo em meio ao choro. As feridas abertas de seu pescoço, mesmo com um curativo, haviam sujado todo o lençol da cama com seu sangue e sua roupa intima, estava novamente marcada pelo mesmo líquido rubro. Estava morrendo, aos poucos, e não era fraco, mas não tinha ninguém para cuidar de si, poderia morrer ali, e nunca mais veria aqueles olhos lindos.

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