Reika e Takatsuki #4


- Bom dia!
Takatsuki falou a adentrar o círculo de amigos, que conversavam entre si na sala de aula e sentou-se ao canto, não queria se meter na conversa, e estava com um pouco de dor, então preferia ficar quieto no próprio canto. Escrevia algo no caderno, divagando sobre algo qualquer enquanto a amiga não chegava e pensava na cara que ela ia olhar para si quando o fizesse, isso se chegasse antes do sinal, ou teria que ir para sua sala. O silêncio estava maravilhoso, o problema fora que a garota sentou-se ao próprio lado e parecia querer conversar consigo e bem, nem a conhecia, era uma estranha para si. Desviou o olhar a ela meio de canto e arqueou uma das sobrancelhas.
- Oi, posso ajudar?

- Você é o Takatsuki né?
- Sou, e você é a Mei. O que foi?
- A Rei não apareceu ontem, ela disse que iria, o que houve?
- Ué, sei lá, eu...
O garoto falou e cessou a pensar por um pequeno instante, ela não havia ido vê-la porque estava consigo e sentiu uma pontinha de ciumes da amiga, que já tinha antes, querendo-a só para si. Desviou o olhar a ela e uniu as sobrancelhas.
- Não te contaram?

- Que? Não contaram o que?
- A Rei está saindo com um garoto, ele é do nosso ano, super bonito. Ela disse que ia encontrar com ele ontem.
- Não... A Rei estava saindo comigo, ela não pode estar fazendo isso...
- Pois é, eu achei que você sabia. Desculpe.
Takatsuki falou a ela e logo viu-a se levantar, se afastando e guiando as mãos 
sobre o rosto ao sair da sala e sorriu de canto, negativando.
Reika entrou na sala de aula, seguiu até a própria mesa. Penúltima da fila ao lado da janela, gostava dali, de poder olhar todo o campus. A quarta mesa, duas fileiras depois da própria, estava vazia, ainda que os materiais dela estivessem por lá. A aula se iniciou tão logo, com uma matéria interessante. Foi por isso que acabou não percebendo quando a loirinha entrou. Fitou seu rosto, parecia triste. A maquiagem suave de seus olhos estava um pouco esquisita e notou seu olhar para si de soslaio, logo desviado. Demorou algum tempo até o horário de intervalo, e que desse modo pudesse falar com ela. Ao se levantar notou que não viera consigo, na verdade se levantou levando sua pequena bolsa em direção a saída. Alcançou-a antes que pudesse deixar a classe, se tivesse notado um olhar desdenhoso em seu rosto, certamente teria deixado de lado, mas parecia chorosa quando o voltou, mesmo furioso, para si.
- Mas que diabos...?
Reika retrucou e viu-a sorrir, claro que ironicamente.
- Você também não sabe? - Disse ela.
- Não sei o que? - Indagou sem entender.
- É, eu também não sabia. Parece que você já não está satisfeita e arrumou um namorado. Só que eu achei que você fosse mais madura, e que não fosse me enganar. Achei que me diria!
Reika arqueou a sobrancelha, não entendia mais porra nenhuma, não entendeu nada do que ela dizia, ou melhor, entendia, só não entendia como havia acontecido, de onde havia tirado toda aquela ideia.
- Faço nem ideia do que está falando. Que namorado o que?
- Seu namorado "muito bonito".
- Ficou louca, Mei? Onde ouviu isso? Por que eu estaria com um cara?
- Não seja hipócrita, Reika! Seu próprio amigo falou, não foi qualquer pessoa quem disse!
- Que amigo? Nenhum amigo meu diria uma merda dessas.
Reika disse, desta vez foi a si que desdenhou o comentário. Nenhum amigo diria algo como aquilo, até porque não havia motivos.
- O Takatsuki falou! Fui te procurar e ele disse que você tinha um namorado! E que estava com ele ontem, por isso não foi ficar comigo.
- Tsc, o Takatsuki não diria isso, Mei. Não é verdade e o Takatsuki não diria algo pra me zoar assim.
- Mas disse, ele disse. Ele mentiu?
Reika ouviu a pergunta, desta vez com certeza mais suave do que o início.
- Claro que é mentira. Mas eu vou falar com ele. - Disse a ela, visto que ainda assim não acreditava que o amigo diria algo como aquilo, quem sabe talvez pra zoar a garota. - Ele não riu depois que falou? Sabe que eu e o Takatsuki costumamos nos zoar.
- Não, ele não estava rindo. Acho que ele não gosta de mim...
Disse a loirinha e tão logo deixou a bolsa na mesa de alguém qualquer da sala, abraçou a si com impulso, grudando-se a própria cintura. No entanto, passava mais tempo pensando sobre como descontaria a brincadeira estúpida dele. Acariciou seus cabelos onduladinhos e afastou-se, sorrindo a ela.
- Eu vou ir lá falar com o filho da puta do Takatsuki. Você pode ir com as suas amigas enquanto eu bato nele, hum?
Disse a ela, e viu-a assentir com um sorrisinho e até ganhou um selinho. Logo, já seguia o caminho a buscar o estúpido amigo.
Takatsuki suspirou, estava cansado e dormia agora na arquibancada do estádio com um livro, que era obrigado a ler para a aula, sobre si, aberto. Havia deixado a sala na segunda aula, e nem havia notado que era o intervalo, não estava afim de ouvir aquela baboseira toda sobre o universo e o surgimento da humanidade que ouvia, era tudo um monte de merda. Reika trocou algumas palavras com um dos colegas de classe dele, acabou sabendo de seu paradeiro. Seguiu vagarosamente pela arquibancada, avistando-o de longe até que conseguisse tomar posse do banco acima. Tirou sutilmente o livro ao lado, arrancou uma das páginas, outra delas, bom, acabou arrancando pelo menos cinco e com elas formulou uma generosa bola de papel. Com sutileza, precisava ser rápida, chegou pertinho e com um movimento bem rápido envolveu seu pescoço, fazendo uma chave de braço, e enfiou a bola de papel em sua boca conforme fez menção de protestar assustado.
- Ah, acordou, seu merda! Está falando por aí que estou saindo com homens, é?

O moreno se assustou ao senti-la puxar a si e ainda sentiu a bolinha de papel na própria boca, engasgou, porém cuspiu-a e estreitou os olhos, segurando seu braço a puxá-la para longe de si, ou tentar.
- S-Solta! 

- Fala essa merda pra mim, Takatsuki!
Disse a outra, segurando-o ainda, até deu-lhe uma apertada. O outro u
niu as sobrancelhas e puxou-a novamente.
- Caralho, Reika! Está machucando! 

- Não vou soltar até você me falar que merda é essa. Ou vou fazer mais bolas de papel com seu livro e enfiar na sua goela. 
- Caralho, eu tinha que ler, sua puta! O que foi? O que eu disse?!  
- Puta é sua mãe, seu otário.  Falou pra Mei que estou saindo com homem, é? 
- Você está ora! - O outro riu, mesmo preso. - Adoro ver ela com aquela carinha de choro. 
- Estou saindo com seu pai, aquele doador de cu.  
Takatsuki ergueu as mãos, batendo na cabeça dela e estreitou os olhos.
- Não fala do meu pai, caralho! 

- É, seu pai mesmo, ele que estou saindo, e comendo.
Disse ela e afastou-se, segurava-o ainda, mas afastou a cabeça, evitando seu tapa ou toque. 

- Para, idiota! - Falou a ela e empurrou-a, virando-se. - E não está? 
Reika o soltou por fim, cansada.
- Ah, ele resolveu assumir pra você? 

- Pare de ser idiota. Você está saindo mesmo com um homem. 
- Da onde tirou essa ideia, Takatsuki?
- Ué, e não está saindo comigo? 

Reika cruzou os braços em frente ao peito, encarando. Ele sorriu.  
- Não é verdade? 
- Ah vá.
Disse a morena e por fim negativou consigo mesma, seguindo a saída da arquibancada. Takatsuki r
iu e segurou-a pelo braço.
- Ué, eu sou uma mina então? 

- Você falou isso pra ela e ela acreditou, seu palhaço. Estava de ovo virado pro meu lado. 
- Eu te consolo, onee-chan. - Sorriu.
- Vai se foder. Depois eu que tenho que aguentar gente chorando. 
-  Calma, ficou brava? 
- Vamos lá, imagine que eu chegue pro Jun e diga que você está saindo com mulheres agora. Daí ele vai ficar de cu doce pro seu lado, ou melhor, como você é o mais sentimental, imagine que eu chegue em você e diga que o Jun agora está saindo com mulheres, quem vai ter que aguentar você? O Jun, por uma brincadeira que eu fiz. 
Ele arqueou uma das sobrancelhas.
- Nossa, você deve gostar mesmo dessa menina. 

- A questão não é essa. Eu não gosto de ter que me explicar, e por sua culpa tive que fazer isso. Mas talvez eu esteja começando a... Sei lá, curtir. 
- Hum. Entendi. - Ele falou a ela, e claro que sentiu o nó na garganta, assentiu e desviou o olhar. - Desculpe então. 
- Palhaço, consegue até fingir que está arrependido.
Disse a outra e bagunçou seus cabelos ao notar suas expressão, que talvez não fosse exatamente pelo motivo que pensava ser. O outro a
ssentiu e pegou o livro de volta.
- Vou pro quarto. 

- O que foi? Vai dizer que te machuquei? 
- Um pouco. - Riu. - Mas tudo bem. 
- Ah vá, frutinha.  
- Para onee
- Para com essa merda. - Disse ela e mostrou-lhe o dedo do meio. - Você está me devendo uns nikumans
- Eu compro, ah. Quer agora? 
- Agora mesmo. Ou pode comprar depois, a Rin certamente vai trocar o quarto com você hoje. 
- De novo? Porra, todo dia! 
- Hum, o Ryu deve ser bom no que faz. Ou a Rin. Mas posso falar pra ela que está a fim de ficar de boa hoje. 
- Claro, todo dia. 
- Então eu digo pra ela. 
- Se bem que... Se ele for tão bom quanto você imagino porque ela vá. 
Reika arqueou a sobrancelha e deu um sorrisinho lateral a ele.
- Não deve ser tanto quanto.
Brincou é claro, embora fosse estranho falar daquilo com ele. Ele sorriu irônico.

- Bom, vou pro meu quarto me preparar então. 
- Mas você disse pra eu falar com ela, caralho.  
- Iie... Deixa. Pode vir.
- Se quiser eu falo pro Ryu trocar comigo então. 

- Iie, podemos ficar juntos mesmo. 
- Sim, mas estou falando de eu ir pra lá ao invés de você ir lá pro quarto. 
- Hum, entendi. Pode ser. 
- Mas quero os nikumans a hora que eu chegar.
Disse a outra e deu-lhe um tapinha na cabeça, sem força. 

- Ta, chata. 
- A gente pode jogar video game hoje. 
- Sério? 
- É, a Rin baixou um jogo legal lá. 
- Ah, então tá. 
- Ah, você está meio depressivo hoje, Takatsu. Quer um docinho, quer? 
- Vai se foder, Rei.
- O que?
Indagou a garota com um sorrisinho torto e tirou do bolso da calça, que chegava somente até as canelas, uma bala de cerejeira e abriu o envelopinho, pegando o doce em formato arredondado e levou a boca dele, empurrando entre seus lábios inicialmente fechados e teimosos. Takatsuki e
streitou os olhos, meio irritado, porém por fim aceitou a bala e puxou-a para si, pelo pulso, colando os lábios aos dela e beijando-a, um selo na verdade, que durou um bom tempo até soltá-la e virou-se sem dizer nada, como na boate naquela noite, seguindo ao quarto. Reika sorriu vitoriosa mas por fim sentiu o pulso puxado e acabou contra o amigo. Sentindo o selo de seus lábios, que agora cheiravam docilmente à bala de cerejeira. Quando por fim solta, fitou-o seguir sua marcha mais rápida para longe de si, e negativou sozinha, fitando suas costas até que desaparecesse. 
- Ficou louco. 

Compartilhe:

DEIXE UM COMENTÁRIO

    Blogger Comment

0 comentários:

Postar um comentário