Nowaki e Tadashi #6


Era tarde quando acordou no dia seguinte, descansado completamente do ataque que tivera. Levantando-se, seguiu em direção para fora do próprio quarto, e nao tinha nada de valor, então não tinha medo de sair. Procurou o outro visualmente, mas não estava mais desesperado para vê-lo como no dia anterior, estava tranquilo e debochado, como sempre.
Observou os rapazes sentados no sofá logo no centro do salão de recreação e assistiam algum programa de tv, entretidos com o mesmo, e a maioria ali eram meio prejudicados pela droga, mentalmente, não só fisicamente como a si.
- Deus, isso é realmente uma clinica de reabilitação de drogas ou um hospício? - Falou, mais para si do que aos outros e aproximou-se do sofá, assistindo a tv de trás. - Estão vendo desenho, sério? 

- Já falei pra eles trocarem de canal, mas são uns idiotas.
Tadashi desviou o olhar ao garoto que havia falado consigo logo ao lado e arqueou uma das sobrancelhas, era jovem assim como a si e bonito, realmente não deveria estar num local como aquele, tinha cabelos curtos e escuros, bem semelhante ao médico que gostava.
- E você, novato, qual seu nome?
- Tadashi... Você?
- Jun.
- Hum. - O de cabelos brancos sorriu e desviou o olhar à tv, negativando. - Me avise quando eles decidirem trocar de canal.
Falou a ele e deixou-o ali, caminhando até a mesa no centro e sentou-se, meio irritado e obviamente com sinais de abstinência, como doía a própria cabeça.
- Alguém tem um cigarro? 

- Você não é o favorito do médico? Como é o nome dele? Nowaki?
O garoto desviou o olhar ao rapaz que havia dito a si, ao lado e igualmente perturbado, estreitou os olhos a ele.
- E se eu for? Qual é o problema?

- Então é verdade o que dizem, que você é uma garotinha.
- Eu sou gay sim, e aí? Garotinha é a puta que pariu!
Tadashi se levantou, irritadiço pelo comentário e esperou que o outro se levantasse, o problema é que ele tinha quase o dobro do próprio tamanho e engoliu em seco ao perceber, em silêncio, sabendo que estava ferrado, mas não comentou nada.
- Como disse?
- ... Eu sou gay sim, e você não tem porra nenhuma a ver então fica na sua!
Falou alto novamente, esperando que fosse suficiente para afastá-lo, mas na verdade, não estava se importando tanto em arrumar briga ou não e fechou os olhos quando teve a reação rápida dele, e fora o soco direto no queixo, o maldito. Caiu no chão e guiou uma das mãos sobre o local, sentindo o sangue no canto dos lábios e tentou se levantar, e bateria nele, não importando o tamanho.
Nowaki franziu o cenho ao ouvir o burburinho pelos corredores. Estava na recepção, não tinha nenhum paciente sob estado de alerta, então trocava algumas palavras junto a um enfermeiro, se preparando para o horário de almoço, mas no entanto, precisou deixar o café por alí e seguir até a ampla sala onde os demais pacientes. Notou a movimentação, e sua recepção não muito calorosa por parte dos demais pacientes.
- O que está acontecendo aqui?
Disse e é claro que soava evidentemente irritado, era paciente com os pacientes, exceto quando causavam movimentação em demasia. Portanto, fitava-os impassível.
Tadashi desviou o olhar ao médico assim que adentrou e uniu as sobrancelhas, sem saber como se explicar, porém o rapaz que acabara de conhecer próximo a tv caminhou perto de si.
- O grandão ali bateu nele porque ele é gay.
O moreno observou os pacientes algum tempo, levando um tempo para que não saísse nada não-profissional da própria boca.
- Eu não quero esse tipo de discussão. Aqui vocês são todos iguais, dependentes químicos em tratamento. E não vão querer me ver aborrecido porque uma vez dentro do quarto de vocês, quem é responsável pela medicação, sou eu. E posso muito bem colocá-los sob efeito de medicamentos e desintoxicá-los sem chances de saírem da cama. E sem a chance de saírem, precisarão de uma forma boa para se alimentarem, não terei problemas em colocar uma sonda na garganta de vocês. E com isso o tratamento psicológico também seria adiado até a data de recuperação da dependência, com isso o tratamento seria prolongado. Portanto, não quero nenhum tipo de briga aqui. Porque se eu ver e ouvir alguma, não vou dar um segundo aviso. 

Tadashi assentiu ao ouvi-lo e desviou o olhar ao rapaz parado lado a si e que havia defendido em frente ao outro maior. Abaixou a cabeça e guiou a mão em direção a boca, limpando o sangue novamente onde machucado e percebeu que o rapaz que havia batido em si já havia se sentado novamente, desistindo da briga devido a intervenção do médico.
- Tadashi, enfermaria. - Disse o médico, notando o rapaz que tocava a boca afetada pela briga. - Venha aqui.  
O garoto assentiu e desviou o olhar ao outro novamente, o que havia defendido a si.
- Obrigado.
Falou a ele, baixinho e o viu sorrir, indicando o médico para si com um sorrisinho maldoso e certamente ele sabia que gostava dele, por isso sentiu a face se corar. Seguiu junto ao medico até a enfermaria e sentou-se na maca em frente a ele. 

Nowaki se dirigiu em frente a ele, e olhou-o de soslaio, conferindo se seguia consigo. Tão logo deu-lhe passagem a enfermaria, indicando a jovem que verificasse o estado de sua mandíbula acertada. Quando por fim terminou, colocando o algodão embebido em pomada anestésica por dentro de sua boca, entregou-lhe igualmente uma pequena bolsa de gelo. Permitindo a retirada da enfermeira da sala de atendimento.
- Tudo bem? 

Tadashi agradeceu à enfermeira pelo tratamento, doía, mas pelo menos iria melhorar, e o soco havia feito a cabeça doer trinta vezes mais. Desviou o olhar ao médico e o rapaz que gostava e sorriu a ele.
- Tudo bem. Minha cabeça doi. 

- Vou te dar um pouco de paracetamol. - Disse e buscou o elástico, tal como a seringa e uma ampola do princípio ativo. - Dê o braço. - Disse e sentou-se de frente a ele. - 
- Iie!
Falou o garoto ao ver a agulha, e agora sóbrio, tinha pavor dela, encolhendo-se na maca. Nowaki o f
itou e arqueou ambas as sobrancelhas, surpreso na verdade. Mas riu, num riso baixo que mostrava os dentes.
- Bom, já estou acostumado a conhecer suas facetas. Cada dia eu lido com um comportamento diferente. Vamos, vai ser mais eficiente para a dor de cabeça e certamente para uma possível sensação de irritabilidade. Não vai doer.
Disse, como se falasse com uma criança. Tadashi e
streitou os olhos.
- Pare de me tratar que nem criança caralho.
Falou o garoto e pigarreou, morria de medo, mas esticou o braço a ele, fechando os olhos. O médico a
rqueou a sobrancelha, uma só desta vez, notando sua nova mudança de humor. Logo tateou suavemente sua veia já tão usada pela agulha, e medicou-o sem delongas.
- Não seja estúpido, estava o encorajando.
Retrucou e se levantou logo após, desistente da boa vontade. 

- Iie! - Tadashi gritou e o segurou. - Desculpe, vou ser mais agradável. - Uniu as sobrancelhas.
- Claro que vai.
Retrucou o médico e por um momento até balançou a cabeça, confuso. O outro a
ssentiu.
- Como... Como você está hoje? 

- Eu quem devo perguntar isso a você. Como se sente sem as drogas? 
- Querendo morrer. - Sorriu.
- Não parece.
Disse o maior e encostou-se a mesa, cruzando os braços fronte o peito.

- Está horrível, mas dormi com você essa noite, então compensou. 
- Não diria dessa forma. - Sorriu no entanto. - Vamos, venha comer. 
- Comer? - Tadashi sorriu. - O que? 
- Bem, eu ainda não sei qual o cardápio de hoje.  
- Ah, diga que é algo gostoso, estou faminto. 
- É, sem drogas é isso o que geralmente ocorre. Bem, a dieta daqui é balanceada e feita por uma nutricionista bem generosa.  
- Hum... E quando vamos poder passar mais tempo juntos? 
- Mais tempo como?
- Sozinhos. Conversar. 

- Estamos fazendo isso agora, uh? 
- Ah, mas aqui... Logo a enfermeira vem. Quer jantar comigo? 
- Claro, se você não tentar me bater. 
- Não vou, juro. 
- Vamos lá.
Disse Nowaki e desencostou-se, chamando-o com o maneio da mão. O menor a
ssentiu e seguiu-o em silencio, como um cachorrinho, retirando o algodão da boca a jogá-lo no lixo. O moreno seguiu junto ao rapaz até a ala de recreação e não costumava comer por lá, geralmente saía da clínica ou pedia algo e comia dentro do consultório. Sentou-se após selecionar a mesa e aceitou a refeição entregue por uma das enfermeiras.
- Obrigado, Akane. - Disse a ela, e ficou o rapaz, igualmente servido. - E então, o que achou? 

Tadashi sentou-se junto dele, observando o restante dos garotos e uniu as sobrancelhas, observando o prato em seguida.
- Bem, esperava que fosse mais romântico que isso. 

- Você não pode sair da clínica, Tadashi.
Disse o maior e por fim sorriu, achando graça. O menor s
orriu igualmente a observá-lo.
- Hum, seu sorriso é lindo, doutor. 

Nowaki o fitou numa falsa repreensão e indicou seu jantar.
- Coma, vou embora em menos de meia hora. 

- Iie... Fique mais um pouco. - Disse o garoto e experimentou a comida, gostosa. - Hum. 
- Meu turno finaliza em meia hora e estou aqui desde cedo, você quem dormiu demais.  
- Ah... Ta bem, desculpe, eu estava cansado. 
- Sim, eu sei. E foi bom descansar, assim evita os efeitos da desintoxicação.  
- Hai, eu tenho me sentido meio enjoado.
- Isso geralmente ocorre durante a medicação, como já não está sendo medicado, logo deve passar os efeitos adversos. - Disse o maior e iniciou a refeição.
Taashi sorriu a ele e assentiu, pegando um pedacinho de carne, que não havia no prato dele e guiou-o fronte a sua boca, Nowaki negativou ao levar um dos vegetais no prato até a boca.
- Não, obrigado.
O menor uniu as sobrancelhas.
- Eu não tenho nenhuma doença.

- Eu sei que não, sou seu médico. - Deu-lhe uma piscadela ao pegar o brócolis. 
- Ok. - Tadashi sorriu a ele e comeu o pedaço de carne. - Como sua esposa é? 
-  Hum, por que a curiosidade? 
- Nada específico.  
- Como é fisicamente? 
- Sim. 
- Bem, tem olhos castanhos. Cabelos claros. 
O garoto sorriu ao ouvi-lo, vendo certa semelhança na descrição e terminou a refeição.  
- É psicóloga. Você, não tem uma namorada, ou namorado? 
- Ah, odeio psicólogos. - Negativou. - Não... Sou todo seu, senpai.
- E você vai precisar passar no psicólogo. Todo meu?
Indagou o maior, desentendido, visto que havia dado um espaço para falar. 

- Não quero me consultar com ela. - Falou o de cabelos brancos, estreitando os olhos. - Sim, para o que precisar. - Piscou a ele.
- Eu preciso que você se recupere, só isso. Vai continuar o tratamento após sair daqui, certo? 
- Vou... 
- Espero que sim.  
Tadashi sorriu, meio de canto.
- Pode me levar lá fora? 

- Quer conhecer o campus? 
- Hai, por favor. 
- Podemos ir amanhã. 
- Hum... Certo. 
- Gosta de chá? Já que não do café. 
- Muito. - Sorriu.
- Então amanhã eu lhe trago algum. 
- Só pra mim? 
- Bem, eu disse que traria a você.  
- Okay... - Sorriu novamente.
- Mas tente acordar antes do almoço, eu não vou ficar o dia todo amanhã. 
- Hai... Vou acordar cedo. 
- Vamos tomar café pela manhã e lhe dou o chá.
- Certo, combinado, então nos vemos amanhã, doutor. Vou sonhar com você.

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