Nowaki e Tadashi #19


Tadashi colocou o cigarro entre os lábios, parado em frente à clinica e esperava-o sair enquanto ali parado e um pequeno sorriso nos lábios, havia marcado com ele de sair e sabia exatamente onde ir, quer dizer, se ele não fosse tão sério e careta e quisesse ir consigo. Suspirou, tragando a fumaça do cigarro, porém fora interrompido pelo rapaz que parou ao lado de si, os olhos fundos indicavam noites mal dormidas e a pele branca demais, com certeza era efeito das drogas.

- Tadashi? Meu Deus você sumiu! Já faz um mês que não te vejo, mais... Sei lá.
O outro sorriu a ele.
- Oi Hiro, ah é, eu não voltei mais pro abrigo, agora estou trabalhando.

- Trabalhando é? - Riu. - E você ainda usa?
- Não, estou limpo, só cigarros mesmo.
- Ta brincando... Poxa, eu ia te chamar pra uma festa comigo.
- ... Não obrigado, eu tenho companhia pra hoje. 
- Poxa cara, mas vamos marcar, eu te ligo, toma, vou deixar com você, eu ia usar, mas quem sabe você não devesse, aposto que sente falta, não deixe essa gente controlar você.
Tadashi observou o pacote com a droga jogado sobre a própria mão, junto a seringa e uniu as sobrancelhas, sentindo o arrepio percorrer a coluna, é obvio que sentia falta, vontade, tudo junto, mas gostava do outro e só estava com ele porque estava sóbrio.
- N-Não... Obrigado... Pode levar.

- Ah Tadashi, não seja chato. Vamos, só faço isso porque você é meu amigo, sabe que isso é caro.
- Não me importa. Pode levar, eu agradeço a oferta.
- Fique com ele, vai, caso mude de ideia, tchau.
- Iie, Hiro! Leve essa merda... Caralho...
Nowaki caminhou a seguir para o estacionamento, em frente a clínica médica. Vestia o casaco que tomava lugar do jaleco recém tirado. E portava na mão as chaves do carro que desalarmou, mesmo embora numa relativa distância. E no entanto observou o garoto ali, que por sinal havia se tornado assíduo em suas visitas. Aquilo era de fato inconveniente, fosse sua idade, seu antigo problema por estar ali, funcionários ou principalmente, Megumi. Mas há algum tempo havia se tornado complicado simplesmente mandá-lo embora, tinha noção que suas recaídas e mudanças abruptas de humor se deviam sempre ao que ocorria em torno de ambos. Notou no entanto a presença de alguém a mais junto a ele. Parecia bastante próximo e também havia alguma movimentação entre suas mãos e corpos próximos, não foi difícil perceber por suas feições mórbidas, e foi paciente a caminhar até ele, pegando-o pelo ombro.
- Precisa de ajuda, garoto?
Indagou ao menino, tão acabado quanto algum dia havia sido Tadashi, e ver aqueles garotos tornava ainda mais difícil conseguir lidar com o rebelde com que havia se envolvido. 

- Eh? Ah não, tio. Eu só estava dando oi pro Tadashi.
Tadashi uniu as sobrancelhas, e não queria ferrar o amigo, mas também não queria que ele encontrasse a si com drogas e escondeu a seringa e o pacote nas costas.
- Hai... 
- ...Eu vou a uma festa, com licença.
- Hum, entendo. Está com fome, quer vir com a gente? - Indagou ao rapaz, mantendo-o segurado pelo ombro. 
- Iie, eu não. Só queria dar oi pro Tadashi
- Você tem certeza? - Disse, encarando o garoto e seu estado lamentável.
H-Hai...
O rapaz disse, já sabido de que ele era médico e tinha medo que entregasse a si para a polícia, claro que tinha fome, o estômago vazio não parava quase nada devido as drogas e negativou apenas.
- P-Posso ir, senhor?

Nowaki se virou brevemente em direção a clínica, notando as enfermeiras a postos, certamente num horário de intervalo. E claro que as havia chamado sutilmente.
- Não precisa ficar com medo, sou amigo do Tadashi e você também, não vou tratá-lo mal. Entre com as enfermeiras, elas deixarão você tomar banho e comer algo, pode ir embora depois.

- Não, obrigado, eu tenho um lugar pra ir... - Disse ele a se afastar em alguns passos, observando as enfermeiras que se aproximavam. - Obrigado...
- Se você quiser o Tadashi pode entrar com você.
Disse o maior e no entanto, mesmo que tentasse ir embora, ainda segurava seu ombro.

- ... - Hiro uniu as sobrancelhas. - Por favor, me deixe ir embora...
Nowaki voltou a atenção ao garoto ao lado de si, parecia um pouco nervoso com a situação.
- Fique calmo, não vou te envolver com a polícia. Mais do que o seu amigo Tadashi me deu problemas e eu não deixei que levassem ele.

- Hai... Posso mesmo ir embora depois...?
- Sim, estou dizendo.
Disse o médico, voltando a olhar o rapaz ao lado, ainda parecia desconfortável. Mas logo a seu amigo, o qual passou a seguir de volta para a clínica, levando-o até as enfermeiras que vinham em direção.
- Vocês podem levar ele para o banho, e colocar ele num quarto para comer alguma coisa. A hora que ele quiser sair, pode deixar que saia. Mas não deixe sair até que tenha feito as atividades.
Indicou as enfermeiras e era evidente o fato de que não estava realmente deixando-o sair tão fácil da clínica. Os encarregados tratariam de atrasá-lo lá dentro. Mas voltou-se a ele, embora não sorrisse, fitava-o com gentileza.
- Certo?

- Hai... Obrigado, senhor, desculpe incomodar, eu estou com fome.
Tadashi observou o amigo e o outro com um pequeno sorriso nos lábios, era tão gentil e isso só fazia a si se apaixonar ainda mais por ele, por saber que ele tinha aquele jeito maravilhoso só dele, mas também era firme consigo, o problema é que por um momento se esqueceu que tinha as drogas na mão e só lembrou-se quando o viu se aproximar, ainda as escondendo nas costas.
- Não é nada. Aproveite o tempo na clínica.
Disse o maior em despedida, e aquele garoto era de fato mais fácil de lidar do que seu amigo rebelde. Após deixá-lo por lá, seguiu de volta ao rapaz, notando aquela sua mesma expressão incômoda e mesmo o modo como ocultava as mãos para trás.
- Se a intenção é esconder algo de alguém, nunca deixe as mãos assim para trás, Tadashi. Não sou criança.

Tadashi assentiu e mostrou a ele o pequeno pacote com a droga dada pelo amigo e a seringa, entregando nas mãos dele, e era evidente o modo como tinha as mãos trêmulas. Nowaki o fitou de cima, evidentemente menos receptivo quanto antes o estava e estendeu a mão, recebendo o pacote.
- Por que está tremendo, quer usar isso?

O menor negativou, abaixando a cabeça. O moreno tinha o humor afetado de modo evidente. Mas ao pegar o pacote com o pouco da droga, o suficiente para prejudicá-lo, seguiu em direção a clínica e entregou a área responsável pelo descarte e destruição do químico. Mas claro, que o havia levado consigo, ficando de olho nele antes que por fim saíssem juntamente.
O menor o seguiu em silêncio para dentro do local e nada disse, não era própria, apesar de ele talvez não saber e só do lado de fora o observou.
- Não é minha.
- Eu sei. Mas tentou esconder isso.

- Não, eu só não queria dar problemas pra ele... Ou que ficasse puto comigo como está agora.
- Bem, não importa. Onde está querendo ir?
- É perto daqui. Mas não sei se vai gostar muito da ideia. - Disse o menor suspirando e desviou o olhar a ele. - Você está muito bonito.
- Estou como sempre. - Disse, negativando com um meio sorriso canteiro.
- Eu não ia usar, Nowaki. - Sorriu.
- Eu sei, já entendi. Aonde vamos? - Disse novamente.
- Você vai ver.
Sorriu e puxou-o para si, beijando-o no rosto e segurou sua mão, entrelaçando os dedos aos dele enquanto caminhava. Nowaki s
e aproximou conforme desavisadamente puxado e sentiu seu beijo, assim como enlace dos dedos.
- Sh, Tadashi, não faça isso de repente. Não é melhor se eu pegar meu carro no estacionamento?

- Qual é o problema? - Uniu as sobrancelhas. - Não, é aqui perto.
- Mas não tenho intensão de voltar para a clínica, poderia deixar o carro no lugar.
- Como quiser então.
- Vem, vamos lá.
Disse o maior, retornando ao estacionamento e desalarmou o veículo. Entrou tomando posse do banco de motorista e por dentro abriu a ele a porta do carro. Tadashi r
etornou junto dele e suspirou no caminho todo, irritado pelo modo como afastava a si na rua, e queria poder andar de mãos dadas com ele. Adentrou o carro e colocou o cinto.
- O que há?
Indagou o moreno ao vê-lo já prontamente sentado ao lado, e continuava a respirar de uma forma notória, supôs que era proposital.

- Nada, queria poder andar de mãos dadas com você.
- Por que andar de mãos dadas?
- Porque sim.
- Japoneses não tem esse tipo de costume.
- E daí?
- Estou falando que é normal acabar por não andar de mãos dadas.
- Ta bem. Bem, duas esquinas daqui.
Nowaki fitou-o de soslaio, tentando notar qual sua expressão, embora desse maior atenção ao caminho, que tão perto, logo chegou. O menor suspirou e logo saiu do carro, ajeitando os cabelos e esperou-o para só então adentrar o local escuro, mas bem bonito por dentro, e pela música alta, ele já devia imaginar o que era.
O moreno notou a fachada, e mesmo dali já tinha uma ideia do lugar onde ele queria ir. Esperava no entanto algo melhor do que o lado de fora, ainda que não tivesse uma má aparência. Ao estacionar o veículo, logo deixou o carro junto ao garoto. O outro sorriu a ele e deixou-o ver o local por dentro, escuro e com as luzes que piscavam constantemente.
- Vamos dançar, hum?

- Tadashi, olha pra minha cara de quem gosta de dançar.
- Ah, para de ser chato, doutor.
- Por que uma boate?
- Ora, por que não uma boate?
- E por que sim uma boate?
Retrucou o maior, observando quando pouco dava para fazê-lo e tinha que estar realmente perto dele para ouvi-lo ou se fazer audível.

Tadashi riu baixinho.
- Porque aqui é escuro, podemos nos tocar em público, e ninguém vai contar pra sua noivinha. Vem, vamos beber alguma coisa.

- Por que quer toques em público?
Nowaki indagou e seguiu consigo até o bar, com um bom fluxo, mas nada tão cheio quanto a pista de dança.

- Ora, porque é gostoso.
Tadashi murmurou a ele e pegou uma dose de saque para si e desviou o olhar a ele.

- Não precisa ser público pra ser gostoso.
O maior oretrucou e pediu ao barman um drink com base em champagne, acrescido de uma dose de vodca e xarope de limão, gostava de bebidas com maior sabor, preferencialmente cítricos ou secos. O menor a
rqueou uma das sobrancelhas a observá-lo e negativou.
- Não estamos na França.

- Sei que não. - Disse o maior e tragou a bebida, notando seu olhar estranho na bebida, achou graça e sorriu por falta do riso, estendendo-a a ele. - Experimente.
- Eu não, isso aí deve custar uns 5 mil ienes aqui.
- Experimente, Tadashi.
O menor assentiu e pegou a bebida, bebendo um pequeno gole.
- Hum... É gostoso.

- Viu? Não é frescura, é realmente gostoso.
Tadashi riu baixinho.
- É, é sim.

O maior sorriu a ele e se sentou próximo ao balcão, tomando da bebida e pediu outra após o término.
 - Você gosta de contato físico, hum?

- Com você, quem não gostaria?
Tadashi sorriu a ele e bebeu a própria dose de saquê, pedindo uma outra de mesmo modo. Nowaki a
rqueou a sobrancelha, notando o paparico.
- Tsc. - Resmungou e pegou a taça com a bebida, tomando-a.

O menor riu e mordeu o lábio inferior, bebendo a segunda dose da bebida.
- Não pense que vamos fazer sexo aqui.
- Eh? No meio de todo mundo? Você é louco?
- Não, mas sei que vai querer ir para o banheiro.
- Ah, mas o que tem?
- Não. - Disse o maior e sorriu a ele, era fácil de entendê-lo.
- Hum, e o carro?
- No carro talvez.
- Hum, sempre quis fazer no carro, apertadinho.
- Sempre, é? Tão jovem já com fantasias?
- Bom, estou transando com meu médico, já passei da fase do fetiche.
- Então não passou da fase, está nela.

- Não consigo olhar pra você sem querer transar... Passei tanto tempo querendo fazer isso que agora não consigo parar.
- Ora, fala como se estivéssemos indo pra cama com frequência. Fizemos sexo somente duas vezes.
- É, eu sei, mas não foi por falta de vontade.
- Adolescentes.
Disse o maior, e imaginava que ele realmente falava a verdade. Afinal, tinha seus hormônios aflorados naquela idade. Tadashi s
orriu a ele e segurou sua mão.
- Vem, vamos dançar.

- Tadashi, não gosto de dançar.
- Não vai dançar comigo?
- Não gosto de dançar. Não sou bagunceiro como você.
Disse o médico e afagou-lhe os cabelos, os bagunçando como costumava fazer. E seguiu com ele para a pista de dança, mas pouco se moveu, dançando contragosto, mas não deixou se mover sozinho.

O menor riu baixinho a ele, acompanhando-o para a pista e ao invés de dançar longe, dançou juntinho dele, segurando uma de suas mãos com um sorrisinho nos lábios, já que não gostava, ao menos fazia companhia a ele com os movimentos suaves. Virou-se de costas, roçando o corpo ao dele e sorriu, seguindo o ritmo da música.
Claro que o maior o retribuiu como podia, notando seu corpo a roçar o próprio, e negativou, ele era previsível como dito antes, sabia o que ele queria, por isso mesmo quis cortá-lo e puxou-o para si, virando-o de frente a encarar seus olhos. Os notou ali tão perto, arregalados pelo susto, em sua cor tão bonita e por um momento, sentiu um estranho frio no estômago, estava ferrado, lembrava-se de já ter dito isso antes. 

Compartilhe:

DEIXE UM COMENTÁRIO

    Blogger Comment

0 comentários:

Postar um comentário