Kaname e Shiori #13


Shiori seguia tranquilo pelo local, não havia ninguém na rua, e isso era bom, assim não ficava com tanto medo, apesar de ser um vampiro, sabia que as pessoas eram ruins do mesmo modo, e não era tão forte para se defender, era pequeno. Levava consigo, o pequeno pacote com o lanche do outro, supos que ele deveria estar com fome pelo trabalho a noite toda no hospital. Adentrou o local e pediu informação de onde era sua sala, porém, não fora necessário, o outro já estava saindo com a bolsa em uma das mãos. Sorriu a ele apenas.

Kaname dobrou o jaleco que abandonou sob um dos antebraços e com ocupação da outra mão a levar a maleta de couro negro. Cruzou a porta da sala de posse e fora recepcionado pelo visitante àquela hora no hospital.
- Uh? O que faz aqui, Shiori?
Indagou, em altura suficiente apenas a ele, enquanto seguia a seu caminho a finalmente encontrá-lo próximo. Encarou o relógio que marcava a madrugada, quase no início da manhã.
- Se não me engano, não pode pegar sol.
- Eu sei... Mas você demorou... Então eu vim te buscar. Trouxe pra você. - Entregou o lanche a ele. - Eu fiz arroz e carne.

- Não demorei. Estou saindo meia hora depois do horário. - Quase chegou a rir, porém se limitou e aceitou o jantar, ou talvez café da manhã, preparado por ele. - Obrigado, Shiori. - Dizia ao caminho da saída, levando-o consigo.
O menor sorriu e assentiu.
- Não tem problema. Eu queria vê-lo antes de dormir.
E seguiu junto dele, acenou a atendente, despedindo-se. 
O som do alarme revelou onde o veículo se encontrava, Kaname caminhou até ele e logo abriu a porta, concedendo a passagem do moreninho para dentro dele.
- Vá, antes que meu jantar seja carne de vampiro frito.

Shiori riu baixo e entrou no carro, assentindo a ele e o esperou adentrar o veiculo.
- Você, está com fome? Eu achei que estivesse por isso fiz...

O maior caminhou a uma das portas do carro e entrou no veículo se acomodando com o jantar que deixou no colo e a maleta no banco traseiro. O observou conforme a pergunta, sem respondê-lo abriu a embalagem e retirou a refeição feita, buscou os hashis e serviu-se brevemente de um pequeno filete de carne. O clima frio da noite já passava a deixar o dia vir, denunciando que em poucas horas haveria sol o suficiente.
- Vou ter que deixar pra comer em casa.

- Tudo bem. Está gostoso? - Sorriu ao vê-lo experimentar a carne.
Kaname positivou com a cabeça e silenciosamente o pediu que segurasse o lanche ao deixá-lo em seu colo. Pôs a chave no contato e ligou o carro, com a ré deixou o estacionamento do hospital, seguindo pela rua o caminho já tão habitual. O menor segurou a comida a ajeitar o potinho fechado novamente e sorriu a ele.
- Senti sua falta em casa...

O maior se virou a observá-lo, com um leve arqueio da pestana.
- Deveria ser o contrário, estar acostumado.

- Iie... Meia hora é muito tempo. - Riu.
- Achei que fosse um morcego não um cachorro. Sabia que os cachorros sentem as horas como se fossem dias?
- Verdade? - Uniu as sobrancelhas. - Que horror...
- Veja bem aquele cachorrinho que deixa em casa e quando você volta ele pula feito louco no seu colo, como se a dias não o tivesse visto ou como se achasse que foi abandonado. Para eles, literalmente é assim.
- Pra mim é mais ou menos isso. - Riu.
- Uh.
O murmuro de Kaname foi cortado antes do riso diante do baque violento na traseira do carro. De modo que o impulso do corpo quase acionou aquela enorme bolsa inflável em frente do assento. Por sorte, havia colocado o sinto de segurança, mas que não foi o suficiente ainda a se encaminhar bruscamente para frente e retornar ao assento. Suspirou já sem compasse, diante do susto pela batida de carro. Voltou-se para trás a observar o motorista, pelo pouco que era provido com o vidro quebrado e ainda tinha o automóvel arrastado pelo outro, possivelmente locomovido por alguém sem sanidade. Levou a mão a trava de segurança, soltando o sinto e tornou se virar para olhar o carro, a espera de que pudesse sair dali. Encarou o moreninho com os olhos arregalados, certamente no susto.
- Está tudo bem, Shiori.
Falou baixo, afável e vira o carro dar partida numa corrida desenfreada, livrando a placa de ser reconhecida pelo acidente. A essa altura quando pisou fora, tocou o asfalto com um dos pés, inconsciente da posição a que se encontrava naquela avenida. O único anuncio de que havia algo errado, 
foi o grito do outro em alerta, a que quase não ouviu, não por muito tempo.
Shiori sentiu a batida forte do carro atrás de ambos e arregalou os olhos a desviar o olhar ao outro, assustado com a batida, porém, relaxou quando ele falou consigo. Fora tudo tão rápido, que não teve tempo de pensar sobre o que acabara de acontecer, tudo passou diante dos olhos, estar com ele, a comida que havia trazido, a saudade, tudo, iria perdê-lo? Não, ele estava acordado e falava consigo, estava ali, estava respirando!
- Você está bem? Kaname...
Falou baixo e desviou o olhar ao próprio colo, notando que o potinho de comida já havia ido para o chão. Desviou o olhar a ele e uniu as sobrancelhas, antes o pote do que qualquer outra coisa.
- Kaname, não saia!
Falou alto e desviou o olhar ao outro lado, porém, tudo que pode ver foram as luzes fortes do farol do carro que vinha em direção a si,  havia gritado porque a audição era aguçada, ouvira o barulho do carro vindo em direção a ambos, infelizmente, tarde demais. Gritou, inutilmente e logo sentiu a batida do veículo contra o que estava junto dele, suficiente para desacordar a si por um pequeno tempo, afinal, não poderia morrer, mas ele por outro lado, poderia.

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