Reika e Takatsuki #21


Takatsuki suspirou, havia chego na escola e o suspiro fora justamente porque não sabia o que iria encontrar ali. Ela podia estar com outra pessoa, podia estar fazendo outras coisas, podia nem se lembrar mais de si, isso era o que apertava o coração. Havia pedido à mãe que colocasse a si ali, como único pedido de presente durante todos os anos que não a havia visitado, ela não gostava muito de si e o fez somente para se livrar logo, já que em outra cidade.
Estava marcado para ficar no quarto dela, no mesmo, e isso deixava a si ainda mais animado, embora medroso como sempre fora. Havia emagrecido de modo considerável, não a ponto de ficar parecendo um anoréxico, mas os músculos que tinha, aos poucos foram sumindo, e esperava recuperar-se disso assim que voltasse a falar com ela, teria que se explicar, esse era o maior problema.
Adentrou a sala, com a mochila sobre os ombros e esperou ouvir aquela música de filme de romance e aquela luz forte no rosto, mas nada daquilo veio, ela não estava ali, sua cadeira estava vazia, então sentou-se onde vazio igualmente, unindo as sobrancelhas, estava 
doente? Ficou pensativo e meio receoso, porém naquele longo intervalo, logo a viu adentrar a sala com sua mochila sobre o ombro e Deus, estava linda, os cabelos castanhos agora estavam loiros, e viu seus olho amendoados novamente, como sentira falta daquilo, nem sabia explicar. Sentiu o coração bater mais rápido, como se fosse pular do peito e as mãos, suando frio, estavam impacientes sobre a mesa, a abraçou mentalmente, na impossibilidade de fazê-lo na sala.
- Rei...
Murmurou, para si mesmo e mordeu o lábio inferior, virando-se em direção a ela em seguida e sorriu, de canto.
Ih cara, nem adianta olhar assim...
Dizia ao rapaz ao lado para o amigo, que até então não havia visto, somente o fez quando sua apresentação. E agora, Reika já o olhava sem entender porque diabos estava ali ou como havia conseguido a transferência no meio do ano, ou porque sabia que estava ali, e se havia ido por saber que agora estudava por lá ou se era uma coincidência. Difícil mesmo foi ficar por lá, sentada. 

Takatsuki desviou o olhar ao rapaz ao lado de si, rapidamente e logo depois voltou a observá-la, assentindo a ele.
- Eu sei, eu a conheço...
Murmurou, e tinha certeza quase absoluta que o coração sairia pela boca a qualquer momento. Reika se v
irou de volta ao quadro, fitando o início da matéria. Voltou a olhar ao garoto, e de volta à tela. Logo para a janela onde fitou o mesmo menino de cabelos iguais aos dele, quem sabe não fosse uma ideia errada do que via, pensou e no entanto logo estava a fitá-lo de novo.
Fora um inferno até que finalmente, o garoto ouvisse o sinal do intervalo, não prestara atenção na aula, em nenhuma delas, ansioso como era e quando finalmente os alunos saíram, levantou-se quase num pulo. A outra nem se deu o trabalho de levantar na verdade, somente guardou os materiais dentro da carteira, deixando ali para o intervalo. E se voltou ao amigo que já bem disposto a seguir para algum lugar, em especial, o próprio assento. 
Num pulo só, o moreno estava do outro lado, e nem viu quando a abraçou, segurando-a em meio aos braços, apertando-a e fechou os olhos, sentindo as lágrimas que escaparam e molharam o uniforme dela no ombro.
- Rei...
Reika se levantou ao vê-lo se aproximar, e bom, na verdade deveria estar brava afinal, os últimos dias que estivera com ele, as coisas não haviam saído muito bem e havia sido praticamente forçada a ter sexo como ele queria só por sua simples vontade de tocar a si, como alegou ele. Mas no entanto, estava agora com os braços esmagados pelos dele, envoltos em torno de si e no fim, não estava achando ruim, ainda mais ao sentir o toque cálido de suas lágrimas na roupa que usava.

O outro soltou-lhe os braços, suficiente para deixá-la abraçar a si igualmente e novamente a apertou e chorava ainda, mantendo os olhos fechados e apertados, assim como o coração, que doía. Ao senti-lo afrouxar, Reika ergueu os braços a tocá-lo na cintura, com o leve abraço retribuído mas com o toque das mãos. Suspirou e pôde sentir um leve odor de perfume, adocicado e amadeirado ao mesmo tempo.
- Passou perfume pra me ver? - Disse após longos minutos em um silêncio mútuo.

O maior sorriu, em meio as lágrimas e assentiu, agarrando-se a ela ainda e esperou que ela não sentisse a magreza do corpo.
- Claro que passei...

Reika suspirou e junto dele sorria, enquanto agora podia deslizar as mãos em suas costas, sentindo o fino e macio tecido de sua camisa escolar. Como ele, descansou a face em seu pescoço e aspirou o cheiro do perfume de sua pele inevitavelmente diante da proximidade. 
- Eu nem acredito que estou aqui... Eu... Rei... - Murmurou, deslizando as mãos pelas costas dela, cintura e logo alcançou os cabelos. - Você pintou os cabelos? Você está linda... Muito mesmo.
A menor fechou os olhos ao sentir os carinhos, gostava do afago nas costas ou nos cabelos. Fez menção de se afastar, mas não sabia como agir.
- Você gostou?
Disse, não realmente esperando uma resposta e deslizou os dedos em seus cabelos escuros afagando-o na nuca. O outro a
ssentiu a ela e sorriu, observando-a e parecia meio desanimada, o que havia desanimado a si também, era meio triste chegar para vê-la e ser recebido daquele modo.
- Bem... Você quer um café ou alguma coisa?
O que faz aqui, idiota? É coincidência ou você é um perseguidor?
Ela disse e afastou-se para finalmente observá-lo. Com as mãos ainda em seus ombros, criava uma distância suficiente para medir sua aparência, e estava bonito como sempre. Mas parecia diferente do normal, talvez seu rosto parecesse ainda menor, havia emagrecido.
- Está fazendo dieta?
- Eu me mudei pra cá pra ficar com você. - Falou, observando-a e sorriu meio de canto. - É, de certo modo.

- Você é louco? - Disse a arquear as sobrancelhas, surpresa. - E suas coisas lá? Seus amigos...
- Só tem uma pessoa que eu quero, não me importo de deixar os outros pra trás.
- Ah, quanto amor.
Ela disse e segurou sua bochecha, apertando-a. E fitou seu rosto que realmente estava mais magro, e parecia um pouco abatido, ainda que parecesse feliz. Ao mesmo tempo, parecia diferente do habitual, sentia falta do amigo, definitivamente. - Eu devia ficar brava com você, seu otário! - Disse mas deu um pulo, amassando o amigo com o abraço.

Takatsuki riu baixinho a segurá-la consigo e apertou-a em meio aos braços.
- Rei... Me desculpe.
Murmurou, já sabendo o porque devia estar com raiva e deslizou a mão pelos cabelos dela.

- Gostou mesmo do meu cabelo, mas não vou reclamar.
Reika disse novamente sentindo o afago nos cabelos e deitou a cabeça em seu ombro, dando um beijo em seu pescoço. Mas se afastou em seguida, e embora quisesse dar um beijinho nele e tirar aquela carinha nostálgica de seu rosto, achava melhor não fazê-lo, pensava que talvez o erro de ambos tivesse sido o tipo de percurso que levaram no relacionamento. Talvez, fosse melhor voltar as coisas como antes elas eram. O maior s
orriu, meio de canto e assentiu, sentindo o beijo sutil e virou-se, retribuindo-a em seu rosto, no cantinho dos lábios.
- Vamos, vem me pagar um nikuman! - Disse e segurou sua mão, puxando-o consigo.
Iie! Rei... - Falou a ela, cessando e apertou-lhe a mão. - Eu quero miojo.

- Miojo? Mas temos as últimas aulas...
- Não me importo.
- Mas pra isso tínhamos que ir pro dormitório. Eu faço mais tarde.
Iie, Rei...

- Bom... Você está de dieta, está parecendo um esqueleto, vamos...
Hai... - Sorriu e seguiu junto dela.

- Então vamos.
Reika disse e guiou consigo o amigo, levando-o com o toque nas costas, indicando o bloco do dormitório ou o andar do próprio quarto, que até então, não sabia ser o mesmo que o dele. Passou antes na cantina e comprou o macarrão instantâneo, picante para si e mais suave para ele. E assim caminharam até o quarto em silêncio, não sabia muito o que falar, pareciam até um casal arranjado sem assunto e desconfortável. Acabou rindo ao pensar nisso no entanto e sorriu ao observá-lo.
- Me conte as novidades, como estão a Rin e o Ryu?

Takatsuki seguiu com ela até a cantina, onde a deixou comprar o macarrão para si e indo ao quarto, abriu um pequeno sorriso ao sentar e já havia deixado ali as próprias coisas, meio bagunçadas, mas tudo ali.
- Estão bem, choraram quando eu fui embora. Essa cama é meio dura.

- Choraram? - Ela disse, dando mais atenção a pequena cozinha do quarto, iniciando o pré-preparo da comida que pedia ele. - Não choraram nem quando eu saí, como assim...
Disse, resmungando sem realmente dar importância e fitou o amigo logo em seguida. Só então se deu conta de seus pertences, e então concluiu que tinha um novo companheiro de dormitório.
- Ah, parece que meu novo colega de quarto chegou...

- Uhum. - Sorriu a ela. - Minha mãe nunca fez nada de útil pra mim, mas pelo menos isso ela me deixou fazer. Vou morar com você.
- Como ela conseguiu fazer o Hiro sair do quarto?
Ela arqueou a sobrancelha ao perguntar e deixava a água aquecer ao lado, prestando atenção da cama onde estava sentada, oposta a dele. 

- Dinheiro. - Sorriu. - Dinheiro move montanhas.
- É, alunos também. - Disse ao se levantar, já sentindo o cheiro do macarrão cozido.
- Sim. - Riu. - E você, sua puta, o que anda fazendo?
- Estudando. - Riu e continuou o preparo do pequeno lanche imprevisto. Adicionou o sabor finalmente e serviu para ele nos potinhos disponíveis. - Aqui. - Dizia ao entregar a ele, indicando em sua direção.

O menor sorriu e logo pegou o potinho, aspirando o cheiro gostoso da comida, que de certa forma, em vez de dar fome embrulhou o estômago devido aos longos períodos sem comer.
- Hum, acho melhor você comer mesmo, está deplorável.
- Não fale assim.
Ela riu.
- Senti sua falta.
O silêncio durou quase um minuto inteiro, ela desviou o olhar a ele, vendo-o com aquelas bochechinhas fofas cheias de macarrão, e aqueles cabelinhos curtos, sua expressão infantil. Fora quando abriu um pequeno sorriso de canto e assentiu para ele.
- Também senti a sua.

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