Kyo e Shinya #8


Kyo abriu os olhos, estava frio, mas sua única parte exposta era o braço, o restante do corpo fora coberto pelo baterista, mais de uma vez que acordava de hora em hora para observar seu sono, preocupado. Por sorte, os cortes já não sangravam mais. O cigarro e isqueiro haviam sido retirados de seu lado na cama, por precaução, e também, o baterista não gostava que ele fumasse, sempre havia dito para parar, existiam mais contras do que prós, aliás, não existia nenhum pró.

O barulho vinha da cozinha, o maior fazia uma café usando a cafeteira do vocalista e tinha um pouco de problema em mexer com ela, era muito tecnológica para si, mas daria um jeito. A tempestade havia passado, não havia mais sinal de chuva no céu, ao menos por hora. 
O menor seguiu o caminho para sala, e enquanto subia, pegou uma camisa sobre o móvel, vestindo-a sobre os curativos feitos e observou ali o loiro, entretiro em seus afazeres e sentou-se em frente a ele no balcão, num estranho silêncio constrangedor. 
- Bom dia. - Disse o baterista.
- Bom dia. - Pigarreou o vocalista, notando a voz pouco falha pela manhã. - A tempestade destruiu alguma coisa?
- Só o vidro do meu carro, tudo bem. 
- Que merda. 
- Iie, pelo menos ninguém morreu.
O baterista disse, atencioso ao que fazia, e nem se deu conta do olhar do vocalista sobre seu rosto, atencioso aquela frase estranha e atípica, mas nada disse. Shinya serviu o café ao outro numa caneca, a que ele habitualmente usava e adoçou.
- E aí, o que quer fazer hoje? Dormir? - Disse o baterista, discrontraindo um pouco.
- Hum, não. Você quer fazer o que? - Disse o vocalista, desviando o olhar a ele com um sorrisinho sutil, e entraria na brincadeira dele, como antes fazia, provocando o amigo. - Porque não começa ficando mais a vontade, tirando a roupa por exemplo. Digo sem malícia, coloque uma roupa mais a vontade.
- Ah claro... - Shinya riu. - Hoje está um pouco frio, por que não ficamos aqui e fazemos alguma coisa? Ou você quer sair?
- Fiquemos em casa.
- Hai, quer assistir alguma coisa? Preciso ficar agarrado em você.
- Precisa?
Kyo esboçou um típico sorriso ao canto esquerdo dos lábios. Levantou-se e novamente preencheu a xícara com o café já finalizado antes, voltando a se sentar.
- Sim. - Riu baixinho.
- Porra, esse café está ótimo, esperimente.
- Vai ficar acordado a noite toda de tanto café que toma.
O baterista riu e aceitou o café, bebendo um pequeno gole.
- Está sem açúcar, e não vou, estou acostumado a cafeína.
- Sem açúcar... - Shinya mordeu o lábio inferior - Falando em açúcar, preciso de algo doce.
- Hum, faça algo, a cozinha está disponível.
- Tenho cara de cozinheira? - Disse, implicando com o amigo e riu. - Tenho. Vou lá.
Kyo riu, achando finalmente o cigarro sobre a mesa de centro e acendeu-o, tragando da nicotina. 
- Estou me matando aos poucos, nicotina e cafeína. 
- Precisamos falar isso alto, né?
- Desculpe senhorita sensível demais, emo dos infernos.
- Emo? Senhorita? Bem, sensível eu sou mesmo. Mas como já disse a você, se quer se matar, se mate, já cansei de dizer para parar de fumar.
- Senhorita emo. Cale a boca e vá logo fazer o que quer, não me encha o saco, Terachi.
O loiro arqueou uma das sobrancelhas e assentiu, vendo-o seguir para a sala com a caneca de café e seus cigarros, e apoiou-se no balcão, bebendo um gole de água pego num copo qualquer e fechou os olhos, respirando fundo, esse era aquele jeito dele, de brincadeira normal para estúpida, e assim seguia. 
Kyo suspirou, logo soltando o ar dos pulmões juntamente com a fumaça do cigarro, sorveu um pouco mais do líquido quente, e pôs a xicara sobre o criado-mudo. Sugou mais uma vez e por ultima, a nicotina, apagando-a no cinzeiro logo depois deixando a bituca dentro do pequeno objeto. Pegou o controle da televisão, ligou-a e começou a assistir algum filme qualquer que passava, e tentava de todas as formas, não pensar, nem cogitar a ideia do que havia acontecido, no dia anterior, bloqueava a informação, como fazia com todo o resto.
Shinya ficou um tempo ali, pensando naquela situação, no que faria sobre aquilo, se devia falar com ele, se não devia, em qomo iria embora naquele dia. Logo pegou os ingredientes espalhados pela cozinha, tentando se lembrar de como se preparava a sobremesa, visto que não tinha nenhum celular a disposição naquela época. Algum tempo depois voltou para a sala com uma bandeja, deixando-a sobre a mesa de centro, o prato branco expondo a sobremesa e a calda que a adornava.
- Fiz tempura de sorvete.
- Hum, rápido. 
O menor se levantou, fora até a cozinha, notanto que nada tinha sido "distruido", ia pegar o café, mais por fim resolveu pegar o chá verde para que não acabasse ficando energico demais. Pegou o chá e voltou para a sala, no entanto se sentou na porta, onde dava saída da residencia, e fumava novamente, enquanto vez ou outra fitava o filme que passava na tv.
- É, eu sou rápido. - Shinya se sentou no sofá da sala e pegou os hashis, servindo-se de um pedaço da sobremesa que mais era uma mistura do que algo tradicional. - Não vai comer?
- Eu já vou. 
Algum espaço de tempo, Kyo terminou o cigarro, e o chá, deixando xicara por lá mesmo e voltou de encontro ao mais alto, sentou-se no estofado e provou o que este havia feito.
- Hum. Ficou ótimo, Shin. - Tornou a fitar a televisão.
- Obrigado. - O loiro sorriu e após pegar um pedaço para si, levou outro aos lábios dele. - Quer mais, hum?
O menor abriu a boca, abocanhando o que lhe era servido.
- Chega. 
Um dos braços, envolveu o corpo alheio num abraço sutil, descontraído, mas que para o baterista poderia soar meio estranho já que não era acostumado aquele toque vindo dele, Kyo parecia somente estar agradecido, e queria de alguma forma dizer a ele que sentia o mesmo, algo estranho que poderia se transformar em algo mais. O menor selou os lábios do mais novo e logo em seguida tornou a olhar a tela, como se não tivesse feito nada demais.
Shinya desviou o olhar a ele, meio de canto, notando seu carinho estranho e julgou que aquilo poderia ser devido a situação recente, devido ao fato de tê-lo acolhido e ajudado, e ele certamente não agiria daquela forma no dia seguinte, era bipolar, por isso se aproveitou e retribuindo-o, abraçou-o a prestar atenção no filme.

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