Ryoga e Katsumi #20


Katsumi suspirou, irritado por ter que acordar cedo e estar ali trabalhando, mas se quisesse ficar com ele, era melhor que trabalhasse ao invés de ficar em casa dormindo o dia todo, não gostava de ser chamado de vagabundo. Arrumou os copos no bar, distraído com o que fazia e colocou o sangue na geladeira, limpando a própria bancada com os drinques. Deixou a bolsa de lado, tinha as maquinas ali dentro e as tintas, não iria usar, era óbvio, o cliente que havia marcado, havia cancelado a visita e isso havia irritado a si mais ainda. Resmungou, irritado, usava um kimono meio largo sobre o corpo já que a gravidez já avançava e não gostava que a barriga fosse vista, era homem, muito homem, e aquilo era meio ridículo. Negativou e sentou-se próximo ao balcão, observando os rapazes que entravam em grupo e já pareciam meio bêbados quando se sentaram no bar. Observou-os, em silêncio e em pé e esperou que observassem o cardápio.
- Queremos um bloody mary, com sangue por favor. 

- Hum. E existe outro modo de fazer um bloody mary?
- Você é uma mulher ou homem? 
- Homem. - Katsumi murmurou enquanto preparava os drinques.
- Hum... Tem certeza? Então alguma coisa deu errado aí, hein?
O rapaz ouviu os risos em uníssono e estreitou os olhos, deixando as bebidas sobre o balcão e suspirou, não era o próprio restaurante, não podia mandá-los a merda.
- Sei, querem mais alguma coisa?

Ryoga observou o serviço na cozinha, enquanto ainda ajeitava alguns papéis administrativos sobre o funcionamento do negócio, metodologias, fornecimento e etc. Ao transitar pelo ambiente, buscando na decoração algo que estivesse errado, tão logo parou numa porta distante do salão e observou o movimento. Tal como o companheiro recente, atendendo ao bar. Notou sua feição de desagrado, conversaria com ele sobre sua aparência tão desgostosa, mas no entanto ao chegar perto, notou o tom de voz lânguido e concluiu ao chegar perto.
- Katsumi, lembre-os de que isso não é um boteco e nem uma boate, é um restaurante, portanto clientes bêbados não ficam.

O menor desviou o olhar ao vampiro ao ouvi-lo e assentiu, desviando o olhar aos rapazes.
- Ouviram, certo?

- Ora, nem fiz nada, não posso nem elogiar o rapaz agora?
Katsumi revirou os olhos.
- Você não me elogiou, e mesmo que fizesse isso, não, não pode.
- Vocês podem beber um drinque e depois podem sair, não é lugar de beber até cair.

- Ora, estão nos expulsando? E quem vai jogar a gente pra fora? O bebê?
O menor estreitou os olhos novamente ao ouvir os risos e desviou o olhar ao outro.
Não criem bagunça aqui, do contrário não vão pra fora, vão pra cozinha.
- Certo, certo. Vamos embora, já perdeu a graça.
Katsumi desviou o olhar a ele e logo após, ao balcão, limpando o local onde havia feito o drinque.
- Tudo bem, não se preocupe.

- Não estou preocupado. - Disse, observando-o. - Faça um pra mim.
O moreno menor sorriu a ele, sem mostrar os dentes e assentiu.
- E o que quer tomar, senhor?

- O que você me indica?
- Hm, você tem cara de quem gosta de bebidas fortes, mas não acho que goste de whisky puro.
- Gosto de bebidas fortes mas suavemente adocicadas.
- Hum... - Mordeu o lábio inferior. - Talvez você tenha cara de quem gosta só de um bom vinho com sangue.
- Pois não é?
Disse o maior, concordando com um sorriso sutil, no lugar de uma risada e sentou-se ao bar, esperando pelo pedido. 

- O negativo?
Katsumi murmurou e sorriu a ele, colocando metade do melhor vinho na taça.

- Pode ser.  - Assentiu e encostou-se ao balcão, aguardando.
O outro assentiu igualmente e adicionou o restante de sangue, porém mais sangue que vinho, não queria embebedá-lo, e sim matar sua fome. Deixou a bebida sobre o móvel e sorriu a ele.
- Está bonito hoje.

Ryoga pegou a bebida sobre o balcão, arrastando-a pelo mogno até a ponta e enfim a pegou, levando a boca e deu um trago.
- Não vai beber?

- Não posso, estou trabalhando.
- Hum, bom pensamento.
- Aliás, se meu chefe aparece e vê você aqui falando comigo desse jeito vou levar uma bronca. - Piscou a ele.

- Aposto que sim, mas, barman precisa ser simpático.
- Ah sim, eu sou, mas o senhor está tirando minha atenção do trabalho. Vá ser bonito pra lá.
- Ah, claro, vou ali, levar minha beleza pra lá e já volto.
Katsumi riu, dessa vez com os dentes, porém cobriu a boca com uma das mãos, negativando.
- Comprei um chicote novo.

- Volto aqui sem ela. - Concluiu e no entanto ouviu seu novo assunto. - Hum, por que não me mostrou em casa?
- Comprei vindo pra cá.
- Vou procurar nas suas coisas.
- Está lá no fundo. Comprei algemas novas também, já que quebrei as suas últimas.
- Não tenho só aquela, sabe disso.
- Sei, mas quis repor. - Sorriu a ele.
- Pra nunca faltar, é claro.

- Uhum. - Katsumi riu baixinho e sorriu a ele, porém cessou a deslizar uma das mãos pela barriga, suspirando. - Iie, tudo bem... - Disse, antes que ele se aproximasse. - Estou com dores desde manhã.
- Tem tomado o chá que a Ryoko fez pra você? - Indagou, observando sua barriga escondida pela roupa.
- Hai. Aquilo é extremamente ruim, mas sim.
- Tomou hoje?
- Hai... Ah...- É melhor você se sentar um pouco.
- Iie, tudo bem. 
- Sente-se, Katsumi.
- Iie... - Katsumi murmurou, apoiando-se no balcão e logo retomou a postura. - Tudo bem.
- Mas que inferno, não seja teimoso.
- Ora, eu não sou mulherzinha, já passou... - Murmurou, contendo a expressão dolorida na face.
- Certo, vou ignorar quando sentir dor.

O menor assentiu e manteve a postura a observá-lo, mesmo embora dolorido no abdômen e contraiu-se, inclinando-se para frente logo em seguida. Ryoga cruzou os braços a fitá-lo, como quem dizia mudamente que havia avisado ou pasmo com sua teimosia.
- O que foi, moça?

O menor estreitou os olhos e uniu as sobrancelhas em seguida.
- Me leve pro hospital...
- Por que? Está com dor? Vou levá-lo para casa.

- Iie... - Murmurou e uniu as sobrancelhas novamente. - Um médico, Ryoga...
- Venha, vou levá-lo.
Ryoga levantou-se e bebeu de uma só vez o vinho. Logo cruzou o balcão e o levou consigo até o carro, não deu satisfação a ninguém, mas ligaria quando enfim chegasse ao destino. Katsumi assentiu e seguiu para fora junto dele, e preocupou-se em fechar o casaco sobre o kimono em frente ao corpo, não deixando ninguém ver a barriga já bem aparente, não queria que soubessem, não porque tinha vergonha, mas porque ele poderia ter de si, não era bem uma esposa bonita e maravilhosa para ele. Sentou-se no carro e suspirou, mantendo-se em silêncio até ele adentrar o local.

O maior ajeitou sua roupa, visto que ele mesmo parecia se importar com isso. E levou-o consigo até o carro, abrindo a porta e tão logo deu passagem a ele assim como vasão ao banco de motorista para si e entrou, seguindo até a casa do médico conhecido para isso.
- Desculpe... Pode me deixar aqui e voltar ao restaurante, sei que não funciona sem você...
O menor murmurou e não demonstrava, mas doía tanto, que já sentia as pequenas gotas de suor que eram expostas pelos cabelos colados à pele.

- Não seja idiota.
Disse o outro e tão logo se ponha a dirigir tão rapidamente que logo chegou e levar consigo o moreno até o médico responsável por ele. Katsumi assentiu, fechando os olhos por um segundo e apertava o kimono entre os dedos, o obi já solto e logo saiu do carro, acompanhado por ele e não segurou sua mão ao sair, embora tivesse certa dificuldade.

Ryoga deu-lhe apoio pelo ombro, levando-o até o pronto atendimento, deixando-o portanto às mãos do responsável que o recebera indicativo logo na entrada de sua casa. O maior seguiu junto do outro, meio desajeitado, e ainda em silêncio, vez ou outra revirava os olhos apenas, ou fechava-os com força. Segurou-se nele, mesmo ao chegar na porta e observou o rapaz de cabelos compridos que atendera a si, acompanhado de outro que parecia uma versão em miniatura dele, de cabelos igualmente negros.
- Faremos aqui mesmo?
Tem uma sala especificamente para isso, não é como uma grávida humana.
Disse o maior, após encaminhado junto dele ao lugar, onde o ajudou se deitar. Katsumi a
ssentiu e seguiu junto dele pelo elevador até o andar indicado e ao adentrar a porta, passou pela sala e viu o pequeno garotinho que brincava a desenhar algo no sofá. Abriu um pequeno sorriso, para si mesmo e adentrou a sala indicada pelo outro, observando os aparelhos, e odiava hospitais, causavam uma sensação horrível em si. Negativou, não diria a ele que tinha medo, obviamente e puxou o obi, retirando-o e entregou a ele.
- Ryoga... Não quero que me veja assim...
Murmurou, puxando o kimono a fechá-lo novamente, já havia um tempo que não fazia sexo com ele, justamente por aquele motivo.

- Assim como? Grávido?
O maior indagou e puxou sua roupa, retirando-a junto de suas delongas, deixando-o como indicado pelo menorzinho após ajudá-lo a se acomodar aonde necessário.

- Iie!
Katsumi falou a ele ao senti-lo puxar o kimono e encolheu-se, tentando esconder alguma coisa, inutilmente e deitou-se logo na mesa, após colocar aquela roupa horrível e desconfortável, tudo a mostra. Sentiu-o cobrir a si com o cobertor e desviou o olhar da face do outro, tentando evitar o contato devido a vergonha que tinha.

- Você prefere que eu saia daqui? - Indagou ante seu desconforto evidente, não físico.
O menor desviou o olhar a ele e negativou, mantendo-se em silêncio após a pergunta.
- Esperem só um segundo, vou buscar a injeção pra você. - Disse o menorzinho.
Ryoga assentiu ao garoto e voltou atenção ao rapaz.
- Tem certeza? Me parece querer que eu saia, ao mesmo tempo não quer.

- Tenho vergonha... Só isso. - Katsumi murmurou e logo observou o pequeno de cabelos negros adentrar a sala correndo e carregando consigo a seringa que estremeceu só de olhar. - Eu vou ter que tomar isso? Não posso fazer sem? 
- Ah, Iie, você é homem, Kaname vai ter que abrir você, se fosse uma mulher até poderia, mas... Você vai desmaiar de dor de fizer sem.
O menor assentiu e uniu as sobrancelhas, sentando-se e inclinou-se a deixar que o pequeno aplicasse em si, nas costas e parecia pior do que imaginava ficar naquela posição constrangedora. Fechou os olhos e apertou o lençol colocado sobre si, sem ter o que apertar ao sentir a agulha perfurar a pele.
Ryoga observou junto a ele o tamanho da agulha generosa, até arqueou a sobrancelha descrente daquele tamanho, no entanto o mal necessário, levou a mão até ele, dispondo-a esperando que servisse como algum tipo de apoio ou consolo.
O menor desviou o olhar à mão dele entregue a si e demorou alguns segundos para segurá-la, observando-o em seguida e agradeceu com um manear de cabeça, apertando-a sem muita força até o fim da injeção e deitou-se, porém ainda segurava sua mão, tinha medo, mas não diria a ele. 
- Certo, tudo pronto?
O maior assentiu por ele diante da pergunta e aceitou do menorzinho o banco que deixou perto dele no início do parto. Sentou-se, ficando perto dele, dando atenção a ele unicamente ao rosto e não ao restante de seu corpo.
Katsumi assentiu igualmente e desviou o olhar do médico que iniciava os procedimentos, observando o outro ao lado de si e ergueu as mãos como indicação dele, mantendo ambas lado a face, porém uma delas, mantinha a segurar a dele, apertando-a sutilmente ao sentir alguma sensação estranha pelo corpo, e era estranho ter alguém abrindo a si, meio dolorido de certo modo. Os olhos cruzaram os dele poucas vezes, mas quando o fez, sentiu a face se corar, parecia bem firme o tempo todo, mas se ele pudesse ver abaixo disso, veria alguém que só precisava de um pouco de carinho e atenção. Uniu as sobrancelhas a observá-lo e suspirou. Era uma cirurgia complicada, e o doutor parecia ser um humano transformado, não achava que ele fosse muito experiente, mas era bem atencioso, e o menorzinho, parecia ser seu companheiro, que observava a si com um pequeno sorriso compreensivo.
- Eu...

O contrário dele, Ryoga continuou a observá-lo mesmo com o cheiro forte de sangue no local, o que indicava o início do procedimento cirúrgico. Notou seu rosto um toque tímido e com a mão livre tocou seu cabelo escuro.
- Vai ficar tudo bem.

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