Nowaki e Tadashi #24


Tadashi abriu os olhos, piscando algumas vezes e o quarto estava escuro, obviamente, já que tinha cortinas grossas e pesadas, embora já tivesse amanhecido, e havia acordado não pelo horário, mas sim porque havia ouvido um barulho no andar de baixo, como uma porta abrindo. Uniu as sobrancelhas, esfregando os olhos e sentou-se.
- Nowaki?
Falou, observando o quarto vazio e levantou-se, provavelmente ele estava no andar de baixo, o que não havia notado, é que já havia começado o horário de serviço dele e certamente havia deixado a si ali porque estava dormindo e não queria acordar para mandar embora.
Observou o local da porta, ainda meio sonolento e colocou a própria calça que estava no chão, não sabia que horas eram, mas já eram duas da tarde, já devia ter acordado há um tempo. Iría abrir a boca novamente, porém antes que pudesse, ouviu a voz feminina no andar de baixo e fora quando arregalou os olhos, acordando na hora de quaisquer devaneio e se escondeu dentro do quarto.

- Nowaki, eu já estou aqui, vou pegar algumas roupas no quarto, tomar um banho, me diga a hora que você chegar.    
- Ai caralho...
O rapaz colocou 
a camisa, quase voando para fora, o problema é que teria que sair pela janela já que ela já subia a escada e porra, estava no segundo andar. Abriu a janela, devagar, saindo do local, parecendo um amante de uma mulher infiel, quando na verdade era o contrário, era o marido quem era o infiel, e observou o telhado alto demais para pular dali. Negativou consigo, tateando o bolso e havia esquecido o celular dentro do quarto... Se tocasse estava morto, principalmente se o outro decidisse ligar para si. Foda-se.
Caminhou pela telha, devagar até o outro quarto ao lado, porém a janela estava fechada e resmungou, xingando-o por isso. Seguiu pela telha, devagar, pisando calmamente para não despencar e conseguiu pegar uma parte mais baixa do muro, no qual desceu e no qual caiu também, por sorte em cima de um arbusto, por azar, com espinhos e gemeu dolorido, paralisado, estirado ali, por sorte nenhum havia pego no olho.
Levantou-se meio devagar, dolorido pelo tombo e retirou alguns espinhos do braço, do rosto, sentindo as gotinhas de sangue que escorreram da face e emputecido seguiu pela rua em direção à clinica e pegou um ônibus para conseguir chegar ao local.
- Ahn... Valeu pela carona, desculpa não poder pagar, 
minha carteira sumiu.
Falou ao motorista e realmente havia deixado a carteira na casa dele, talvez o homem houvesse ficado com pena de si pelo rosto machucado. Falou com os seguranças da porta, adentrando o local e seguiu diretamente para a sala dele, de olhos estreitos e bateu a porta ao entrar.
- Porra, Nowaki!

O moreno ergueu a direção visual, voltada do papel sobre a mesa até o rosto do causador dos ruídos vindos da porta ao adentrar a sala. Por algum tempo, permaneceu a encará-lo, pasmo, sem entender a maldição que lhe havia sobrecaído, afinal, parecia um mendigo. Tinha as roupas amarrotadas, o cabelo meio amassado, porém bem ajeitadinho apesar de tudo e usava um tipo de chinelo com a ponta fechada e sola esquisita, algo que certamente não era dele. Talvez algo comprado no meio do caminho com algum pouco dinheiro, ou seja lá o que fosse aqueles calçados, talvez pantufas. E tinha o rosto cheio de picadas, algo que mais pareciam cravos e não teve problemas em pensar nos espinhos.
-  ... O que? - Indagou, fitando-o ainda paralisado, pasmo.
- ... Por que você não me acordou, caralho? Eu estava dormindo todo tranquilo quando sua noivinha entrou na casa e quase me matou do coração, porra! Tive que pular a janela antes que ela me visse, acabei escorregando e caindo em cima dos malditos arbustos que você tem no jardim.

Nowaki se levantou no entanto, após longos minutos a encará-lo ali, com o rosto respingado e pequenos pontos escuros. O que fez ao sair de trás da mesa foi buscar uma pinça, álcool e algodão. Mordeu o lábio inferior e aos poucos passou a imaginar a situação enquanto o acomodava no banco defronte a si, sentando-se.  Higienizou sua pele com o algodão e álcool, limpou o material de uso.
- A Megumi está trabalhando, Tadashi.

Tadashi sentou-se numa cadeira como indicado, vendo-o higienizar as coisas e estreitou os olhos negativando.
- Ela disse que tinha chego, ia tomar um banho e perguntou que horas você ia chegar.

- A Megumi está na clínica, Tadashi. Quem me ligou foi minha irmã, ela que está em casa.
- Irmã...? Mas que irmã?
- Minha irmã.
- Mas nem sabia que você tinha irmã. Mesmo assim, ela sabe que você tem noiva, se me encontrasse na sua cama, o que ia pensar?
- Ela não ia entrar no meu quarto, Tadashi. A casa tem outros três quartos.
O maior disse e tentou se concentrar no que fazia, tentou evitar o sorriso que achava graça, mas aos poucos ele surgia. 

- Filho da puta, você está rindo! Ai! - Falou ao senti-lo puxar um dos espinhos do rosto.
Nowaki riu ainda mais ao notar que por fim já havia percebido. E até parou um pouco com a atividade.
- É claro. Você pulou a janela do quarto, veio sem sapato, está parecendo um adolescente com acne.

- ...Está muito feio? Ah meu Deus, meu rosto. - Falou, tocando o local ainda machucado e uniu as sobrancelhas. - Por que você não me disse, seu!
- Ah, como eu ia imaginar que você ia pular do segundo andar?
O moreno indagou e voltou a rir, e higienizou sua pele outra vez, tirando mais alguns dos espinhos e após terminar, limpou e passou a pomada, espalhando-a em seu rosto. Mas cessou o riso, imaginando o fato de que havia pulado, e de algum modo não imaginava que ele faria aquilo para evitar ser visto pela noiva. Imaginava que talvez fizesse questão de ser visto e assim acabasse com o relacionamento. E por fim acariciou seus cabelos.
- Não fica feio.

Tadashi sentiu a pomada ser passada pelo rosto e fechou os olhos, imaginou que estivesse inteiro branco e por fim suspirou, meio irritado, desviando o olhar a ele e deu um sorrisinho de canto.
- Agora vai ter que me apresentar pra sua irmã.

- Vou nada, iria se você estivesse lá. Mas você saiu então não tem o porquê.
- Eu subo até o segundo andar de novo. - Riu. - Eu bati a cabeça.
- Mas sua cabeça sempre esteve meio batida. - Riu baixinho e afagou-lhe a cabeça.
O menor estreitou os olhos e Nowaki deu-lhe uma picadela.
- Você já pode ir.

- Não quero ir, vou pra onde?
- Ora, não vai mais trabalhar?

- Hoje estou de folga, achei que ia ficar com você em casa...
- Tudo bem. Você quer tomar banho?
- Com você ou sem você?
- Estou trabalhando. Você pode tomar banho aqui na clínica e deitar num quarto enquanto eu não termino.
- Hum, parece chato.
- Não é chato, vai ficar somente umas horas.
- Mas eu acabei de acordar.
- Mas então vai ter que me esperar no carro.
- Ahh... Não. Vou tomar banho.
- Então faça o seguinte, tome banho e busque um lanche pra mim.
Tadashi estreitou os olhos.
- Claro, amorzinho.

- Eu deixo você ir com o carro.
- Vai confiar num drogado pra dirigir?
- Você não está usando drogas.
Tadashi sorriu.
- Só não venda meu carro para traficantes.
- Pode deixar. -Riu. - E fique você sabendo que eu só pulei a janela porque eu estava acordado... Porque se eu estivesse com preguiça, nunca teria feito isso. Não espere que eu faça de novo!
- Ah, imaginava que era capaz de pular com sono e não acordado, então está ótimo.
O menor estreitou os olhos.
- Hum.

- Você quer ir na sua casa pra colocar roupas melhores e um sapato?
- Hum, vou dar uma ida lá. Tem certeza que me deixa pegar seu carro? Eu posso ir de ônibus.
- Bom, se você souber dirigir e não demorar, porque daqui duas horas eu estou saindo.
- Eu não tenho carteira, mas...
- Você sabe dirigir?
- Sei.
- Então vai, mas vá devagar. Se correr eu vou saber, praguinha.
- Hai. - Sorriu e estendeu a mão esperando a chave.
Nowaki seguiu até a mesa e tirou da gaveta as chaves junto ao alarme do veículo. Entregou a ele em seguida. O menor sorriu e pegou-as, aproximando-se dele a lhe selar os lábios.
- Obrigado, papai.

- Não gosto do apelido. - Disse após o beijo que ganhou.
- Por quê?
- Porque não. Vá logo, criança.
- Ela te chama assim? - Riu.
- Lógico que não.

- Hum. Certo.
- Vai logo, seu tempo está acabando.
- Hai. - Levantou-se e sorriu a ele, meio de canto.
- Me traz um lanche calórico hoje, certo?
- Hum, Mc Donald's?
- Escolha algo.
- Ta bem. - Sorriu. - Até logo.
- Até depois. Não demore.

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