Tsuzuku e Koichi #20


Koichi desviou o olhar pelo quarto, observando a taça de vinho sobre o móvel ao lado de si, vinho que havia misturado ao sangue e virou a pagina do livro a levar vez ou outra a bebida aos lábios, atencioso ao que lia, coberto pelo espesso edredom mesmo que não sentisse mais tanto frio como antigamente, o clima ali era extremamente estranho, era como se estivesse sentado num bloco de gelo o tempo todo. Tsuzuku era ótimo consigo, mas não passava muito tempo em casa, então tinha que se virar sozinho quando ele não estava, aprontar a própria comida, roupa e tarefas diárias, e não tinha muito a mania de exercer aquele tipo de tarefa.

- O que está lendo?
Indagou o maior de onde sentado, na poltrona bem no canto do quarto, e viu-o se voltar depressa ao portador da voz, como bem exposto que sequer havia notado algo ali. - Submerso à leitura?

O menor desviou rapidamente o olhar ao outro e uniu as sobrancelhas.
- C-Como entrou aqui?

- Entrando. Por algum buraco da casa.
Koichi riu baixinho.
- É um livro bobo.
- E você lê um livro bobo?

- É só um livro de historias. - Fechou o livro a marcar a pagina. - Precisa de mim para alguma coisa?
- Livro de que tipo de histórias? - Tsuzuku caminhou até a cama e sentou-se à beira. - Nada especifico, só vim vê-lo.
O menor observou-o ao ouvi-lo e abriu um pequeno sorriso, expondo o livro a ele com a capa dourada e a escrita "Alice no país das maravilhas".
- Hum... Que menina adorável.
- Eh? E-Eu gosto de histórias...
- É mesmo? Te darei algum livro.
- Hai. - Sorriu, selando-lhe os lábios. - Veio só me ver mesmo?
- E por que não?
- É... É que geralmente vem em busca de algo mais...
- Sexo?
- Isso.

- Hum, talvez, se eu tivesse algum tempo.
- Gosto do fato que tenha vindo para me ver apenas.
- Hum? E por que?
- Porque ninguém nunca fez isso. - Sorriu. - Dono... Eu posso ter um gato?
-
 Dono? E ter um gato?
- Você é meu dono, não é? - Sorriu. - Hai... Igual esse. - Abriu o livro a mostrar o desenho do gato em uma das paginas.
- Claro, vou comprar um gato e enviá-lo ao salão de beleza.
- Não... Eu pinto ele.
- Uh... Você era mesmo um dançarino? Foi ilusão de ótica, só pode.
- Hum?
- Sua forma ingênua de agir.
O menor uniu as sobrancelhas.
- Posso?
- Hum, vou pensar no seu caso. Por hora alguns livros vão distraí-lo enquanto eu não estiver.
- Hum... Queria ter mais tempo com você.
- Logo terá, eu virei vê-lo, não se preocupe. Está se alimentando bem?
O garoto desviou o olhar a ele, e sabia o porque da pergunta, se alimentava do próprio sangue, apesar de não ser mais um humano, era um doce capricho para ele, um sangue nem tão humano, nem tão vampiro e por fim assentiu e observou a mão dele ser estendida em direção a si, obrigando o pequeno a tomar seu espaço próximo a ele, em meio as suas pernas. A respiração suave do moreno fora sentida contra seu pescoço, devagar, soprando e de uma vez, as presas foram cravadas em sua pele branca e límpida.
A sucção foi feita por um longo minuto que pareceu um ano inteiro para o garoto, os gemidos estavam presos em sua garganta e até chegou a derrubar o livro no chão, talvez a realidade não fosse tão boa quanto a ficção, pensava enquanto sentia todo o sangue ser levado do corpo, e num último beijo suave contra a pele, o moreno desapareceu, deixando o corpo dele, fraco, sobre a cama.

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