Nowaki e Tadashi #23


Tadashi suspirou, a brisa estava gostosa no dia cinza, choveria certamente mais tarde, mas por enquanto estava seguro em frente a cafeteria, e sentou-se numa mesa mesmo do lado de fora, pedindo um café enquanto observava a clínica e seus portões dali, não podia vê-lo, mas imaginava o que ele estaria fazendo, mexendo nos papéis, almoçando com ela, tudo bem, não tinha problema. Observou o cardápio e escolheu mais um pedaço de bolo para acompanhar a bebida que não era muito fã, mas tomava e distraído observou o celular, não havia recebido nenhuma mensagem dele, nem de ninguém, mas voltou a atenção a frente, ao ver alguém se sentar consigo e arqueou uma das sobrancelhas.
- Jun? 

- Tadashi. - Sorriu. - Como está? É bom ver você fora da clínica, parece ótimo.
- É, eu estou... Você também parece bem.
- Estou largando as drogas. - Ajeitou os cabelos.
Tadashi sorriu de canto.
- Que bom.

- E o doutor? Tem visto ele? Sinto muito pelo que houve aquela vez.
- ... Ah... Estou vendo ele vez ou outra, nada demais.
- Você está trabalhando?
- Estou sim, numa cafeteria.
- Aqui?
- Não, eu venho aqui pra ficar mais perto do Nowaki, trabalho há algumas quadras daqui. 
- Entendi. Vejo que ainda não se esqueceu do Nowaki, certo? - Sorriu.-  Então estou fazendo papel de idiota sentando com você.
- Achei que estava sentado só pra conversar.
- Tadashi, esqueça esse cara, ele não liga pra você.
Nowaki observou o garoto, deitado e acomodado em sua cama. Bem, ele era realmente muito mais fácil de se cuidar do que seu amigo, Tadashi. Tinha cabelos curtos e desfiados, um pouco arruivados. Era magro e pálido, afetado pelas drogas, mas era dócil, ainda que vez outra um pouco agressivo pela falta das drogas, mas ele parecia gostar de estar alí. Parecia gostar de ter um horário certo pra comer, e parecia gostar ainda mais da expectativa de saber o que havia no cardápio do dia. Seu quarto era sempre organizado, e ele preferia ficar dentro dele, exceto quando a ansiedade por alguma droga tomava conta de si, e era aí que saia para ter uma crise, exceto isso, havia se instalado bem por lá, desde o dia em que o obrigou a entrar, e de fato havia mentido para ele sobre sua saída, mas queria ajudá-lo. Era jovem, e parecia tão fácil de se manipular, apesar de não conhecê-lo muito bem, olhava-o e era assim que podia enxergá-lo. Sentou-se por um minuto e conversou com ele que se ajeitou na cama, trocou algumas palavras a verificar seu estado médico, atualizando sua ficha. E parecia bem, embora um pouco trêmulo naquele dia. Mas parecia feliz em saber que seu café da tarde teria biscoitos amanteigados. Após deixá-lo ali, observou o relógio que dava fim ao turno, buscou as próprias coisas no consultório médico e deixou a clínica, com intenção de seguir até a cafeteria onde trabalhava o ex-paciente. Queria um café. Desalarmou o carro por fim, de longe mesmo, mas ao fazer menção de dobrar a esquerda e seguir ao estacionamento, notou uma figura conhecida, ou melhor, duas delas. Não entendia realmente porque o garoto ia naquele lugar, saia do trabalho e passava noutra cafeteria em seu horário de intervalo? Qual era a lógica? Pensava. Mas no entanto fitou a quem lhe fazia companhia. Ambos pareciam bem. E se ele estava ali, não tinha porque ir até onde trabalhava, e na verdade não entendeu muito bem porque havia pensado dessa forma, já que ia por um café, ou talvez não fosse bem assim. Guardou no veículo o que levava em mãos, mas logo seguiu caminho até a cafeteria, parando ao lado de ambos os garotos e por fim imaginava o que eles faziam ali. - Tadashi. Jun.
O menor uniu as sobrancelhas ao sentir o garoto esticar a mão e tocar a própria e fora exatamente nesse momento que ouviu a voz do outro ao lado de si, desvencilhou-se do toque, que não fazia questão.
- Nowaki... Mas... - Olhou o relógio e desviou o olhar a ele. - Achei que ainda ia demorar pra sair.

- Não tenho exatamente turnos regulares. - O moreno disse a ele, no entanto observando o modo como sorrateiramente deslizou a mão sobre a mesa, tirando-a do alcance de seu amigo. Embora não fizesse para si alguma diferença, aborrecia-se sozinho, mas somente admitia para si mesmo. - Como vai, Jun?
- Estou bem. - O garoto sorriu. - E você? Não achei que o veria novamente, mas pelo visto...
Tadashi Ssrriu, meio nervoso a observar o outro sentado em frente a si.
- Sente, Nowaki, o Jun já estava de saída, certo?

- Hum, está me expulsando é?
- Hum. - Assentiu.
- Bom, você está em frente a clínica, é bastante óbvio que vá me encontrar. - Disse o médico, fitando o rapaz e deu-lhe um sorriso. Mas negou a sugestão do louro. - Tadashi, vamos?
O menor desviou o olhar a ele e assentiu, levantando-se.
- Tchau Jun.

- Hey, não vai me dar nem seu telefone?
Nowaki seguiu com ele a menção de ir em saída da cafeteria, mas indagado por seu amigo, não disse nada, fitou-o de soslaio, esperando-o respondê-lo. 
- Iie, eu já disse que não tenho interesse, Jun.
- Por favor, Tadashi, sabe muito bem do que eu disse.
Tadashi negativou e puxou o braço, que fora segurado pelo outro, unindo as sobrancelhas.
- Estou com o Nowaki, Jun.

- Bem, eu sei onde te encontrar.
- Que enrolação vocês dois, parecem colegiais. Resolvam logo isso.
O menor negativou e segurou a mão do outro, mostrando o dedo do meio a Jun que riu ao invés de se irritar.
- Vamos.

Nowaki desvencilhou o toque na mão e o segurou no ombro, levando-o consigo para saída da cafeteria, deixando-a. E a partir dali, seguiu igualmente em silêncio, até o estacionamento onde buscou o veículo e adentrou, abrindo por dentro a porta do outro lado, para ele. 
Tadashi seguiu junto dele para fora e já sentia o arrepio percorrer o corpo ao pensar que ele podia estar irritado consigo ou achar que a culpa era própria. Parou em frente ao carro e engoliu em seco, adentrando-o e colocou o cinto. O maior ligou o carro, dando partida logo.
- O que veio fazer aqui?

- Vim só tomar um café mais perto de você.
- E o Jun?
- Ele apareceu de repente e sentou.
- O que ele queria?

- Meu telefone aparentemente.
- Só isso?
- Sim, eu não falei nada com ele, ele só me disse que devia desistir de você porque você não dava a mínima pra mim.
- Uh.
Nowaki murmurou em compreensão, e imaginava que certamente havia citado aquela parte em específico propositalmente. Tadashi desviou o olhar.

- Mas eu não dou a mínima pra ele.
- Eu sei. - Disse, continuando o caminho. - Você vai voltar ao trabalho?
- Iie, fui dispensado por hoje.
- Quer que eu o deixe em casa ou quer ir comigo?
- Quero ir com você. - Sorriu, meio de canto.
- Sente fome?
- Hai, sempre.
- Aonde quer comer?

- Na sua casa. - Sorriu.
Nowaki se voltou-se a ele, fitando-o de canto, mas voltou a atenção novamente a direção.
- O que você quer comer?

- Qualquer coisa. Eu cozinho macarrão pra gente.
- Tudo bem.
Disse o maior e não se demorou para logo estacionar em casa. Após parar, pegou o que tinha dentro do carro e deixou o veículo junto a ele. Abrindo a porta a dar-lhe passagem ao local onde já visitado por ele, várias vezes. Deixou as chaves no hall, e desabotoou os botões iniciais da veste. Dobrou as mangas da camisa até os antebraços e seguiu ao bar, selecionando uma garrafa de vinho que levou junto as taças até a cozinha. Deixando-as acima do balcão, e após abrir e sacar a rolha, serviu os cálices.
Tadashi seguiu junto dele para dentro de casa, observando o local já conhecido, onde seguiu diretamente para a cozinha e manteve-se meio silencioso a observá-lo, ainda estava com um pouco de medo do modo serioso como ele estava agindo, não sabia como ele reagia quando tinha raiva ou ciume, ciume? Estava com ciume de si? Sorriu, consigo mesmo e colocou a panela com água para esquentar no fogo.
- Tem massa fresca.
O maior disse a ele e indicou a massa a ele. Pegou igualmente os ingredientes para formular o preparo do molho, o qual assumiu. Mas antes, seguiu a ele e entregou a taça de vinho a ele, tomando posse da própria, num trago. 
Tadashi assentiu e abriu a geladeira, pegando a massa e prepararia o molho vermelho mesmo, observando-o enquanto tomava o vinho.
- Tudo bem?
Nowaki deixou por um momento a taça de vinho ao lado e iniciou o pré-preparo do molho, tipo sugo. Voltou-se de soslaio, a fitá-lo canteiro, mesmo ainda atencioso ao que fazia com as mãos. Não havia realmente entendido sua pergunta.
- Sim, por quê?

- Pelo Jun, sabe que eu não quero nada com ele... Aquele dia, eu só... Estava meio triste e ele me disse pra imaginar você.
O moreno o fitou novamente, impassível sobre o que dizia na verdade. Ou melhor, até achava o assunto ruim, mas não era algo que queria transparecer.
- Tudo bem, não estou bravo.

- Desculpe. - Murmurou, desviando o olhar, e realmente, ficava envergonhado.
- Acho meio estúpida a ideia de falar que fez isso pensando em mim, no entanto eu sequer estava pensando nisso.
- Hai, só queria pedir desculpas. Não achei que era errado na época.
- Não é errado transar com ele se é o que quer, errado é me usar como pretexto. Porque é como eu te disse, então transaria com qualquer um que dissesse "Finja ser o Nowaki"?
- Eu sei que não, mas eu gostava de você e você não me queria, ele veio ao meu quarto, eu não quis, mas ele me disse pra fechar os olhos e imaginar você.
- Certo, certo. Eu entendi.
Disse o maior e levou os tomates ao fogo. Tão logo deu uma pausa para o vinho. Tasahi a
ssentiu e abaixou a cabeça, porém desviou o olhar a ele logo em seguida.
- Você sente ciúme de mim.

Nowaki se voltou a fitá-lo mesmo através da taça de vinho fronte aos lábios, e que repousou no móvel onde a garrafa descansava. Olhou-o como quem não via graça alguma no que dizia. O menor sorriu.
- Eu gosto de saber disso, quer dizer que gosta de mim.

- Eu estou normal.
O maior disse, sem ter muito o que dizer contra aquilo. E voltou a atenção ao alimento no fogo. Tadashi s
orriu novamente e colocou o macarrão na panela. Nowaki o fitou sutilmente, analisando aquele sorriso leve, prepotente, pensava, embora realmente não fosse aquilo. Ele parecia bem naquele dia, e parecia bastante sensível ao mesmo tempo, nada rebelde como normalmente.  O menor retirou logo o macarrão da panela, colocando-o num bowl para servir com o molho e deixou ao lado.
- Por que está na defensiva hoje? - Indagou o maior, diante de seu modo delicado ao agir desde que o encontrou na cafeteria.
- Defensiva? Não estou, ora.
- Parece sensível hoje. Algo aconteceu?
- Não, estou normal.
- Uh.
O maior murmurou num meio riso, que soou nasal e sutil. Na verdade, era comum para ele agir de qualquer forma, as diferenças não era ele quem via, mas sim a quem estivesse a seu redor. Ao terminar, buscou o molho, coou e tirou as peles do tomate, adicionando mais uma polpa para encorpar, logo serviu o molho vermelho e fervente sobre a massa já pronta, finalizando o preparo.

- Hum, isso parece uma delicia.
Tadashi murmurou e experimentou com um garfo, mesmo na panela, sabendo que provavelmente ia levar uma bronca.

- Hum, isso parece uma delicia. - Murmurou e experimentou com um garfo, mesmo na panela, sabendo que provavelmente ia levar uma bronca.
- Esse garfo está limpo ou já o colocou na boca antes? - Indagou ao vê-lo provar a comida.
- É limpo. - Riu.
- Hum, assim espero.
O maior disse e trocou a refeição de recipiente, servindo-a num grande bowl preto e parte interior vermelha, deixando as louças usadas para o preparo, na pia. Seguiu posteriormente a geladeira e pegou o pedaço de queijo que ralou rapidamente e colocou num bowl semelhante ao outro, porém de tamanho bastante inferior e serviu à mesa, sentando-se por fim junto a ele e pegou mais do vinho, terminando o conteúdo da taça a servi-la e completá-la novamente logo após. 

Tadashi se sentou junto dele à mesa, sorrindo ao ver o jantar e bebeu pouco mais do vinho.
- Você já viajou para a Itália?

- Já fui por um tempo breve. - Disse e serviu o garoto, colocando sua porção e serviu o queijo por cima. - Coma.
O menor sorriu e aceitou o macarrão.
- Está quieto hoje.
Nowaki se serviu do mesmo modo e pegou o talher o qual usou para experimentar inicialmente o espaguete. E dosou generosamente o queijo ralado por cima.
- Não realmente. Só me aborreci com o Jun, ele fala como se tentasse me incomodar.

- Ah, esquece isso, ele é um idiota. - O menor falou a ele e experimentou o macarrão de mesmo modo. - Depois eu te animo um pouquinho, hum?
- Ah, esquece isso, ele é um idiota. - Falou a ele e experimentou o macarrão de mesmo modo. - Depois eu te animo um pouquinho, hum?
Nowaki o fitou e no entanto não disse nada sobre a última parte.
- Por falar em ex-pacientes, seu amigo continua na clínica.

- Eh? O Hiro?
- Sim. Ele parece gostar de lá. Devia tê-lo colocado na época em que você estava lá, teria sido mais fácil por conhecer ele.
- Ele gosta de lá? Mas ele vivia em festas...
- Ele tem algumas recaídas por abstinência. Mas ele fica no quarto o tempo todo, assiste televisão e gosta de ter horário pra comer. Acho que no fim ele vai as festas porque é a vida que tem, mas de alguma forma, gostaria de ter uma rotina pra cumprir.

- Hum... Ele é meu amigo desde que saí de casa, fico feliz que esteja bem.
- Vá para a clinica e entre para vê-lo além de tomar café ali na frente.
- Hai, eu vou sim.
- Não entrei porque não queria dar de frente com ela de novo, enfim, você sabe.
- Apareça por lá. Amanhã eu não trabalho, mas depois de amanhã. - Disse a mais uma garfada no macarrão e uma dose de vinho.
- Hai. - Sorriu e igualmente continuou a comer e beber o vinho. - Hum, oishi!
- Pode passar o dia aqui amanhã. Desde que não tenha trabalho.
- Posso? - Sorriu. - Eu não trabalho no domingo.
O maior assentiu portanto e deixou a taça de vinho ao lado após tragar novamente. E sobre o macarrão voltou a adicionar o queijo.
- Nossa, você gosta mesmo de queijo, hum? - Riu. - Você está tão bonito hoje, Nowaki...
Tadashi murmurou, observando-o e deslizou uma das mãos pela mesa, alcançando a dele e tocou-a sutilmente sobre o dorso.

- No macarrão sim, alguém me deu essa mania. Nunca soube fazer um "lamen" que fosse realmente bom, e uma pessoa me ensinou como fazer, e como tinha sabor de tomate, costumava colocar o queijo, acabei me habituando a isso, agora como mais queijo no espaguete e no lamen do que o macarrão em si.
Nowaki disse, mas sentiu o toque sobre a mão, em seu típico elogio. Estava como sempre, e ouvia-o dizer como sempre. Tocou sua mão igualmente numa carícia, mas foi breve antes de soltar a fim de dar atenção ao jantar.

O menor desviou o olhar a mão dele, sentindo sua carícia sutil e logo soltou-o igualmente, sorrindo para si mesmo e voltou a comer até terminar o jantar e o vinho. Gostava dele, mas teria de conquistá-lo, e sabia que ele não era acostumado a olhar um homem e achá-lo atraente, talvez não fosse nem bonito para ele, mas esperava que ele pudesse achar depois de conhecer a si.
Nowaki pegou a garrafa de vinho e serviu mais da bebida a ele. Finalizou logo consigo o jantar, mas permaneceu à mesa, continuando com o vinho.
- Você voltou a ver a dona da pensão onde dormia?

- Iie, não voltei mais lá. - Murmurou a ele, observando-o. - Por quê?
- Ela quem veio pedir por você na clínica.
- ... Eu passo lá quando sair daqui.
- Consegue ir lá sem perder o juízo?
- Não vou brigar com ela, vou agradecer.
- Não estou falando disso. Sabe que tem drogas por lá.
- ...
Tadashi cerrou os punhos sobre a mesa e abaixou-os, escondendo-os dele, assentindo somente. O maior o f
itou, certamente ainda esperando por algo mais convincente.
- Eu vou levar o maço de cigarros, vou ficar bem.
- Ligue pra ela, peça que te encontre.
- Hai... Acho que é melhor.
- Ela ficará feliz em ver você.
O menor sorriu a observá-lo e abaixou a cabeça, observando a mesa.
- O que foi?
- Abstinência é uma merda. - Riu baixo.
- Você não está mais em fase de abstinência. Já deveria ter passado. Já fizemos uma desintoxicação em você, mais de uma por sinal.

- Eu sei, eu sei, mas usei por muito tempo...
- Entendo. Mas fique longe disso portanto, você tem ficado melhor, tem comido bem.
- Não me importa. Se eu voltar a usar, eu perco você e isso é o mais importante pra mim.
Nowaki o fitou por um instante mas sorriu, e levou a mão em seus cabelos, os afagando, os bagunçando como desde o início em que o conhecera. Tadashi sorriu igualmente e fechou os olhos, apreciando a carícia.
- Eu posso passar a noite aqui, ou...

- Se eu disse que pode ficar o dia de amanhã aqui, é claro que não vou mandá-lo ir embora e depois voltar.
O menor riu e assentiu.- Hum... - Mordeu o lábio inferior. - Eu quero fazer algo gostoso pra você comer.
- Fique a vontade. - Disse, indicando a cozinha.
Tadashi sorriu.
- Ta bem, eu vou fazer algo. - Levantou-se e beijou-o no rosto.

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