Kaname e Shiori #15


Como estavam as funções vitais de Kaname? Numa imensidão branca e imaculada, não pensava. Não tinha nada em mente. Não respirava, tinha ciência disso e ainda assim, não sentia necessidade de fazê-lo. A dor nos órgãos como se destroçassem todos eles internamente, poderia urrar de dor, mas não conseguia, sequer tinha alguma feição que pudesse expressar a dor. Sentia-se entorpecido, um suor frio que não tocava a pele, era confuso demais. A dor não incomodava, mesmo que quisesse gritar e se dopar para que fosse embora. Sentia-se invadido, como se fios corressem por todo o corpo, como se algo vivo caminhasse por todas as veias. Não podia se mover, não podia fazer nada, parecia morto. Sem tato, sem olfato. Ouvia de longe pequenos ecos de onde quer que estivesse, com quem quer que estivesse, pareciam ferro ou vidro. Sussurros ilegíveis, como se falassem consigo, mas parecia diferente, não o entendia. Era quase trêmulo, era frágil e ao mesmo tempo docilmente firme. Quantas horas estivera daquela forma? Não tinha o poder de pensar sobre isso, apenas sabia debilmente que continuava por muito,

muito tempo.
Shiori andava, de um lado para o outro, observando-o enquanto dormia, naquela imensa solidão que se fazia presente dentro dele, e mais uma vez estava ali a limpar o corpo do outro.
- Só espero que não me odeie quando acordar... Porque... Eu gosto muito de você... Acho que eu... Que eu... Amo você.
Aproximou-se e lhe selou os lábios, acariciando-lhe os cabelos e buscou as roupas confortáveis, o pijama, vestindo-o com as mesmas e apenas manteve-se a observá-lo em silêncio.
- Eu posso dormir com você hoje?
Murmurou a sentir as lágrimas novamente deixarem os olhos, molhando a face como se realmente esperasse uma resposta e manteve-se ali sentado por um bom tempo a observá-lo, segurando uma das mãos do outro e ergueu-a a beijá-la.
Pouco tempo depois, levantou-se a seguir ao banheiro, banhando o corpo de modo rápido a observar a perna machucada que já quase não tinha sinais dos ferimentos, tinha certeza que a havia quebrado na hora do acidente. Voltou ao quarto e deitou-se ao lado dele, cobrindo-se e cobriu a ele também, lhe selando os lábios pela ultima vez, porém permaneceu a observá-lo enquanto tentava de alguma forma, pegar no sono e concentrar-se se ele iria acordar ao mesmo tempo.

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