Kaname e Shiori #23


O sapateado vinha da escada, e sobre o assoalha denunciava a descida dos homens. Descerrou suavemente as pálpebras e ajeitou o moreninho do lado, sentou-se e logo levantou-se para cumprimentar os homens após o fim de seus serviços, junto a um cachê generoso. Kaname despediu-se e suspirou, espreguiçou-se. O relógio marcava uma da tarde, haviam passado algum tempo ali, pensou consigo e ajeitou as cortinas, fechando-as.
- Hum? - Shiori murmurou e abriu os olhos, procurando o outro pelo local, porém não o encontrou, sentou-se no sofá e esfregou os olhos com ambas as mãos. - Kaname?
- Hum? - O maior murmurou e virou-se a observá-lo, denunciando a presença no mesmo cômodo. - Bem, vamos dormir. Eles já foram.
- Mas já acabaram? Eu quero ver o quarto. - Murmurou, manhoso.

- Já? É uma da tarde. Vá vê-lo então.
- Mas você não vem comigo? - Murmurou.
- Por quê? - Kaname indagou a retirar a bandeja com as coisas de cima da mesa central da sala.
- Nada. Eu vou.
O maior deixou sobre o balcão da cozinha e caminhou com ele.
- Vamos.

Shiori sorriu e assentiu, estendendo a mão a ele.
- Sai com essa mãozinha pra lá.
O maior o passou em frente ao corpo, descansando as mãos em seus ombros. Shiori r
iu baixinho e assentiu, seguindo o caminho da escada. 
Kaname subiu até lá, seguindo o rumo ao quarto do moreno. Tinha um pouco de pó ao lado de fora, nada que afetasse realmente dentro do quarto. As extensões de paredes brancas já habitualmente assim e sem quaisquer mudanças. Se não fosse por alguns adesivos de parede, fluorescentes e pequenos, rendadinhos. Encostou-se ao limiar, enquanto dava passe de suas vistas à visão que teria. Uma poltrona com forro rendado num saiote, num branco azulado, cor gelo. Localizava-se ao lado de uma extensa luminária, cujo abajur enfeitado com as pequeninas pelúcias penduradas e certamente escondia alguma música por ali. Tinha um criado mudo redondo e com uma gaveta, igualmente branco. O sofá mais extenso numa das paredes do quarto, também branco e forrado, com almofadinhas roliças e adornadas por bordados azul, rosa e amarelo bebê. As cortinas brancas de veludo fino, sobrepostas por um véu sutil, transparentado o tecido. E com mais dois daqueles mesmo criados mudos, onde enfeites infantis davam um ar dócil ao cômodo. No centro, localizado à parede, o berço, próximo mesmo ao sofá onde o rapazinho poderia descansar enquanto assistia o soninho de seu bebê. Branco, detalhado com dourado tão sutilmente e quase não perceptivo. Era envolto por um véu assim como o das cortinas, longo e um pouco mais espesso, dando um espaço pessoal para a criança que se deitaria ali. Tinha um travesseirinho baixo, cor gelo e aveludado com sutileza. Um pequeno urso repousava ali, onde seria o seu lugar. E no topo do véu, sustentava um laço formado com o mesmo tecido. E com mais alguma distância, a cômoda branca, alta e mesmo assim não muito grande. Possuía detalhes dourados assim como o berço, seis gavetas onde seriam o conforto de suas roupas. Em cima dela, a seleção de bichinhos que agora teria que cuidar até seu nascimento. E junto deles, alguns sapatinhos.

Um rosa, um azul, uma branco e um amarelo. Os quais seriam escolhidos, assim que soubesse sobre o sexo do novo residente da casa. Tivera sorte ao chamar junto dos homens a moça, que tratou de organizar corretamente os bichinhos e os sapatinhos, também ajeitado os detalhes mais delicados do quarto, impecavelmente branco, com véus que quase cintilavam o cômodo, dando seu ar imaculado e implacável. Caminhou ao abajur, apertando um dos bichinhos, e assim o som levinho do music box, tomou o silêncio do quartinho de bebê enquanto voltava para ele e atrás de seu corpo, conforme os braços passou em cada lateral, o tocou na barriguinha volumosa.
- Gostou do seu quarto novo?

Shiori seguiu junto dele ao local, observando a porta fechada que o outro tratou de abrir e o sorriso que tinha nos lábios aos poucos sumiu, confuso com a decoração do quarto, porém apreciou cada minimo detalhe, desde os tecidos tão bonitos e cuidadosamente escolhidos pelo outro até os bichinhos de pelúcia pelo quarto. Uniu as sobrancelhas ao vê-lo adentrar o local e manteve-se em silêncio a apreciar o som tão agradável da música. Sentiu logo o abraço e apenas desviou o olhar até a própria barriga onde as mãos dele tocaram, deixando escorrer a pequena lágrima pela face. Virou-se de frente a ele e o abraçou, apertando-o contra o próprio corpo a repousar a face como pôde sobre o ombro do maior, fechando os olhos a deixar que as lágrimas escorressem pela face, mas não era de tristeza, muito pelo contrario.
Kaname se afastou conforme este se virava, dando-lhe o espaço para fazê-lo e teve seu abraço. Tornando novamente enlaçar a volta de seu corpo. No silêncio interrompido pela suave música, sentia um toque quase cálido tocar a camisa que vestia.
- Foi a coisa mais linda que alguém já fez pra mim... - Murmurou.
- Isso é porque nunca teve alguém pra fazer.
- Eu te amo.
- Eu também... Te amo. - Kaname falou baixo, mas não chegou a ser um sussurro. - Você gostou do quarto?

O menor sorriu ao ouvi-lo e assentiu, afastando-se pouco dele para lhe selar os lábios e logo se voltou ao quarto.
- Claro que gostei. Mas eu... Estou com medo ainda.
- Do que?
- De ter um bebê... E se der algo errado?
- O que por exemplo?
- E se eu perder...?
- Não seja estúpido, já falamos sobre isso.
O menor assentiu e abaixou a cabeça.
- Se todos fossem pensar assim, ninguém teria bebê.
- Hai. Desculpe... Você quer um menininho ou uma menininha?
- Qualquer um dos dois. E você?
- Idem. - Sorriu. - Eu vou amar do mesmo jeito.
Kaname sorriu. Shiori virou-se em seguida a observar o quarto e sorriu, adentrando o local a caminhar em direção ao berço e pegou o ursinho nos braços, sorrindo a ele.
- Posso levar pra dormir comigo?

- Por quê?
- Porque é lindinho...

- Roubando o ursinho do seu bebê.
- Ah não estou... Ele esta comigo agora, então é pra ele também. - Uniu as sobrancelhas.

- Hum.... Bom argumento.
- Viu. - Riu.
- Certo. Fique com ele.
- Ta bem. - Abraçou forte o ursinho.
- Eu vou dormir... - Shiori esfregou os olhos. - Você vem comigo?
- Vamos, tenho trabalho hoje a noite.
- Então vamos, papai.
- Papai... Papai. - Kaname murmurou consigo mesmo e dirigiu-se com ele até o quarto.
- Não gosta da palavra? - O menor riu baixinho.
- Falta de costume.
- Ah sim.
Shiori sorriu a ele e retirou a calça que usava, permanecendo com a camisa e a roupa intima. O maior d
eitou-se mesmo da forma como estava e após feito, tirou igualmente a veste inferior, acomodando-se na cama. Shiori sorriu a ele e aproximou-se a lhe selar os lábios, ainda abraçando o ursinho.
- Mais tarde... Você quer... Fazer amor comigo?

Kaname o retribuiu no selar que suavemente estalou.
- Precisa planejar?

- É que não podemos fazer agora...
- Assim que eu acordar.
- Certo. Bom descanso.
- Boa noite, Kaname. Obrigado... - Murmurou e lhe selou os lábios.

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