Ryoga e Katsumi #26


Ryoga seguiu a dar atenção a carne que trouxera há pouco. Buscou um local que não interrompesse o bom fluxo na cozinha, afinal era um prato pessoal. Perfurou o coração com uma faca e reservou junto a uma badeja. Buscou o que pensava ser necessário para criar um molho para tempero, usou limão, pimenta, tratou de criar algo ácido porém suavemente doce e apimentado. E após terminá-lo, colocou a carne dentro de um bowl e o tempero, deixando-a imersa por algum tempo. E enquanto deixava o coração curtir no líquido, voltou para o bar, observando-o durante o trabalho. 

Katsumi suspirou, ele havia aparecido, mas não fora o suficiente para matar a saudade dele, pensava em como estava o filho e o garotinho em casa, na verdade, os dois filhos, já que o menor agora também era considerado o próprio. Serviu um drink para uma moça no balcão e desviou o olhar para o movimento do restaurante, meio entediado.
- Eu quero um champanhe.
Disse o moreno ao barman, sentando-se próximo ao balcão. Interrompendo seu tédio. Katsumi d
esviou o olhar a ele e abriu um pequeno sorriso, gostava daquelas pequenas conversas com ele que geralmente tinha, como se ele fosse um cliente, o problema é que a moça de vestido vermelho havia se voltado a ele assim que sentou e arqueou uma das sobrancelhas, porém sorriu novamente em seguida, sabendo que ele não faria nada ruim tão descaradamente assim. Serviu o champanhe numa taça e piscou a ele.- Pronto, senhor.
- Boa noite, hum. - A moça sorriu. - Você é o dono daqui não é?
Ryoga observou o rapaz, notando seu sorriso, parecia se divertir em ser o atendente naqueles momentos, como se brincassem. Aceitou a taça com o champanhe e antes que levasse a boca, observou a mulher que se acomodava banco ao lado, indagativa.
- Boa noite.
Disse e no entanto levou a taça com a bebida até a boca, experimentando a sentir o sabor pouco adocicado com leve borbulha sobre a língua. E assentiu sobre a pergunta, afirmando.

- Jura? Eu acho esse lugar maravilhoso, sempre venho jantar aqui.
- A senhora sempre trás alguns rapazes, não é?
Katsumi falou a ela e abriu um pequeno sorriso maldoso.

- Bem... Sim... Mas todos amigos.
- Fico feliz que goste.
O maior disse e descansou a taça sobre o balcão mogno. Observou o rapaz defronte, e não disse nada, embora soubesse sua intenção com o comentário.

- E você vai jantar com alguém hoje?
O barman sorriu a ele, indicativo do porque havia dito aquilo.
- Estou aqui a trabalho. - Disse a ela e voltou a experimentar da fina bebida.

- Sim, naturalmente, mas não tem um tempo para jantar com uma cliente habitual, hum?
- A senhora quer mais alguma bebida?
- Não, obrigada.
- Infelizmente estou num pequeno intervalo, mas preciso ir até a cozinha em alguns minutos.
- Hum, certo. Desculpe incomodar.
Katsumi sorriu a ele.
- Quer mais champanhe?

O maior fitou-a por um instante e sorriu com a desculpas dos quais não via necessidade. Observou o barman e aceitou a sugestão. Katsumi serviu mais do champanhe a ele e sorriu sutilmente em seguida.
- Vamos jantar juntos?
- Estou a trabalho.
Ryoga disse a ele e levantou-se junto a taça com champanhe e um sorriso no rosto, lateral. Logo, seguiu caminho até a cozinha, voltando ao afazer. O menor s
orriu novamente a ele e assentiu, abaixando a cabeça logo após a observar o balcão.
Após mais uma dose da champanhe, Ryoga deixou a fina taça sobre o balcão, deu atenção a carne já prontamente temperada o qual com auxílio de utensílios tirou-o do recipiente e serviu na louça prateada onde seria servida a mesa, reservando novamente. Não gostava muito delas, mas optou por acrescer batatas ao jantar, como um purê cremoso, dentro de pequenos ramequins de louça preta. Dos alimentos humanos, o que mais gostava eram as folhas quando temperadas, portanto selecionou-as como entrada. E para finalizar, criou o molho para acompanhamento da carne, com base de vinho e sangue e especiarias. Não era nada que julgasse muito romântico, mas tinha certeza que ele veria assim, o que trazia consigo um sentimento constrangedor, mas ainda assim indicou que outra pessoa tomasse conta do bar. Logo, voltou ao salão e escolheu uma das mesas, observando o moreno, esperando que alguém dispensasse seus serviços no bar. 
Katsumi suspirou a debruçar-se sobre o balcão, estava vazio já naquela hora, quase perto do amanhecer, havia pouca gente e era raro alguém se interessar por alguma bebida. Desviou o olhar ao restaurante, notando as paredes bonitas e o bom acabamento e claro, cruzou o olhar com ele e viu sua face sorridente, sem entender muito bem o porque, porém um dos garotos se aproximou e indicou a si que fosse ao encontro dele. Saiu do bar, meio confuso e uniu as sobrancelhas, seguindo devagar em direção ao salão e ao parar em frente a ele analisou sua expressão.
- Fiz algo errado?

- Não, se fizesse, sabe que falaríamos na hora ou em casa. Vamos, sente-se.- Hai... - O menor murmurou e sorriu a ele, meio de canto e sentou-se. - Então vamos mesmo jantar?
- Vamos. - Ryoga disse, acomodado junto a ele. - São coisas simples.
- Hai... - Katsumi falou novamente e voltou a sorrir. - Vão nos servir e tudo?
- Claro que sim.
O maior sorriu meio de canto, achando graça na pergunta e notou o serviçal junto a salada de folhas e uma garrafa de vinho tinto.

- Hum...
Katsumi sorriu a dar espaço ao garçom servir a si e era até meio desajeitado diante da situação, quer dizer, não costumava comer em muitos restaurantes elegantes como aquele. Ryoga a
gradeceu ao serviçal, tendo servido igualmente a salada que feita minutos atrás, de modo que finalizada por um dos cozinheiros. Temperou-a a gosto e com ele deu início ao jantar. 
O menor pegou o sal sobre a mesa a jogar sobre a salada uma quantidade considerável, e não se lembrava da ultima vez que havia comido salada. Olhou os garfos na mesa, meio confuso e optou pelo menorzinho, que parecia mais fácil de segurar, experimentando.
- Eu gosto de folhas. - Ryoga mencionou a ele, observando-o comer com o garfo de sobremesa, mas indicou a ele o correto, conforme o escolheu para o início do jantar. - Você gosta de qual? - Indagou, buscando algum assunto.
Katsumi trocou o garfo, meio envergonhado pela escolha e assentiu, comendo mais algumas das folhas antes de respondê-lo.
- Ah... Essa é bem gostosa. - Sorriu. - Obrigado pelo jantar... Eu sou meio desajeitado, mas...

Ryoga deu de ombros ao comentário e negativou no entanto.
- Não está num jantar de negócios, está jantando comigo.

O menor assentiu e sorriu a ele, meio nervoso.
- Isso me deixa mais nervoso ainda.

- Como se não comêssemos juntos normalmente.
- Ah, mas é diferente... Isso é meio... Romântico.
- Coma normalmente.
Ryoga disse e tão logo finalizou a entrada. Serviu para ele o vinho, tal como para si e experimentou uma dose, pura, sem sangue. O outro as
sentiu e sorriu, aceitando a taça e experimentou o vinho, gostoso e certamente escolhido por ele mesmo.
- Que delicia.

- Você prefere doces, não é?
O maior concluiu e esperou pela carne logo servida junto ao purê. E aceitou o ramequim inicialmente, começando pela batata, o que não era fã, mas não o deixaria comê-la sozinho.

- Como você... Sabe? Katsumi murmurou a observá-lo e logo aspirou o aroma gostoso demais do prato principal e adorava batata, mas tinha um cheiro tão bom, que teve que se controlar para não começar pela carne.
- Reparo nas coisas que come. - Ryoga disse a ele, e levou a boca uma pequena quantidade do purê. - Adora comer junto ao Erin.
Katsumi sorriu meio de canto, desajeitado e experimentou o purê.
- Oishi... Você que fez?

O maior assentiu a ele, com a boca ocupada e um sorriso canteiro. O outro riu baixinho e comeu-o até seu fim, raspando o potinho preto para pegar o restinho.
- Se quiser temos mais.
Disse o mais velho, notando sua vontade de continuar o prato. E terminou o próprio, deixando de lado, pronto para servir a carne.

- Ah, iie... Desculpe, é que está gostoso.
O mais novo murmurou e abaixou a cabeça mesmo desajeitado, deixando o recipiente ao lado.

- Tem certeza? - Disse o outro e serviu para ele a carne.
Hai. - Katsumi sorriu e aceitou a carne, experimentando-a. - Hum... O que é isso?

- Coração. É fresco, acabei de pegá-lo.
- Nunca tinha comido... É... Interessante.
- O que, não gostou? - Sorriu, achando graça.

- Gostei. - Riu. - Tem um monte de sangue né?
- Você não queria isso? Queria que experimentasse.
Katsumi riu baixinho.
- Está uma delicia, estou só brincando.

- Você pode sugar as artérias se quiser.
- ... Eh?
- É, os buracos.
Ryoga disse, indicando a pequena fenda ali. Mas sorriu, voltando a servir-se com mais uma fatia da carne. O menor o
bservou a carne, arqueando uma das sobrancelhas e desviou o olhar, se sentindo meio desconfortável.
- Ora, que vampiro fajuto.
- ... Estou enjoado.
O maior arqueou uma das sobrancelhas, fitando-o e o outro riu a desviar o olhar a comida novamente, deu outra garfada.
Ora, eu mesmo a fiz.
- Está gostoso, só não me diga coisas assim porque eu era humano e isso é meio estranho pra humanos.
- Coma sem pensar. Como quando era humano. Você sabe que toda essa comida humana de hoje em dia, lhe faz mal, mas ainda continuam a comer.
- É, isso é verdade.
- Porque é gostoso.
Katsumi sorriu e comeu mais um pedaço da carne.
- Como preparou ela?

- Peguei ela fresca e fiz o tempero com base de limão, um pouco de pimenta, açúcar... Deixei descansar algum tempo no tempero.
- Hum, está com bastante gosto de limão, gosto desse azedinho.
- Eu também gosto.
- A sobremesa eu não fiz. Mas gosta de sorvete, então isso é bastante fácil.
- Hum, qual é meu sorvete favorito?
- Isso eu não sei, mas de todo modo o sabor é diferente dos que costuma tomar junto ao Erin.

- Menta com chocolate.
- Hum, certo, da próxima vez talvez.
- Obrigado, Ryoga. - Sorriu.
- Ainda não terminamos para agradecer.
- Estou agradecendo desde já.
O maior negativou e continuou até satisfeito, finalizando a refeição principal. Por fim, encerrou com o vinho. Katsumi suspirou ao finalizar igualmente, bebendo alguns pequenos goles do vinho.
- Acho que... Eu não aguento a sobremesa.
Tem certeza?
- HaiVai me levar pro motel depois? - Sorriu.
- Por que motel?
- Bom, fez um jantar romântico.
- Ah vá. - Disse e serviu-lhe um pouco mais de vinho.
- Ah, então não tem sexo? - Katsumi riu, Falou baixo e mordeu o lábio inferior.
- Tem sexo, tem cama em casa.
- Nossa, que falta de romantismo. - Riu.
Ryoga sorriu, divertindo-se como ele.
- Temos um bebê esperando.

O outro sorriu igualmente.
- Bom, tivemos um primeiro encontro meio esquisito, então...

- Esquisito? Bem, não acho que tenha sido. Mas então?
- Então esse é mais fofo.
- Então quer ir ao motel?
- Não, estou brincando.
- Vou levar você ao motel.

- Estou brincando, temos uma cama ótima.
- Vou levá-lo.
- Mas por quê?
- Você quer ir.
- Não quero que vá só pra me agradar

- Não vou agradar somente a você.
- Hum, e qual motel vamos, então?

- Não sei, você conhece algum?
- Nunca fui a um motel.
- Já viu algum que goste?
- Não, mas tem alguns perto da sua casa.
- Ok, vamos e você escolhe o que gostar de fachada.
- Ta ok então.
- Então sem sorvete?

- Acho melhor. - Riu.
- Certo, vamos embora então, eles já vão fechar o restaurante.
Katsumi assentiu e levantou-se junto dele, ajeitando o casaco. Ryoga terminou com o vinho na taça e seguiu junto a ele até o escritório. Pegou de volta o casaco, ajeitando-se e buscou as chaves do carro, seguindo até o estacionamento.
- Hum, jantei muito bem hoje.
O menor falou e adentrou o carro, rindo baixinho em seguida.
- Ah é? Foi bem simples na verdade.
Disse o maior entrando no veículo tal como ele, e tomou posse do volante e direção logo a caminho de casa, embora fossem parar antes de chegar lá. Katsumi s
orriu a adentrar o carro e como de costume, colocou o cinto, negativando.
- Foi bem gostoso.

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