Ryoga e Katsumi #25


Katsumi ajeitou os cabelos médios e negros, que estavam querendo sair do lugar devido a chuva lá fora e a servir a dose de vodka na coqueteleira junto das frutas, chacoalhou com uma das mãos enquanto prestava atenção em todas as pessoas que adentravam o restaurante, em especial, a área do bar, tentando saber quando o outro viria ver a si, nem que fosse para avisar qualquer coisa, estava com saudade, embora não quisesse admitir. Serviu o drink junto ao canudo num copo e entregou ao rapaz no balcão. 

- Hey, você é tatuador não é? Um amigo meu disse que você trabalhava aqui.
O moreno desviou o olhar ao rapaz que havia adentrado a falar consigo e analisou bem a face dele antes de responder alguma coisa, notando seus olhos vermelhos bem vívidos, certamente acabara de se alimentar, era bom observar, já que também trabalhava para humanos e ele tinha um estranho cheiro de um, certamente pelo sangue recente.
- Sou sim, mas no momento não tenho estúdio. 

- Hum, me da o mesmo drink que ele.
Assentiu e o viu se sentar, como estava trabalhando, tinha que atende-lo com certo respeito, o que seria diferente caso o restaurante fosse próprio. Serviu a bebida, entregando a ele logo em seguida.
- Então, você pode me tatuar na sua casa ou na minha?
Katsumi arqueou uma das sobrancelhas a observá-lo.
- Pode ser na minha.

- Hum, certo. E você cobra quanto?
- Depende do desenho que você quer.
Falou a ele, sem realmente entender do que se tratava, aliás, sem ver malicia alguma nos comentários.
- Entendi, quero tatuar um morcego.

- Num vampiro? Bem original.
- Ora, não seja tão grosseiro.
O moreno abriu um pequeno sorriso e desviou o olhar, irritado somente pela existência dele naquele local.
- E que horas? Preciso levar o pijama?
Arqueou uma das sobrancelhas.
- Quem te falou que eu sou tatuador?
- O Jun.
- Hã, o Jun? E ele te falou que eu faço mais o que além das tatuagens?
- Bom, ele me disse que você era bem bonito e que frequentava alguns lugares estranhos pra humanos, o resto eu fiz ao vir aqui.
- Eu não sou prostituto. - Sorriu. - Nunca fui. Agora saia.
- Ah, não seja mau, você é o único que tatua vampiros na cidade.
- Não vou tatuar você.
- Não me achou bonito, hum?
- Sou casado, idiota. Tenho um filho pequeno, saia daqui.
- Casado? Nem aliança você tem, podia ter inventado uma desculpa menos ridícula pra me fazer ir embora.
Ryoga estacionou o veículo com a chegada ao restaurante. Havia ido tratar sobre o fornecimento de matéria para o jantar. Ajeitou o casaco após os suaves tapas na peça para tirar respingos da chuva e seguiu ao interior, notando o bom fluxo de clientes e os tilintares sobre as porcelanas ou taças de vinho. De longe notou o bar, administrado pelo companheiro, mas não passou por ali, sendo despercebido por ele. Seguiu inicialmente até a cozinha, notando o trabalho dos empregados por lá. E colocou sobre a bancada um coração inteiro que havia trazido consigo, e tinha intenção de fazer algo com ele, mas sentiu a sensação de desconforto vinda do barman, logo, do parceiro. Não era desconforto em si, mas um desagrado, e sabia que ele costumava torcer a expressão para os clientes com facilidade, o que não era algo que devia fazer durante o atendimento. Deixou a cozinha após colocar o casaco no escritório, seguiu ao salão onde o bar de luz baixa e tinha uma pequena porção de clientes, mas o moreno conversava com um deles, não parecendo muito feliz. Caminhou até ele, parando próximo, lado ao balcão.
- Katsumi. - Disse, chamando por sua atenção. 
Katsumi desviou o olhar ao outro e manteve-se em silencio, sem entender o porque havia sido chamado.
- Hum?
- É seu chefe, hum?
O moreno suspirou a observar o garoto.
- Sim, é o dono.

Ryoga observou o cliente e logo o outro. O que, com um breve olhar o chamou mais próximo.
- Algum problema?

Katsumi aproximou-se do outro e lhe deu um selo nos lábios, mordendo suavemente seu lábio inferior e tendo certeza que o outro pudesse ver de seu lugar e logo ouviu o barulho do banco a ser deslocado.
- Entendi, foi bom te conhecer, Katsumi.
O maior indagou e no entanto, conforme a proximidade que não cessou onde esperava, sentiu o beijo e mesmo a mordida, o que causou um arqueio da sobrancelha enquanto o fitava na proximidade. Notando com a saída do rapaz, qual era o seu problema.
- Hum, muito conquistador você, Katsumi?

- Não quero ser conquistador. Um garoto idiota anda falando com aí que eu sou tatuador e que ainda frequento aquela casa. Por isso ele veio aqui.
- Hum, ele queria apanhar, é?
- Provavelmente.
- Bata nele.
- Acho que o modo como eu quero bater nele, não é o modo como ele quer apanhar. Veio com conversinha de que queria fazer uma tatuagem na minha casa.
- Nada te impede de bater nele.
- É, mas não posso bater em clientes dentro do bar.
- Não precisa ser aqui. Chamasse ele, e batesse nele quando saísse.

- Está com ciumes, ah? - Riu. - Ele me cantou, você quem devia bater nele.
Katsumi disse a pegar a nota deixada pelo garoto sobre o balcão com a intenção de guardar, porém notou o número no verso e mostrou a ele.
- Olha, deixou até o número de telefone.

- Não é ciúme, só não quero que ofendam meu funcionário.
O maior disse, mas claro que soou forjado, propositalmente claro. E pegou a nota, jogando-a na pequena lixeira junto as frutas utilizadas nos drinques.

- Ryoga, são cinquenta dólares...
- Como se isso fosse muito.  - Disse, e sorriu meio de canto.

- Ora, é um valor relativamente alto, pra quem não tinha dinheiro, tipo eu.
- Você quer cinquenta dólares?

- Não esses.
Ryoga enfiou a mão no bolso da calça e tirou de lá o dinheiro que deu a ele.
- Tome, gorjeta, barman.

Katsumi arqueou uma das sobrancelhas e logo enfiou a mão no bolso dele novamente, devolvendo o dinheiro.
- Não fiz nada pra ganhar gorjeta.

- Ora, não queria? Fique, compre balinhas.
Disse o maior, ainda brincando e riu, enquanto seguia de volta para a cozinha. O outro e
streitou os olhos e negativou, irritado com a brincadeira e virou-se a observar o bar vazio.

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