Nowaki e Tadashi #29


Nowaki tocou e pressionou o pequeno botão, que ressoou e pôde ouvir dali de fora, a companhia da casa. Era pequena, mas não demais. Era bonita e singela, podia facilmente imaginá-lo morando por ali. Esperava ser atendido na porta. Mesmo embora nem tivesse ciência do porque facilmente havia seguido até lá. Bom, começando pelo início, o ocorrido havia se dado no horário de intervalo, passara tipicamente para um café no almoço, optou então por ir a cafeteria do amigo, paciente, ou melhor, amante. Imaginava que não tinha folga pela semana, já que no fim dela, costumava estar em casa. Perguntou a seu amigo, que até então dono do café e dono da casa onde até então havia parado naquele momento. E ao indagá-lo, parecia tão confuso quanto ele, sem saber dizer o que acontecera de verdade, apenas o fato de que havia saído sem aviso após uma visita, e sabia que estava em casa ao ligar a própria residência e ser informado que seu funcionário fujão havia ido embora. E foi assim que voltou ao hospital onde encontrou a médica e causadora da fuga do garoto de seu horário de trabalho. Bem, sabia que Tadashi era realmente dramático. Sabia que qualquer coisa o faria sair irresponsavelmente de sua obrigação, era folgado talvez por não se importar realmente com sua vida, com a vida dos outros ou com a ajuda de seu amigo, que cedia a ele a casa, e mesmo a vaga de emprego. Bom, querendo não dar demais detalhes, após a conversa com a noiva que naquele momento parecia tão neurótica quanto Tadashi, acabou deixando o serviço e como bem sabia, estava na porta mogno envernizada, parado perto ao interruptor da campainha, se perguntando quando foi que passou a ser tão atencioso com aquela nova relação. 

Tadashi seguiu em direção à porta ao ouvir a campainha, estava esgotado, havia chorado durante todo o tempo em que estivera em casa, era uma maldita, mas tinha razão e isso era fato, não tinha drogas para usar em casa, porque se tivesse, certamente o teria feito novamente, porque a dor que sentia no peito era tão horrível que precisava de algo para melhorar. Seguiu até a porta ao ouvir a campainha, achando ser o amigo e observou pelo olho mágico, notando não ser ele e sim o outro, e não entendia o que estava fazendo ali.
- ... O que quer? 

Nowaki arqueou a sobrancelha mais consigo mesmo. Imaginava que Megumi tivesse lhe dito algo desagradável, mas embora soubesse que não, tinha a esperança de que ele não houvesse se afetado de modo que a culpa fosse jogada sobre si. Preocupava-se com ele de um estranho modo, mas se irritava fácil por sofrer consequência de algo que não havia causado.
- Isso é modo de receber alguém?

- Sua noiva disse pra não voltar aqui. Não vai querer um drogado na sua casa, afinal, tem nojo de mim, certo?
- A Megumi disse isso?
- Obviamente.
- E eu sou a Megumi?
- Ela disse que você tinha dito a ela que tinha nojo de mim.
- A Megumi disse.
- E não é verdade?
- Digamos que você tem um namorado, e ele transa com alguém fora do relacionamento. Você por sua vez encontra o alguém com quem foi traído, o que você dirá a ele? Que seu namorado mandou flores? Bem, talvez realmente eu devesse ir embora sem levar você a sério. Você é uma criança, sofre sem pensar logicamente.
O menor abriu a porta a observá-lo ali e estreitou os olhos, inchados pelo choro.
- E se você fosse um drogado que mudou de vida pela pessoa que você gosta e ela ao invés de ficar com você, está se casando com outra pessoa e tem que ficar com você por baixo dos panos pra ninguém descobrir. O que você pensaria? Talvez eu seja uma criança mesmo, ingênuo demais.

- Você é uma criança. E precisa amadurecer muito. Eu vou esperar isso acontecer. - Disse o maior e afagou seus cabelos, na verdade, pousando no topo de sua cabeça com a mão direita. - Eu não estou me casando.
- Segundo ela já estavam com data marcada.
- Na verdade eu e a Megumi terminamos aquele dia que vocês se encontraram em minha casa. E não quero falar sobre isso.
Nowaki disse, dando de ombros sobre o assunto desagradável. Tadashi u
niu as sobrancelhas a observá-lo, sem saber o que dizer sobre o assunto, na verdade, estava pasmo, não fazia ideia do que havia acontecido.
- Viu, como você é uma criança?
- Como eu ia saber?
- Não precisava saber. Só não devia acreditar tão facilmente no que dizem a você. Você devia ter me perguntado antes de simplesmente fugir do serviço e chorar até seus olhos virarem bolhas no seu rosto.
- Você não me conta as coisas. Ela disse que ia mandar me matar se eu voltasse lá.
- E você acreditou?
- Eu não sei, ela é médica, é louca e tem dinheiro mesmo.
- Ela está chateada, mas não costuma ser tão intensa. Não se preocupe. De todo modo, eu vim ver como estava, e dizer pra não sair sem avisar seu chefe. Preciso voltar ao serviço.
O menor assentiu ao ouvi-lo e desviou o olhar à sua mão, de fato, não usava mais aliança e suspirou em alívio, porém segurou sua mão antes que saísse.
- Iie...

- Preciso ir. E você volte a trabalhar. Nem sempre encontrará pessoas boazinhas demais.
- Nowaki...
- O que, Tadashi?
- Me desculpe...
- Ok. Vai por gelo nos seus olhos. - Disse o maior, o afagou novamente nos cabelos, desordenando-os. - Até logo.
- Você vem hoje?
- Vou aonde?

- Aqui em casa.
- Não... - Disse, estranhando a pergunta.
- ... Quer que eu vá lá então?
- É o que acontece geralmente.
- Hai...
- Te vejo a noite.
- Ta bem.

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