Kusagi e Shohei #28


- ... Meu Deus...
Shohei falou e estremeceu, estava frio, estava muito frio e congelava até os ossos, nem as luvas adiantavam. Estava parado em frente ao estúdio do outro, esperando-o e imaginava como devia estar para tirar fotos de roupa íntima no andar de cima, pff, claro que ele tinha aquecedor lá. Um gemido baixinho deixou os lábio quando já estava quase desistindo e indo embora e o viu sair, pela porta do estúdio, porém não estava sozinho, ou já estaria nos braços dele. Estava acompanhado de uma garota, alta e mesmo com o maldito frio, a infeliz estava de saia e salto alto. Arqueou uma das sobrancelhas e deu alguns passos, falaria com ele mesmo assim, era próprio, tinha que marcar território, porém antes que se aproximasse viu a loira fazer o mesmo, só que dele, e deu um beijo no canto de seus lábios. Arregalou os olhos e uniu as sobrancelhas em seguida, permanecendo parado ali, e fez questão que ele visse a si, quando se virou e saiu.

- Seria melhor ficar lá dentro.
Kusagi comentou, sentindo o frio lá fora, intensificado pela troca repentina de temperatura no rosto, embora no corpo já estivesse bem trajado. Usava um casaco sobretudo, e até um cachecol jogado em torno do pescoço, cinza e preto, dado pelo amigo e namorado.
- Estou indo, Eri.
Despediu-se dela, e pretendia seguir em frente quando interrompido pelo beijo que diante do movimento acabou pegando um pouco mais no canto do lábio do que deveria. No entanto fitou-a, como se nada houvesse acontecido, sem desculpas ou sorrisos, só saiu, a tempo de vê-lo com olhar estupefato. Mesmo antes de se mover, já sabia, iria dar as costas e sair, assim se fez. E assim teve de segui-lo.
- Shohei!

O menor continuou a seguir, e já não havia sido a primeira vez que o havia visto assim, claro, que as lágrimas já deixavam os olhos, e não queria explicações, por isso seguia sem nem pensar em se virar, mesmo ao ouvir o próprio nome.
- Hey.
O maior disse e seguiu mais rapidamente, a tempo de alcança-lo e toma-lo pelo pulso. Puxou-o para si, abraçando-o ao colidir consigo e assim poder evitar sua corrida de volta.
- Pare de correr. Não tenho nada com ela, foi um movimento errado.

Shohei estreitou os olhos a se virar, e tentou se mover, porém sentiu-se preso pelo abraço.
- Seu filho da puta!

- Eu não sou filho da puta, eu disse que foi um calculo errado.
Kusagi disse e o apertou ainda mais no abraço.

- Ah foi é?! Imagine se fosse certo!
- Não fui eu quem beijou, porra!
- E você não queria?!

- E por que eu iria querer?
- Porque ela é bonita... E eu sou... Horrível.
- Sho, cala a boca. - Kusagi disse e beijou-o na ponta de seu nariz frio e vermelho. - Não fala merda. - Disse e deu-lhe uma mordida no lóbulo da orelha.
- Diz se você não quer dormir com ela. Ela é modelo, alta, bonita... Olhe pra mim!
- Você quer dormir com ela?
O maior indagou com um breve arqueio de uma das sobrancelhas.

- Eu sou gay.
- Mas está elegendo diversos fatores que considera qualidades e coisas que não reparei.
O menor suspirou e assentiu.
- Jura?

- É o que você está fazendo. Vejo esse tipo de mulher todos os dias, não tem graça.
- Hum...
- Já se acalmou? - Kusagi indagou e por fim lhe deu um breve beijo, um selinho. - Veio me buscar no serviço, estava com pressa?
O menor retribuiu o selo e assentiu por fim.
- Queria te ver... 
É dia dos namorados.
Kusagi sorriu.
- Não ia ficar em casa tentando cozinhar algo para o jantar, queimando suas panelas? - Riu baixinho.

- Não, preciso admitir que sou ruim na cozinha e te levar pra jantar.
- Eu gosto do queimadinho na panela. - Deu-lhe uma piscadela. - Vamos comer um doce ou vamos jantar?
Shohei sorriu a ele, meio de canto.
- Quer casar comigo? - Falou e riu, claro que não falava sério. - Jantar.
- Hum... O que eu fiz pra merecer tanto amor?
O maior disse, em retruque a pergunta, e sabia que havia soado como uma brincadeira. Ao solta-lo, deslizou a mão às suas, porém interrompeu ao tirar as luvas que usava e colocar em suas mãos.
- Melhor assim.

Shohei o observou enquanto trocava as luvas e negativou, sorrindo a ele em seguida.
- Não precisa... A minha é fria, mas... Não quero que passe frio.

- Essa é de couro forrado, esquenta mais que a de tecido. Eu estou bem, meu casaco é bastante quente. Vamos, vamos jantar. O que você quer comer?
Kusagi indagou e o abraçou com um dos braços em torno da cintura, levando-o consigo. Shohei s
orriu a ele e assentiu, seguindo em conjunto no abraço lateral.
- Comida italiana.

- Hum, parece bom. - O maior disse e seguiu com ele até o estacionamento onde deixara o carro durante o serviço. - Já vai ficar quentinho de novo. Veio de ônibus ou táxi?
- De ônibus.
Shohei falou a ele ao adentrar o carro e estremeceu, colocando o cinto.

- Hum, fez um bom passeio?
Kusagi indagou após deixa-lo entrar no veículo. Prendeu seu cinto de segurança e ligou o aquecedor junto do automóvel o qual deu partida. 

- Hai, não é muito longe, então. - Murmurou. - Trouxe uma cuequinha sensual pra usar pra mim hoje?
- Ah, trouxe um elefantinho.
Disse o moreno e não sorriu, soando forjadamente sério. E já dava caminho até o restaurante.

- Oi? - Shohei desviou o olhar a ele.
- É, uma boxer com espaço, na tromba, sabe?
- Ah sei.
- É, então. Depois eu te mostro.
- Quero só ver. - Riu.
Kusagi deu-lhe uma piscadela e continuou a dirigir, sem desmentir a brincadeira, esperava somente não desapontar suas esperanças sobre a roupa fantasia. Shohei riu novamente, e logo desviou o olhar para a janela.
- Preparei a cama com velas e rosas.

- Hum, você gosta dessas coisas?
O maior indagou, verdadeiramente curioso sobre isso.

- Hum, talvez um pouquinho.
- Talvez um pouquinho, é? Parece que gosta.
Kusagi sorriu a ele, embora não o olhasse diretamente. Por fim estacionou em frente ao restaurante, deixando o veículo às mãos do manobrista.
- Venha, docinho. Vamos comer uma massa bem forte.

O menor assentiu e sorriu meio de canto, claro que gostava, mas não diria nada. Mordeu o lábio inferior e saiu do carro junto dele.
- Docinho é?

- Docinho. - O moreno retrucou e estendeu o braço a ele, como um cavalheiro. - Venha, madame.
Shohei sorriu e segurou-se em seu braço, negativando e adentrou em conjunto o restaurante.
- Nossa... É grande.- Eu sei, amor. Mas não fala tão inesperadamente dessa forma, senão eu fico com vergonha.
O maior disse ao adentrar junto a ele e pedir à recepcionista por uma das mesas, onde seriam prontamente direcionados. 

- Estou falando do lugar, convencido. - Shohei falou e riu, empurrando-o suavemente com o ombro. - Amor é? - Murmurou e sorriu, seguindo a mesa junto dele.
- Vai dizer que estou mentindo, é?
Kusagi indagou e riu baixinho, no sorriso que escapava enquanto tentava soar sério. Sentou-se prontamente, tendo a cadeira puxada para ele pelo serviçal. Agradeceu ao rapaz e aceitou o cardápio numa cartilha de couro texturizado e vinho.
- Nhoque ao sugo pra mim. Você, Sho?

- Claro que é verdade. - O menor piscou a ele e sorriu, observando rapidamente o cardápio até ouvi-lo e assentiu. - Quero o mesmo.
- O que quer beber?
- Vinho.
- Tinto?
- Sim.

Kusagi formulou o pedido ao rapaz que deixou prontamente a mesa, não se demorou no entanto para voltar junto ao vinho harmonizando à massa e a entrada do jantar. O menor sorriu a ele nesse tempo em que os garçom levavam para servir a ambos e iniciou o jantar junto dele, observando-o algumas vezes enquanto comia. O moreno fitou-o de soslaio na olhadinha que ganhava e sorriu.
- O que há? - Perguntou e levou mais uma pequena porção da salada à boca. 

- Nada, só vendo como você é lindo.
- Você que é gatinho.
Disse o maior e sorriu a ele após limpar a boca e tragar o vinho. O outro sorriu e negativou.

-  Sabe quando a gente... Se apaixona por alguém e acha que nunca vai ficar com essa pessoa, mas a gente fica? E é quase um sonho.
Kusagi riu, achando graça na breve história.
- Quando você lembra que no passado nunca teria imaginado esse situação? É, também nunca imaginei que ia pegar meu irmãozinho de quarto.

- E que ele teria um piercing no pau. - Riu.
- Fale baixo, bonitinho. - Sorriu ao ouvi-lo. - Sei que isso é uma fachada. Você continua como ele.
Shohei riu e mordeu o lábio inferior.
- Ah sou é?

- Não é? - Retrucou com uma pergunta e sorriu.
- Sou. Sou seu irmãozinho ainda.
- Não, meu irmãozinho não, mas dócil como ele. Fofo como ele.
Shohei sorriu e assentiu.
- Vamos dormir bem juntinhos hoje, está frio.

- Vamos. - Disse o maior, como se realmente estivesse empolgado com alguma ideia nova. - Está gostoso?
- Hai.
O menor sorriu e serviu a ele com pouco mais do vinho. O outro a
ceitou o vinho, embora não precisasse da taça preenchida até então, mas tragou novamente. Seguindo a encará-lo durante a entrada do jantar, propositalmente a deixa-lo constrangido, gostava. Shohei desviou o olhar e uniu as sobrancelhas.
-  P-Pare...

- Parar?
Kusagi indagou, fingindo-se desentendido e sorriu ao fim da entrada do jantar, logo por fim substituído pelo prato principal, sendo a massa junto ao molho vermelho.

- De me encarar.
O menor riu e mordeu o lábio inferior, aceitando a massa, e de fato já estava meio cheio.
- Mas você é lindinho.

- M-Mas me dá vergonha.
O maior sorriu e por fim levou uma das pequenas massas individuais até a boca.
- Está saboroso.

Shohei experimentou a massa igualmente e observou-o, por um momento fitava todo o corpo dele, bonito, bem arrumado e queria tocá-lo, mas não disse nada, somente desviou a atenção ao prato.

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