Fei e Hazuki #17


Hazuki se ajoelhou sobre a ponte de madeira no local, não havia muitas pessoas por ali naquele horário. Observou a cidade e as pequenas flores que caiam sobre o lago, o mesmo lugar onde esteve com o outro há um tempo atrás, mas dessa vez, não estava chovendo, o dia estava bonito, mas o sol já estava se pondo, manchando o céu de laranja, uma cor tão bela que refletia na água como manchas de tinta. Suspirou, abaixando a cabeça e apoiou os braços sobre o parapeito de madeira da ponte, observando atentamente as flores no lago e viu o próprio reflexo se distorcer ao derrubar as pequenas lágrimas sobre a água.

O leque balançava despreocupadamente a esvoaçar tênues fios de cabelo loiro. Ao longo da altura, o quimono azul tão escuro, que talvez pudesse ser confundido com preto. Em tom mais claro, alguns fios azuis desenhavam flores abstratas, nítidas e ao mesmo tempo quase imperceptíveis. O caminho havia cessado há poucos minutos. Ainda acariciava a face com o vento que vinha do leque preto em renda de mesma cor. Retomou enfim a quebrar a pouca distância daquele que via na ponte, tão discreto, mesmo que o salto mínimo dos calçados de madeira não permitissem tal caminho silencioso sobre a rústica passarela.
- Ya, mas quem diria que o encontraria por aqui.

O moreno ouviu os passos pelo local e continuou do mesmo modo, esperando que fosse apenas mais uma pessoa que passasse por ali. Ouviu a voz conhecida do outro e uniu as sobrancelhas, erguendo a face e desviou o olhar a ele.
- Ah... Oi Fei.
Abaixou a cabeça, escondendo a face sutilmente vermelha com os cabelos negros. 
A diminuir novamente uma pouca distância, Fei caminhou a se encostar sobre uma das baixas pilastras que dividiam a ponte do lago, próximo ao amigo que retomou sua posição inicial, escondendo seu belo rosto atrás das negras madeixas, mas não o suficiente para que não o visse. Balançava o leque sutilmente frente ao rosto, este que voltava a um ponto qualquer a frente, e direção oposta o qual se encontrava o outro cortesão.
- Por que está tão depressivo?

- Não estou depressivo.
Murmurou o menor, erguendo a face e pegou uma das pequenas flores que caiu sobre os próprios cabelos, observando-a.

- Deveria ter limpado as lágrimas antes de me dizer isso.
- Só estou pensando.
- Pensar te faz chorar?
- Hai. Senta aqui comigo.
- Você tem estado muito estranho ultimamente.
O loiro se desencostou do baixo pilar, abaixou-se e sentou-se ao lado do outro, com uma das mãos a dar apoio da inclinação que criou no tronco, enquanto outra delas, continuava a balançar o leque. O moreno se a
proximou do amigo e repousou a face sobre o ombro dele.
- Fei... Está mesmo apaixonado por mim?

De mesmo modo o loiro havia continuado, de vistas dispersas em qualquer lugar, o abano do leque que junto acariciava o rosto do alheio posto próximo de si, o ouviu, e não evitou de brevemente romper o movimento da mão, porém voltou a fazê-lo.
- Que pergunta direta, desde quando você é direto assim?

- Desde que me disse aquilo ontem. Está? - Afastou-se, desviando o olhar a ele.
- Não, falei brincando. Acha que diria isso por outro motivo?
- Fei, por favor... Me diga a verdade.

- Ya, estou falando. Acha que diria pra brincar com você?
- Iie. É que... Eu acho que também estou me apaixonando por você.
- Eu sei. - Concordou num risinho.
- Sabe...?
- Hum. É inevitável você gostar de alguém que por tanto tempo esteve ali, ainda mais quando se beijam ou vão para a cama.
O menor riu baixinho.
- Mas... Nós... Não podemos ficar juntos.

- Estamos sempre juntos.
- Não do jeito que eu quero...
- Como você quer?
- Eu quero você só pra mim. - Murmurou, observando-o.
- Sua opinião costuma ser radical, Hazuki.
O menor se afastou, observando-o e uniu as sobrancelhas.
- Há pouco nem sequer sabia sobre seus sentimentos.
- Claro que eu sabia.
- Não, sempre achou que seria somente amizade.
- E se eu quiser você agora?
- Nada te impede, só disse que suas mudanças são radicais.
- Hum... - Cruzou os braços. - Acho que... Não vou conseguir evitar de ter ciúmes seu agora.
Fei lhe deu um leve sorriso com o comentário, uma das mãos elevou a tocá-lo em seu rosto e o tocou nos lábios com os próprios, um selinho breve que foi retribuído.
- Vamos... Vamos sair daqui. Vamos sair da casa do Katsuragi.
- Uhum. - Murmuriou entre lábios cerrados e igualmente a observá-lo. - Só espere um pouco.
- Por que...? Podemos ir... Vamos trabalhar com outra coisa... Qualquer outra coisa.
- Sim, nós vamos. Mas espere uns dias ao menos.
- Hai...
- Eu disse que levaria a pessoa que gosto pra viver comigo, e claro, também será a empregada. - Riu.
- Então era eu? - Sorriu.
- Acha que me apaixonei por você da noite para o dia?
Hazuki se ajoelhou, observando-o e selou-lhe os lábios.
- Ah, Fei!

- O que?
- Estou tão feliz. - Sorriu.

- Pelo que exatamente?
- Porque vamos ficar juntos.
- Sua opinião mudou tão rápido que até me assusta... - Riu.
Hazuki riu, voltando a se ajoelhar e afastou-se do outro.- Perdão.
- Não precisa se afastar.
O menor assentiu, aproximando-se novamente. Fei o ajeitou próximo, um dos braços passou envolta a cintura a mantê-lo ao lado, e lhe deu o ombro para o descanso. O moreno repousou a face sobre o ombro dele e com uma das mãos pegou uma das mechas de seu cabelo, brincando com a mesma entre os dedos.
- Esta ficando tarde... Quer ir pra casa?

- Se quiser ir.
- Quero. Quando chegar preparo um banho bem quente pra você e um chá depois... E até a cigarrilha de quiser.
- Ya, Gong Zhu está querendo cuidar de mim?
- Hai. O que quer comer hoje?
- O que quero comer?
- É... Comida, sabe? - Riu.
- Pode ser você?
O menor riu baixinho, sentindo a face se corar.
- Pode...

- Hum...
- M-Mas... Não quer comida? - Riu novamente.

- O que acha de irmos naquela senhora do outro dia?
- Hum.... Vamos! Adoro a comida dela.
- Hum... - Maliciou. - É boa, é?
- Ah, Fei! Você entendeu.
Fei riu maldoso.
- Não malicie tudo que eu digo, poxa.
- Então vamos, Gong Zhu?
O menor assentiu, observou o outro e abriu um pequeno sorriso nos lábios, ajoelhou-se e engatinhou pelo chão, tentando ser discreto pelo local onde estavam. Permaneceu de quatro em frente a ele e levou os lábios ao pescoço do maior, beijando-o algumas vezes e levou uma das mãos entre as pernas dele, adentrando o quimono com movimentos sutis, delicados a lhe tocar o membro sobre a roupa intima e apertou-o de leve, rindo baixinho contra a pele dele. Mordeu-lhe o pescoço e subiu até alcançar a orelha do outro, mordendo levemente a cartilagem.
- Gosto da sua comida também, hum.
Murmurou e afastou-se, piscando a ele e puxou o leque da mão do maior delicadamente, levantando-se e abanou-se com o objeto, observando-o no chão.
- Vamos, Fei? - Sorriu malicioso.

Fei tinha-se ainda em leve inclinação, o qual perdurou ao vê-lo se aproximar. Sentiu os beijos no pescoço, junto ao morno hálito conforme a pronúncia e a mão já invasiva no quimono. Entregou-lhe o leque sem alternativas e o assistia se levantar. Arqueou a sobrancelha diante da provocação, de olhos voltados ao alto, a direção do alheio.
-  Você "tá que tá" hoje, Gong Zhu.

Hazuki riu, suspirando e abanava-se com o leque, estendendo uma das mãos ao outro.
- Hoje eu vou agradar você, príncipe. Vem.

- Hum, te deu tanto calor tocar a mim, ah?
O loiro se levantou, mesmo sem a ajuda de sua mão. As próprias tatearam a peça de roupa, livrando-a de qualquer resíduo que pudesse tê-la sujado.

O moreno assentiu e aproximo-se do outro, selando-lhe os lábios e colocou o leque preso ao obi dele.
- Vai na frente, eu não lembro o caminho.

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