Naoto e Kazuya #7


Os pequenos lábios de Naoyuki agora se contorciam, formando uma tênue saliência tremula, um pequeno bico. Os olhinhos do irmão, quase semelhantes aos próprios, se não fosse por serem mais evidente em azul, agora tinha linhas sutis de lágrimas que amaçavam cair.
- Oniitan... - Quase chegou a grunhir, visto que sua voz soou tão trêmula quanto seus pequenos lábios o faziam e agarrava a barrinha de sua fantasia de halloween, torcendo-a nos dedos, nem ligando para o potinho de abóbora que tinha pendurado no bracinho. - ... Quero ver o Kazu-chan... Quero pegar docinhos com ele.
Como negar? Naoto indagou para si mesmo internamente e suspirou a abandonar a tela do computador onde trabalhava no término do trabalho semestral cujo fazia com o outro rapaz.
- Não chore, Yuki. - Tocou em seus cabelinhos escuros e ajeitou-os. - Vou te levar, mas vai voltar a hora que eu mandar e sem protesto, entendeu?
- Hai, aniki...

Kazuya observou o pequeno irmãozinho descer as escadas com o potinho de abobora e sorriu a ele, pegando-o no colo a lhe beijar o rosto.
- Oi pequenininho. Você é o drácula?
Riu e viu o irmãozinho assentir, estendendo a cestinha.
- Cadê meu doce, onii-chan?

- Seu doce está na cozinha, não posso colocar num potinho.
O loiro o colocou no chão e segurou a mãozinha pequena, levando-o consigo para o outro cômodo e serviu o prato com um pedaço de bolo de chocolate junto da bola de sorvete de morango.
- Bolo! Foi você que fez, onii-chan?

- Foi. Só não sei se está bom.
- Mas tudo que você faz fica bom.
- Ah, não exagere, hum?
Kazuya sorriu e o pegou no colo novamente, colocando-o sentado sobre o balcão da cozinha e ajeitou seus cabelos loiros.

- A mamãe gostava de bolo de chocolate.
O maior o observou em silêncio um pequeno tempo e assentiu, abrindo um sorriso sutil.
- Eu sei, ela que me ensinou a receita. Acho... Que o Naoyuki não vai vir, Kazuki.

- Eh? Como assim, ele prometeu!
- É, mas... Não acho que o Naoto queira me ver. - Sorriu a ele e lhe beijou a face.
- Vocês terminaram? 
- Terminamos o que, hum? Nem começamos. - Riu.
Algumas horas depois, Naoto já estava em frente ao mesmo lugar de alguns dias atrás. Sequer tivera tempo de tocar o interfone, ante ansiedade do irmão. Assim como ao se vestir. Usava uma regata larga e solta, branca de fino tecido de algodão, mesmo que esta ainda fosse rente ao corpo. Um jeans escuro, que sequer parecia jeans. Roupas cotidianas, que sequer passaria a impressão visto o comportamento no colégio. Usava o cabelo solto, ainda um pouco molhado. Virou-se a direção da rua, desconfortável por estar ali, afinal.
- Não seja tão apressado, Yuki.

Kazuya observou o sorriso do irmão ao ouvir a campainha e o viu soltar o prato sobre o móvel.
- Hey, calma.
O maior o colocou no chão, beijando-lhe a face e o deixou correr até a porta da frente, seguindo atrás dele a abrir a porta e dar passagem ao pequenino que abraçou o próprio irmão. Sorriu por algum pequeno tempo a observá-los e desviou o olhar ao outro na porta, dando passagem a ele também.
- Pode entrar, eu fiz bolo.

Naoto os observou após aberta a porta, vendo o irmão lançar um abraço em seu amigo e pretendente. Cumprimentou-os num aceno qualquer com a cabeça e mal havia chegado, já queria ir embora. Deu de ombros.
- Não vão querer ir logo?

- Já nós vamos. Você não precisa ficar, Naoto, eu prometi que os levaria e vou, não se preocupe.
- Preciso cuidar do meu irmão.
- Não tenho problema em cuidar dele.
- Não posso deixar ele sozinho.
- Então entre.
- Oniitan, não pode brigar com ele, um relacionamento não funciona dessa forma. 
Naoto ouvira o caçula e chegou arquear levemente a sobrancelha.
- Ah, o que você sabe sobre relacionamento, hum? De repente tem que me ensinar alguma coisa.

Kazuya desviou o olhar ao pequeno e abriu um pequeno sorriso.
- Tem que dar beijinho no onii quando chega, e dizer que ama ele.
- Hum... E vocês fazem isso, é?
- Hai. Por que?
- Ah fazem. Cadê?
Kazuki se aproximou do namoradinho e o abraçou, beijando-lhe o rosto.
- Aishi-

Naoyuki se virou igualmente e enlaçou a cinturinha do menor, o beijando por vez, na testa.
- Mo...
Sussurrou tão baixinho, e chegou a ficar sutilmente enrubescido. Naoto sorriu de canto, mordiscando o inferior pela parte interna.
- Vocês aprendem cada coisa.

O loiro maior sorriu novamente.
- Vamos ,vampirinhos. Naoyuki-kun. - Abaixou-se na altura do pequeno. - Você quer um pedaço de bolo ou já quer sair?

- Iie, já comi bastante doce em casa. Aniki comprou sonho! Eu trouxe.
Dito o irmão, logo Naoto sorriu aos demais, tanto a seu cunhado quanto a seu namoradinho.
- Então vamos logo.

Kazuya assentiu e o beijou no rosto, levantando-se a segurar deixar os pequenos saírem, saindo junto dele.
- Não fiquem muito longe da gente.

O moreno maior deu passagem aos demais, e assim que passados os menores, deu início a um rumo guiado pelos dois. O loiro desviou o olhar ao outro ao lado de si e suspirou, prestando atenção ao caminho do irmão, tentando se concentrar em outra coisa. Naoto caminhou sem mais, acabou mantendo o silêncio que se estendeu mesmo após passadas as casas daquela rua. No mínimo, algum suspiro disperso.
O loiro ouviu um dos suspiros do outro e uma das mãos segurou a dele, devagar, apertando-a. Naoto sentiu o toque de seus dedos um pouco frios, delicados mesmo no aperto no final.
- Não fique incomodado, está tudo bem.
- Hum... - Naoto murmurou e permaneceu em silêncio, manifestando-se pouco depois. - As coisas poderiam ter continuado normais se não fosse tão insistente.

- Me desculpe.
- Você disse que no dia seguinte íamos esquecer de tudo, você lembrou mais do que poderia.
- Esqueça, ta bem?
- Foi o planejado. - Desvencilhou o toque de sua mão.
Kazuya desviou o olhar a própria mão que foi solta pelo outro e a segurou novamente. Naoto sentiu o toque na mão e observou-o, logo em seu rosto com muda feição indagativa. O loiro sorriu a ele e seguiu o caminho junto do outro, não aceitaria dele um não como resposta.
- ...
Naoto continuou indagativo, mesmo sem obter alguma resposta e somente um tênue sorriso. O maior o
bservou o irmãozinho a voltar correndo e abaixou-se, beijando-lhe a face e recebeu dois pirulitos dele, entregando um ao rapaz em pé. O moreno o observou e aceitou o doce com um sorriso sutil.
- Obrigado.

- Olha! Calma! Deixa eu pegar o celular e tirar uma foto. Fique assim!
Naoto se voltou-se ao outro.
- Não seja idiota. - Provocou, inclinou o pescoço sutilmente ao lado e riu, baixinho.

Kazuya o observou por um pequeno tempo e sorriu.
- Você é lindo.

- Hump. Não diga isso a um homem.
- Por que não? Você é.
Naoto silenciou-se, observando o rumo tomado. O loiro observou o irmãozinho que voltou correndo e sorriu a si.
- Onii-chan! Amanha é feriado! O Naoyuki pode dormir comigo? Chama o Nao-san pra dormir também... A gente faz brincadeira.

- Iie, não podemos, Kazuki.
- Por que? - O pequeno uniu as sobrancelhas.
- Temos que voltar.
- Mas Nao...
- Você pode ir pra lá, se quiser.
- Mas você não quer ficar com o onii?
- Vocês estão confundindo, nós fazemos trabalho de escola juntos.
Kazuya sorriu a ele e abaixou-se.
- Vai pegar os doces, vai, eu deixo você dormir na casa dele.

Naoto observou-os a deixá-los com sua conversa e desviou o olhar a algum canto qualquer e o loiro se levantou. - Vamos pra casa, hum? Eu te apronto.
- Eles já terminaram?
- Acredito que sim, já encheram as cestinhas.
- Hai.
Kazuya assentiu e esperou ambos retornarem, segurando a mão do irmãozinho.
- Onii, você está chato hoje.
Murmurou o irmãozinho do moreno e fez bico, o que não respondeu e somente caminhou de volta.

- Está tudo bem, pequeno, você vai dormir com o Kazuki de qualquer maneira.
- Você pode vir também, Kazuya... - Disse Naoto.
- Não acho que se sentiria confortável.
- Eu?
- Sim.
- Não...
Naoto falou baixo, mas com altura suficiente. Suspirou, não o deixaria sozinho em casa.

- Sua namorada não vai se incomodar?
- Não deixo onii-chan namorar! - Disse o caçula do moreno antes mesmo que dissesse algo.
Kazuya desviou o olhar a ele.
- Nem comigo?

- Com você eu deixo. - Tornou dizê-lo e puxou a camisa do irmão antes e seguir ao louro e segurar sua mão, direcionando-a a própria. - Assim eu acho bonito!
O loiro riu baixinho a observá-lo e segurou a mão do outro.
- Yu-ki. Não seja intrometido. - Naoto bagunçou o cabelo do irmão.
- Deixa ele.
Naoto ouviu seu risinho baixo do irmão e o observou.
- O que foi?
- Kazuya-kun gosta de ser defendido. Gosta do onii-chan.

Kazuya assentiu e riu baixinho.
- E você dá corda pra ele.
O loiro o observou por um pequeno tempo e lhe soltou a mão.
- Vamos, crianças.

Naoto o observou silenciosamente e cruzou o caminho de volta junto a todos.
- Vão pegar alguma roupa?
- Sim.
- Hum... Então pegue.
Kazuya segurou a mão do pequeno e o guiou para dentro, subindo as escadas a indicar a ele que pegasse suas roupas. Naoto junto ao irmão, se instalou fora de casa, sentou-se numa escadinha do hall, esperando-os. O loiro seguiu escada abaixo junto do irmãozinho pouco tempo após, carregando a própria mochila e fechou a porta com a chave.
- Vamos?

- Vamos, já é tarde. - Dizia o moreno a se levantar junto ao irmão.
- Hai.
Junto a eles, Naoto traçou um caminho ligeiro até em casa, mesmo a pé, visto que a distância não era descomunal. Ao chegar lhes cedeu passagem e fechou a porta após entrar. Kazuya seguiu junto do amigo e do irmão pequeno até o local, adentrando-o e deu uma olhada discreta pela casa.
- Onde estão seus pais?

- Moramos somente nós dois. Meus pais moram noutro lugar.
O loiro uniu as sobrancelhas e assentiu.
- Por que está unindo as sobrancelhas?
- Nada, só curiosidade.
- Quer comer alguma coisa? Vocês querem?
- Ah, não, eu estou bem.
- Vou fazer o Kazu comer sonho comigo. Vamos.
Disse o irmão do moreno antes de puxar a mão do pequenino e subir até o andar de seu quarto, deixando embaixo o silêncio incomoda, que buscou não perdurar.
- Você prefere dormir separado?

- Se eu não te incomodar, quero dormir com você.
Naoto assentiu com maneio da face.- Vamos subir. - Apagou a luz da cozinha. - Pode tomar banho antes.
- Obrigado.

Compartilhe:

DEIXE UM COMENTÁRIO

    Blogger Comment

0 comentários:

Postar um comentário