Naoto e Kazuya #6


Kazuya adentrou a sala de aula após o outro, havia passado na cantina para comprar um suco para si, e trouxe junto um para ele, lhe entregou a latinha meio desajeitado devido ao feito no dia anterior, embora não transparecesse, era o próprio jeito afinal. Aproximou-se a ajeitar a gravata que ele usava logo em seguida.
- Não é que a minha roupa serviu certinho em você?
Falou em tom pouco alto para as pessoas que estavam perto e piscou a ele. Naoto o
bservou a latinha que chegou certamente a mão conforme ele a lançou, mesmo próximo. Encarou indagativo, mesmo silencioso enquanto sentia o toque na gravata e quase chegou arquear a sobrancelha, porém franziu as pálpebras antes que esta se elevasse.
- O que está fazendo?

O loiro riu e lhe beijou o rosto.
- Bom dia, Naoto.

- ... O que está fazendo?
Tornou indagá-lo, após a pressão suave de seus lábios, que como antes; ainda macios, na bochecha.

- Te dando bom dia.
- Por que esse beijinho no rosto, suco e mexer na minha gravata?
- Estou sendo gentil.
- Não precisa agir dessa forma.
- Ora, por que não?
- Porque não. Nunca nos tratamos dessa forma.

- Já entendi. Amanhã isso não aconteceu, certo?
- E você faz questão de falar sobre suas roupas... Tsc. - Naoto resmungou, e com sutileza denotou um traço de rubor.
- Ah, mas ficaram lindas em você.
- São só roupas de colégio.
- Você fica lindo de qualquer jeito. - Piscou a ele.
- Você quer mostrar para as pessoas que também sou igual a elas, é isso?
- Iie. Você é bom pra mim, elas não precisam saber.
- Mas está fazendo questão de chamar a atenção.
- Não. Podemos ficar juntos no intervalo?
- ... Se quiser. Eu costumo ficar lá em cima.
- Okay, eu compro algo pra gente.

- Não é necessário.
- Não costuma comer no intervalo?
- Eu posso comprar algo.
Naoto sentiu o aparelho vibrar no bolso da calça e virou-se no canto, como de costume junto a parede, sendo breve a atender o celular, visto que a ausência temporária de algum professor.
- Hai. - Disse a atender a ligação. - Estou na aula, Mei. Uma hora da tarde. Hai, Naoyuki estará em casa, ele a deixará entrar. Hum. Só suba, e me espere lá, não puxe conversa com o Yuki. Hai hai, jya... Mo. - E ao concluir a ligação, tornou esconder o aparelho no mesmo lugar.

Kazuya o observou, unindo as sobrancelhas ao vê-lo se virar e ouviu a curta conversa, observando-o apenas ao se virar novamente e não sabia o que dizer a ele, só sentia a fria pontada no peito.
- ...

Naoto o observou, deixando prevalecer o silêncio.
- ...

- Mei?
- O que tem..?
- Quem é?
- Por que quer saber?
- Por que eu tenho o direito!
- Tem o direito?
- Sim.
- Ah é? E por que?
- Porque sim. É sua namorada?
- E se for?
O loiro uniu as sobrancelhas.
- Não sei porque você está agindo assim.
- Por que você não pode ter alguém!
Kazuya exclamou, pouco se importando com as pessoas no local e o puxou pelo braço, arrastando-o para fora da sala consigo, ainda irritado e evidentemente magoado com a situação, com o que havia ouvido e o guiou consigo até o banheiro, sem se importar se se debatia ou não. Expulsou dois dos meninos que ali estavam e fechou a porta, o jogando contra ela a ouvir o barulho da madeira e estreitou os olhos.

Naoto se assustou num tênue sobressalto conforme o gesto repentino, abaixou o olhar evitando de saber quem ou como olhavam. Fizera menção de protestar quando o encarou e sentiu o pulso ser enlaçado por seus dedos firmes, levando a si ao exterior e logo o interior específico de um cômodo. Sentiu o material contra as costas ao ser liberto daquela forma. Bruscamente se voltou a observá-lo, elevando direção dos pálidos olhos cinza azulados e encarou os seus.- Você é meu!
- Nós havíamos feito um trato, Kazuya!

- Por que você não me disse antes de transar comigo?! - Falou alto, observando-o e estreitou os olhos. - Me diga!
O menor elevou bruscamente a mão fronte seus lábios, os tapando.
- Fique quieto, Kazuya!

O outro empurrou a mão dele.
- Me diga!

- Tsc. Não preciso te dar satisfações.
O loiro uniu as sobrancelhas e afastou-se, sentindo as lágrimas que preenchiam os olhos pouco a pouco e era óbvio, se sentia feito de idiota, fora a primeira vez com ele, havia se entregado a ele, claro, com uma promessa de esquecer tudo, mas com o tempo achou que poderia conquistá-lo se ele conhecesse a si, e agora via quem ele realmente era. Naoto o observou, notando a fina linha d'água que marcou seus olhos mesmo que não caíssem.
- ... Você... Por que... Está chorando?

Kazuya negativou, afastando-se do outro e virou-se de costas.
- Eu... Não quis te usar, Kazuya. E eu duvido muito que pense isso também. Não chore.
E ele negativou novamente, levando uma das mãos a limpar as lágrimas da face antes que ele visse.
- ...
Naoto silenciou-se, o observando em sua figura dorsal. Erguera a mão um tempo depois, na menção de tocá-lo no ombro. Descansou em seus ombros ambas as mãos e deslizou os braços com sutileza a volta de si, o abraçando sem jeito, daquela forma. Kazuya u
niu as sobrancelhas ao sentir o abraço, queria afastá-lo, mas não tinha forçar para fazê-lo, e manteve-se assim.
- Não chore. Você mesmo enfatizou, iriamos esquecer isso, você não está fazendo.
- Pode ir, Naoto...
- ... - O menor o apertou, mas não demais e acabou por realmente soltá-lo.
- Você parecia gostar ao menos um pouco de mim... Até acariciou meu rosto quando me viu chorar. Você foi a primeira pessoa que me viu chorar!
- Kazuya, pare de chorar. Pare com isso...
Naoto tornou tocá-lo no ombro, virando-o consigo. O loiro se v
irou e manteve a face abaixada.
- Você não é assim.
- Não, não sou.
- E por que está assim?
- Porque eu gosto de você.
- E você me prometeu e ainda ficou enfatizando os detalhes na sala. Quer que saibam. Não conte, Kazuya.
Naoto o observou, tocando-o no queixo a elevar seu rosto, visto que sem diferença qualquer na altura, o fitou de frente e encarou a linha perfeita de suas mandíbulas do qual estranhamente tinha costume de fazê-lo sem saber porque. Tocou seus fios louros na nuca, quase chegou lhe dizer a forma como tinha agrado por seus lábios corados mas se limitou no início da frase, notando o comentário que formulou.

Kazuya assentiu apenas e o beijou no rosto, um beijo simples e único, mas coberto de sentimentos.
- Volte para a sala. Vou ficar por aqui.

O menor suspirou e negou. Impôs-se de modo que desviou o beijo diretamente aos lábios. O loiro levou ambas as mãos aos ombros dele e o afastou sutilmente, evitando o toque.
- Não faça isso.

Naoto se afastou conforme limitado pelos ombros e o observou.
- ...
Assentiu mesmo mudo e saiu dp banheiro, aguardando-o, mesmo ali fora. Kazuya a
baixou a cabeça ao vê-lo sair e encostou-se na porta, despercebido da presença dele ainda no local e só então voltou a chorar, porém, em silêncio.

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