Reika e Takatsuki #14


Reika subiu a pequena escadaria, bem menor do que a anterior, até a frente do templo. Notou o monte de pessoas que faziam o mesmo por ali. Algumas se ajoelhavam com os pedidos e os outros pegavam as bolsinhas para ler o bilhete e colocar na árvore ou não. O outro sorriu a ela, gostava do ambiente, e estava um clima gostoso ali apesar de frio.
- Vamos escrever?

- Quer escrever? Então vamos. 
Disse ela, seguindo a uma razoável fila para a compra dos bilhetinhos onde escrever.
- Ai Deus... O que vamos fazer enquanto isso?
- Nada, tem que esperar. - Riu.
O outro fez bico e encostou-se junto dela. Reika levou a mão em seus cabelos e afagou de leve. Aos poucos, parecia mais dócil no modo de agir. Normalmente já teria zoado ou conversado algo aleatório e embora fossem próximos, não eram do tipo de trocavam carícias. 
- Vocês são um casal muito bonito, sabiam?
Takatsuki uniu as sobrancelhas e desviou o olhar à moça atrás de si, uma senhora e sorriu apenas, impossibilitado de xingar a senhora de idade que nada tinha culpa.
- Obrigado.

Reika se virou, observando-a meio lateralmente e sorriu a ela sem dizer nada, não negou e nem afirmou mas o ouviu agradecer. O que mais surpreendia era o fato dela não ter imaginado algo estranho, talvez pelo cabelo ou pelo fato de não estar com um yukata como as meninas. 
- Dois garotinhos muito bonitos.
Takatsuki sorriu, meio de canto e desviou o olhar a ela. que se virou novamente e sorriu, comprimindo suavemente os lábios, meio canteiro.
- Obrigado. - Disse a ela.
- Ah, mas tem voz de menina.
- Ela é menina, senhora. - Riu.
- Jura?!
Reika riu, meio entre os dentes.
- Hai.

- Nossa... Você é linda.
- Claro que não. A senhora é que é bonita. 
A senhora sorriu a ela, e caminhou um pouco mais, seguindo com a fila. Takatsuki riu baixinho e seguiu junto dela.
- Ficou sem graça. - Riu, ao dizer a ele, baixo.
- Ela é lindinha mesmo.
- Uhum, vamos levar pra casa e fazer de mascote.
- Não. - Riu. - Você.
- Eu o que?
- Nada.
O outro riu e finalmente comprou os bilhetinhos, deu a ela uma caneta e afastou-se, escrevendo o que queria nele. Reika se abaixou junto a pequena mesa e no papel cor de rosa claro, anotou algum pedido. Não tinha muita ideia do que desejar. Portanto, pediu por um ano bom, boas realizações, embora se sentisse bem como estava, não imaginava que gostaria de mudar algo. Estava feliz e na verdade não tinha muita noção do porquê. Fechou o papel, enrolou e esperou o amigo para que assim pudessem prendê-lo na árvore.

Takatsuki colocou o papel sobre a mesa e suspirou, fechando os olhos para pensar em como formular aquele pedido e rapidamente escreveu, para que ela não visse, que queria que ela também gostasse de si, como gostava dela, pediu que ela olhasse para si de mesmo modo, que criasse os mesmos sentimentos. Embrulhou o papelzinho e sorriu ao vê-la chegar.
- Hai, vamos.

Ela levou o bilhete junto a ele até a árvore e enrolou num dos pequenos galhos, amarrando-o.
- Pronto. Quer pegar o biscoito?

- Hai.
O maior sorriu e logo voltou-se a ela quando por fim amarrou ali o papelzinho. A outra c
aminhou só um pouco mais e aceitou os biscoitos, entregando um deles ao amigo. Quebrou e tirou o bilhete. "Sorte" Dizia a parte de trás e na frente " Oportunidades e amor".
- Hum... Sorte.

O maior riu baixinho ao ver o dela e abriu o próprio, porém uniu as sobrancelhas.
- O meu diz o mesmo que o seu...

- Hum.
Ela deu de ombros e amarrou na árvore junto ao outro, como tradição aquilo significava amarrar a sorte do bilhete. Takatsuki r
iu e fez o mesmo.
E agora? Comer mais?
- Bem, pode ser. Ne, como você sabe, eu estava brincando com você sobre seu presente de natal.
Ele riu baixinho e retirou do bolso uma pequena caixinha, entregando a ela com um sorrisinho nos lábios, e esperou que ela não pensasse que era um anel por estar numa caixa de joias, era uma corrente, preta e com uma cruz, a qual achou a cara dela.

Reika caminhou junto dele, observando os monte de luzes decoradas em cores azuladas, rosadas bem claro, e brancas, pisca-pisca.  Voltou a atenção a ele quando chamada e sorriu de canto ao ouvu-lo dizer.
- Como sei não, a gente sempre zoa com os presentes mesmo. - Ela disse e no entanto aceitou a caixinha, abrindo-a a fim de conferir o presente. - Oh, que bonita.
Disse, na verdade mais surpresa pelo fato de não ter ganhado o casaco que usavam e sim um adorno, afinal, como havia dito a ele, costumavam brincar e trocar presentes meio bobos.
- Obrigada...
Deu-lhe um abraço com só um dos braços, já que o outro segurava a sacola e mesmo a caixinha com o presente. Takatsuki s
orriu a ela e assentiu, retribuindo seu abraço com um beijinho em seu rosto.
- Vai virar gótica agora. Mentira, achei que combinava com você.

- Ah, não seja idiota. Isso não é gótico. Deixa um gótico ouvir você falando isso.
Ela riu e fechou a caixinha, teria colocado, mas usava roupas que definitivamente não combinariam com o colar.

- É só brincadeira. - Riu.
- Obrigada, é lindo mesmo. Me desculpe por não ter preparado nada.
Murmurou e guardou o presente após olhá-lo uma última vez e torceu o lábio ao fitá-lo. Ele riu baixinho e negativou.
- Eu não ligo.

- Vamos, vamos sentar, vão queimar os fogos.
Takatsuki assentiu, segurando a mão dela a entrelaçar os dedos.
- Vamos.

Reika seguiu com ele até a arquibancada e sentou-se nos bancos escolhidos antes. Claro que pegou o pote de franguinhos antes de ir até lá, era uma das tradições de natal. Só não entendia porque, já que os japoneses não tendiam a comer carnes com facilidade, talvez fosse o luxo de poder fazer isso, já que durante todo um ano comiam pouco.
- Hum, esse frango está com um cheiro tão bom que chega a ser um pecado...
O maior falou a ela e sorriu, sentando a seu lado enquanto bebia uns goles do chá gelado comprado. Reika s
orriu e pegou um dos pedacinhos de frango, levando até a boca dele.
- Então coma.

Ele assentiu e aceitou o frango, sorrindo em seguida.
- Hum...

- Bom, ah?
Ela disse e levou à boca. Até então sentados, quando o relógio de pulso apitou de leve, denunciou o horário em que se dava início a queima de fogos que explodiam como luzes cintilantes e coloridas. Levantou-se, deixando no assento as coisas que levavam.
- Ah, que bonito.

- Hai. - Takatsuki sorriu e deixou igualmente as coisas sobre o banco a se levantar. - Olha Rei! - Disse, apontando ao outro lado onde ela não olhava. - Que lindo!
Ela se virou rapidamente, olhando onde apontado por ele.
- Hai! Feliz natal, Takatsu!

- Feliz natal, Rei!
Ele falou e abraçou-a, apertando-a contra o corpo, deslizou as mãos pelo corpo dela, acariciando-a e suspirou, sentindo seu perfume gostoso, sua pele macia e por fim afastou-se, observando-a e lhe selou os lábios, superficialmente primeiro, ouvindo os gritos das pessoas ao redor devido aos fogos e por fim, empurrou a língua em sua boca, não conhecia ninguém ali mesmo, e queria beijá-la, esperou que não fosse ser recusado.

Reika ergueu os braços, brincando, mas recebeu o abraço que retribuiu e o apertou, movendo de um lado ao outro, mas cessou no entanto. Sentindo a aspirada na pele, o que arrepiou de leve e afastou-se afim de olhar o amigo e provocá-lo por isso, mas sentiu o selo nos lábios. Que causou em si um arqueio na sobrancelha, já que meio fora de hora. Mas não recusou, o retribuiu, um pouco perdida, mas o fez.
Takatsuki abriu um pequeno sorriso ao perceber que retribuído e fechou os olhos, deslizando ambas as mãos pelo corpo dela numa suave carícia, seguindo das costas até a cintura e deslizava a língua sobre a dela, apreciando o toque a ouvir o barulho dos fogos, sentindo a face pouco iluminada pela claridade dos mesmos e num último selo se afastou, sorrindo a ela ainda de perto.
Aos mãos dela penderam num breve tempo, até entender a ideia, logo pousou-as em seus quadris, segurando-o por lá. Enquanto ouvia os suaves estouros, assobios das luzes que explodiam no céu. E sentia seus carinhos, tal como seus lábios até que estivesse farto do beijo e assim o interrompesse.
- Ora... Foi afetado pelo clima de natal, ah?

O outro riu baixinho e assentiu, beijando-a na pontinha do nariz e logo virou-se a continuar observando os fogos, porém desviou o olhar por um segundo ao outro lado da arquibancada, e notou ali um dos garotos da própria sala que parecia pasmo com o que acabara de ver, si e ela, boquiaberto. Arregalou os olhos e uniu as sobrancelhas, desviando o olhar a fingir que não havia visto nada.
- O que foi? - Ela indagou ao notar seu olhar um pouco esquisito.
- Nada... Quem disse que foi algo?
- Ah? É que você fez uma cara estranha.
- Não... Não fiz não.
- Hum, ok.
Disse ela e voltou a observar o céu, e as luzes em menor quantidade por sua vez.
- Nós vamos voltar... Pro quarto?

- Vamos, vamos lá. Encomendei o bolo.
- Hai!
Reika se virou, pegando as coisas do assento, colocou a sacola no braço e pegou o potinho com o frango já fechado e reservado pra depois. Observou o garoto, que olhava esquisito para ambos, mas não o conhecia, então deu de ombros, provavelmente era o mesmo problema que as meninas ou a senhora na fila de pedidos.
O maior seguiu junto dela para baixo e pegou as sacolas de sua mão, não queria ser um cavalheiro, e sim encher o saco dela. A outra voltou a atenção a ele e arqueou a sobrancelha, porém deu de ombros.
- Vai se foder.

- Ué, por que?
- Quer me encher o saco.
- Sempre quero. - Sorriu.

- Eu sei. Não vou te deixar comer bolo se me encher o saco. - Ela disse e caminhou de volta com ele, parou em frente a grande escadaria que haviam subido. - Agora descer, ah.
- Ah, que delicia.
Takatsuki falou, referente a escadaria e riu, descendo rapidamente os degraus.
- Vai levar um rola.
Reika disse, visto que ele já bem a frente, e seguiu devagar, sem pressa. Até roubou a tomar de seu chá. O outro r
iu e pisou meio em falso, quase chegou a rolar da escada, porém segurou-se e caiu sentado somente, desviando o olhar a ela e estreitou os olhos.
- Porra... Joga praga mesmo!

A menor notou seu sobressalto e até deu alguns passos mais ligeiros, o puxou pelo casaco e consequentemente o fez cair de bunda num dos degraus.
- Olha só, sou uma bruxa.

Takatsuki uniu as sobrancelhas e levantou-se, devagar, massageando as nádegas batidas e riu.
- Ai...

Ela riu entre os dentes e massageou por ele, sutilmente.
- Pronto, parou.
Disse e logo terminavam os degraus extensos, chegando de volta ao colégio, onde mesmo após o horário, continuavam a transitar os alunos. Embora após um horário, tivessem que estar todos no dormitório, aos feriados, que não ia para casa, tinha maior liberdade.
- Vamos pro meu quarto.

- Hai...
Ele disse, ainda meio dolorido, obviamente não havia gostado muito de cair com algo que já estava dolorido devido a relações de dois dias atrás com ela. Reika seguiu pelo corredor, notando-o meio amuado e riu.
- Bumbum doendo, hum?
Retrucou e abriu a porta do quarto. Havia até improvisado uma toalha para a mesinha de cama. Que obviamente, já estava sobre, no meio dela, coberta com o tecido vermelho. Com dois pequenos pratos e garfos de sobremesa, que empilhados, logo ajeitou um em cada lado e tirou o bolo da geladeira, colocando na mesinha. Piscou a ele, tirou o casaco e pendurou por ali. O mesmo fez com os sapatos, ficando mais confortável.
- Vem, feche a porta.
Disse e indicou a ele. Tinha deixado sobre a cama além da mesinha e o bolo, a caixa de tamanho médio, tecido preto com laço vermelho. E após se por de modo mais à vontade, pegou dali e entregou a ele.
- Feliz natal, moranguinho.

Takatsuki adentrou o quarto, fechando a porta atrás de si como ela havia pedido e retirou igualmente o casaco, até então não notando que havia ali uma mesinha ou qualquer outra coisa, só notou quando desviou o olhar a ela e sorriu, meio desajeitado, afinal, não esperava que preparasse algo para si.
- ... Eh? Ah, obrigado.. Não precisava, Rei. - Falou e pegar a caixa.

- Senta e abre. Não é algo como um colar, mas...
Ela pegou as bebidas, colocando-as junto a mesinha e o bolo. Ao abrir, encontraria um pequeno aparelho preto, com apoio embaixo, algo que lhe pareceria um refletor em miniatura. O maior a
briu a caixa e logo retirou o objeto, e estava extremamente confuso.
- ... O que é isso?

Ela riu, notando sua expressão exatamente como queria ver. Pegou a tomada na carência da bateria carregada e levou até o móvel próximo ao plugar o objeto não identificado por ele. Levantou-se e então apagou a luz antes de voltar até o pequeno aparelho.
- Uma vez me disse que sempre quis colar aquelas estrelinhas brilhantes no seu quarto e você já não é menininho pra colar estrelinhas então eu achei que podia ser legal.
Ela disse e pressionou o botão do pequeno projetor. E redefiniu as formas do quarto numa imagem ampla e galática com tons roxos frios, azul mais brilhante e o branco, o que podia facilmente adquirir outras cores.
- Não é bonito? Sei que não é algo que se espera ganhar, mas achei bonito então queria dar a você.

O maior a ouviu em silêncio, na verdade curioso e sorriu ao fim da frase, observando os desenhos pelas paredes do quarto, e pensou que gostava do fato de que ela havia se lembrado disso, e havia gostado do presente, de verdade, tanto que nem soube o que falar e ficou meio sem graça.
- ... É lindo.

- Não é? Deve ser bom pra relaxar um pouco. - Reika sorriu e voltou a se sentar na cama, jogando-se com cuidado pra não balançar a mesinha. - E aí, quer comer bolo no céu?
O outro riu, observando ainda as estrelas na parede e sentiu-se confortável, sentando-se ao lado dela.
- Com você, eu quero.

- Ok. - Reika disse e ajoelhou-se na cama. Colocou o queima faísca sobre o bolo e acendeu com o fósforo que certamente seria confiscado em algum momento. - Aí ó.
Takatsuki sorriu e observou o objeto que gostava bastante queimar sobre o bolo e bateu palmas a observá-la.
- Eu adoro isso.

Ela riu, achando graça e assentiu. - Eu percebi isso hoje. - Retrucou e ouvia o palitinho faiscar.
Ele r
iu novamente e mordeu o lábio inferior. Quando finalmente o palitinho morreu com o faiscar, Reika tirou-o de cima do bolo após o protesto do amigo e serviu uma fatia do bolo de fruta pra ele.
- Pêssego e creme, já que não gosta de morango.

Ele sorriu a ela, aceitando a fatia de bolo e fez bico devido ao palitinho, pegando um garfo para si e experimentou. A outra se serviu igualmente do bolo e experimentou como ele, fatiando um pedacinho com o garfo e levou a boca.
- Hum, oishi.

- Oishi ah? - Sorriu. - Oishi.
Ela observou o amigo e balançou a cabeça, afirmando e continuou o doce em silêncio.
- Você... Onde comprou?
- O que?
- O bolo.
- Pedi de uma confeitaria no centro. Por que?
- Precisamos ir lá.
- Podemos ir no fim de semana.
- Hai! Eu ia adorar.
Takatsuki a observou e sorriu, e pensava que ela havia se preocupado em comprar um presente para si, que ela havia se lembrado, e que talvez, aquele pedido no bilhete já estivesse se realizando.

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