Ryoga e Katsumi #11


Katsumi voltou algum tempo depois e observou o pequenininho que dormia junto com ele, no meio dos milhares de papeis, e eram uma graça, uma família meio incompleta, mas isso não tinha muita importância. Havia interferido muito no que eles eram, em suas rotinas e como agiam e sentiu um aperto no peito ao pensar sobre isso. Os passos se fizeram presentes dentro do quarto, mas não alcançou a cama, afinal, sobre o móvel encontrou um pequeno pedaço de papel, e o telefone anotado com uma caneta vermelha e um nome assinado com um coração. Era um idiota. Permaneceu ali a observá-lo por um pequeno tempo e suspirou ao fim, voltando ao quarto onde dormia e pegou a mochila que colocou nas costas com as próprias coisas. Passou pela cozinha vazia, a empregada já havia se recolhido, já que era quase dia e saiu da casa, vendo o céu meio claro pela luz do sol, teria de correr, mas logo estaria em casa, era perto e não olharia para trás.

Ryoga havia ouvido seus passos, claro, era um vampiro antigo, sabia o que acontecia na própria casa, e assim que o viu sair, já havia se levantado num pulo. Buscou uma roupa qualquer dentro do guarda-roupa e para fora de casa o seguiu até encontrar o local onde morava, e entrou pela janela sem muita dificuldade. Encostou-se no limiar da porta, a claridade incomodava as vistas, mas conseguia suportar por algum tempo. Cruzou os braços em frente ao peito, enquanto observava-o já transitando por sua própria casa.
- Espero que tenha vindo buscar suas roupas.

O menor se assustou ao ouvi-lo e virou-se a observá-lo, afastando-se em alguns passos.
- Não, vim pra ficar. Não vou voltar, Ryoga.

- Por que? - Indagou, encostado ali mesmo próximo a janela.
- Saia daí antes que vire pó. - Disse a puxá-lo e fechou as cortinas. - Não posso ficar lá com você e o Erin, me sinto sozinho.
- Se sente sozinho? - Indagou fronte a ele conforme puxado. - E aqui você tem muita companhia, certo?
- Prefiro assim. Vocês são uma família, eu sou só eu, sempre foi assim, e eu não quero interferir na sua vida. Estou bem do modo como estou.
- Você também estava fazendo parte dela, estúpido. Vamos ter um filho juntos, não seremos amigos, menos ainda desconhecidos tendo filho juntos.
- Ora, sabe muito bem que eu só uma prostituta pra você. Durmo até em outro quarto, pelo amor de Deus!
Ryoga franziu o cenho, criando dois riscos temporários entre as sobrancelhas.
- Não pago você pra transar e na verdade sequer transamos desde que ficou por lá.

- Exatamente, não transamos, não dormimos juntos e você continua saindo com outras pessoas, não quero isso, não quero ser visita, nem barriga de aluguel.
- Não fazia parte dos meus planos engravidar você, sabe muito bem disso. Portanto dizer que é barriga de aluguel é ridículo, não seja dramático. Você pode entrar no meu quarto e deitar lá se quiser, já te expulsei do quarto alguma vez?
Katsumi arqueou uma das sobrancelhas ao ouvi-lo, e o som de suas palavras ressoou várias vezes na cabeça "Não fazia parte dos meus planos engravidar você".
- Pode voltar pra sua casa tranquilo, eu não estou grávido.

- O que? - Indagou no fim de sua frase.
- Eu menti, queria que fosse meu ao invés de ficar com outras pessoas, queria que saísse só comigo, idiota fui eu em pensar que podia fazer isso.
- Mentiu?
Ryoga voltou a proferir da mesma forma e fitou-o de cima, evidentemente de rabo de olho. 

- Sim. Pode me matar se quiser, eu não ligo.
- Bem que não senti porra nenhuma. Imaginei que fosse a falta de conexão com o sangue, mas é, um vampiro como eu não teria como não sentir ainda que somente uma gota do meu sangue estivesse no seu corpo. Foda-se, fique na sua merda de casa, eu vou pra minha.
O menor sentiu as lágrimas presas aos olhos ao ouvi-lo e permaneceu em silêncio, assentiu apenas ao final da frase.
- Desculpe.

O moreno sorriu de canto, achando graça em suas lágrimas e tão logo voltou para casa como dito, não perderia tempo com ele depois de ser feito de trouxa. O menor o observou sair do local e seguiu em direção à cama, passos quase automáticos, onde deitou-se e cobriu-se até a cabeça, não gostava de chorar, nem mostrar a ninguém que o fazia, então mantinha-se sozinho e no escuro. Não sabia porque havia criado todo aquele problema, mas havia ido longe demais, e naquele tempo, sabia que ele não podia ser somente próprio, estava sendo acompanhado, sempre em meio a várias pessoas, e quanto a si, não era ninguém.

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