Ryoga e Katsumi #12


A respiração de Katsumi estava pesada até demais, embora não precisasse respirar, o fazia pela mania humana, é claro. Sentava-se num sofá de couro e em uma das mãos segurava um copo transparente com o líquido marrom e rubro ao mesmo tempo, era whisky, odiava, mas deixava bêbado mais rápido e haviam apenas três gotas de sangue dispersas pela bebida, estava totalmente bêbado e acreditava que alguém havia colocado algo mais na bebida, porque enxergava tudo totalmente turvo. É claro que não comia há dias, podia desmaiar a qualquer momento, mas não enquanto as pequenas gotas estavam na bebida e de hora em hora os garotos colocavam mais algumas gotas. Ouvia a música alta e os quartos vermelhos mexiam ainda mais com a própria visão, observava os garotos, todos passivos a procura de algum ativo com dinheiro, não era ativo, mas é claro que não sabiam disso. Queria matar cada um daqueles garotos, mas por enquanto, era o que dava. Muitos eram humanos transformados, fracos, podia quebrar os pescoços facilmente, mas preferia se intoxicar. Bebeu mais do whisky e acendeu um cigarro, aspirando a fumaça para 
si.
Ryoga se sentou no banco vermelho e estofado próximo ao balcão do bar. A música por ali era ambiente, diferente da zona de quartos, que tocavam a música abafada entre as paredes e causavam um tipo de transe durante todo o ato sexual dentro deles. Um copo com saquê e mistura de frutas dava um bom frescor para a noite. Aperitivos apimentados davam o rebote no frescor, causando um calor voraz na garganta. Sentiu o cheiro agradável pelo ambiente, uma mistura de sangues vampíricos recém-formados, eram quase humanos e já haviam descoberto aquele lugar. Um toque no ombro foi o início de um convite, enquanto em movimentos sinuosos o pequeno rapaz seguia para a ala dos quartos, porém não o seguiu.
O outro suspirou, cansado demais de ficar ali com aquele barulho todo e levantou-se, quase tendo que se apoiar na parede e jogou todo o dinheiro que tinha sobre os garotos que tentavam segurar a si.
- Saiam de perto de mim e me deixem ir embora.
Estreitou os olhos e suspirou, pegando o copo de sangue logo ao lado do copo que havia deixado ali, voltaria a realidade, ou tentaria voltar e bebeu em alguns goles, não suficiente para melhorar o corpo, mas o suficiente para se livrar de boa parte da bebida, que foi absorvida pelo corpo junto ao sangue que restava e renovado. Estalou o pescoço, ajeitando as roupas e arrumou a postura, seguindo para fora.

Após o drink, o maior petiscou o suficiente e fitou de soslaio a presença do rapaz ainda próximo a direção da ala. Ao se levantar, vira-o se espantar e apressar os passos, ingênuo, mal sabia se o iria seguir realmente. Ao alcance do corredor, observou os quartos, alguns fechados, outros como convites abertos e a seguir com a direção a fitar as salas, apreciando a vista de alguns, desdenhando a vista de outros e sentiu o impasse ao colidir a presença de alguém. Cheirava a álcool e se mexia com languidez. Além do álcool, um odor característico, de alguém que conhecia bem e fitou-o de cima.
Katsumi cessou os passos ao sentir um toque rude e estranho sobre o ombro, havia colidido contra o outro, justamente quem não queria encontrar. Arqueou uma das sobrancelhas a observá-lo e logo desviou o olhar, ajeitando novamente a camisa.
- O que faz aqui?

- Uh, está adquirindo um novo sotaque? Não entendi nada do que disse.
Ryoga retrucou e ajeitou-se, observando o corredor e mesmo o rapazinho que esperava na porta de um dos quartos. Não tinha realmente intenção de ir vê-lo.

O menor pigarreou.
- Não estou mais tão bêbado. - Disse a virar-se e observar o garoto, sorriu consigo mesmo e virou-se a observá-lo. - Não vou atrapalhar sua noite.

- Não atrapalha. - O maior disse, com um sorrisinho inevitável ao notar a direção cujo ele se voltou e tão logo se desviou. - Cuide bem do seu bebê.
Disse e tocou sua barriga, como se realmente lhe desse algum conselho e caminhou de volta. Katsumi a
rqueou uma das sobrancelhas ao ouvi-lo, era justo e deixou-o tocar a barriga, certamente somente assim sentiria o volume ali presente, que não era grande, mas notável, o havia descoberto há alguns dias, mas não ligaria pra ele, era o único pedaço dele que havia sobrado em si. Virou-se e voltou-se em direção a saída, em silêncio. Ryoga notou uma pequena saliência naquela região, e o fitou, sem muito a dizer.
- Vai me dizer que isso é gordura?

- É, estou ficando gordo. Não é problema seu. - Falou a sair do local e acendeu o cigarro a caminhar pela calçada.
- Parece que sim.
O maior disse e o deixou seguir seu rumo, ainda que notasse alguma nova mentira vinda dele. Katsumi a
ssentiu e tragou o cigarro, ajeitando as roupas largas que passou a usar e voltou para casa, fechando os cômodos e as janelas. 

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