Ikuma e Taa #6


O bar estava cheio, afinal logo a noite chegaria e as pessoas ficariam ali para dançar. O maior estava sentado próximo ao balcão e pedia sempre uma nova dose da bebida, mantendo a cabeça baixa e a mão nos cabelos desarrumados, jogando-os para trás para que não caíssem sobre a face.

 O sorriso impudico delineou os lábios do loiro ao ver o magrelo conhecido, sentado num dos brancos sem apoio próximo ao balcão. Despediu-se da companhia, conhecidos e frequentes no mesmo bar. Ou o que se chama de casa noturna. Meticuloso foram os passos que o guiaram até ali, e defronte si, o vocalista de costas, que bebia mais que um animal sedento, mas não estava bêbado. Os braços firmemente envolveram a cintura magra por trás, e roçou os lábios no pescoço alheio, de modo que não fosse tão íntimo apesar de maldoso na provocação, e percorreu até chegar a orelha, a voz sonoramente baixa, expôs-se tão lascivo em falar.
- Oi, meu amor, que saudade...
A seriedade na fala logo fora substituída por um riso conjunto a curva ampla nos pequenos lábios e apertou-o em meio aos braços uma ultima vez antes de soltá-lo.
- Olá, Lagartixa!

O maior se assustou, derrubando o pequeno copo contendo a bebida sobre o balcão e arrepiou-se com o toque no pescoço, virando-se minimamente ao ouvir a voz do outro. Suspirou e pediu outra dose da bebida, já sabendo ser o vocalista, virando-se e o fitou, as olheiras expostas nos olhos, tentando disfarça-las com maquiagem sem muito sucesso.
- Ah, é você, arrombado.

Ikuma riu baixíssimo, ocultando e abafando o pequeno riso entre os lábios cerrados. Sentou-se sem convite ao lado do conhecido e apoiou ambos os cotovelos acima do balcão, curvando sutilmente o corpo sobre ele.
- Olha, não seria o apelido mais conveniente para você? ... Oh! não! ele não quis te arrombar, não é? - Desta vez, o riso em lábios cerrados fora pouco mais notável. - Enfim deixou o casulo... Mas vejo que continua lagarta... Por isso está triste? Ou ele floresceu e voou longe de você?

Taa estreitou os olhos e a mão foi de encontro a face do outro, lhe dando um tapa que ecoou, embora sem muita força e virou-se novamente ao balcão, bebendo a dose que havia pedido.
- Ah! Que dor! - Ikuma riu logo após proferidas as palavras, certamente provocando o outro. - Se me tocar mais uma vez, vai se arrepender.
- Não tenho medo de você, loirinho... Quer me arrebentar, faça, eu nem ligo.
- Não farei isso, Lagarta. Vou te dar algo muito gostoso, na verdade...
O maior estreitou os olhos.
- Prefiro levar um soco...

O pescoço do loiro fora inclinado para trás e o riso soou notável. Um ato breve, e logo tornou a olhá-lo novamente.
- O que pensou, Taaís? Acho que não entendeu... Uh, e realmente não vai entender à menos que eu o faça.

- Eu não quero saber o que é, hum. Não me encha a paciência.
Ikuma tornou a rir.
- Ah, você é tão malicioso. Eu nem disse nada e supos que eu faria algo sexual com você ou físico. Bem, no entanto... Seria algo do gênero. Só não tenho coragem de meter meu pau em você. - O provocou e se levantou. Novamente os braços adornaram a cintura alheia, desta vez ao seu lado direito. - Olha pra mim, agora.

Taa riu, observando o copo com a bebida e bebeu mais um pouco da mesma, desviando o olhar ao outro
- Hum?

Um dos braços Ikuma manteve envolto a cintura, passando-o por costas do vocal. A outra mão perdeu o envolver e se guiou ao rosto defronte, segurando-o entre dígitos. O sorriso, novamente impudico fazia posse dos lábios conforme obteve a proximidade do outro, e continuou mantido nos singelos mesmo após tocar os alheios, unindo-os num toque simples, porém, os próprios se descerram minimamente e o inferior do vocalista magrelo, fora preso entre dentes, especialmente aqueles que foram fincados na carne macia e rompeu pouco da pele, até expelir gotículas do sangue, e ao sentir o liquido minimo que tinha calor, murmurou.
- Oh, acho que te machuquei...
Um tom cínico era existente na voz, mas pareceu cortês em dizer-lhes o que havia feito mesmo tão óbvio, sentido pelo outro. 
Uma das mãos do maior foi até os cabelos do outro, segurando-os com força para caso algo acontecesse, poder afastá-lo e gemeu em tom alto ao sentir a mordida, puxando-o para longe de si, como havia previsto.
- Me solta, seu filho da puta! - Levou uma das mãos até os lábios assim que ele os soltou e levantou-se, encostando-se na parede. - Qual é o seu problema?!

Aquele sorriso era tão bem usado, novamente tomou os lábios do loiro que se descerraram desta vez e a língua roçou sobre os dentes e deu fim ao roçar sobre o canino que fez questão de expor.
- Ora ora, nem fiz nada com você... Lagarta.

Taa observou o canino do outro e apoiou-se ainda mais na parede, assustado, e parecia um sonho ou uma piada de mal gosto, afinal, sempre estivera perto dele e nunca havia percebido aquilo, apesar da insistência em sua frase de que estava morto e no corpo tão frio do maior.
- Não chegue perto de mim.

- Uh!
Ikuma se voltou próximo ao balcão, com olhos centrados no rapaz esguio. Sentou-se onde estava à pouco e apoiou um dos cotovelos no material.
- Não vou te fazer nada... Mais fodido que já está? Tenho pena de você. Tenha sorte de não encontrar meu irmão, se não já estaria sem sangue e com um pau no meio da bunda.

Os olhos do maior foram em direção ao chão e algumas lágrimas escorreram pela face junto a maquiagem preta, não sabia no que pensar, estava atordoado. Deixou o dinheiro sobre o balcão e saiu do local, colocando as mãos no bolso do casaco.
- Devo te deixar sozinha, Taaís?
A voz ecoou ao outro, através de suas costas. Assim, como um reflexo, Ikuma caminhava atrás dele, em passos iguais e mãos nos bolsos do casaco. Taa p
arou e suspirou, virando-se de frente a ele, o sangue escorrendo pelo canto dos lábios.
- O que você quer?

- Matar você. Gostaria de morrer agora? Ou depois?
- Não faz diferença.

- Uh, certo.
Ikuma retomou os passos que levaram próximo ao conhecido. Com um cínico sorriso, a língua roçou sobre aquele pouco sangue escorrido no canto esquerdo dos lábios dele. O dígito indicador, deslizou sobre o tronco de um ombro ao outro, voltou a clavícula e subiu a um lado do pescoço.
- Onde quer? Te dou opção. Soa mais divertido. Onde sente mais dor? No pescoço ou na clavícula?... Talvez  na nuca?

Taa retirou os cabelos do pescoço e jogou-os para o lado esquerdo, inclinando o pescoço e deixando-o a mostra a ele, sem dizer nada. Se ele era aquele vampiro mesmo e não estava tirando sarro, o faria e aquela altura, não se importava de morrer. A vida estava de cabeça para baixo, nada do que tinha parecia ser bom o suficiente, e estava bêbado. Não pensava direito, e se ele não o fizesse, se mataria em algum lugar qualquer, logo não fazia diferença. 
A língua do loiro se roçou sobre os próprios lábios, umedecendo-os antes de morder-se no inferior, que novamente refletia o feito no vocal, e com pouco sangue sujou os pálidos. Os dedos entrelaçaram os longos cabelos do rapaz que aparentava ser mais velho, porém, duvidava muito disso.
- Gosto do seu cabelo. - Comentou, como se fizesse alguma diferença e riu. A língua umedeceu a pele branca do outro ao roçá-la na extensão até a orelha. -  Vai gostar disso.. - Sussurrou a voz peculiar. - Vai sentir prazer pela primeira e última vez na vida...
O loiro descerrou os lábios que suavemente roçaram os finíssimos na pele, e indelicado, mordeu-o o mais rude que fora capaz, chegando a ouvir o estalo do romper de carne e pele perfurados. 

Taa se arrepiou e suspirou, ficando em silêncio ao ouvi-lo e podia sentir aquele arrepio estranho percorrer o corpo, ansiedade, medo, tudo misturado. E gritou ao sentir as presas cravadas em si, a dor insuportável percorrendo o corpo, e não achou que ele realmente fosse capaz de fazê-lo, então era isso? Iria morrer no braços dele? Ele havia caçado a si por tanto tempo para fazer aquilo? Fechou os olhos com força e segurou uma das mãos do outro automaticamente, apertando-a de mesmo modo.
- Ikuma! P-Para! Ah!
Mordeu o lábio inferior, deixando o sangue escorrer pelo canto novamente. Ikuma fechou os olhos, sentindo todo o percurso que o sangue do outro fazia nas veias que pulsavam o sangue para a boca. Sugou todo o fel, o engolindo. Os dedos com fios cinzentos em meio a eles, continuavam a puxá-los entrelaçados nos dedos, sem deixá-lo se mover. Havia dito, queria matá-lo, não houve protesto inicial, e não o deixaria até sugar todo seu liquido. As pernas iniciaram os passos que encaminhou ambos até a parede, apoiando o corpo magrelo do outro no concreto.

Taa sentia todo o sangue ser retirado do corpo aos poucos e fechou os olhos, permanecendo em silêncio e apenas deixava que ele o matasse, afinal, não havia mais nada que pudesse fazer ali, não tinha mais forças para lutar contra ele ou contra qualquer coisa. Gemeu baixo ao ter o corpo encostado a parede e as mãos deslizaram pela mesma, a arranhando.
O loiro o sugou até esvaí-lo de vida. Deixando os dentes separarem-se da carne somente quando nenhuma gotícula ficou em suas veias, deixando o corpo pálido e frio deslizar pela parede e encontrar-se inerte ao solo.
A vista do maior embaçou aos poucos e ouvia o coração ficando mais fraco, não tinha desespero desde que o outro o mordeu, de certo modo ficava feliz em morrer, era melhor do que ficar bêbado e jogado por ai, e sentia o sangue ir sumindo até que foi capaz de dar o último suspiro e perdeu a consciência antes que ele deixasse o corpo ou que tocasse o chão.

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