Yuuki e Kazuto #12


Kazuto estava entediado em casa, o relógio marcava pouco antes do vampiro passar no estúdio então ainda tinha algum tempo. Levantou da cama e correu até a porta, ajeitando a regata que usava sobre o tronco, soltinha. Assim que saiu do quarto e o viu no corredor, abriu um sorriso enorme nos lábios.
- Yuuki! Posso ver o ensaio?

E seguiu até o elevador junto dele com o mesmo sorriso nos lábios, observando-o enquanto o seguia. Yuuki entrou no elevador, apertou o botão que levava até o saguão, encostou-se a parede de metal, cruzou os braços frente ao tórax enquanto esperava chegar até o local, no entanto tornou a descruzá-los quando sentiu a sutil vibração no bolso da calça. Retirou o aparelho do bolso, o atendeu, dos lábios nenhuma palavra além do murmurio "hum" assentindo. Tornou a guardar o pequeno objeto, direcionando o olhar ao pequeno.
- Pode voltar, garoto. Não vou ao ensaio hoje.

- Está falando sério? - Kazuto desviou o olhar ao chão e logo depois ao maior. - Quer sair, hum?
- Sair? Com você? - Riu em som mínimo.
- É, o que tem de tão ruim, hum?
- Hum, certo. - Yuuki tornou a cruzar os braços, com os olhos cobertos pelo óculos escuro, a observar a porta que abriria logo. - E onde vai me levar, ao parque de diversões? Ou talvez ao cinema para assistir algum filme na seção infantil, uhn.
Cinema seria interessante, hum, é escuro lá. - Riu e desviou o olhar. - Não sei onde levar você, você não come nada, e eu não estou com fome. Onde quer ir, hum?
- Em lugar algum.
O maior se desencostou do local assim que a porta fez menção de ser aberta, saiu. Caminhou até chegar ao barzinho por lá mesmo, no edifício. Sentou-se num dos assentos estofados e observou a moça atendente a se aproximar, anotando o pedido. Apoiou o cotovelo no braço do estofado, tendo a mão a entrelaçar os dedos aos próprios fios de cabelo, observando o movimento, as pessoas que entravam no local.

- Hey... - Kazuto suspirou e o seguiu, sentando-se ao lado dele enquanto o fitava. Assim que a moça trouxe o pedido, pediu vinho a ela e logo fitou o outro. - Está tudo bem, hum?
- Perfeitamente. Garota! - Chamou a moça.- Traga leite para o garoto, e não vinho.
Esboçou um curto riso em deboche, piscou a moça em seguida. Kazuto e
streitou os olhos para ele e apenas respirou fundo.
- Calma Kazuto... - Murmurou - Ignore o idiota! - Falou mais alto - Você está sempre me zoando né? Ja disse que não sou criança.

- Quem você acha que é pra me xingar, uh?
O maior retirou o óculos que descansava em frente as íris claras, colocando-o sobre a mesinha existente entre os assentos, e passara a encarar o garoto. O loirinho f
itou os olhos dele com um sorriso nos lábios, os olhos que adorava.
- O que foi, príncipe?
Riu e pegou a taça de vinho, bebendo um gole do mesmo.

- Você é muito estranho, sabia?
Yuuki pegou o drink que havia sido colocado sobre a mesa, degustando pouco do líquido amadeirado.

- Estranho, hum? Por quê?
Kazuto deixou a taça sobre a mesa e virou-se para poder vê-lo melhor.

- Hum, você tem uma feição muito infantil, tem olheiras muito notáveis.
Provocava e pousou igualmente a taça sobre a mesa. 
Uma das mãos de Kazuto foi sobre a face, passando pelos olhos.
- Ahn... Tenho?

- Você é feio demais, garoto.
Yuuki continuou, enquanto os olhos continuavam a fitar, o encarando, como se os dourados analisassem as feições do pequeno. O outro se v
irou, os cabelos loiros cobrindo a face, escondendo-a do vampiro.
- Não sou...

- Não precisa chorar, uh. Mamãe não está aqui para te dar colo.
Yuuki pegou a bebida, tomando pouco mais da mesma, que descia aquecendo a garganta.

- Você me irrita, hum.
O menor desviou o olhar a ele e pegou novamente a taça, bebendo pouco mais da bebida. Uma das mãos guiou aos cabelos do outro, mas antes de tocá-lo lembrou-se do pedido dele de não tocar a menos que permitisse, então levou a mão a taça junto a outra.

- Irrito ? Vá embora então, hum. Sensível. - Pousou a taça a mesa.
- Não quero.
O menor bebeu todo o vinho de uma vez, pedindo mais à moça.

- Aos poucos você se torna mais insuportável, hum.
O vampiro terminou a bebida e se levantou. A conta seria enviada ao quarto. Os passos guiavam o vampiro até o elevador novamente, adentrou-o logo que aberto, para que retornasse ao cômodo.

- Yuuki... - Kazuto se levantou e correu atrás dele, adentrando o elevador rapidamente, tão rápido que nem percebeu quando já estava lá. - O que eu fiz, hum?
- Nada, só não vou ser seu pai, garoto. - Direcionou a piscada ao menor. - Esqueci o óculos sobre a mesa.
Comentou, deixou o elevador assim que este abriu a porta e caminhou ao próprio apartamento, adentrando-o assim que aberto. Kazuto o fitou e sorriu, apertou o botão, e assim que o elevador abriu voltou ao bar. Fitou a moça que lhe entregou a taça de vinho que pediu e sorriu a ela, virando o líquido novamente e deixando sobre a mesa a taça vazia, para assim pegar o óculos do maior e voltar ao elevador. Assim que apertou o botão esperou a porta abrir e seguiu diretamente até o apartamento dele, batendo e esperando que o maior abrisse.

A moça de cabelos compridos e ruivos, atendeu a porta, observando o garoto parado frente a esta.
- Pois não? - Disse a ruiva, pouco mais alta que o louro.

O menor cruzou os braços e a fitou, arqueando uma das sobrancelhas, desconfiado.
- O Yuuki.

- Hum, irei avisar. Quem gostaria? - Disse, com os olhos atentos a fitar o desconhecido.
- Não interessa, com licença.
O menor empurrou a moça e adentrou o local, caminhando até o quarto do vampiro e entregando os óculos diretamente a ele.

- Hey... Hey! Não faça isso.
Disse ela seguindo o rapaz até o quarto. Assim que avistou o vampiro, curvou-se, reverenciando-o.
- Perdoe-me. Ele me empurrou.
As íris vampíricas do maior, fitaram a garota de cabelos vermelhos, e logo o conhecido. Suspirou, estalou os dedos indicando a moça que poderia se retirar. Pegou o óculos que era entregue, colocando-o sob o móvel ao lado da cama, enquanto terminava de trajar a veste, na metade das pernas devido o modo como havia sido interrompido.
- Agradeço. E pode ir embora.

Kazuto observou o outro e sorriu logo após.
- Posso ficar um pouco, hum? - Deitou-se na cama, observando-o se vestir.

Yuuki sequer o respondeu. Após trajar as roupas, pegou o cálice de vinho que havia deixado no mesmo móvel onde estava o óculos, degustando o líquido adocicado. Caminhou a varanda espaçosa, sentando-se no estofado do exterior, enquanto apoiava os pés sobre a mesinha central, e sentia o vento sobre a pele, eriçando-a.
O menor se levantou e caminhou até a varanda junto dele, as mãos hesitantes foram aos ombros do maior, fazendo uma leve massagem e abaixou-se, mordendo levemente a orelha dele, logo voltando a se afastar.
Yuuki sentiu as ações alheia porém sequer disse algo. Continuou a degustar do vinho, deixando o recipiente vazio sobre a mesa em seguida. Encostou a nuca no encosto do sofá, cerrou as pálpebras. Kazuto riu baixo, inclinou-se e selou os lábios dele sem cessar a massagem nos ombros do outro que havia começado novamente. Uma das mãos foi aos cabelos do vampiro, acariciando-os, sentindo-os macios entre os dedos.
- Você está lindo Yuuki. - Sorriu.

O loiro continuou a sentir os toque, desde a continuação da massagem e o seguido toque nos lábios e nos cabelos. Manteve-se com as pálpebras cerradas, e também os lábios que não disseram sequer uma palavra. O menor beijou o pescoço do outro algumas vezes, mordendo-o vez ou outra e o fitou do mesmo modo.
- Ah Yuuki, não faça assim, fale comigo, hum.

Yuuki se manteve quieto do mesmo modo.
- Yuuki!
Kazuto cruzou os braços, deu a volta no sofá e sentou-se sobre o colo dele, selando os lábios do outro e segurando o rosto dele com uma das mãos. Yuuki s
entiu o peso sutil sobre o colo, o toque nos lábios e a mão alheia sobre a face. Descerrou as pálpebras, expondo os olhos dourados, tão claros, que somente encaravam os alheios, aprofundando-se nas íris negras do louro, despindo-o talvez, somente com o modo como passou a encará-lo. Devaneava, havia dito para o pequeno, não o toque, no entanto era insistente, não adiantava dizer, tinha pena, piedade, daquela criança inoportuna.
O menor fitava os olhos dele e nem ao menos se movia. A mão soltou o rosto dele e foi até o pescoço no local onde ele havia mordido na noite anterior, recordando-se do porque não devia irritá-lo.
- D-Desculpe...

Yuuki tornou a fechar os olhos, escondendo por trás das pálpebras, os olhos tão reluzentes, quanto a lua que aparecera conforme o chegar da noite. Suspirou, sentindo o aroma forte do sangue alheio.
- Você gosta de ser mordida, cinderella. - Disse a voz rouca, em tom baixo, quase inaudível.

O menor abriu um pequeno sorriso nos lábios, apoiou os braços no sofá ao lado dele e aproximou-se do pescoço do loiro, sem tocá-lo apenas deixando que ele sentisse a respiração contra a pele.
- Gosto, hum... - Murmurou.
- Não quero o seu sangue. - Disse devido a proximidade imposta pelo mais baixo.

- Está enjoado dele, hum?
- Estou enjoado de você.
Kazuto suspirou e voltou a se afastar, fitando-o.
- Qual sua intenção ? - As pálpebras, continuavam fechadas.
- Não é obvia? - Selou os lábios dele.
- Não obtive uma resposta que me pareça possível ou lógica.
- Quero ficar com você...
- Hum, então deve estar realizado.
- Não é isso... Eu quero ficar... Sempre com você... - Murmurou e repousou a cabeça sobre o ombro dele.

- E já não tem feito isso? Passando o dia todo me seguindo. Transou e dormiu na minha cama.
- Gosto de seguir você... - Riu baixo. - Quero que seja meu... - Deu-lhe um pequeno beijo no pescoço.
- Somente pertenço a mim. Sonhe criança, pense no impossível, mas não no absurdo.
- Não entendeu o que eu quis dizer... - Kazuto beijou as bochechas do maior, os lábios e as pálpebras fechadas, abrindo um pequeno sorriso nos lábios. - Eu serei seu pra sempre, hum... Quero você como meu, parceiro.
E deslizou uma das mãos pelo pescoço do outro, deixando-a sobre o tórax, sentindo os fracos batimentos do coração do loiro novamente.

- Mantenho o que disse. Já tenho um subordinado. - Disse após ouvir e sentir as ações alheias. - Garoto, por que fica com esses atos grudentos, uh?
Riu debochado, um riso quase inaudível como de costume.

- Ah vamos Yuuki, você gosta de mim, não gosta...? - Murmurou.
- Gostar de você? Talvez em outra vida, Kazuto.
- Ah, não fale assim..
- Assim como? Sincero?
O menor desviou os olhos e se levantou, cruzando os braços e virou-se, observando a vista do local, então aparentemente era impossível mesmo ter o amor dele, estava cansado de ouvir aquilo dia após dia, e também estava cansado de incomodá-lo, de persegui-lo, sabendo que ele nunca olharia a si de outro modo. Suspirou e calculou a queda dali de cima até o solo.
Yuuki se levantou, foi ao quarto, onde prontamente havia o pequeno bar, pegou a garrafa com o vinho gelado e retornou a varanda, preenchendo a taça com o líquido que passou a sorver aos poucos, este que tornava as bochechas róseas e as íris douradas com a leve pigmentação avermelhada, salientando as veias nos pulsos, nos braços a cada gole que aquecia o corpo.
O menor se virou em frente a ele, observando-o enquanto bebia, cada gole, que passava por sua garganta.
- Acho que nunca serei especial pra você, não é...? - Murmurou.

O menor permaneceu um tempo observando-o quando sentiu o aroma vindo da taça nas mãos do outro, mordeu o lábio inferior, perguntando-se porque sentia aquele cheiro forte e queria tanto beber o líquido, mas era apenas vinho, pensou. Caminhou até o outro os olhos presos na taça que ele tinha nas mãos e lambeu os lábios. Retirou a garrafa das mãos do vampiro num impulso, e bebeu avidamente, sentindo o sabor doce do sangue que aos poucos iria deixando as íris do vocalista avermelhadas.
Yuuki observou o ato alheio, ousado ao puxar a garrafa de si, pensou. Voltou os olhos ao outro, e aos poucos notou a tonalidade rubra nascer as íris anteriormente negras do pequeno. Nos lábios sutis, a pequena curva ao canto esquerdo, o cotovelo apoiado na braçadeira do estofado, deu apoio ao queixo, a face. A voz rouca, chamou pelo garoto.
- Venez-me objet créature. - De modo ameno aquele sorriso cínico sequer abandonou a face.

Kazuto devolveu a garrafa a ele e ajoelhou-se em frente ao outro, uma das mãos passando pelo próprio pescoço novamente, sobre a ferida de seus dentes, que embora não soubesse, havia sido tocada por seu sangue na outra noite em que demorara horas para acordar.
- O que... O que você fez comigo...?

- Eu que pergunto, hum. - Yuuki se manteve com o pequeno sorriso, com o mesmo modo a fitá-lo, a face repousando sobre a mão. - Abusou de um drogado, foi?
- Não... O que aconteceu...? - O menor segurou uma das mãos dele.
- Ah, criança brincou com o sangue do vampiro, uh?
- Nã.... Ahn.... - Kazuto observou a mão dele que segurava, agora sem a cicatriz. - Você cortou a mão.... Eu só deixei  o sangue escorrer pelas feridas no peito...
- Reverencie-me criatura.
A mão, anteriormente segurada pela alheia, fora a cabeça do louro, empurrando-a para baixo, provocando-o certamente.

- Aaaaai...
Kazuto apoiou-se com força no chão com ambas as mãos, levantando-se e sentando sobre o colo dele novamente, deixando a taça no chão junto a garrafa.
- Pare de me chamar de criatura. O que foi que eu fiz?

- Você é uma criatura, viverá do sangue para o sangue. Não tinha intenção alguma a fazer de você um vampiro, cavou literalmente, sua própria cova, será um subordinado, ou seria. Mas não o quero aqui, não venha me procurar novamente, Kazuto, terá noite de abstinência, insônia, não pretendo ser sua babá.
- Não, Yuuki... - A mão do pequeno foi até os lábios, tocando as presas curtas que até então não havia notado. - Quer dizer que... Sou um vampiro como você...? Não pode me dizer pra não voltar, pare... - O abraçou.
- Igual a mim ? - Riu. - Está longe, mas se assemelha, somos irmãos, mas sou seu superior, é um servo, mas eu o descarto. Vá embora, criança.
As sobrancelhas do pequeno se uniram e beijou o pescoço dele, fitando-o.
- Não faça isso...

Yuuki se levantou, levando consigo o rapaz sob o colo, fazendo-o se levantar. As mãos foram aos braços alheios, desvencilhando-os do corpo.
- Vá embora. Vou me deitar.

- Yuuki!
Kazuto o fitou, as lágrimas escorrendo pelo rosto. Estava irritado, frustrado e ele não parecia se quer dar a mínima atenção a si. Tinha medo, não sabia o que fazer, não sabia onde ir, não queria ser como ele, queria ver o sol, queria viver, não agora, não podia ser como ele agora, não podia viver para sempre e sozinho. Com esses pensamentos, caminhou para fora do quarto até o próprio apartamento, deitando-se na cama e abraçou o travesseiro, não teria a atenção dele de qualquer modo, e precisaria pensar no que fazer.

Yuuki se encostou na parede, sentindo as rajadas de vento eriçar a pele, mas não sentia a temperatura, não com exatidão. O vampiro observou o garoto na cama, realmente parecia uma criança.
- Não deixe seu sangue entrar em contato com o sangue de um humano, teus pecados caem sobre teu superior.

O menor ergueu a face, o fitou e na face estava claro para o outro que estava realmente assustado, e não sabia o que fazer.
- O que eu faço...?

- Não sei, faça o que quiser. Terá muito tempo pela frente. - Yuuki riu, cínico, dado o desdém ante a preocupação alheia. - Mas como eu disse, não deixe criar a existência de outro vampiro, caso queira o fazer, teria de buscar a aceitação de meu pai, hum, caso contrário, você e o subordinado serão mortos.
- Não o farei. Eu já vivo pra você mesmo...
O maior adentrou o quarto alheio, inclinou o torso e sussurrou próximo a face alheia.
- Boa noite Cinderella.
Uma das mãos deslizou o cálice com o líquido rubro sobre o móvel ao lado. O menor o
bservou o outro e abriu um pequeno sorriso ao sentir o cheiro mais forte de sangue, levou uma das mãos ao rosto dele, tentando segurá-lo embora ele sempre escapasse por entre os dedos.
- Yuuki... Fique...

O maior se afastou após deixar a taça sobre o móvel pequeno ao lado da cama, caminhou até a varanda novamente.
- Tenha um deleite, será unica chance de tomar de meu sangue, o restante, é segunda mão.
Deu uma piscadela ao garoto, conjunto ao sorrisinho egocêntrico, antes de desaparecer da vista do mesmo. 
O menor observou e mordeu o lábio inferior ao ver o sorriso e a piscadela, era realmente lindo. Suspirou e observou a taça ao lado, a mão hesitante pegou a mesma e sentiu o aroma do sangue do outro pela primeira vez, forte, denso. Levou a taça até os lábios, bebendo um gole da bebida, a língua limpando o pouco sangue nos lábios e novamente mordeu o lábio inferior, lembrando-se dos olhos do vampiro, do exato momento em que deixou o sangue dele pingar sobre os machucados no peito. Uma das mãos fora até o local, adentrando a camisa e sentindo os cortes, agora cicatrizados.
- Eu não vou... Ficar longe de você. - Observou a taça e continuou a saborear o sangue do maior até que não houvesse nela nem mais uma gota.

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