Kusagi e Shohei #11


- Kimochi... Você... Também é muito gostoso, Kusagi-san.

O moreno suspirou, sentindo-se, embora cansado, leve. E roçou o nariz em seu pescoço, onde lhe deu uma ultima mordidinha e afastou-se, deitando-se a seu lado. 
- Cansado, hum?
- Hai... - o loiro murmurou e riu baixinho, virando-se junto dele a aconchegar-se e fechou os olhos. - Estou com sono... Não dormi direito na viagem.
- Então durma. Vou terminar o café.  
O moreno disse ao menor e lhe afagou os cabelos antes de cobri-lo. Após tê-lo feito, esperou-o adormecer, ou pelo menos cochilar e vestiu-se, buscando um casaco no hall, e procuraria o amigo, que agora já passara quase seis horas sem voltar. 
- Shohei, que diabos está fazendo aqui ainda? Já vou fechar.
- Ah, me deixe ficar mais um pouco, eu não quero voltar pra casa.
- Então fique num hotel, você tem dinheiro, ora, por que está sempre tão infeliz? Com o seu dinheiro eu estaria rindo a toa.
- Pois então fique a vontade. - Shohei disse a ela e jogou duas notas de cem sobre o balcão. - Vá rir a toa pra lá.
- Saia.
O rapaz negativou e levantou-se.
- Eu sou o melhor cliente, não devia me tratar feito lixo, ora essa.
Resmungou, irritado e seguiu para a saída, tentando andar reto devido aos drinks que havia bebido. Acendeu mais um cigarro do lado de fora e encolheu-se, estava tão frio que nem a bebida ajudava. Chutou a neve, irritado e sentou-se no banco ali perto, era meio obvio onde estaria, sempre frequentava aquele lugar, pelo menos para o namorado era óbvio, mas talvez não tanto ao outro, o bom é que era perto de casa, mas agora não queria voltar pra lá, iria a um hotel quando estivesse disposto, não poderia suportar olhar para a cara dos dois depois do ouvido, o problema era que ao pensar nos dois sentiu os olhos molhados, as 
lágrimas que se formaram ali e escorreram pela face logo após. Negativou, ainda irritado e limpou-as com a manga da jaqueta, inclinando o pescoço para trás e mantendo os olhos fechados.
- Que se danem.

Kusagi ajeitou a gola do casaco em torno do pescoço, aquecendo-se com o tecido. Completou com um cachecol que nem era dono, pelo cheiro, era do amigo, tinha um perfume amadeirado que adorava sentir em seu pescoço. E pegou as chaves do carro, no entanto preferiu inicialmente buscar o rapaz a pé. Caminhou, observando a neve no chão, ou mesmo os pequenos flocos brancos que caíram no casaco preto e fazia-o parecer poluído. Um cigarro acendeu e levou até os lábios, tragou o frescor mentolado e soprou, misturando a fumaça da temperatura assim como a do cigarro. Alguns minutos caminhando logo achou o amigo, largado num banco, por pouco não voltou para buscá-lo de carro, por sorte insistiu um pouco mais. Caminhou devagar até alcançá-lo, e por trás do banco notou sua cabeça que pendeu e ainda que os olhos estivessem fechado, notou finas gotas que escorreram na face. Silenciosamente se abaixou e selou seus lábios.
Shohei abriu os olhos ao sentir o selo, observando o rapaz, e por sorte não bateu nele, mas quase o havia socado.
- Que porra? - Estreitou os olhos. - Por que fez isso?

O maior sorriu, achando graça. Deu a volta pelo banco e sentou-se ao lado dele, sentindo seu novo cheiro, álcool.
- Por que não voltou pra casa?

- Não convidei você pra se sentar comigo.
Disse o outro e levantou-se, porém o moreno se levantou após ele.

- Vamos, você está bêbado.
- Consigo andar, é isso que importa.
- Por que está chateado? Por que estava chorando?
- Por que se importa?
- Porque sim. Diga.

- Ora, que eu me dane, as vezes eu só saí pra deixar você a sós com o Yuki. - Disse o menor e virou-se a observá-lo, os olhos preenchidos pelas lágrimas. - Vá embora.
Kusagi arqueou a sobrancelha, somente uma delas.
- Você foi pra casa e saiu de novo por um comentário estúpido?

- Comentário estúpido? Não sabe de nada.
- Não estava mandando você se foder, eu quis despreocupar o Yuki, foi como um comentário para despreocupá-lo.
- Aposto que você não gostaria de ouvir isso da pessoa que gosta quando chegasse em casa. Você diz que me ama, depois diz "que se dane o Sho".
- E eu amo. Só não quero incentivar a ideia do Yuki de que você não sente nada por ele.
- Péssima ideia dizendo isso, o que eu vi foi você mandando ele me esquecer pra dar pra você. Acho que ele até prefere, já que você é bem diferente de mim, não é? Eu não seria você. Mas também não me importa...
- Eu não disse isso. Eu não quis dizer pro Yuki que sim, ele estava certo, você não queria mais ele, e mesmo ele tendo ficado mais de uma semana fora você comeu ele e saiu pra fazer algo além de ficar com ele depois de transar.
- Eu estou confuso! Inferno, por que eu não posso ficar? Por que eu tenho que abraçar o Yuki e dizer que o amo incondicionalmente sendo que não? Ele chegou de viagem, me acordou, transou comigo e depois disse que me amava e que se eu quisesse, ele iria embora para que eu ficasse com você... Eu não posso mandar ele embora... E eu não sei o que eu faço... Eu não sei. Eu não quero que você vá embora... Mas não ando conseguindo dormir com o Yuki também...
Shohei murmurou novamente a sentir as lágrimas que escorriam pela face e sentou-se novamente, abaixando a cabeça e apoiou a face nas palmas das mãos.
- Não quer mais dormir com o Yuki?
Kusagi indagou na parte da conversa onde mais chamou atenção. Talvez exagerasse, talvez fosse a bebida. Pensou sobre o garoto, em casa e sentou-se junto ao amigo. Não sabia o que dizer, gostava do pequenino, e amava o outro, no entanto, não pensava em fazê-lo romper seu relacionamento.
- Shohei.

O menor negativou, fechando os olhos e só então percebendo as idiotices que havia dito, a bebida fazia perfeitas maravilhas consigo.
- Vá pra casa, Kusagi... - Murmurou, rouco, a voz chorosa. - Durma com o Yuki, não sei nem porque veio atrás de mim.
- Porque você é meu amigo, e porque eu te amo. Mas eu sou mais forte que o Yuki, então, não penso em fazê-lo terminar com o garoto.  Vamos pra casa, vou transar com você, com o Yuki, vamos fazer os três.
- Não faça isso comigo, Kusagi... Está me matando. - Shohei falou a ele e observou-o, certamente era a primeira vez que ele via a si daquele modo, não queria mostrar, mas era obrigado. - Por favor... Eu não consigo mais ver você com o Yuki...
- Você ama o Yuki, Sho. Você ama o garoto, está confuso. - Disse o moreno e tocou seu rosto, limpando o rastro das lagrimas que escorreram. - Já me viu com outras pessoas antes, qual o problema agora?

- Você é meu agora! - Shohei falou alto, segurando ambas as mãos dele. - Eu nunca estive tão perto de ter você e o que eu estou fazendo? Deus... Eu chorava enquanto você ficava com outras pessoas, várias vezes. Eu sempre quis que você me tocasse, nunca chegou nem perto disso, e agora que faz, agora que está aqui o que eu estou fazendo? Eu te amo, inferno. Esse é o meu problema.
- Eu sei. - Disse o maior com um breve sorriso e segurou seu rosto, voltando-o para si. Ao beijá-lo, parecia beijar uma garrafa de uísque. Por vez, o beijo fora preciso, num simples estalo. - Você nunca esteve tão perto de ter a mim e o que está fazendo? - Disse, reproduzindo sua pergunta. - O que você está fazendo de errado, eu também não sei, me diga.
- Eu sei que você tem ciume do Yuki... Deus, como eu sei... Eu não quero que se sinta assim... Porque eu te amo, e quero que seja o único pra mim, você sabe que é, certo?
- Eu, ciúme? Pff, nunca. - Brincou. - Talvez um pouco, mas nada que me consuma, afinal eu sei que eu cheguei em terceiro, até então você é dele. Ele provavelmente tem muito mais ciúme do que eu teria.

- Kusagi... Você sabe que eu te amo, e que é o único pra mim, não sabe?
- Não sou o único, o Yuki está com você também. Mas sei o que sente por mim.
Kusagi disse e lhe afagou os cabelos, brevemente. Tão logo buscou o cigarro num dos bolsos e acendeu um deles. Shohei a
ssentiu e uniu as sobrancelhas.
- Desculpe... Eu devo estar com um cheiro horrível, vou tomar banho quando chegar, prometo não fugir mais.
- Á
lcool, mas não é como se eu não conhecesse esse cheiro. Vou te levar pra casa. Vou dormir com você e com o Yuki hoje. Não quero seu sofá duro.
O menor assentiu e segurou a mão dele.
- Estou congelando.

Kusagi fitou sua mão, agora entrelaçada a própria, e logo o retribuiu com o contato. Fitou-o, notando seu ar rebelde abalado, cabelos repicados e grisalhos bagunçados e úmidos pela neve. Seu piercing no queixo embaçado pela respiração que transparecia por seus lábios, solta como fumaça. Chegou perto e delineou a bolinha com a ponta da língua.
- Vou aquecer você.

O menor sorriu a ele e segurou sua face próxima da própria, beijando-o por um breve momento e aproximou-se dele, quase ficando pequeno em seus braços de tanto que se encolheu pelo frio.
- Me leve pra casa.

O moreno o sentiu aconchegado e lembrava-se dele na faculdade. Sobre suas desculpas esfarrapadas pra se deitar na própria cama, ou como sempre se acomodava daquele jeito encolhido depois de esperar que voltasse de algum lugar, e que pra ele, eram sempre encontros amorosos, ou melhor, sexuais. Pegou-o no colo, e esperou-o protestar porém mesmo assim o forçou a ficar ali enquanto o levava, era alto, o suficiente para parecer estranho estar num colo, mas era o que dava a graça.
O menor arregalou os olhos ao senti-lo pegar a si no colo e arqueou uma das sobrancelhas.
- Kusagi! Me... Me põe no chão... Mas que...
Falou e tentou descer, debatendo-se, porém por fim aceitou que ele segurasse a si, com um bico. Kusagi r
iu, segurando o cigarro entre os lábios e tragava-o sem retirá-lo da boca, limitava-se a fechar os olhos evitando a ardência e agarrava-o ainda, fazendo com que parasse de se debater e quando o fez, levou-o para casa, tranquilamente.
Shohei sentiu o frio diminuir logo ao entrar em casa, já quase adormecia em seus braços, cansado demais pela outra noite. Suspirou e desviou o olhar a ele, deslizando uma das mãos por seu ombro.
- Vai me dar banho? Eu tomei antes de sair, mas...
- Vou te ajudar com o banho. Yuki está dormindo, vamos nos juntar a ele.

O menor assentiu e agarrou-se a ele.
- Rápido, estou morrendo de frio.

Após o banho, e que tomou junto dele, Kusagi levou-o consigo até a cama e já estava melhor. Encontrou visualmente o menor, ainda sonolento e que sorriu enquanto ajeitava-se numa ponta da cama, dando espaço para ambos em junção antes de tão logo novamente adormecer. Esperou o amigo se ajeitar, e logo se ajeitou atrás dele. Shohei sorriu ao outro, deitando-se na cama e abraçou meio de lado o menorzinho, cobrindo-o com o cobertor pesado e o edredom, logo em seguida sentiu o maior abraçando a si e sabia que a cama era grande o suficiente para ele, se não fosse, compraria uma nova. Suspirou e observou-o.
- Boa noite, senpai.

Kusagi se cobriu junto dele, passando um dos braços sobre sua cintura num meio abraço, assim como ele fazia com seu companheiro. Deu-lhe uma piscadela visível antes de desligar o abajur.
- Boa noite, Sho. - Selou seus lábios e acomodou-se a dormir.

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