Kazuma e Asahi #9


Um estrondo interrompeu o sono. Ao abrir os olhos notou um quarto escuro com paredes de madeira, piso de madeira e uma iluminação baixa azulada vindo de fora, pelos poucos postes de luz e a noite. Chovia, começava a achar que visitar a igreja era um step para a causa da chuva, afinal todas as vezes em que estivera alí, principalmente naquele quarto, o tempo parecia cair lá fora. Suspirou com o sono gostoso que tinha, o frescor do clima que atingia a pele nua e não se dera conta de que agora estava também sem calças ou botas, não havia pensado sobre ter adormecido com elas. Ao se mexer na cama percebera que não estava sozinho, algo se encostava em si como se sentisse frio ainda que o tempo estivesse bom lá dentro, talvez somente gostasse de se colar a alguma coisa. Ao se virar encontrou o louro de cabelos bagunçados e parecia ter um sono tranquilo, havia feito sexo, o sono com certeza era melhor após fazê-lo. Olha-lo daquele modo fazia parecer a cama ainda mais gostosa, deixando o corpo mais preguiçoso, levou algum tempo mas não tornou adormecer, levantou-se 
de modo que não o acordasse e vestiu todas as roupas que de si foram tiradas sem interromper o sono, por último levou o quepe a cabeça. Fitou o jovem padre parecer ainda mais jovem enquanto dormia, e com passos cautelosos deixou a igreja, observando o local silencioso se não fosse pela chuva.
A claridade adentrava a janela do padre, agora já era tarde, havia dormido demais, mas achou que ao menos era confortável por estar com ele ali, mas a cama parecia fria, parecia vazia demais, e estava, notara isso ao procurar o maior, que havia ido embora de fininho durante a noite. Após se levantar, se vestiu, fez a higiene matinal e desceu as escadas, as cores da igreja, sóbrias demais assim como todo o espaço sem ele, era sem vida, queria entender como o próprio mundo havia ficado daquele modo, de cabeça para baixo, onde olhava, pensava no outro e o pior, ele aparecia nas próprias orações, nos próprios pensamentos quando fechava os olhos, quando fazia uma missa aos demais habitantes da igreja, ele estava na cabeça, vinte e quatro horas por dia. O que faria? Devia saber que era um padre, que não podia fazer aquilo, que não podia se quer pensar naquilo, mas era horrível pensar em não tê-lo consigo também, era um pecador, não mais um padre, havia se igualado a um mero mortal, esperando a morte para ser julgado, e pelos erros, talvez não tivesse mais salvação, mas enquanto estava vivo, não queria imaginar uma vida sem ele.

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