Nowaki e Tadashi #12


Depois de algumas semanas, nas quais havia se esforçado realmente para não arrumar problemas, Tadashi estava livre da clínica, e limpo também. Tinha total certeza de que não voltaria para o que era antes, afinal, fora extremamente difícil e frustrante largar, também tivera vários problemas com o médico, que pretendia nunca mais ver, já que havia saído bem chateado dos problemas que tivera com ele. Não tivera mais um contato com ele, Nowaki parecia impassível em sua aproximação, já que sua esposa não parecia gostar nada da ideia do paciente para com o médico.
Sozinho lá fora, Tadashi seguiu em direção a própria casa, onde pegou a mala com as próprias roupas e seguiria para a casa de um amigo por um tempo, um amigo que não era má influência para si, obviamente. Na semana seguinte, arrumou um emprego perto de casa, numa cafeteria e fazia o que gostava, servia café, havia aprendido a fazer com um breve curso que fizera, e era feliz, ao menos estava longe das ruas e também, longe das drogas.

Nowaki estacionou o carro no pequeno estacionamento disponibilizado pela cafeteria. Eram um pouco mais de quatro horas da tarde e havia encerrado o turno mais cedo. Seguiu a dentro do lugar, era relativamente novo, e não costumava passar por ali, mas optou por tomar um café antes de ir para casa. Entrou na cafeteria a observar o painel escuro, com opções escritas em giz branco, era requintado e ao mesmo tempo bem descontraído. Sentou-se por fim, esperando ser atendido.
- Hey, Tadashi, vai com a gente no bar mais tarde?
- Não sei, tenho que ver se posso, estou estudando pra prestar o vestibular.
- Ah, para com isso, é só uma noite.
- Vou pensar.
O menor sorriu e fora indicado do novo cliente que havia adentrado o local. Pegou o cardápio, mesmo sem perceber quem era de longe e guiou-se a mesa dele, deixando a carta sobre o local.
- Bom dia, senhor, se precisar de mim é só... Nowaki?
- Obrigado.
O médico disse ao aceitar a carta de opções e folheou para opções de café. Assentiu ao erguer a direção visual, notando uma voz semelhante e arqueou suavemente as sobrancelhas, surpreso por encontrá-lo por lá. Vestindo roupas de serviço, com o cabelo penteado e visualmente bem cuidado.
- Boa tarde. - Disse, corrigindo sua saudação e se levantou. Por fim sorriu e cumprimentou-o com um leve tapa no ombro. - Você parece bem.
Hai, boa tarde. - Falou e sorriu a ele, igualmente ao tapa no ombro, fazendo uma pequena reverência. - Obrigado... Você também parece.
- Continua seguindo o tratamento, uh? - Indagou e então se sentou novamente. Indicando a ele o assento. - Se puder se sentar.
O menor desviou o olhar ao rapaz do balcão, que indicou a si que poderia se sentar e assentiu, sentando-se junto a ele.
- Sim, faz quase dois meses que eu não uso nenhuma droga.
- E a vontade? - Disse o médico ao vê-lo se colocar defronte e já que estava ocupado, outro dos meninos havia tomado seu posto. Pediu a ele dois macchiatos.
- Bem, é ruim as vezes, mas eu me controlo. Infelizmente ainda tenho fumado um pouco, mas... É melhor do que heroína.
- Bom, cigarro eu não vou condenar, pelo menos está lúcido e escolhe o que quer fazer. Está trabalhando aqui há quanto tempo?
- Uma semana.
- Entendo. Achei que estivesse há mais tempo, combina com você. - Disse e agradeceu ao rapaz pelo café, indicando o outro ao garoto, sentado noutro lado. - E bem, como está sua mãe? - Indagou após um trago na bebida.
Tadashi pegou a pequena xícara e sorriu a ele, experimentando a bebida quente.
- Na mesma. Eu saí de casa, estou morando com um amigo por hora.
- Hum, um amigo, ah? - Nowaki indagou e deu um sorriso suave, embora sugerisse algo com ele. - Deixe-me ver seu braço.
- É somente um amigo mesmo, o que está no balcão e me deixou sentar com você.
O menor sorriu e assentiu, puxando a manga da camisa que usava e expondo o braço já cicatrizado das perfurações.
- Parece um bom amigo.
Disse o maior, fitando o rapaz com o serviço. E tão logo deu atenção a seu braço, parecia melhor, e nada com feridas recém cicatrizadas, por onde deslizou o dedo, mas voltou a ajeitar sua manga, puxando-a até o punho. Tadashi se arrepiou sutilmente ao sentir o toque na pele e suspirou, sorrindo a ele.
- Viu? Estou bem.
- Isso é ótimo, Tadashi.
O outro disse e era evidente o fato de que estava satisfeito por vê-lo melhor. Voltou a beber o café e finalizou a dose da xícara, pedindo por outra antes de finalizar a estadia.
- E a escola?
O menor bebeu alguns goles da bebida, que não era a própria favorita, mas era agradável.
- Vou voltar no ano que vem, não quis recomeçar do meio do ano.
- Então faculdade somente no próximo ano?
- Sim... Sei que estou atrasado.
Nowaki negativou, não dando importância.
- Mas já tem ideia do que quer?
- Quero ser médico.
- Ah, mesmo?
O outro disse e sorriu, apoiando a face contra a palma da mão, a fitá-lo. 
- Hai. Eu vou fazer cursos e estudar bastante pra passar no vestibular. Estou trabalhando pra poder pagar o estudo.
- Se precisar de ajuda com o estudo pré vestibular eu posso ajudá-lo.
- Eu ia adorar. - Sorriu.
- Quando for começar nós podemos ver isso.
- Ta bem.
- Bom, pode voltar ao trabalho. - Nowaki disse ao rapaz, já que o havia interrompido no horário de trabalho. - Você pode pegar pra mim um lanche natural, pra levar.
- Claro. - Tadashi sorriu a ele e levantou-se. - Mas ne, eu estou saindo daqui a pouco pra beber com uns amigos, só algumas cervejas, quer ir junto?
- Hum... Não, obrigado. Não sou gosto de cerveja. Tenha cuidado, uh?
- Hum, mas vão ter outras bebidas.
- Na verdade eu estou com fome. Que tal uma churrascaria?
- Pode ser, eu pago.
- Eu estou chamando, não preciso do convite de um garoto. - Resmungou. - De todo modo, então cancele o lanche e me traga a conta.
- Ora, calma. Só quis ser gentil pelos problemas que eu causei a você. - Tadashi Falou a ele e levantou-se, assentindo. - Só um minuto.
- Estou calmo.
Nowaki disse e sorriu, descansando ainda o rosto sobre a palma da mão. O menor riu baixinho e seguiu em direção ao caixa, pedindo o fechamento da conta e recebeu a indicação do amigo de que já poderia sair caso quisesse e fez questão de pegar a conta dele ali, já que não podia pagar o jantar.
- Podemos ir.
- Eu ainda não recebi a conta, Tadashi.
- Eu paguei.
- Hum, ta bem.
O maior disse e por fim se levantou, finalizando rapidamente o restinho do café na xícara. Tão logo agradeceu o rapaz que atendera junto a ele e seguiu a saída, indicando-o o veículo em frente.
- Eu te espero aqui, precisa trocar o uniforme.
- Hai, eu vou rapidinho.
Tadashi sorriu e correu aos fundos, no vestiário onde devia se trocar, retirando o avental e ajeitou as próprias roupas, colocando um casaco sobre a camisa branca e calça preta, voltando para fora logo após.
- Pronto!
Nowaki se desencostou do veículo ao revê-lo e indicou-lhe o outro lado do veículo.
- Então vamos. - Disse e já entrava no carro.
O menor adentrou o carro junto a ele e colocou o cinto, observando o local por dentro, com sutileza, é claro. Ao ligar o veículo, Nowaki logo buscou o caminho para o centro, onde optaria uma das churrascarias.
- Quer ir numa específica?
- Não conheço nada por aqui, na verdade, eu mal saía de casa, então.
- Anda infeliz sem os químicos?
- Um pouco, mas vai passar.
- Já deveria ter passado. Está se alimentando bem?
- Ah, não muito.
- Hum, então hoje vou abastecer você. Deve se alimentar direito, Tadashi. Daqui a pouco vai evaporar.
- Ah, eu gosto de ser magrinho.
- Não precisa ser tanto.
- Ora, não sou tanto assim.
- Mas vai ficar se não comer direito.
- Certo, então me leve pra comer. - Riu.
- E não é só isso, sabe que precisa de nutrientes pra se manter. Falta de ânimo é causada por isso também, mas não vou falar nada. Sei que isso é um papo chato.
- Iie, você é meu médico, tudo bem.
O maior sorriu no entanto e parou o veículo logo, deixando o carro com o frentista e chamou o outro com o gesto da mão.
- Vem.
Disse, na recepção recebeu indicação até a mesa onde levado com ele. Sentou-se, sentindo dali o cheirinho da carne. Tadashi saiu do carro junto dele a seguir pelo restaurante, observando o local e sorriu.
- Já veio aqui antes? - Murmurou ao sentar-se em frente a ele.
- Não. Mas dizem ser um bom lugar. Vinho?
- Claro.
Nowaki pediu ao garçom, e observou a mesa ser preparada enquanto davam início ao rodízio. O menor sorriu ao garçom assim que chegou a mesa e aceitou o primeiro pedaço de carne, experimentando-a.
- Hum, oishi.
O moreno observou a opção de carne, bovina e aceitou. Experimentando com ele, acrescendo um pouco do molho servido a parte.
- Hum, bom.
- Hai. - Tadashi murmurou e provou do vinho, sorrindo a ele logo em seguida. - Está uma delicia também, você quem escolheu?
- Beba pouco.
Nowaki indicou de olhos estreitos, mas sorriu. Levando mais um pedaço da carne até a boca e aceitou a segunda opção servida também, frango. 
- E você ainda continua casado?
O menor falou a ele, embora soubesse ser um assunto meio delicado e assentiu a deixar o vinho sobre a mesa. Nowaki bebeu do vinho, logo após um pedaço da carne.
- Bem, continuo noivo. Não sou casado ainda.
- Hum, então nunca foi casado? Mentiu pra mim?
- Não menti. É um costume, acho dizer esposa muito mais fácil que noiva.
- Faz bastante diferença na verdade, um precisa de divórcio e o outro não. Mas bem, eu menti do mesmo modo sobre ir a escola.
- Precisa de divórcio ou não, por que? Mentiu sobre a escola? Não está indo?
- Naquele tempo que fui atrás de você. E noivado não precisa pedir divórcio caso queira ficar com outra pessoa, casamento sim.
- Mas se estou noivo significa que não é bem outra pessoa que eu quero, uh? De todo modo, acho melhor não falarmos sobre isso. Quero que coma e quem sabe dá um sorrisinho menos frouxo.
Tadashi assentiu e suspirou, comendo mais um pedaço da carne.
- Coma bastante, já que certamente vai ficar mais uma semana inteira sem comer, ou até mais. - Disse o médico e aceitou logo o pedaço de salmão braseado com sal grosso. - Hum, esse é bom.
- Salmão? Deus, nunca comi isso na vida...
- Como pode? Você é japonês.
- É, mas... Geralmente comíamos só arroz.
Nowaki o fitou por algum tempo, mas por fim deu-lhe um risinho.
- Então prove, é muito gostoso com sal grosso.
- Hai. - Sorriu e experimentou o peixe, sorrindo a ele. - Hum, oishi!
O maior sorriu afirmando e bebeu do vinho.
- Espero que não leve isso pro lado pessoal ou se sinta ofendido, mas você continua lindo.
- Bom, isso vai para  lado pessoal, afinal, está falando sobre mim. É um elogio, como me ofenderia? - Retrucou. - Obrigado. E você está muito bem também, e espero que continue melhorando.
- Eu também espero... Obrigado.
Tadashi sorriu e desviou o olhar ao prato, estranhava como ainda gostava tanto dele a ponto de ficar bobo olhando seu rosto, mas dessa vez, não se atreveria a fazer nada, sabia o próprio lugar, mas doía um pouco, saber que não poderia ficar com ele.
- Gosta mais de qual?
O moreno indagou, tirando-o do raciocínio, embora não fosse intencional. Bebeu mais do vinho, e pediu para si mais da carne vermelha.
- Hum, a carne vermelha. - Sorriu e igualmente bebeu mais vinho.
- É sempre melhor, uh?
Nowaki disse e por fim pediu ao garçom uma salada de folhas, a parte ao rodízio das carnes.
- Você gosta de salada, hum? Por isso está sempre em forma. - Riu baixinho.
- Gosto de salada, mas gosto de carne também, como pode ver. Não sou do tipo que só come coisas que dizem ser saudáveis.
- Vegetariano. - Riu.
- Você não gosta de salada? - Retrucou e usou o limão para dar sabor ao prato.
- Não muito.
- E o que você gosta?
- Macarrão.
Tadashi riu baixinho e terminou de comer a carne, bebendo alguns pequenos goles do vinho para finalizar o jantar, e nem havia comido muito, mas já estava cheio.
- Só macarrão?
O maior indagou, tal como ele dando fim às carnes, mas continuou com a salada e aos poucos o vinho.
- Hum, hum. - Tadashi sorriu - Esse restaurante deve ser caríssimo...
- Não é bom economizar com a alimentação.
- Ah, mas eu não poderia pagar...
- Claro que poderia. Mas enfim, estou satisfeito. Acho melhor irmos.
- Hai. - O menor sorriu a ele e uniu as sobrancelhas ao vê-lo chamar o garçom. - Me deixe pagar ao menos uma parte...
- Não, eu chamei você.
- Hai...
Nowaki verificou a conta e pagou por ela, logo após se levantando a seguir com ele, para a saída. O menor suspirou e nem quis saber quanto era a conta, seguindo para fora com ele e adentrou o carro logo em seguida, colocando o cinto.
- Aonde levo você? Fala o endereço.
- Ah, hai, é logo na rua da cafeteria, no fim.
- Achou um bom lugar pra ficar. Perto do trabalho, com o amigo como chefe.
Disse o maior e riu, dando partida a seguir o caminho a levá-lo. Tadashi riu igualmente.
- É... Sorte que eu encontrei ele.
- Onde se conheceram?
- Na escola, ele era um amigo de classe.
- E hoje é dono do lugar?
- Na verdade é dos pais dele, mas ele quem comanda.
- Hum, entendi.
Nowaki assentiu, continuando o caminho por onde viera anteriormente. Tadashi suspirou e sorriu novamente, desviando o olhar a ele.
- Eu... Senti sua falta.
O maior o fitou de soslaio e sorriu de canto, esticou o braço e afagou seus cabelos. O menor sorriu ao sentir o toque, porém sentiu um frio na barriga assim que o carro parou, desviando o olhar a ele.
- ... Ahn... Foi bom te ver.
Nowaki parou o veículo logo que guiado até o lugar onde deveria a deixá-lo por lá.
- Também foi bom vê-lo, principalmente por vê-lo melhor.
O loirinho abaixou a cabeça por um pequeno tempo, nervoso e observou as próprias mãos, porém logo desviou o olhar a ele.
- Podemos nos ver de novo?
- Eu disse que pode me procurar se precisar de ajuda com os estudos.
- Hai... Ahn... Então eu vou. - Sorriu a ele. - Tchau, Nowaki.
- Jya! - Nowaki disse em despedida e sorriu do mesmo modo.

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