Ryoga e Katsumi #9


- Droga, hoje está fraco o movimento.
Katsumi murmurou para si mesmo e suspirou, encostando-se num beco a espera de alguma vítima para matar, não costumava fazer isso, até ter que levar comida para casa, e estava mais difícil do que nunca comprar comida nos restaurantes vampíricos, época de festas, todo mundo ia viajar. Acenderia um cigarro, mas só pensou, antes de levar o cilindro à boca ouviu barulho de conversas pelo beco e arqueou uma das sobrancelhas, escondendo-se ao canto, nem se dera ao trabalho de ouvir o que o rapaz dizia, embora o visse mexendo em uma bolsa meio estranha, não condizia com ele, a havia roubado, certamente.
- Acho que devia devolver isso aí.
O viu se sobressaltar ao ouvir a si e reagir rápido, apontando a arma contra si, droga, seria mais difícil do que imaginava. Estreitou os olhos a ele e desviou o olhar.
- Pode atirar em mim, sério, vai em frente. Mas já vou avisando, não vai acontecer nada.

- Quem é você?! Da polícia? 
- É sou, sou um policial extremamente sexy.
Katsumi segurou-o pelo pescoço, erguendo-o acima da altura do rosto.

- Você é um demônio! 
O vampiro sorriu ao ouvi-lo e estreitou os olhos, porém antes que pudesse mordê-lo sentiu a pressão quase arremessar o corpo contra a parede, embora tivesse apenas dado um passo para trás e a dor era tanta que achou nunca ter sentido tanta dor na vida, era meio óbvio, havia levado um tiro e é claro que ele achou que iria matar a si. Arqueou uma das sobrancelhas e atirou-o contra a parede, batendo a cabeça dele contra o concreto e só então desviou o olhar ao corpo, atingido pela bala que quase transpassou a carne.
- Filho da...
Estreitou os olhos e pegou a garrafa que havia trazido, preenchendo-a com sangue que arrancou de seu pescoço e seguiu em passos rápidos, até a casa do outro ali perto, dolorido a cada passo.
Ryoga deixou sobre a mesa o prato com panquecas e calda de frutas vermelhas, embora não somente frutas. Observou a serviçal que seguia para a cozinha após a arrumação religiosa de seus negócios. Era uma vampira transformada e já anciã, dona de um ar robusto e olhos baixos com ar esnobe. Tinha cabelos curtos e grisalhos e pele branca com somente bochechas delicadamente coradas por um rouge de cor pêssego, e embora de idade, tinha mais vigor para a limpeza e manutenção da casa que qualquer vampiro jovial. Notou sobre o gabinete da cozinha uma garrafa de litro transparente e polida o conteúdo rubro, o qual certamente sangue, embora em conjunto com algo que deixava um odor diferenciado na bebida. Era perceptiva sobre os assuntos da casa embora nunca se colocasse dentro deles de forma tão evidente, mas com um sorriso de aparência altiva, quando na verdade gentil, indicou a dose da bebida para que desse ao novo residente da casa. Deduziu que no fim era algo para a melhora de sua gravidez e no fim tão rápido de seu turno de serviço logo seguiu a seu aposento, onde permaneceria até que achasse 
necessária a vinda para a limpeza típica da casa. Procurou pelo outro que saiu cedo, e não levou muito tempo até que o encontrasse. O cheiro forte de sangue era misturado entre o seu e o de sua vítima, mas não havia motivos para ter o sangue dele exalando por ali, exceto é claro, se estivesse ferido. Ao vê-lo, parou por um tempo e cruzou os braços, encostou-se a parede, e esperou então que se manifestasse sobre sua atitude imprudente. Sobre sua ferida, não a havia sentido, fosse talvez o fato de que entre ambos houvera uma pouca troca de sangue.
O que foi? É meio óbvio que eu fiz merda, ora.
Katsumi falou a ele e bebeu um gole do sangue, mas doía ainda mais, evidentemente pelo fato de que ainda tinha uma bala lá dentro. Retirou a camisa, puxando-a e rasgando o tecido fino, expondo o corpo magro e ajeitou-se na cadeira, recostando-se.
- Pode me ajudar com isso?

- Claro que posso.
O maior disse e caçou sua ferida, e foi com vontade que penetrou o dígito dentro do orifício da bala e provocou antes de tirá-la dali e deixar a invasora sobre o móvel mais próximo.
- Você aguenta sentir uma dor como essa, mas e se pegar na sua barriga, ainda que tome dez litros de sangue, o bebê vai sentir uma dor semelhante a morte. Não seja imprudente, tem sangue aqui, e se não tiver, sou um vampiro com capacidade de pegar uma arma antes que ela seja apontada para mim.

O menor gemeu alto, dolorido demais ao sentir a bala pressionada e arrancada de si daquela forma, nossa, e como doía, quase como perder um braço. Uniu as sobrancelhas, sentindo uma lágrima escorrer pela face e nem forças para limpar-se tinha. Pegou a taça logo acima do balcão, bebendo um pequeno gole da bebida e desviou o olhar a ele ao ouvi-lo, suspirando a sentir aos poucos a ferida se fechar.
- Eu também sou, o problema é que achei que ele não fosse atirar.
Falou e suspirou, mais uma vez, pesaroso, a dor estava indo embora, mas o peso na consciência de ter mentido pra ele, nunca, ele era fofo, na própria cabeça, seria um pai excelente.
- Obrigado...

- Beba seu sangue e se cuide. O Erin está tomando café, acompanhe ele.
Ryoga disse e lambeu o sangue nos dedos de uso para a retirada da bala.

- Onde você vai?
Disse Katsumi, realmente preocupado, parecia um bichinho, sentia dor, e passara por uma experiência não muito legal, queria poder ficar com ele, ao menos perto por um tempo.

- Não vou sair agora, mas vou pro escritório, tenho trabalho.
- Fique um pouco. - Pigarreou. - Por favor.
- Mas que..?
- Nada, só quero tomar café com você, acho que nunca fizemos isso, seria legal.
- Eu não costumo tomar café.
- Ah, certo, então... Te vejo mais tarde.
- Vamos, vem.
O maior levou-o até o pequenino, que usava uma camisa branca longa, com as canelinhas de fora, cabelo bagunçado e comia a panqueca, que até então havia deixado com o talher a fim de que ele aprendesse a comer com eles, e quando deixou ali, ele usava, mas agora, tinha os dedinhos sujos e a panqueca na mão. O que não durou, já que jogou no seu pratinho ao ver a si, e fingiu estar usando o talher, mesmo que seus dedos estivesse sujos de calda, mais que sua própria boca.

Katsumi adentrou a cozinha junto a ele e sorriu ao ver o garotinho comendo daquele modo, era uma graça e havia se afeiçoado a ele no curto tempo em que estivera ali, fora caçar na verdade, justamente porque queria fazer algo especial a ele e não tinha sangue na geladeira, mas nunca contaria. Sentou-se junto do garoto e serviu-se de um pouco de suco, bebendo alguns goles.
- Ryoko deixou alguma bebida pra você, deixou na pia. Não disse nada, mas certamente é algo pra gravidez.
- Ah... Certo...
O menor pegou o copo e observou-o, meio desconfiado, não estava gravido, e se tivesse algum efeito estranho? Bem, tinha que tomar. Bebeu alguns goles da bebida e suspirou, estranhando o gosto, mas era até aceitável.
- Ele vai pra escola hoje?

- Hoje eu estou em casa. Você também.
- Entendi... - Katsumi falou baixo e bebeu até o fim a bebida estranha, deixando o copo sobre o móvel. - Vamos fazer o que hoje então?
- Eu vou ficar um tempo no escritório. Você trabalha?
- Não depois que virei vampiro. Matei algumas pessoas do escritório, bem, foi um problema meio chato.
- E fazia o que? Não parece do tipo que trabalha em escritório.
- Eu trabalhava, por incrível que pareça, mas era só estagiário. Quando eu saí comecei a fazer tatuagens, eu era bom desenhando. O problema foi depois que eu virei vampiro... Como nada penetra na pele vampírica sem cicatrizar, tenho que procurar algo que me ajude a fazer, estou fazendo alguns testes com sangue, até agora tenho conseguido, mas... Tem que ser preciso.
- Hum, é, isso combina mais com você. - Disse o maior e cortou o lanche do filho, ensinando-o a fazer. - Assim.
- Não se preocupe, não vou ser uma má influência pra ele, não uso drogas, apesar de ser tatuador. - Riu.
- Eu não disse nada, não sou do tipo religioso conservador.
- Entendo. Obviamente.
Katsumi murmurou e sorriu a ele, bebendo mais alguns goles do sangue e observou o pequenininho com um sorriso nos lábios, não seria tão ruim se tivesse mesmo um filho dele.

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