Yuuki e Kazuto #11


Yuuki descerrou os olhos, observou o exterior do quarto através da porta de vidro que dava acesso a varanda. Era noite. Olhou o relógio ao lado, sob o móvel negro, notando o horário. 02:06 da manhã. Sentia o cheiro de sexo no quarto, o sangue, o gozo, o suor corporal já conhecido. Sentou-se na cama e observou o corpo ao lado, coberto pelo edredom, e notou não ser o outro vampiro, devido a quantidade de fios louros que pousavam sobre o travesseiro. Puxou o edredom, avistando o menor com o roupão. Cerrou as pálpebras, escondendo por trás delas, as íris vampíricas, ao tornar descerrá-los, empurrou o ombro da criança ao lado, como assim taxava.
- Acorde, moleque!

Kazuto acordou assustado, sentando-se na cama e o fitando, as vistas ainda meio embaçadas pelo sono recente e tranquilo que tinha.
- Hum? O que?

- Vá embora! - Disse áspero.
- Por que, o que eu fiz?
- O que ? - A voz rouca do vampiro soava novamente áspera, como era de costume, expondo a incredulidade ao ser indagado. - Desde quando há motivos para que esteja ou não no meu quarto, ou que eu lhe mande embora?
- Desculpe... - O menor se levantou - Você estava passando mal eu fiquei com você...
- Ficou comigo ? - Yuuki esboçou um pequeno sorriso no canto dos lábios, irônico, certamente. - Ficou comigo ou fodeu comigo, ahn?
- Isso também mas, eu só queria ficar perto de você por isso dormi ao seu lado...
A mão do menor foi até o peito em frente aos machucados, sentindo a leve ardência dos mesmos entre os dedos. O maior g
argalhou, tamanha ironia exposta naquele riso, ainda incrédulo como aquela criança era ousada, e tinha coragem de chegar perto de si.
- Esculta seu pirralho filho da puta! Que porra você quer? Eu já não disse que não quero você, hum? Ficar perto de mim? Para que? Te comi num dia, roubei o seu sangue nojento e você vem atrás de mim nos dias seguintes se dizendo apaixonado ou seja lá o que você sente. - Yuuki se levantou da cama, e passou sobre ela até chegar ao menor. - Você não acha que estou sendo piedoso demais, hum?

Kazuto desviou os olhos lacrimejantes do rosto do outro e virou-se, levantando-se a buscar visualmente as próprias roupas pelo chão, logo após, caminhando para o próprio apartamento. Assim que o menor deu as costas ao vampiro, puxou-o pelo tecido do roupão, antes que este pudesse deixar o apartamento. Jogou-o contra a parede, e arrancou o traje que usava. Observou os machucados na região peitoral e abdominal do menor, uma das mãos fora aos mesmos, cravando as unhas nos locais que já expeliam sangue.
- O que você quer pra me deixar em paz, uh?
Disse, baixando o tom da voz, desta vez não tão áspera quanto anteriormente. O menor d
eixou um alto gemido escapar e fechou os olhos, aos poucos voltando a abri-los, levando uma das mãos até a mão dele num aperto.
- Ah... E-Eu... Não quero nada. Quero que me ame... - Murmurou.

Yuuki cravou ainda mais as unhas nas feridas após obter a resposta, empurrando novamente o corpo alheio contra a parede.
- Você é ignorante, moleque? Ah, que vontade de te arrebentar... E por que? Porque eu deveria amar você? Uma pessoa como você.

O grito novamente deixou os lábios do menor, puxando a mão dele para retirar do local.
- Por que... Eu faria de tudo por você Yuuki... Eu daria a minha vida por você...

O maior apertava as unhas contra as feridas, mesmo que o mais novo tentasse tirar a mão dali, sentia-as se afundar na carne, manchando-as com o rubro do sangue.
- E por que tudo isso, hum? Você nem me conhece.

- Yuuki... Está doendo... - Kazuto murmurou, fitando-o, as lágrimas escorrendo pelo rosto - Eu preciso de você... Eu preciso saber quem é você... Porque você me deixa desse modo... Você me faz querer atirar a minha vida pela janela toda vez que eu te vejo... Me faz querer sentir ainda mais as suas unhas pelo meu corpo como se já não fosse suficiente a dor de não ter você comigo... Eu só gostaria que minhas palavras não entrassem por um ouvido e saíssem pelo outro.
Yuuki deu uma última friccionada com as unhas nos machucados, e soltou o outro.
- Faça como quiser. Só não me venha com essas palavras ridículas. Se você é uma criança pervertida e masoquista, vá a uma casa de fetiches sexuais, pra procurar alguém que te foda gostoso e quem sabe você não se apaixona também, ahn.

As mãos do pequeno foram ao peito do outro, empurrando-o para longe de si assim que havia sido solto, e estava irritado, é claro, pelas palavras dele.
- Ah eu devia...

- Devia? - Uma das mãos do vampiro fora ao pescoço alheio, apertando-o. - Não me toque, seu pirralho!
Kazuto gemeu e a mão foi até a dele.
- Ah... Me solta...

- Devia o que, ahn ahn? Prossiga o que ia dizer.
- Nada, me solte.
Yuuki apertou-o ainda mais.
- Diga!
- Yuuki... - O menor fechou os olhos - Te dar um belo tapa, eu devia... Pare agora...

- Então dá! Ahn. - Continuou o segurando.
- Não vou dar... Eu devia mas não vou.
- Você é ridículo, garoto. Um pirralho bicha e obsessivo, que deu pela primeira vez e gostou. - Soltou-o. 
O menor tossiu e a mão foi até o local onde ele apertava anteriormente.
- Você gosta de apertar o meu pescoço, hum... Pare de usar essas palavras inúteis pra me ofender. Ao menos eu tenho sentimentos.

- Não estou as usando para ofendê-la, Cinderella. Você sabe que é verdade, uh. E quanto a ter sentimentos, eu tenho, só não são voltados a você. - Riu. - Dói, criança? Está ficando corajosa, hum.
Uma das mãos do vampiro fora a face alheia, deslizou a ponta dos dedos, delineando-a, antes de acertá-la com um tapa. Kazuto l
evou a mão sobre a face, novamente sendo molhada pelas lágrimas e o fitou.
- Como você pode ser tão idiota e egoísta?

- Egoísta? Por que, hum?
Novamente os dedos frios alisavam e delineavam a face do menor.

- Não liga nem um um pouco para o que eu sinto... Só o que você sente.
- E porque eu deveria ligar para você, hum?
Yuuki segurou a face alheia em meio aos dedos e a puxou, selando os lábios do mais baixo, num toque lento que estalou ao separar os lábios. Kazuto a
penas sentiu o selar de lábios e a expressão incrédula agora estava estampada na própria face.
- Por quê? Porque eu amo você... Não se importa se me magoa o tempo todo...

- Você me ama? - Yuuki riu, enquanto fitava a face alheia, que novamente delineava com os dedos. - Você ama um desconhecido, egoísta, que te machuca, te trata como lixo, uh?
Uma das mãos do menor foi ao peito dele, apenas a mantendo sobre o mesmo, sentindo-o.
- Você tem um coração não tem? Pode ser frio mas tem... Não sei o que eu vi nos seus olhos... Mas me faz sentir que você tem um quando me olha...

Yuuki riu em único som nasal, mantendo uma curva sutil nos lábios, desprovido de vontade, certamente. Uma das mãos fora a alheia, mantendo-a sobre o peito.
- Sim, eu tenho.
Mantendo-a ali, o fez sentir as pequenas batidas do coração. Kazuto a
briu um pequeno sorriso nos lábios ao sentir as batidas, desviando aos olhos ao peito dele e depois novamente aos olhos do vampiro.
O maior tirou a mão do local, levando-a até a parede atrás do menor, apoiando o corpo sob o braço. Os olhos dourados, mantiveram-se a fitar a face alheia. O coração, único órgão que se mantivera quase completamente inalterado.
Kazuto fez uma leve caricia no local enquanto o observava.
- Yuuki...
Levou a mão a face dele, suplicando para si que ele não se movesse e deixasse que a mão pudesse tocá-lo, a face se aproximando da face do outro enquanto o fazia. O maior c
ontinuou a observar o garoto, sentindo agora o toque na face, "como era insistente" pensou. Notou a proximidade do pequeno a si, no entanto mantivera-se parado, esperando pelo ato alheio, até onde iria a coragem do menor. A mão do loirinho tocou a face dele, acariciando-o e os lábios tocaram os dele, selando-os algumas vezes, poucas, sentindo a maciez de seus lábios.
- Você realmente não tem amor a vida, uh. - Disse o maior enquanto tivera os lábios selados.
- Minha vida não é importante perto de você, hum. - O menor murmurou, deslizando a mão ainda pelo rosto do maior.
- Não vou dizer mais nada a você garoto, faça como quiser. Mas não me toque enquanto eu não deixar.
Yuuki se afastou, desvencilhando-se do toque alheio e Kazuto a
ssentiu e voltou a se encostar na parede.
- Desculpe...

O vampiro deixou o garoto no cômodo e caminhou até o banheiro, estava sujo, e era capaz de sentir o odor do sexo de algumas horas atrás. Ligou o chuveiro e deixou a água banhar o corpo, lavando-o com o sabonete liquido. Voltou ao quarto após o término da higiene, envolto a cintura somente a toalha, e buscava as trajes no guarda-roupa, vestindo-as e sequer ligou para a presença alheia no quarto.
O pequeno observava o outro, ainda encostado na parede, sabia que ele não queria a si ali mas não queria voltar ao apartamento e ficar sozinho, então manteve-se o quanto pôde.
- Eu... Vou... Boa noite, hum...
O menor suspirou e vestiu novamente o roupão, caminhando para fora do local e estava se sentindo meio mal, enjoado, estranho, e pensou que talvez pudesse ser sono, então se deitou na cama, mas ao invés de adormecer, desmaiou.

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