Naoto e Kazuya #3


Naoto se levantou após vestir os calçados. Trajava uma calça preta, uma camiseta branca de mangas curtas e tecido bem fino. Tirou o volume excessivo da franja da frente dos olhos e sentiu os dedos deslizarem pelos cabelos, puxando o frágil elástico que os prendia, liberando o punhado de fios roxeados.
- Vamos, aniki.
- Já vamos. Me devolva.
Expôs a mão, a espera do acessório de cabelo.
- Iie, fica mais bonito assim.
- Naoyuki, me devolva senão não o levarei.
- Hum... Não seja chato, você tem que ir comigo, não posso ir sozinho. Vamos vamos!
Fora puxado pela mão e encaminhou-se com ele até a saída, tendo tempo apenas de puxar sua bolsa, levando-a por ele. E mesmo a pé cruzou alguns quarterões, não demorando a alcançar o destino.

Do outro lado, Kazuya estreitou os olhos ao irmão que ainda estava de pijama e o puxou pelo mesmo, retirando-lhe a camisa.
- Kazuki!

- O que eu fiz aniki?
- Já devia ter se trocado! Ele vai chegar logo logo! Vai logo se vestir se não não te levo pra tomar sorvete.
- Não... - O menor uniu as sobrancelhas e virou-se, correndo para o quarto.
- Esse menino...
Suspirou e logo ouviu o barulho de batidas na porta, seguindo o caminho até a mesma e a abriu, recepcionando ambos os estudantes, porém deu de frente com o garoto da própria sala e arregalou os olhos.
- Naoto?

Naoto pôs-se em frente a porta, e não fizera nada além de observar o próprio irmão que já tocava a companhia. Abaixou-se na diferença de altura e lhe sussurrou no ouvido.
- Se comporte...
Visto que erguera o tronco e deu de frente ao louro, nada fez além de encará-lo.

- O que faz aqui? - Sorriu a ele, permanecendo a observá-lo.
- Meu irmão diz ter um amigo aqui.
- Ah... Deve ser o Kazuki. - Riu. - Ora, mas que coincidência.

- Hai, Kazuki-kun. Aonde ele..?
- Esta se trocando, acabou de acordar, mas podem entrar.
- Posso ir no quarto dele? - Disse o pequeno.
- Ah... Pode.
- Hai, arigato!
Com a licença ganha, Noayuki passeou pela casa e subiu já ao conhecido cômodo. Naoto observou o louro, perguntava-se por qual motivo ainda deveria continuar ali, e deu-se conta de que era justamente pelo caçula.
- Com licença. - Disse ao entrar.

Kazuya sorriu a ele, lhe dando passagem e indicou o sofá.
- Se quiser se sentar. Quer beber alguma coisa?

- No momento, não.
O menor seguiu até a sala, sentando-se numa das pequenas almofadas orientais, próximo à mesinha central. Kazuya a
ssentiu e se sentou ao lado dele.
- E então, como está?

- Estou bem. Faltam poucas coisas no trabalho pra terminar.
- Sim, eu tenho algumas anotações pra te passar.
- Você pode me entregar elas agora.
O maior assentiu e levantou-se a seguir o caminho até a mochila deixada no canto, pegando alguns papéis e seguiu até ele, entregando-lhe. Naoto pegou os papéis, folheando-os a dar uma lida breve nas anotações.
- Esta faltando algo?
- Não, está tudo certo. Eu posso fazer a conclusão.
- Certo, se precisar de qualquer coisa é só dizer.
- Hum.
O menor assentiu e descansou as folhas sobre o colo. Suspirou no silêncio que se desencadeou. Kazuya s
orriu.
- Tem certeza que não quer beber nada? Tem bolo também se quiser. Mesmo com cara de chato, você tem que gostar de bolo.

Naoto o observou perante a insistência de algum assunto, até considerou o fato de que se deu ao trabalho de fazê-lo.
- Eu gosto... de bolo. - Concluiu. - Mas eu não quero.

- Hum. Mas eu vou pegar um pedaço pra mim se não se importa.
- À vontade. Bem, eu acho que vou embora. Se você puder ligar em casa e me pedir para que busque o Yuki.
- Hey, você não precisa sair só porque não gosta de mim.
- Eu não tenho o que fazer aqui.
- Não pode conversar comigo?

- O que teríamos para conversar? Quer agradar a todos, não é mesmo?
Naoto voltou a se sentar no próprio lugar e o maior se s
entou ao lado dele, observando-o.
- Do que gosta de falar?

- Com você... Não consigo pensar em nada para conversar.
- Ora vamos... Você gosta de ler manga?
- Essa pergunta soa um pouco infantil, vindo de você. Não leio mangás, mas leio livros.
- Você tem cara de quem lê yaoi.
- Eh?
Naoto indagou e franziu o cenho, o que causara leves rugas temporárias entre as sobrancelhas. Suspirou e levou a mão fronte o rosto conforme se virou a seu lado oposto, tendo forjado o leve tom corado que tomou posse sutil da face.
- Tsc.
- Você lê. - Riu.
- Não, não leio. Eu não gosto de homens.
- Mas me beijou.
- Mas eu não gosto de você.
- Mas gostou do beijo.
- Gostei? - Voltou-se a observá-lo e sorriu de canto.
- Uhum.
O maior murmurou e aproximou-se do outro a lhe encarar a face, selando-lhe os lábios.

- Se tivesse gostado, não teria parado.
Ao sentir o toque ligeiro sobre os lábios, o menor levou a mão em seu rosto, segurando-o abaixo do queixo com os dedos sob seu maxilar.
- Não toque em mim.

O loiro segurou a mão do outro e entrelaçou os dedos aos dele, investindo novamente a lhe selar os lábios algumas vezes. Naoto se virou, visto que o contato insistente que recebeu em breves toques.
- Pare com isso, Kazuya.
Levou a das mãos em seus cabelos, puxando os fios louros por sua nuca. O maior g
emeu sutilmente e segurou a outra mão dele, apertando-a a dar a terceira investida contra seus lábios, sugando-os para si.
- Para.
Naoto puxou a mão conforme apertada por seus dedos, o que consequentemente fizera repuxar seus lisos e louros fios. Ao que se arqueou, deslizou no sofá onde acabou quase deitado, se não fosse por manter um dos cotovelos sustentado no assento fofo. Kazuya e
streitou os olhos e inclinou o próprio corpo sobre o dele, apoiando ambas as mãos a cada lado de seu corpo e deitou-se sobre ele.
Naoto sentiu o pouco peso sobrepor a própria figura, e decaiu com as costas no sofá. Não que realmente não pudesse se livrar dele. Mas daquela forma permaneceu e o encarou.
- O que você quer? Quer ter mais um só porque não pode?

- Não quero mais um, eu quero você. - Abaixou-se e lhe selou os lábios.
- Por que?
Naoto indagou sem ser afetado, mesmo após aquele breve toque que dispôs nos próprios lábios o que fez despercebido.

- Porque você é melhor que eles.
- Não seja estúpido. Sequer sabia meu nome alguns dias atrás.
- E daí?
- Se precisa inflar seu ego, faça isso com quem goste de você.
- Não preciso inflar meu ego, e sou eu que não gosto deles.
- E eu não gosto de você.
- Mas eu gosto de você.
- Não gosto de como isso soa, não diga.
- Eu gosto de você.
- Fique quieto.
- Eu gosto de você. - Murmurou.
Naoto levou a mão a tapar sua boca. Kazuya mordeu-lhe a mão e riu baixinho. O menor puxou a mão e limpou-a em sua camisa. O loiro sorriu e abaixou-se a investir contra seus lábios novamente, porém dessa vez o beijou, adentrando seus lábios com a língua.
Ah, como era insistente. Naoto sentiu o passeio de sua língua morna, que invasiva não beirou muito pelos lábios e os afastou, tendo-se investido para dentro, tomando posse da própria língua. Erguera o queixo, em desvencilho, e sutilmente puxou seu cabelo curto. E previa uma investida, o que viera como pensado e suspirou balbuciando algo para si mesmo. O contrário de como o afastou, impôs os dedos em sua nuca, dando o início mútuo de movimentos.
Kazuya sentiu a tentativa do outro de afastar a si, porém, investiu contra ele a lhe tomar os lábios novamente, deslizando a língua pela dele num toque sutil, que logo foi retribuído como esperava. Sorriu e lhe mordeu o lábio inferior, continuando o beijo como queria.
Naoto cerrou as pálpebras e descansou ambos os braços sobre o estofado onde deitado, agora inertes. Continuou seus movimentos no início cautelosos que o próprio provia a si, com puxada descontraída no próprio, antes que sua insistente e invasora língua pudesse tornar a partilhar os sinuosos movimentos dentro da boca.
O loiro levou a mão novamente a lhe tocar a face, acariciando-o e aos poucos encerrou o beijo, selando-lhe os lábios algumas vezes a dar fim ao mesmo, desviando os lábios aos pescoço dele e o beijou, toques sutis na pele apenas.
Naoto sentiu como a languidez aos poucos dava o fim ao beijo. Deixando de sentir seus lábios macios compressos aos próprios e daquela forma, parecia uma garota, pensou consigo e fora disperto ao sentir os beijos que vieram a ser desferidos no pescoço. Moveu-se abaixo de seu corpo, sentindo o físico colidir com o próprio enquanto fizera a tentativa de apartar a situação.
- Para com isso. O que acha que vai fazer?

O maior ergueu a face a observá-lo.
- Nada, eu... Eu só estou beijando.

- Claro, porque é muito normal beijar o pescoço de alguém.
Kazuya assentiu e suspirou, levantando-se a se sentar ao lado dele. Naoto se levantou num quase salto e ajeitou a camiseta parcialmente erguida na zona abdominal. As íris pálidas voltaram-se pouco à frente e alguns metros da sala, encarou o irmão junto de seu amigo.
- Yu... Yuki...
Murmurou ao caçula e franziu suavemente as sobrancelhas, aproximando-as. Kazuya d
esviou o olhar ao irmão pequeno e uniu as sobrancelhas igualmente.
- Kazuki, não... Não é o que estão pensando.

- N-ne... Tudo bem, onii-chan.
Murmurou o caçula com um leve tom de rubor em seu rosto.
- Mas não é isso, Yuki. Foi ele... - Apontou ao outro.

Kazuya deu um pequeno sorriso ao irmão mais novo.
- Ja terminaram?

- Não... Nós só.. Queríamos o sorvete.
- Iie, vamos Yuki, vamos embora.

- Não. Eu levo vocês. Acho que o senhor Naoto tem cara de quem precisa de algo doce.
- Não quero nada, obrigado. Vamos, Yuki...
- Mas onii-chan... Nós não terminamos ainda.

- Vai morrer se levar os meninos pra sorveteria?
- Nós vamos sozinhos! Vocês... vocês podem continuar.
- Acho que seu irmão não iria querer continuar. - Kazuya riu.

- Eh onii-chan... Desculpe, nunca vi você com ninguém aqui, não queria atrapalhar. 
- Onii-chan, vou te dar o dinheiro então.
- Não tenho porque continuar. 
- Ne... Não precisa ser malvado, onii-chan... Um dia, Kazuki e eu também seremos assim.  - Dizia o menorzinho com seu sorrisinho tímido.
- O que?! - Kazuya disse.
- Eh? - Disse Naoto em coro conforme o rapaz.
- Também.. Também vou namorar o Kazuki-kun, quando eu crescer mais um pouco e ficar que nem você, onii-chan.

- Como sabem o que vocês querem? Tem oito anos.
- Não fale assim.  - Resmungou. - Tenho oito mas sou racional e, eu gosto do Kazuki. Eu quero andar com ele, quero segurar a mão dele, quero que ele faça o mesmo comigo e que sinta vontade de fazer isso, que ele escolha ficar comigo ao invés de querer ficar com outros meninos ou meninas e que ele me abrace que nem namorados fazem, e também já quero beijar ele, mas somos novos pra isso ainda.
- Naoyuki, vá com calma. Ainda não tem idade pra pensar nessas coisas.
Kazuya observou-o em silêncio e em seguida desviou o olhar ao próprio irmão, vendo-o com o pequeno sorriso nos lábios e estender a mãozinha a segurar a do amigo. Levantou-se e seguiu em direção a ambos, abaixando-se e beijou-os no rosto, entregando o dinheiro ao irmãozinho.
- Leve ele pra tomar sorvete, hn? É na esquina, você sabe ir não sabe?

- Sei. 
- Ta bom. Divirtam-se, e trás um de morango pro aniki
- Trago sim! - O pequeno sorriu a abraçou o irmão.
Naoto observou os demais na sala, mantendo-se em silêncio. Este que só se quebrou conforme falou com os menores.
- Tomem cuidado. Cuide dele, Yuki. - Deu uma breve piscadela ao irmão caçula.
O loiro sorriu a ambos e acenou a eles, fechando a porta em seguida e virou-se ao outro, mantendo-se em silêncio por um pequeno tempo. Naoto o observou conforme caminhou até a porta, e com sua volta, desviou o olhar a algum ponto qualquer.
- Pelo jeito, vamos ser parentes.
- Anda têm oito anos, até lá terão muito tempo.
- Acha que o amor não pode durar?
- Eu não disse isso. Eu disse que terão muito tempo, o que significa que até eu me tornar um... Parente seu, haverá muito chão.

- Então vamos continuar? - Sorriu.
- Continuar o que? Não há nada para continuar.
- Se não se lembra, estávamos no sofá.
- Já havíamos terminado mesmo antes de que eles aparecessem.
Kazuya riu baixinho.
- Não precisa ficar sério o tempo todo.

- Quer que eu faça o que?
- Pode sorrir, sei lá.
- Não vou sorrir a toa.
Kazuya riu baixinho e aproximou-se a levar ambas as mãos a cintura dele, fazendo cócegas.
- Iie!
Naoto exclamou e levou as mãos às alheias, apertando-as.
- Não vou rir assim.

- Ah, eu duvido. - Riu e continuou,
- Para. - O menor o empurrou a segurar suas mãos. - Vou ficar nervoso, isso sim.  Pare de ser insistente, se todo mundo gosta de você como me disse na primeira vez que nos falamos, não faça questão de me fazer sorrir, parece uma criança, bobo.
- É o seu sorriso que me importa.
- Pare de dizer essas coisas. Não tem lábia comigo.
- Não é mentira, mas como quiser.
- Agradeço à gentileza.
- Hum.

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