Ryoga e Katsumi #8


Ryoga caminhou até o carro, o próprio e encostou-se no veículo enquanto tragava o cigarro com uma das mãos e cruzava o braço sobre o peito com a outra, desocupada. Observou a vampira, era morena e alta, e tinha uma aparência familiar. E tomou emprestado o cigarro entre os dedos tomando para seus lábios, tragando-o igualmente. 

Katsumi seguiu pela rua, estava indo para casa depois de mais uma tentativa inútil de caçar, não conseguia mais morder ninguém depois de mordê-lo, o sangue dele era muito mais gostoso do que de qualquer ser humano, e não comia porcaria. Suspirou, a fumaça saiu dos lábios, estava frio e o cachecol estava ao redor do pescoço, embora não precisasse, era macio e confortável. Observou o barzinho com pouca iluminação, entraria para beber alguma coisa, mas parou antes da entrada ao sentir o cheiro familiar e farejou o ar até observá-lo do outro lado da rua, acompanhado. Uniu as sobrancelhas, realmente incomodado, e se sentia assim toda vez que o via com outra pessoa, ciúme talvez? Era uma droga se sentir daquele jeito, era um idiota, ficava sem comer por ele, mas não esperava que ele se importasse de qualquer jeito, fazia porque como já havia pensado, era idiota. Atravessou a rua quase num passo só e fingiu estar andando por ali normalmente, até esbarrou nele por "acidente".
- Ora, boa noite, Ryoga. Como está seu filho?

O maior sentiu a esbarrada no ombro, um pouco desprevenido, não previu o vampiro embora seu cheiro houvesse sido evidente e fitou o moreno, logo estranhando a pergunta, visto que não era habitualmente cumprimentado daquele jeito.
- Katsumi, ele está bem.

- Você tem um filho, Ryoga?
Indagou a morena e deu mais uma tragada no cigarro, parecendo curiosa à pergunta.
- Sim.
O vampiro disse, pegando de volta o cigarro e o tragou.
- Então você teve uma esposa?
Prosseguiu ela e lhe devolveu o restante do cigarro enquanto soprava para fora a fumaça cinzenta e mentolada.
- Não, não tenho uma companheira e não tive.

Katsumi sorriu ao ouvir a conversa.
- Ah, então mentiu pra ela também? - Riu baixinho. - Entendi, desculpe estragar a noite, mande lembranças à Keiko.

- Uh, - O murmuro soou risonho e Ryoga deu de ombros, sabia que estava sendo provocado e nem se importava com isso. - Não ligue, ele não se conforme da ex-namorada tê-lo deixado achando que se envolveria comigo.
Katsumi cessou o passo a observá-lo novamente.
- Eu? Ah, sim, lá vem você com essa de novo. Qual é o nome dessa amante mesmo? Fico confuso com tantas você me apresenta. - Abraçou-o em volta dos ombros. - Desculpe, meu nome é Katsumi, sou amigo de infância dele.

- Infância? Acha que consegue enganar alguém com esses olhos vermelhos, Katsumi?
Indagou o maior, sentindo o perfume vindo dele, estava eufórico, excitado talvez pela expectativa de irritar a si. E viu-a rir, enquanto terminava o cigarro.
- Katsumi, sou a Mariko e acho que você está com inveja.

O menor sorriu a ele e depois a ela.
- Ah sim, estou morrendo de inveja desse cabelo descolorido e esses seios falsos.
- Desculpe desapontar mas não é falso. Achei que queria ir comigo mas pelo jeito você quer é ir com ele. Bem, Ryo, estou indo, vejo você na semana que vem.
Disse ela, usando um apelido novo e que nunca havia usado e que sinceramente não gostava e viu-a atravessar a rua de volta ao bar, não sem antes provocar o moreno que ainda estava por perto.
- Satisfeito?

- "Vejo você na semana que vem", vai sonhando, ridícula. Sigo o cheiro dela depois, não vai sobrar nem uma unha pra sair com você. - Katsumi desviou o olhar a ele e por fim sorriu. - Muito.
- Katsumi, não ligo que me provoque, também não me importo em pender uma transa já que minha vida é bem longa, mas - O maior disse e puxou-o segurando por seu braço. - Não se meta demais comigo.
O menor arregalou os olhos ao senti-lo puxar a si e estreitou-os em seguida, puxando o braço a soltá-lo.
- Então é isso que eu fui pra você? Uma transa?

- Ah, e não é esse o intuito quando chegamos na boate? Encontrar alguém pra dominar, foder e ir embora, ah? Ou vai me dizer que passou a dar pensão pra todo rabo que já comeu?
Katsumi riu, sínico ao ouvi-lo e observou o bar do outro lado da rua, em seguida a garota, e sentiu-se irritado e ao mesmo tempo desesperado, o queria para si, mas sabia que ele não pertencia a si realmente.
- Certo, pode ir pro meio do inferno se quiser, cretino. Só não venha me procurar depois para conhecer o seu filho.
- Ah - Ryoga murmurou num riso não realmente cheio de humor. - Não procurei você, Katsumi.
Disse e afastou-se, pegou o cigarro da caixa no bolso e levou um deles para os lábios enquanto abria a porta do carro a fim de entrar e ir embora, não estava realmente a fim de ter interação social, mesmo por sexo. Franziu as sobrancelhas, e parou antes de entrar no carro, foi falar e até esqueceu de segurar o cigarro que caiu.
- Que filho?

- Você entendeu. - O menor falou a observá-lo, parado do outro lado do carro na calçada e enfiou as mãos nos bolsos do casaco. - Estou grávido.
- Impossível! - O maior bradou, do outro lado mesmo e fechou a porta do carro, de qualquer jeito enquanto caminhava até o lado onde ele estava. - Eu dei remédios a você.
- Eu não engoli, achei que era alguma porcaria.
Katsumi falou a dar um passo para trás enquanto o via se aproximar.

- Seu filho da puta...
O menor tentou não sorrir, mas estava satisfeito por hora por ele acreditar, o problema é que tinha medo dele descobrir a verdade.
- Bem, você não é obrigado a me dar "pensão por rabo comido" como disse, então.

- Seu filho da puta, vou te fazer engolir um vidro inteiro cheio de comprimidos daquele. Não acredito em você.
- Você que sabe. Agora já foi, não adianta me fazer mastigar os comprimidos.
- Ah, não adianta, mas vai me dar um prazer imenso te ver engasgando com eles.
- Não precisa se preocupar comigo, pode ir embora no seu carro e continuar pegando todas as vagabundas da rua.
- Cale a boca, Katsumi. Não acredito em você embora não negue que possa ser verdade. Por que acha que está grávido?
- Tenho todos os sintomas, fiz três testes e hoje confirmei com uma consulta.
- E como sabe que é meu?
- Só transei com você, idiota, não saio com qualquer um.
- Devia ter me obedecido, Katsumi. Quanto tempo tem isso?
- Três semanas.
- Vamos. Entre no maldito carro.
Disse o maior e caminhou para o veículo, logo, entrando no carro, esperando que o moreno fizesse o mesmo. O outro a
rqueou uma das sobrancelhas.
- O que vai fazer? Me sequestrar e fazer um aborto?

- Não seja idiota, entre. Preciso de descanso e você vai dormir lá até que eu queira falar sobre isso novamente.
- Vai me tratar como seu filho? Me abandonando em casa pra sair com outra?
- Cala a boca, Katsumi, não queira dizer que não sou bom com o meu filho, porque aí você vai ver o que é apanhar de verdade.
O menor suspirou e adentrou o carro, colocando o cinto de segurança. Ryoga o fitou de soslaio e ligou o carro, dirigindo de volta para casa enquanto tentava processar a informação ou sentir nele algum toque de mentira. Katsumi desviou o olhar para fora, em silêncio e parecia realmente pensativo, gostaria que pudesse estar grávido para que ele quisesse ficar consigo daquela maneira.
O maior suspirou e pegou um dos cigarros, acendeu e tragou o sabor fresco enquanto dirigia. Gostava dele, embora não houvesse pensado em ter consigo um tipo de casamento, mas odiava o fato de ter sido contrariado e de que tivesse escondido de si o medicamento que lhe mandou tomar. Katsumi ajeitou o cachecol e cruzou os braços, meio incomodado com o clima, apesar da casca firme que usava, era sensível, e sabia que aquela questão de amar um vampiro e não ser amado era válida naquele caso, e sentia-se mal por pensar em prendê-lo a si com aquela mentira, mas nada disse.
Ryoga estacionou o veículo ao chegar em casa e deixou-o após desligá-lo, observando o moreno a guiá-lo pelo ombro até dentro de casa, mesmo embora ele soubesse a entrada. E logo após fechar a porta, ouviu os passinhos corridos do filho, que pediu colo e o pegou. E já familiarizado com o outro, cumprimentou-o. O menor adentrou a casa em companhia do outro e manteve-se ao lado ao observar o pequeno, abrindo um pequeno sorriso ao ouvir o cumprimento, e ainda sentia-se nervoso em frente a ele, sem saber como reagir.
- Acordou agora? - Indagou o maior e viu-o assentir com os olhos pequeninos do sono recente. - Vamos tomar café?
- Eu posso fazer. - Katsumi falou baixo e pigarreou.
Ryoga fitou o moreno e logo o pequenino.
- Quer ir com ele ver o que comer? - Indagou e viu-o fitar o moreno e assentir. 

O moreno menor pegou o pequenininho no colo, cuidadoso e sorriu a ele, meio sem graça e sem modos de segurá-lo.
- Vamos.

Ryoga o seguiu até a cozinha e sentou-se próximo ao balcão, serviu-se de vinho enquanto fitava o moreno, analisando-o, tentando achar alguma brecha no que havia dito. O outro, colocou o garotinho sentado sobre o balcão, meio desajeitado e seguiu ao armário, onde mexeu mesmo não sendo próprio e pegou o pão e o queijo, faria um sanduíche para ele.
- Vou dar lanche pra você e vou embora, já tomei demais o tempo do seu pai.

- Não trouxe você pra fazer o café do meu filho, sei cuidar dele.
- Eu sei.
- Então, não deixei você ir embora.
- Não deixou? E se eu quiser ir?
- Você não vai, vai ficar aqui até eu disser se pode ir.
- Preciso buscar minhas roupas.
- Veja o que dá pra usar das minhas por enquanto.
- Vai realmente me prender aqui?
- Não disse que vai passar um mês aqui, estou esperando a minha vontade de conversar sobre isso.
Katsumi assentiu e por fim retirou o pão da chapa, deixando no prato para o pequeno e entregou um guardanapo a ele.
- Quer tomar um pouquinho de chocolate no seu sangue, Rin? - Indagou ao pequeno que assentiu animado e fez a bebida para o filho. - Você quer também?
O menor negativou, pouco desanimado e permaneceu a observar o garotinho, deslizando a mão pelos cabelos dele.
- Posso ir para o meu quarto? Se é que vou ter um.

- Não vai comer nada?
- Não estou com fome.
- Você pode ir ao meu quarto.
Katsumi assentiu e saiu da cozinha, seguindo para as escadas e estreitou os olhos no caminho, não gostava nem um pouco da situação, era incômoda, principalmente por ter mentido a ele, iria matar a si quando descobrisse, e descobriria, a barriga não apareceria, e é claro, o óbvio, ele não gostava de si, seria apenas um prisioneiro dele e nada mais. Seguiu ao quarto e fechou a porta, observando o quarto grande onde adoraria ficar e suspirou, deitando-se sobre a cama espaçosa e abriu um pequeno sorriso satisfeito, o faria gostar de si, de um jeito ou de outro, e esperava que ele não matasse a si no fim.

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